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A resposta primária é a reação do organismo quando entra em contato pela primeira vez com uma substância considerada estranha. A resposta imune primária ocorre de 5 a 10 dias depois do contato com o antígeno. A imunidade inata é conferida por aqueles elementos com os quais o indivíduo nasce e que estão sempre presentes e disponíveis no intuito de protegê-lo de invasores externos. Essa resposta é a primeira linha de ação que nosso corpo tem para responder a entrada de um antígeno e possui este nome porque o termo inato significa natural, ou seja, nasce com o indivíduo. Todos nascem com uma proteção rápida sem especificidade e limitada aos estímulos corporais. Dessa forma, a imunidade inata não precisa ser aprendida através da exposição de um invasor. Assim, ela oferece uma resposta imediata a invasões estranhas. Entretanto, seus componentes tratam todos os invasores estranhos basicamente do mesmo modo. Eles reconhecem somente um número limitado de substâncias de identificação (antígenos) nos invasores estranhos. No entanto, estes antígenos estão presentes em muitos invasores distintos. Como mecanismos da imunidade inata, podemos citar a fagocitose realizada por algumas células do sistema imune, a resistência da pele e a liberação de mediadores inflamatórios. A imunidade inata, não possui memória dos encontros, não se lembra de antígenos estranhos específicos e não oferece qualquer proteção contínua contra infecções futuras, bem como é representada por barreiras físicas, químicas e biológicas além de células e moléculas presentes em todas as pessoas. Figura 1: Diferenças do sistema imune inato e adquirido. 1. Barreiras físicas e mecânicas: Retardam/impedem a entrada de moléculas e agentes infecciosos (pele, trato respiratório, membranas, mucosas, fluidos corporais, tosse, espirro). 2. Barreiras fisiológicas: Inibem/eliminam o crescimento de microrganismos patogênicos devido à temperatura corporal e à acidez do trato gastrointestinal; rompem as paredes celulares e lisam (rompem) células patogênicas através de mediadores químicos. 3. Barreiras celulares: Endocitam/fagocitam as partículas e microrganismos estranhos, eliminando-os (linfócitos natural killer e leucócitos fagocíticos – neutrófilos, monócitos e macrófagos); 4. Barreira inflamatória: Reação a infecções com danos tecidulares; induzem células fagocitárias para a área afetada. A imunidade inata elimina as células danificadas e inicia o processo de reparo tecidual. Também é capaz de prevenir e controlar diversas infecções, e ainda pode otimizar as respostas imunes adaptativas contra diferentes tipos de microrganismos. É a imunidade inata que avisa sobre a presença de uma infecção, acionando assim os mecanismos de imunidade adaptativa contra os microrganismos causadores de doenças que conseguem ultrapassar as defesas imunitárias inatas. O sistema imune inato desempenha suas funções de defesa com um conjunto restrito de reações, que são mais limitadas que as mais variadas e especializadas respostas da imunidade adaptativa. A especificidade da imunidade inata também é diferente em vários aspectos da especificidade dos linfócitos, as células de reconhecimento de antígenos da imunidade adaptativa. https://www.infoescola.com/citologia/endocitose/ https://www.infoescola.com/biologia/fagocitose/ Os dois principais tipos de reações do sistema imune inato são a inflamação e a defesa antiviral. A inflamação consiste na acumulação e na ativação dos leucócitos e proteínas plasmáticas em locais de infecção ou de danos aos tecidos. Essas células e proteínas agem em conjunto para destruir principalmente os microrganismos extracelulares e para eliminar os tecidos danificados. A defesa imune inata contra os vírus intracelulares é mediada pelas células NK, as células que matam células infectadas por vírus, e pelas citocinas chamadas interferons do tipo I, que bloqueiam a replicação viral dentro de células hospedeiras. A resposta imune inata pode ser considerada como uma série de reações que proporcionam defesa nas seguintes fases das infecções microbianas: • Nos portais de entrada para microrganismos: a maioria das infecções microbianas é adquirida por meio do epitélio da pele e dos sistemas gastrintestinal e respiratório. Os mecanismos de defesa iniciais ativados nesses locais são os epitélios, proporcionando barreiras físicas, moléculas antimicrobianas e células linfoides. • Nos tecidos: microrganismos que violam os epitélios, bem como as células mortas em tecidos, são detectados pelos macrófagos residentes, células dendríticas e mastócitos. Algumas destas células reagem, secretando as citocinas, que iniciam o processo de inflamação, e os fagócitos que residem nos tecidos ou foram recrutados do sangue destroem os microrganismos e eliminam as células danificadas. • No sangue: as proteínas plasmáticas, incluindo proteínas do sistema do complemento, reagem contra os microrganismos e promovem a sua destruição. • Os vírus provocam reações especiais, incluindo a produção de interferons a partir de células infectadas que inibem a infecção de outras células e a morte de células infectadas através das células NK. Resumo ▪ Todos os organismos multicelulares apresentam mecanismos intrínsecos de defesa contra infecções, que constituem a imunidade inata. ▪ O sistema imune inato usa receptores específicos para cada linhagem de patógenos para responder a estruturas que são características de várias classes de microrganismos e também reconhece produtos de células mortas. As reações imunes inatas não são amplificadas pela repetição das exposições aos microrganismos. ▪ Os receptores do tipo Toll (TLR), expressos em membranas plasmáticas e nos endossomos de muitos tipos de células, são uma importante classe do sistema de receptores imunes inatos que reconhecem diferentes produtos microbianos, incluindo os constituintes da parede celular bacteriana e ácidos nucleicos virais. Alguns receptores da família NLR reconhecem os microrganismos, produtos de células danificadas e outras substâncias, e tais receptores sinalizam através de um complexo multiproteico citosólico, o inflamassoma, para induzir a secreção da citocina pró-inflamatória interleucina-1 (IL-1). ▪ Os principais componentes da imunidade inata são epitélios, fagócitos, células dendríticas, células NK, citocinas e proteínas plasmáticas, incluindo as proteínas do sistema complemento. ▪ O epitélio fornece barreiras físicas contra os microrganismos, produz antibióticos e contêm linfócitos que podem prevenir infecções. ▪ Os principais fagócitos – neutrófilos e monócitos/macrófagos – são células do sangue recrutadas para os locais de infecção, em que são ativadas através do acoplamento com receptores diferentes. Alguns macrófagos ativados destroem os microrganismos e as células mortas, outros limitam a inflamação e iniciam a reparação dos tecidos. ▪ As células linfoides inatas (ILC) secretam várias citocinas que induzem a inflamação. As células NK matam as células hospedeiras infectadas pelos microrganismos intracelulares e produzem a citocina interferon-γ, que ativa os macrófagos para matar os microrganismos fagocitados. ▪ O sistema de complemento é uma família de proteínas que são ativadas no encontro com alguns microrganismos (na imunidade inata) e por anticorpos (na via humoral da imunidade adaptativa). As proteínas do complemento revestem (opsonizam) os microrganismos para a fagocitose, estimulam a inflamação e lisam os microrganismos. ▪ As citocinas da imunidade inata têm a função de estimular a inflamação (TNF, IL-1, quimiocinas), ativar as células NK (IL-12), ativaros macrófagos (IFN-γ) e evitar infecções virais (IFN do tipo I). ▪ Na inflamação, os fagócitos são recrutados a partir da circulação para locais de infecção e de danos nos tecidos. As células ligam-se às moléculas de adesão endotelial que são induzidas pelas citocinas TNF e IL-1, e migram em resposta a quimioatratores solúveis, incluindo as quimiocinas, os fragmentos do complemento e peptídeos bacterianos. Os leucócitos são ativados, ingerem e destroem os microrganismos e células danificadas. ▪ A defesa antiviral é mediada por interferons do tipo I, que inibem a replicação viral, e células NK, que matam células infectadas. ▪ Além de fornecer a defesa precoce contra as infecções, as respostas imunes inatas fornecem os sinais que funcionam em conjunto com antígenos para ativar os linfócitos B e T. O requerimento para tais segundos sinais assegura que a imunidade adaptativa seja provocada pelos microrganismos (os indutores das reações do sistema imune inato) e não por substâncias não microbianas.
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