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Decisões Extremas

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universidade federal da bahia
Discente: alisson braga
resenha crítica do filme:
decisões extremas
Extraordinary Measures
Salvador, 
ALISSON IGOR BRAGA SANTOS
O filme “Decisões Extremas” tem como base o livro “The Cure: How a Father Raised $100 Million – And Bucked the Medical Establishment – in a Quest to Save His Children”. Baseado em fatos reais, conta o drama de John (Brender Fraser) e Aillem Crowley (Keri Russell), um casal que tem dois filhos que sofrem de uma doença congênita chamada Doença de Pompe, (que segundo a Dra. Glória Maria Andrade Penque – Médica no Instituto de Neurologia Deolindo Couto UFRJ – Rio de Janeiro, trata-se de uma doença metabólica que acomete o tecido muscular, levando a um quadro de miopatia debilitante e progressiva, que com frequência leva o paciente ao risco de vida. Decorre de uma deficiência da atividade da enzima GAA (alfaglicosidade ácida) ocasionando um acúmulo de glicogênio dentro de uma estrutura intracelular chamada lisossomo acarretando fraqueza muscular, deterioração da função respiratória e morte prematura). Nesse contexto, o pai busca pelos avanços nas pesquisas sobre a doença quando descobre uma possível forma de controle da patologia estudada pelo Dr. Robert Stonehill (Harrison Ford), um pesquisador da Universidade de Nebraska. John e Aillem resolvem organizar uma associação para famílias com crianças portadoras em igual situação para arrecadar meios de financiar as pesquisas do Dr. Stonehill. 
1) Dr. Robert Stonehill é egocêntrico, solidário e ético. Estuda e se dedica em descobrir uma forma de controle ou uma possível cura para a Doença de Pompe, porém esbarra na insuficiência de recursos financeiros para avançar e concretizar sua pesquisa, além de interesses econômicos da indústria farmacêutica.
2) O processo industrial farmacêutico exige investimento que vai desde a pesquisa e desenvolvimento na produção e controle na qualidade dos produtos até a sua distribuição. Para tanto, é necessário o emprego de tecnologia, mão de obra qualificada, altos investimentos financeiros e publicidade. Devido à sua importância, os medicamentos exigem uma política específica de acordo com cada país a fim de garantir eficácia, segurança, qualidade, informação e custo. Em 1995, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que o Estado deve garantir a disponibilidade de acesso equitativo, assim como a utilização adequada desses medicamentos e preconizou para a formulação e acompanhamento de política de medicamentos de cada país, uma ampla parceria entre governos - representando o interesse público - e os demais atores do processo: os que utilizam ou vão utilizar medicamentos, os prescritores, os dispensadores e os que fazem, comercializam, distribuem e vendem os medicamentos. Participam também dessa parceria as universidades, os institutos especializados de pesquisa e instrução, as instituições que formam pessoas na área médica, odontológica, de enfermagem e farmácia, as escolas de preparação de pessoal de nível médio e de agentes comunitários de saúde, as organizações desvinculadas do governo, como associações de profissionais, grupos de consumidores, indústria farmacêutica e as profissões jurídicas. 
Atualmente, em nível mundial, existe um mercado farmacêutico monopolizado. Há, no mundo, mais de 10 mil empresas produtoras de medicamentos. No entanto, a participação expressiva no mercado internacional se restringe a não mais de cem companhias de grande porte, responsáveis por cerca de 90% dos produtos farmacêuticos para consumo humano. As cinquenta maiores empresas farmacêuticas do mundo são transnacionais respondendo por cerca de 2/3 do faturamento mundial. Estas empresas comercializam seus produtos em diversos países, promovem atividades também em países estrangeiros e operam nas áreas de pesquisa e desenvolvimento abrangendo, portanto, todos os estágios tecnológicos.
A totalidade das empresas de capital nacional detém entre 15% e 25% do mercado farmacêutico brasileiro, enquanto as empresas de origem norte-americana detêm em torno de 35%. Um percentual um pouco maior cabe ao conjunto das indústrias da Comunidade Econômica Europeia. Nota-se também a monopolização das classes terapêuticas por parte das empresas líderes do mercado. A indústria farmacêutica privada, seja ela de capital nacional ou internacional, investe normalmente na produção e em propaganda de medicamentos utilizados na medicina curativa, que são mais rentáveis. Conclui-se, portanto, que os interesses comerciais dessas indústrias muitas vezes são conflitantes com o uso racional de medicamentos. Santos (1993) conta que até 1930 o Brasil não se distanciava muito do modelo tecnológico utilizado internacionalmente para a produção de medicamentos. A medicação consumida em território nacional era em parte produzida por farmácias e por um grande número de pequenos e médios laboratórios nacionais, poucos deles de origem estrangeira. Outra parcela, era advinda de importações de outros países realizadas por casas representantes.
As distorções do mercado brasileiro de medicamentos, considerado um dos cinco ou seis maiores do mundo, mostram claramente sua incapacidade de se autorregular. Os produtos supérfluos ou desnecessários lançados no comércio e a propaganda enganosa e despida de quaisquer padrões éticos que a indústria promove, especialmente no comércio varejista, são reflexos da falta de regulamentação que permite que o medicamento seja tratado como bem de consumo e não como meio essencial de recuperação da saúde. Por outro lado, a dependência tecnológica e econômica do país produz uma contradição: um dos maiores mercados farmacêuticos, não obstante dos mais dependentes, tem nítida concentração de renda e grande parcela da população excluída do direito à saúde e ao bem-estar social (Bermudez, 1997, p. 335).
3) No filme, os pacientes acometidos pela doença são os filhos do casal John e Aillem Crowley. Os pesquisadores passam a conhecer os pacientes e suas famílias, bem como também suas condições de vida através de uma reunião entre eles, na qual as famílias dos pacientes relatam como vivem e cuidam de seus filhos doentes.
De acordo com o artigo 53 do Código Civil (Lei nº 10.406/02), as associações de pacientes são definidas pela união de pessoas que se organizam em torno de algum objetivo relacionado à saúde, constituindo uma organização sem fins econômicos. Esse agrupamento biossocial, a partir de uma finalidade comum, organiza-se de forma que os seus interesses sejam alcançados, sejam eles a busca pela cura de uma doença, algum avanço científico relacionado a determinado tratamento, medicamento, equipamento, entre outras coisas. 
O objetivo dessas associações se dá através da disseminação do conhecimento da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, efetivando-a e garantindo que os pacientes acometidos por essas doenças tenham acesso garantido aos seus direitos. É válido ressaltar que, apesar dessas associações não terem fins lucrativos, é possível haver geração de renda, tendo em vista que esta deve ser revertida para o aumento do patrimônio ou melhoria da organização, desde que esse valor não seja arrecadado a fim de ser dividido entre os associados.
4) Após todos impedimentos, a nova droga fica pronta e testes clínicos são propostos, apesar dos riscos envolvidos. Pode-se notar certa eficácia no tratamento a partir da quebra do açúcar nos músculos pela enzima e a reversão do crescimento dos órgãos internos, salvando suas vidas e os tornando capazes de levar uma vida mais saudável e “normal”. Além disto, o medicamento consegue controlar os sintomas da doença por toda a vida (resultado promissor a continuação da pesquisa já que a teoria do Dr. Stonehill estava correta).
A Doença de Pompe é considerada uma doença órfã ou rara, ou seja, afeta um número pequeno de pessoas quando comparada com a população geral e por isso, não atrai a atenção da indústria farmacêutica para investir em pesquisa no desenvolvimento de medicamentos para estas doenças, pois a indústriaé influenciada pela demanda de determinadas doenças e principalmente o mercado potencial.
5) No Brasil, não existe uma política oficial específica para doenças raras, o que não significa que os pacientes não recebam tratamento. Os medicamentos chegam até eles por via judicial. O Sistema Único de Saúde (SUS) atende essas pessoas de maneira fragmentada, sem planejamento, com desperdício de recursos públicos e prejuízos para os pacientes (INTERFARMA, 2013).
A pesquisa com novas drogas tem sido um dos grandes fatores motivadores para a regulamentação das atividades de pesquisa envolvendo seres humanos e animais. A Declaração de Helsinki é um exemplo de documento que vem sendo periodicamente revisado. Atualmente, está na sua sexta revisão com a finalidade de propor medidas que garantam a adequação dos aspectos éticos envolvidos nestas pesquisas. 
6) A pesquisa de novos medicamentos mereceu uma atenção especial por utilizar seres humanos como sujeitos de pesquisa e pela possível repercussão de seus resultados. Esses projetos de pesquisa foram agrupados em etapas e fases, que foram estabelecidas por diferentes documentos e diretrizes com a finalidade de preservar a integridade e a segurança dos seus participantes. No Brasil, estas fases foram estabelecidas nas Resoluções CNS 01/88 e 251/97, assim como nas Boas Práticas Clínicas MERCOSUL. Os estudos podem ser classificados em duas etapas: pré-clínica e clínica, sendo a primeira realizada em modelos celulares e animais e a segunda em seres humanos.
De acordo com a Resolução CNS 251/97, a pesquisa pré-clínica deve gerar informações que permitam justificar a realização de pesquisas em seres humanos. Os relatos dos estudos experimentais devem especificar o método utilizado, os modelos celulares, teciduais ou animais utilizados, os testes laboratoriais, os dados de farmacocinética e toxicologia. Os resultados pré-clínicos devem permitir demonstrar a relevância dos achados, as possíveis aplicações terapêuticas e prever alguns riscos com o seu uso.
A etapa clínica das pesquisas de novas drogas realizada em seres humanos é subdividida em quatro diferentes fases, denominadas de 1 a 4, de acordo com o nível crescente de conhecimento que se tem sobre os efeitos desta substância em modelos celulares, animais e em seres humanos. Estas fases também se diferenciam pelos objetivos específicos de cada tipo de estudo, pelo tipo de delineamento utilizado e, principalmente, pelo número e características dos participantes. Estas fases são sucessivas e escalonadas, com níveis crescentes de complexidade e de exposição. Idealmente, os estudos de Fase 2 dependem dos resultados obtidos nos estudos de Fase 1 para serem iniciados, assim como os estudos Fase 3 dos de Fase 2.
REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
ERREIRA, Jovino S., FERREIRA, Vera Lúcia P. C., FERRERA, Davi C. Estudo da doença de Gaucher em Santa Catarina. Rev. bras. hematol. hemoter. Santa Catarina, 2008.
GOLDIM, J. R. A avaliação ética da investigação científica de novas drogas: a importância da caracterização adequada das fases da pesquisa. Sessão de Bioética. Rev HCPA 2007
GUIA METABÓLICA. Doença de Gaucher. Disponível em: <http://www.guiametabolica.org/sites/default/files/gaucher_portugues_provisorio.pdf> Acesso em 11 de setembro 2019.
INTERFARMA, Doenças Raras: contribuição para uma política nacional. Disponívem em: <http://www.sbmf.org.br/_pdf/biblioteca/14/doencas_raras_2013.pdf> Acesso em 11 de setembro 2019.
OAPD. Perguntas e respostas sobre a doença de Pompe. Disponível em: <http://www.oapd.org.br/doenca-de-pompe/> Acesso em 11 de setembro 2019.
PORTAL EDUCAÇÃO, A indústria farmacêutica e as políticas de saúde e de medicamentos. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/638/a-industria-farmaceutica-e-as-politicas-de-saude-e-de-medicamentos#ixzz4G2L89no6> Acesso em 11 de setembro 2019.
Sapo LifeStyle. Doenças Raras. Disponível em: <http://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/doencas-raras-3?pagina=2> Acesso em 11 de setembro 2019.
VALVERDE, Ricardo. Doenças Negligenciadas. Disponível em: <http://agencia.fiocruz.br/doen%C3%A7as-negligenciadas> Acesso em 11 de setembro 2019.
WIKIPEDIA. Número EC. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmero_EC>. Acesso em 11 de setembro 2019.

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