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Beatriz Cavalcanti Regis 
Aula 3 – Carlos + Medicina de Emergência 14ª edição 
INTRODUÇÃO 
• É a expressão clínica da hipóxia celular, tecidual e 
orgânica. 
• Causada pela incapacidade do sistema circulatório de 
suprir as demandas celulares de oxigênio, por oferta 
inadequada de oxigênio (DO2) e/ou por demanda 
tecidual aumentada de oxigênio (VO2). 
• Os efeitos são inicialmente reversíveis, mas 
rapidamente podem se tornar irreversíveis, resultando 
em falência orgânica, síndrome de disfunção de 
múltiplos órgãos e sistemas (SDMOS) e morte. 
✓ SDMOS: 2 ou + disfunções orgânicas sem considerar 
a que levou à internação em UTI. 
• Quatro mecanismos de choque: distributivo, 
cardiogênico, hipovolêmico e obstrutivo. 
FISIOPATOLOGIA 
• Passos do processo de utilização do oxigênio tecidual: 
1. Difusão do oxigênio dos pulmões ao sangue; 
2. Ligação do oxigênio à hemoglobina; 
3. Transporte de oxigênio pelo débito cardíaco para 
periferia; 
4. Difusão de oxigênio para a mitocôndria. 
DIAGNÓSTICO 
 Sinais de hipoperfusão: 
• Pele: pele fria e úmida, cianose, palidez, livedo, tempo 
de enchimento capilar prolongado (> 2 segundos), 
gradiente temperatura central-periférica (> 7°C = má 
perfusão periférica). 
• Renal: débito urinário < 0,5 mL/kg/h (oligúria). 
• SNC: estado mental alterado → torpor, desorientação e 
confusão. 
• Respiratório: dispneia, uso de musculatura respiratória 
acessória, hipoxemia, relação PaO2/FiO2 < 400. 
• Cardiovascular: hipotensão (PAS < 90 mmHg e PAM < 70 
mmHg), taquicardia, hiperlactatemia (> 2 mmol/L ou > 
18 mg/dL), pulso filiforme (fino, de baixa amplitude). 
• Hepática: icterícia, encefalopatia, aumento de 
bilirrubinas. 
• Hematológica: sangramentos, petéquias, alargamento 
de RNI, plaquetopenia. 
 FC em situações especiais: 
• Idoso (pode não apresentar taquicardia), atleta 
(bradicardia), gestante (retenção de líquido – pode não 
ter taquicardia no início), uso de medicações (beta-
bloqueadores) e marcapasso. 
 Solicitar, de início: hematócrito (no 1º exame vai 
estar normal; aproveitar para tipar o sangue), base 
excess e lactato. 
Obs.: A acidose seria causada por reações que não são a 
produção de lactato. Em condições de hipóxia, o ATP que é 
fornecido aumenta a liberação de prótons e causa a acidose 
(ATP = ADP + fosfato e um próton [H+] é liberado). A 
produção de lactato aumenta nessas condições celulares 
para evitar o acúmulo de piruvato e fornecer o NAD+ 
necessário para a glicólise. Assim, o aumento da produção 
de lactato coincide com a acidose celular e permanece como 
um bom marcador indireto para condições metabólicas 
celulares que induzem a acidose metabólica. 
Exame físico *Aparência ruim 
*Alteração do estado mental 
*Hipotensão > 30min 
*FC > 100 bpm 
*FR > 20 irmp 
*Débito urinário < 0,5 mL/kg/h 
Gasometria arterial *Lactato > 4mmol/L ou > 32 mg/dL 
*Excesso de bases < -4mEq/L 
Diagnóstico: ≥ 4 critérios. 
MECANISMOS DE CHOQUE, FISIOPATOLOGIA E 
EXEMPLOS 
Hipovolêmico Redução do volume intravascular (pré-
carga reduzida)→ reduz o DC. 
Ex.: hemorrágico (trauma; hemorragia 
digestiva, varicosa; úlcera péptica; 
tamponamento cardíaco); não 
hemorrágico (queimaduras extensas, 
febre, vômitos, diarreia, necrólise 
epidérmica tóxica, diurese osmótica, 
peritonite, pancreatite). 
 
Cardiogênico Patologias cardíacas→ falência da 
bomba→ reduz DC. 
Ex.: IAM (principalmente de VE), 
tamponamento pericárdico (tríade de beck 
– abafamento das bulhas cardíacas, 
hipotensão e estase jugular), arritmias, 
miocardiopatia dilatada avançada, defeitos 
valvares, ruptura de septo, aneurisma de 
parede, insuficiência mitral aguda. 
Obstrutivo Causas extracardíacas que culminam em IC 
(geralmente falência de VD)→ reduz DC. 
Ex.: tromboembolismo pulmonar, 
hipertensão pulmonar, HAS severa, 
pneumotórax hipertensivo, estenose da 
valva pulmonar, tamponamento 
pericárdico, pericardite constritiva, 
cardiomiopatia restritiva. 
Distributivo 
- Séptico 
- Neurogênico 
- Anafilático 
- Por cianeto e 
monóxido de 
carbono 
- Endócrino 
Vasodilatação sistêmica. 
Ex.: sepse, TRM, anafilaxia, crise 
addisoniana e coma mixedematoso. 
 
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Hemotórax 
 
FAST: hemoperitôneo 
 
 
 Fratura de bacia Fratura de fêmur 
TRATAMENTO 
• Se hemorragia externa → 1º estancar o sangramento 
(compressão; torniquete – em casos de amputação ou 
avulsão parcial do membro; envelopamento pélvico; 
cirurgia; embolização). 
• Se hemorragia interna: observar pelve, ossos 
longos, abdome, tórax e partes moles. 
• Acesso vascular: 2 vias periféricas. 
• Infundir cristalóide, sangue e derivados. 
✓ Cristalóide: 1L inicialmente; 30 mL/kg (adulto); 20 
mL/kg (crianças). 
• Coleta de sangue e gasometria. 
• Sonda nasogástrica. 
• Cateter urinário (pelo menos 30mL/h de urina). 
• Suporte ventilatório. 
• Droga vasoativa (se refratário) – aumentam o tônus 
vascular e melhoram a contratilidade cardíaca: 
Droga Dose Diluição 
Dobutamina 
*choque cardiogênico 
ou séptico 
2-20 
mcg/kg/min 
1 amp = 250 mg/ 20 mL 
4 amp + SF 170 mL (4 
mg/mL) 
Norepinefrina 
*1ª escolha no 
choque séptico 
0,1-2 
mcg/kg/min 
1 amp = 4 mg/4 mL 
4 amp + 234 mL SG5% (60 
mcg/mL) 
Epinefrina 
*1ª escolha no 
choque anafilático 
1-20 
mcg/min 
 
1 amp = 1 mg/1 mL 
6 amp + SF 94 mL (60 
mcg/mL) 
Vasopressina 
*aumenta a 
sensibilidade se + 
noradrenalina. 
*derivado: 
selepressin 
*usado no choque 
séptico se refratário a 
norepinefrina 
0,01-0,04 
UI/min 
1 amp = 20 UI/1 mL 
1 amp + SF 100 mL 
Dopamina 
*pouco usada hoje em 
dia 
5-20 
mcg/kg/min 
1 amp = 50 mg/10 mL 
5 amp + SF 200 mL (1 
mg/mL) 
 
• Redução do consumo periférico de O2: 
✓ Evitar hipertermia (antitérmicos, se necessário). 
✓ Controlar a dor (analgésicos, se necessário). 
✓ Reduzir a ansiedade (ansiolíticos, se necessário). 
✓ Reduzir o trabalho respiratório (ventilação 
mecânica, quando indicada, e esta deve ser bem 
ajustada, evitando assincronias). 
➔Hemoterapia: concentrado de hemácias, plasma fresco 
congelado (rico em colóides e fatores de coagulação) e 
plaquetas. 
*+ ácido tranexâmico em até 3h do trauma. 
➔Autotransfusão. 
➔Avaliar a resposta ao tratamento inicial: 
✓ Resposta rápida. 
✓ Resposta transitória. 
✓ Resposta mínima/sem resposta → protocolo de 
transfusão maciça (10 unidade/24h ou > 4 
unidade/h). 
➔Avaliação repetida: ABCDE com sinais vitais, débito 
urinário e nível da consciência. 
 
 
 
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ATB: antibiótico; EV: endovenoso; HMC: hemocultura; MOVED: monitor, oxigênio, veia, exames/ECG e dextro; nora: noradrenalina; PAM: 
pressão arterial média; s/n: se necessário; USPOC: ultrassom point-of-care. 
 
BB: betabloqueador; BIA: balão intra-aórtico; BNP: peptídeo natriurético cerebral; ECG: eletrocardiograma; ECOTE: ecocardiograma 
transesofágico; ECOTT: ecocardiograma transtorácico; FC: frequência cardíaca; GasoA: gasometria arterial; IC: índice cardíaco; HMG: 
hemograma; MNM: marcadores de necrose miocárdica; PAS: pressão arterial sistólica; PCP: pressão capilar pulmonar; RX: raio X; VE: 
ventrículo esquerdo. 
 
 
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Se ABC score ≥ 2 (trauma penetrante, FAST +, PAS < 90 mmHg, FC > 12 bpm) OU Shock index ≥ 1,2 (FC/PAS). ** O transamin é mais 
estudado no contexto de trauma. CAD: cetoacidose diabética; CH: concentrado de hemácias; Cai: cálcio ionizado; CP: concentrado de 
plaquetas; EV: endovenoso; FC: frequência cardíaca; GECA: gastroenterite aguda; PAS: pressão arterial sistólica; PFC: plasma fresco 
congelado; SCPC: síndrome cerebral perdedora de sal; s/n: se necessário; SNE: sonda nasoenteral; SNG: sonda nasogástrica; T: 
temperatura; TGI: trato gastrointestinal. 
 
EV: endovenoso; HNF:heparina não fracionada; PSAP: pressão sistólica de artéria pulmonar; s/n: se necessário; TEP: tromboembolismo 
pulmonar; VCI: veia cava inferior; VD: ventrículo direito; US: ultrassom.

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