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A EJA E O MERCADO DE TRABALHO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
ESCOLA DE EDUCAÇÃO 
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA 
 
 
 
LAURA ESPERANÇA DE FREITAS BATISTA 
 
 
 
 
 
 
A EJA E O MERCADO DE TRABALHO: 
problematização de uma relação unilateral 
 
 
 
 
 
 
 
 
Volta Redonda 
2020 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
ESCOLA DE EDUCAÇÃO 
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAURA ESPERANÇA DE FREITAS BATISTA 
 
 
 
A EJA E O MERCADO DE TRABALHO: 
problematização de uma relação unilateral 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Licenciatura em Pedagogia do 
Centro de Ciências Humanas da UNIRIO, 
como requisito para obtenção do grau de 
Pedagogo. 
 
Orientadora: Profª Msc. Patrícia Carla 
Vieira Romão Botelho 
 
 
 
Volta Redonda 
2020 
 
 
 
LAURA ESPERANÇA DE FREITAS BATISTA 
 
 
A EJA E O MERCADO DE TRABALHO: 
problematização de uma relação unilateral 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Licenciatura em Pedagogia do 
Centro de Ciências Humanas da UNIRIO, 
como requisito para obtenção do grau de 
Pedagogo. 
 
 
Data da apresentação ___ / ____ / _____ 
 
Banca examinadora: 
 
________________________________________ 
Profª Msc. Patrícia Carla Vieira Romão 
Botelho 
 
________________________________________ 
Segundo(a) examinador(a) 
 
________________________________________ 
Terceiro(a) examinador(a) 
 
 
Volta Redonda 
2020 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
À causa de todos os professores, no comprometimento de construir uma educação 
igualitária, inclusiva, crítica e de qualidade. 
A toda a equipe do Curso de Pedagogia; à parceria da UNIRIO com o CEDERJ me 
permitiu esta formação. Além disso, esta graduação me trouxe a persistência e resistência 
como atuante na educação brasileira. 
E por fim, e especialmente, a todas as crianças, adolescentes e adultos. Sinto-me 
preparada para servir, mediar e, juntos, alcançar a tão sonhada educação libertadora que Paulo 
Freire nos ensinou. 
 
 
 
 
A EJA E O MERCADO DE TRABALHO: problematização de uma relação unilateral 
LAURA ESPERANÇA DE FREITAS BATISTA 
Orientadora: Prof.ªMsc.Patrícia Carla Vieira Romão Botelho 
Resumo 
O presente trabalho foi inspirado em uma vivência, a partir do campo de estágio Módulo II no 
curso de Pedagogia, onde se observou a proposta educacional para a Educação de Jovens e 
Adultos direcionada predominantemente para o mercado de trabalho. Sendo assim, o presente 
estudo tem como objetivo analisar como ocorre a formação atual dos alunos na modalidade 
EJA – Educação de Jovens e Adultos, para propor uma reflexão aos professores que dela 
participam, à luz dos ensinamentos de Paulo Freire. O principal referencial teórico é Paulo 
Freire, que propõe metodologias alfabetizadoras comprometidas com a emancipação e a 
libertação de jovens e adultos. A metodologia aqui apresentada abrange a revisão 
bibliográfica, por possibilitar o acesso à contribuição de autores experientes no assunto para 
posterior análise e discussão. Os principais resultados aqui encontrados revelam a urgência de 
uma ressignificação acerca das metodologias adotadas no processo alfabetizador da EJA. 
Palavras-chave:EJA.Problematização.Mercado de Trabalho (trabalho). Unilateralidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 7 
1 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 8 
1.1 Paulo Freire, vida e obra............................................................................................... 8 
1.2 Um breve histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil ............................... 11 
1.3 O ensino-aprendizagem de jovens e adultos no Brasil .............................................. 14 
1.4 Exemplificando novas propostas para o trabalho com a Educação de Jovens e 
Adultos.................................................................................................................................... 18 
2 METODOLOGIA .................................................................................................... 21 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 22 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 23 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Introdução 
O presente artigo científico tem como motivação, o acompanhamento feito por meio 
do estágio durante o Módulo II do Curso de Pedagogia. Este módulo de estágio teve como 
objetivo acompanhar as aulas na modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA), 
ministradas em uma escola municipal, localizada na cidade de Volta Redonda, no estado do 
Rio de Janeiro. 
No decorrer das atividades pedagógicas programadas pela equipe da escola, foi 
observado o pensamento e a preocupação dos alunos da EJA, em alcançar a autonomia da 
escrita e da leitura, como mecanismos sociais fundamentais para o mercado de trabalho, o que 
chamou a atenção para esta questão. 
Diante do objeto exposto, pôde-se levantar algumas problemáticas em torno da relação 
entre os alunos da modalidade EJA e o mercado de trabalho, dentre as quais destacamos:em 
que medida o conteúdo programático desenvolvido para os alunos da EJA relaciona-se ao 
mercado de trabalho? Existe um espaço no mercado de trabalho que empregue o aluno desta 
modalidade de ensino? As exigências do mercado de trabalho estão alcançando os planos 
pedagógicos desenvolvidos para os alunos? Uma vez concluído o ensino básico na 
modalidade EJA, de que maneira o mercado de trabalho recebe esse aluno? 
 
Objetivo Geral 
• Analisar como ocorre a formação atual dos alunos na modalidade EJA – 
Educação de Jovens e Adultos, em relação ao mercado de trabalho, para propor 
uma reflexão aos professores que dela participam, à luz dos ensinamentos de 
Paulo Freire. 
 
Objetivos Específicos 
• Problematizar a relação unilateral entre o cumprimento do ensino básico na 
modalidade EJA e as exigências do mercado de trabalho. 
• Apresentar novas maneiras de trabalhar a modalidade EJA, à luz dos 
ensinamentos de Paulo Freire. 
O presente artigo tem como justificativa, a importância de se levar acadêmicos e 
profissionais da educação a uma reflexão profunda sobre como são desenvolvidos atualmente 
 
 
8 
 
os conteúdos programáticos para os alunos da EJA e como poderia ser mais significativa esta 
proposta para a vida desses estudantes, de maneira que não fosse vista apenas como uma 
obrigatoriedade para o mundo do trabalho. 
 
1 Referencial Teórico 
 Neste capítulo será feita uma apresentação geral do educador Paulo Freire, de 
sua vida e algumas obras relevantes para a temática aqui abordada. Será apresentado um 
breve histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e como tem acontecido o 
processo de ensino-aprendizagem nesta modalidade atualmente no Brasil. 
 
1.1. Paulo Freire, vida e obra 
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife, capital de Pernambuco em 1921. Filho 
de militar e de uma dona de casa, Paulo Freire iniciou os primeiros contatos com a educação 
em seio familiar. Para auxiliar financeiramente em casa, sua irmã dedicou-se à educação 
primária. O educador vivenciou uma profunda crise econômica brasileira, em 1929. Sua 
família passou por dificuldades, que o inspirou a preocupar-se com os mais pobres e 
revolucionar os métodos de alfabetização de forma contextualizada. Passada a crise, em 1943, 
dedicou-se à Faculdade de Direito. Redirecionouos conteúdos apreendidos em educação, e 
lecionou como professor de linguagens em turmas do segundo grau. A partir dessa primeira 
atuação, Paulo Freire dedicou-se inteiramente à educação e à filosofia brasileira. Passou a 
escrever, publicar, atuar e revolucionar os métodos pedagógicos brasileiros. No período de 
ditadura militar foi exilado, e permaneceu revolucionando e reformulando práticas 
pedagógicas em terras estrangeiras. Atualmente, Paulo Freire é reconhecido e recomendado 
por toda prática nacional de educação, sendo celebrado internacionalmente, pelos seus 
métodos e práticas para a Educação. 
Neste artigo são referenciadas algumas de suas obras fundamentais que auxiliam o 
processo de alfabetização dos alunos da EJA e sua autonomia para além do mercado de 
trabalho. Em sua obra “A importância do ato de ler” (FREIRE, 1989), organizada em 
palestras realizadas internacionalmente, Paulo Freire nos ensina que a leitura da palavra é para 
além de um movimento de codificação e decodificação. O ato de ler procede da leitura do 
mundo. O autor faz uma breve relação prática entre as palavras escritas e sua vivência infantil, 
 
 
9 
 
exemplificando ao leitor a possibilidade de utilizar a palavra escrita na descrição de sua 
infância. Existe uma relação íntima entre a palavra lida e escrita e o contexto vivido. 
Paulo Freire nos explica como ocorre essa relação quando diz: 
 
“É como se eu estivesse fazendo a “arqueologia” da minha compreensão do 
complexo ato de ler, ao longo de minha experiência existencial. Daí que tenha 
falado de momentos de minha infância, de minha adolescência, dos começos de 
minha mocidade e termine agora revendo, em traços gerais, alguns dos aspectos 
centrais da proposta que fiz no campo da alfabetização de adultos há alguns anos.” 
(FREIRE, 1989, p.12) 
 
Nessa mesma obra, Paulo Freire nos convida a pensar na educação como um ato 
político. O autor nos alerta para a impossibilidade de ocorrer neutralidades no processo 
educativo. 
 
“...Neste sentido é que todo partido político é sempre educador e, como tal, sua 
proposta política vai ganhando carne ou não na relação entre os atos de denunciar e 
de anunciar. Mas é neste sentido também que, tanto no caso do processo educativo 
quanto no do ato político, uma das questões fundamentais seja a clareza em torno de 
a favor de quem e do quê, portanto contra quem e contra o quê, fazemos a educação, 
e a favor de quem e do quê, portanto contra quem e contra o quê, desenvolvemos a 
atividade política. Quanto mais ganhamos esta clareza através da prática, tanto mais 
percebemos a impossibilidade de separar o inseparável: a educação da política. 
Entendemos então, facilmente, não ser possível pensar, sequer, a educação, sem que 
se esteja atento à questão do poder.” (FREIRE, 1989, p.15) 
 
Em sua obra “Educação e Mudança” (2002), Paulo Freire nos ensina a considerar a 
importância de sua perspectiva, em que pese a educação como instrumento de transformação 
social. Sob essa perspectiva, para Freire, a educação deve aspirar à libertação, à construção de 
uma nova realidade, para torná-la possível e alcançável, possibilitando assim que sujeitos 
sejam reconhecidos como protagonistas de sua história. Paulo Freire nos ensinou que a 
educação possibilita a leitura crítica do mundo. Para Paulo Freire (2002, p. 72) “a 
alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler”. O autor 
preocupa-se com a construção de uma aprendizagem significativa, principalmente em torno à 
escolarização de jovens e adultos. Freire propõe-se em relacionar o processo de alfabetização, 
à uma nova concepção de mundo, para, enfim, possibilitar às rédeas de seu próprio destino. 
Assim sendo, pode-se dizer que para o educador Paulo Freire, o mundo se apresenta ao 
mesmo tempo como inacabado e injusto. A educação é um movimento que age na denúncia 
da realidade. O papel do educador é o de desejar uma sociedade melhor. A mediação de um 
 
 
10 
 
novo projeto societário deve ser a utopia do profissional da educação. A utopia é o campo da 
busca e, ao ressignificar a realidade social, busca-se outra. “Nosso desafio é organizar o 
procedimento utópico sem sufocar a capacidade utópica” (FREIRE, 2002, p. 43). Sendo 
assim, o educador tem como o objetivo realizar o sonho de transformação de homens e 
mulheres protagonistas de suas histórias presentes e futuras. Diante disso, podemos perceber 
que a filosofia educacional de Freire se constitui em duas vertentes primordiais: a 
conscientização e o diálogo. 
Em “Pedagogia da autonomia” (2000) o educador deve conduzir o educando à leitura 
do seu contexto histórico e social, seu espaço, suas histórias e sua vida como um todo.Tudo 
isso deve ser ponto de partida e ponto de chegada para a aprendizagem. É preciso valorizar o 
saber de todos; o conhecimento que o aluno traz de seu meio não pode ser negado. Nesse 
sentido, no conceito de Freire, tanto o aluno quanto o professor são transformados em 
pesquisadores críticos. Seu convite ao alfabetizando adulto é, inicialmente, para que ele se 
veja enquanto homem ou mulher vivendo e produzindo em uma determinada sociedade. Ele 
convida o analfabeto a sair da apatia e do conformismo; desafia-o a compreender que ele 
próprio também é um fazedor de cultura. A educação teria o papel de libertar os sujeitos de 
uma consciência ingênua, herança de uma sociedade repressora, agrária e oligárquica, 
transformando-a em consciência crítica. Em relação ao papel da educação na sociedade dentro 
da perspectiva para Freire, deve-se valorizar o analfabeto, como alguém capaz de produzir 
conhecimentos; a educação deveria ter um caráter de diálogo e não ser resumida à uma 
relação “cliente – banco”. De acordo com Freire a educação possibilita um novo sentido ao 
ser humano, uma vez que, este se caracteriza como protagonista de suas mudanças históricas. 
“Somos ou nos tornamos educáveis porque, ao lado da constatação de experiências negadoras 
da liberdade, verificamos também ser possível a luta pela liberdade e pela autonomia contra a 
opressão e o arbítrio” (FREIRE, 2000, p. 121). 
Quando pensamos no tema da Educação no Brasil, especificamente da Educação de 
Jovens e Adultos, não é demasiado salientar, que a perspectiva da educação brasileira não 
seria a mesma sem a ótica social de Freire. Convém notar que o educador criou uma proposta 
para a alfabetização de adultos, que inspira até os dias de hoje diversos programas de 
alfabetização e educação popular. 
 
 
11 
 
Neste mesmo viés, cabe ressaltar que a educação é um instrumento de inclusão social, 
que comporta mudança na vida de todas as pessoas, independentemente da idade ou classe 
social. Estudar pode não deliberar todos os problemas sociais, nem revogar com a injustiça 
social, mas é o meio pelo qual a pessoa pode reescrever sua própria história. Ademais, 
aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir 
criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever, e sobre o profundo significado da 
linguagem. 
A partir desses destaques podemos relacionar a educação alfabetizadora com as 
exigências do mercado de trabalho. Porém, essa relação limita-se em “obedecer” a esse 
mercado. 
Paulo Freire segue sua obra referenciando a educação burguesa como sistematização 
do ensino. Esse fator permitiu uma reprodução da cultura dominante. Ora, os responsáveis 
pelas contratações do mercado de trabalho, são os mesmos que ocupam os espaços da 
burguesia. Assim, a exigência de profissionais alfabetizados, atende somente a uma 
preocupação, o cumprimento de tarefas voltadas e preocupadas com o trabalho realizado pelo 
alfabetizado, pouco se importando com sua leitura de mundo, anseios, sonhos e desejos. 
O autor exige uma posição dos educadores e questiona se nós estamos realmente 
preocupados com uma educação libertadora, ou com uma educação neutra.O posicionamento 
do professor frente à educação dirá se sua preocupação é atender ao mercado de trabalho, ou 
alfabetizar seu aluno para a possibilidade de seu desenvolvimento pleno. 
 
1.2Um breve histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil 
A gênese da educação voltada para jovens e adultos, ocorreu no processo de 
colonização com a chegada dos portugueses no Brasil. Em uma ação católica, com o objetivo 
de inserir a religião a realidade encontrada na colônia, Jesuítas iniciaram o processo de 
catequização de crianças indígenas e até mesmo índios adultos, numa perspectiva de inserir a 
cultura do homem branco, tornando-os “civilizados”. 
O século XVIII foi marcado pela vinda da Família Real ao Brasil. Conseqüentemente 
esse fator levou a expulsão dos jesuítas. Dessa forma se finda o processo de educação de 
adultos, até então em formato de catequização eurocêntrica. (STRELHOW, 2010). Tal 
 
 
12 
 
educação oferecida pela coroa portuguesa preocupava-se somente em uma educação voltada 
para o processo de colonização. 
O início da Era Vargas anuncia uma nova proposta educacional de jovens e adultos. 
Inicia-se a responsabilidade do Estado com a educação. Dessa forma, foi criado o Plano 
Nacional de Educação comprometido em garantir o ensino primário, integral, gratuito e 
obrigatório. (FRIEDRICH et.al, 2010). 
Em 1947 a Campanha de Educação de Adultos possibilitou novas metodologias e 
discussões pedagógicas acerca do analfabetismo e a educação de adultos no Brasil. 
(COLAVITTO e ARRUDA, 2014). 
Em meados do século XX inicia-se uma movimentação governamental voltada para a 
amenização do analfabetismo da população brasileira. Neste período surgiu o Serviço 
Nacional da Educação de Adultos (SNEA), comprometido com o ensino Supletivo; Desta 
maneira, nasce a primeira Campanha Nacional de Educação de Adolescentes e Adultos 
(CEAA), com o objetivo de combater o analfabetismo em países periféricos; com o primeiro 
Congresso Nacional de Educação de Adultos e, em 1949, com o Seminário Interamericano de 
Educação de Adultos. Em 1950 foi materializada a Campanha Nacional de Erradicação do 
Analfabetismo (CNEA), concretizada no Movimento da Educação de Base (MEB) (VIEIRA, 
2004). 
Em seguida, no ano de 1967, com a ditadura militar instaurada no Brasil, surge o 
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), que tinha como principal objetivo 
alfabetizar, de maneira funcional, a educação continuada (STRELHOW, 2010). 
O Ensino Supletivo ganha notoriedade no início da década de 1970, surgindo em 1971 
com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº. 5.692/71) (BRASIL, 1971). Logo 
após em 1980 foi instituída a Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos 
(Fundação Educar), atrelada ao Ministério da Educação, com o objetivo de promover o apoio 
técnico e financeiro aos projetos de alfabetização em curso (VIEIRA, 2004). 
Surge então, em 1996 a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 
(nº. 9.394/96), que concretiza o direito dos jovens e adultos trabalhadores ao ensino básico, 
como uma responsabilidade pública e estatal gratuita. Estabelecendo a responsabilidade a 
organização governamental garantindo o acesso e permanência dos adultos educandos no 
processo de alfabetização (BRASIL, 1996). 
 
 
13 
 
A Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo, fundada em 2003, criou 
o Programa Brasil Alfabetizado. Neste programa continha o Projeto Escola de Fábrica, o 
PROJOVEM, e o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio para 
Jovens e Adultos (PROEJA) (VIEIRA, 2004). 
 Em 2007, o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), foi 
aprovado pelo Ministério da Educação (MEC). Sendo assim todas as modalidades de ensino 
foram incluídas no orçamento dos recursos financeiros educacionais (BRASIL, 2007). 
Atualmente o adulto analfabeto é estigmatizado como um problema social. O histórico 
da educação de jovens e adultos no contexto brasileiro é construído partindo de interesses 
políticos, o que não abrange uma educação comprometida com a emancipação letrada dos 
alunos atuantes. Resume-se em cumprir uma demanda pré-estabelecida pela Constituição 
Federal de 1988. 
As políticas públicas, quando não ineficientes, partem de uma parcela populacional a 
margem da sociedade. (BRASIL, 1996). Dessa forma, observamos que essas iniciativas não 
garantem a proposta de inserção social do aluno adulto. . 
Com o desenvolvimento industrial, é possível perceber uma lenta valorização da EJA. 
O processo de industrialização gerou a necessidade de se ter mão de obra especializada, para 
capacitar jovens e adultos, por conta da industrialização dos centros urbanos; a população 
rural migrou para as cidades, na expectativa de melhor qualidade de vida. Ao chegarem aos 
centros urbanos, surgia a necessidade de se alfabetizarem, e isso contribuiu para a criação de 
escolas para adultos e adolescentes. 
Outro fator preponderante, foi a necessidade de se aumentar a base eleitoral,para 
sustentação do governo central, pois o voto era apenas para homens alfabetizados. 
Neste contexto, Paulo Freire foi o responsável por organizar e desenvolver um 
programa nacional de alfabetização de adultos, que não resistiu ao regime militar, por ser 
considerado uma ameaça aos interesses do poder em vigor. 
As principais características das ações do governo em relação à Educação de Jovens e 
Adultos no século XX foram de políticas assistencialistas, populistas e compensatórias, que 
não refletiam as reais necessidades dos indivíduos em se integrar verdadeiramente à 
sociedade, por meio da inclusão educacional. 
Ao se analisar a trajetória da Educação de Jovens e Adultos (EJA), é possível 
identificar avanços importantes na direção de seu reconhecimento como direito, para um 
 
 
14 
 
conjunto expressivo de sujeitos que, por motivos diversos, não tiveram acesso – ou 
possibilidade de permanência – à um dos bens públicos mais valorizados em nossa sociedade, 
a Educação. 
Nas últimas duas décadas, a EJA foi incluída nas pautas e agendas governamentais, na 
legislação (como uma modalidade da Educação Básica, através da LDB 9.394/96) e no 
financiamento público, FUNDEB. Pode-se verificar uma expressiva ampliação da oferta nas 
redes locais de ensino, aproximando governos municipais, estaduais e federais, além das 
organizações não governamentais e dos movimentos sociais, que acumulam longa trajetória 
de práticas na área. 
Contudo, apesar de respeitáveis conquistas, é possível observar que a EJA continua 
transitando às margens da educação, ocupando, na tradicional hierarquia que conduz o 
sistema educacional brasileiro, um lugar de pouco valor que, sem dúvida, guarda estreita 
relação com o lugar social dos sujeitos aos quais se destina. 
 
1.3 O ensino-aprendizagem de jovens e adultos no Brasil 
Partindo da premissa de contornar a problemática dos baixos níveis de escolarização e 
analfabetismo da realidade brasileira, a Educação para Jovens e Adultos (EJA), nasceu com o 
intuito de promover a escolarização de tal público. Esta proposta de ensino é voltada a estes 
sujeitos subalternos, que não tiveram acesso, por todo um contexto sócio-histórico, ao sistema 
educacional brasileiro. Impossibilitando-os de obter a superação de sua realidade social, 
política e econômica, numa perspectiva emancipadora. 
Por se tratar de jovens e adultos que, em sua maioria, precisam conciliar trabalho e 
estudo, a modalidade da EJA geralmente ocorre no período noturno e possui uma carga 
horária menor se comparada ao Ensino Regular. 
A Educação de Jovens e Adultos é distribuída em etapas ou fases, que facilitam a 
organização da modalidade. É comum ocorrer variações na definição das etapas do EJA. No 
entanto, de modo geral, a Educação de Jovens e Adultos possui duas etapas: 
Etapa I – Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Anos Finais): destinada a jovens a partir de15 
anos, essa etapa compreende do 1° ao 9° ano do ensino fundamental. São necessários ao 
menos dois anos para concluir essa fase. Esse momento leva o estudante a iniciar o processo 
de aprendizado, adquirindo novas formas de aprender e pensar. 
 
 
15 
 
Etapa II – Ensino Médio: a idade mínima para EJA do Ensino Médio é de 18 anos. Com 
duração média de 18 meses; a etapa representa a conclusão da educação básica. Nela, o 
estudante é preparado para o mercado de trabalho e o ingresso na universidade através do 
vestibular tradicional ou ENEM. 
Outra classificação comum na EJA é separar os anos do Ensino Fundamental, criando a 
seguinte categorização: 
Etapa I – Abrange do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental no ensino regular 
Etapa II – Corresponde do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental no ensino regular 
Ensino Médio 
Importante esclarecer a necessidade de se verificar, se a instituição de ensino possui 
autorização e reconhecimento da Secretaria de Educação, para emissão dos certificados de 
conclusão de ensino. (EDUCA MAIS BRASIL, 2008) 
É possível percebermos um avanço na Educação de Jovens e Adultos, observamos a 
popularização desta modalidade. A EJA proporciona uma nova forma de organização 
educacional, rompendo com a padronização sócio-educativa. Agora encontramos pessoas 
adultas com o propósito de estudar. Dessa forma, observamos os educadores e mediadores 
comprometendo-se no processo de educar esses jovens e adultos. 
Esses sujeitos passam a buscar na educação uma forma de contribuir com a 
transformação social no qual estão inseridos. Portanto, o aluno da EJA vê-se integrado e 
participante na construção de um novo modelo de sociedade. 
Segundo Portela (2009), a garantia de diretos não se resume a cumprir as exigências 
do mercado de trabalho. Agora necessitamos de uma educação que esteja comprometida com 
o usufruto dos direitos básicos do cidadão. Dentre esses direitos, a alfabetização é uma 
ferramenta primordial para a inserção social, política, econômica e histórica desses sujeitos. 
Nesse momento é importante salientar que a formação dos professores, não garantem 
o exercício dos direitos cidadãos expostos acima. As práticas pedagógicas e metodológicas do 
profissional de educação necessitam de um comprometimento de ação e reflexão no seu fazer 
docente. 
Há de se considerar que esses jovens e adultos analfabetos vivenciam situações 
cotidianas que envolvem a leitura e a escrita. Portanto, o professor deve apresentar métodos 
 
 
16 
 
adequados às especificidades do seu aluno jovem e adulto. Dessa forma, o mundo 
contemporâneo exige dos sujeitos o domínio da alfabetização e letramento, como ferramentas 
que permitem sua participação democrática. 
Paulo Freire (1991) nos ensinou a importância do processo de alfabetização 
contextualizado. Para ele não faz sentido memorizar letras e sons de forma 
descontextualizada. Vamos destacar o exemplo da frase “Eva viu a uva”. Para o educador, 
esse processo alfabetizador precisa explorar o contexto em que Eva está inserida, pois a 
informação contida na frase deve estar vinculada a um contexto real. Sendo assim, o processo 
de alfabetização defendido por Paulo Freire desconstrói o método tradicional, mecanicista e 
estático. 
Dessa forma, o papel do educador na EJA é possibilitar atividades que explorem a 
alfabetização e o letramento de acordo com o contexto sócio, político e econômico 
apresentado pelo seu aluno. Partindo do pressuposto que o professor considere seu aluno 
jovem e adulto analfabeto como protagonista de um saber cultural, o processo de educação 
alfabetizada se torna expressivo. (GALVÃO; SOARES, 2006). 
Para isso, o professor da EJA não deve reproduzir as mesmas práticas pedagógicas 
inseridas na alfabetização de crianças. É preciso buscar novas metodologias sócio-educativas 
que contemplem a realidade dos discentes jovens e adultos. Livros infantis utilizados no 
processo de alfabetização de crianças podem desmotivar os alunos da EJA, provocando o 
abandono escolar. 
Acerca da metodologia diferenciada a ser utilizada com alunos jovens e adultos, Pinto 
(1991, p. 86) defende que: 
 
“[...] O problema do método é capital na educação de adultos. Nesta fase é um 
problema muito mais difícil que na instrução infantil, porque se trata de instruir 
pessoas já dotadas de uma consciência formada, com hábitos de vida e situação de 
trabalho que não podem ser arbitrariamente modificados. As características 
fundamentais que devem satisfazer o método são as seguintes: deve ser tal que 
desperte no adulto a consciência da necessidade de instruir-se e de alfabetizar-se. 
Deve partir dos elementos que compõem a realidade autêntica do educando, seu 
mundo de trabalho, suas relações sociais, suas crenças, valores, gostos artísticos. O 
método não deve ser imposto ao aluno, e sim criado por ele no convívio do trabalho 
educativo com o educador.” (PINTO, 1991, p.86) 
 
 
 
17 
 
Como exposto pelo autor acima, as metodologias de alfabetização infantis, quando 
aplicadas aos discentes da EJA, não contribuem para o sentimento de pertencimento social, no 
qual já trazem bagagem. Esses alunos da EJA já ocupam um determinado papel na sociedade, 
uma vez que atuam no mercado de trabalho, constituem famílias, produzem cultura e 
apresentam opinião política. Sendo assim o professor da EJA deve explorar esses contextos 
sociais no processo de alfabetização. 
Freire (2003) nos ensinou que a finalidade da Educação de Jovens e Adultos é 
promover no sujeito uma consciência crítica e capaz de ler o mundo, colaborando para a 
efetiva emancipação humana. 
A proposta do professor Paulo Freire vem romper com as práticas pedagógicas 
resumidas em repetição mecânica. Sendo assim, Freire propõe uma abordagem crítica, onde 
prevê interação e diálogo. Segundo o autor: 
 
“A concepção crítica da alfabetização não será feita a partir da mera repetição 
mecânica de pa-pe-pi-po-pu, la-le-li-lo-lu, que permitem formar pula, pelo, lá, li, 
pulo etc., mas através de um processo de busca, de criação em que os alfabetizandos 
são desafiados a perceber a significação profunda da linguagem e da 
palavra.”(FREIRE, 1991, p.16) 
 
Para que a alfabetização ocorra em um movimento significativo o professor da EJA 
deve dialogar com o contexto no qual seu discente está inserido. O diálogo proposto pelo 
educador prevê uma interlocução entre o profissional da educação e o aluno da EJA, uma vez 
que ambos pertencem a uma mesma sociedade, levando-os a obtenção de uma consciência 
crítica, filosófica e reflexiva. 
Ao longo dos ensinamentos de Paulo Freire observamos uma denúncia às práticas 
denominadas “bancárias” na relação professor-aluno. Seu método pedagógico contraria a 
percepção do aluno como mero receptor do saber. Freire (2007, p. 27) nos mostra que “o 
papel do educador não é só ensinar os conteúdos básicos, mas dar oportunidades ao educando 
tornar-se crítico e através da leitura, compreender o que acontece no seu meio, não apenas ler 
sem um contexto, tornando-se uma leitura mecânica”. 
Nesse sentido, observamos que o domínio da alfabetização precisa caminhar ao lado 
do processo de letramento, de maneira que permitem o exercício das práticas sociais em seu 
 
 
18 
 
dia a dia. E o professor precisa ficar atento a sua metodologia de ensino, sendo um agente 
estimulador e mediador do processo de leitura e escrita. 
 
“O educador da EJA é alguém que precisa ser um leitor de si mesmo, refletindo, 
sistematicamente, sobre a sua prática, o seu fazer pedagógico; o que sabe e o muito 
que desconhece, as suas contradições enquanto educador, os seus receios e 
inseguranças; para que possa vislumbrar as suas faltas e buscar supri-las. É partindo 
desta leitura, leitura crítica de si, que poderá, em exercício concomitante, executar a 
leitura do mundo que o cerca.”(MACHADO & NUNES, 2016, p.55) 
 
Segundo Freire (2001): “A leitura domundo precede sempre a leitura da palavra [...]. 
A leitura do mundo e a leitura da palavra estão dominantemente juntas. O mundo da leitura e 
da escrita se dá a partir de palavras e temas significativos.” 
A abordagem de Paulo Freire nos mostra que o homem apresenta uma leitura de 
mundo do qual pertence. Assim, o educador deve empregar práticas pedagógicas que 
viabilizem o processo educacional de seus alunos da EJA. Nesse sentido, o professor deve 
detectar as dificuldades encontradas na leitura e escrita demonstradas pelos discentes. Uma 
sugestão para esse movimento é selecionar gêneros textuais que englobem sua realidade, por 
exemplo, revistas, jornais, receitas e propagandas. O contexto cotidiano dos alunos da EJA, 
devem estar em consonância com as práticas pedagógicas adotadas pelo docente. 
O processo de alfabetização, quando caminha com o letramento, propiciam a atuação 
na prática social dos alunos da EJA. Portanto, é dever do professor possibilitar o domínio da 
alfabetização na formação de seus discentes. Esse fator contribui para o desvendamento da 
escrita, ou seja, permite com que os alunos da EJA questionem e critiquem aquilo que é posto 
pela sociedade a qual pertence, capacitando-os desta forma a exercer sua condição de 
cidadãos na plenitude. 
 
1.4 Exemplificando novas propostas para o trabalho com a Educação de Jovens e 
Adultos 
Para melhor compreender e visualizar a exposição feita acima, trarei à tona duas obras 
realizadas em torno de práticas pedagógicas, e estudo de caso, envolvendo alunos e 
professores no processo educativo da EJA. 
Com a finalidade de refletirmos melhor as práticas pedagógicas voltadas para a 
educação de Jovens e Adultos destaco o artigo “EJA: uma educação para o trabalho ou para a 
classe trabalhadora?” da Doutora em Educação Adriana de Almeida (2016). Em sua obra 
 
 
19 
 
Adriana nos convida a refletir sobre as práticas pedagógicas que vem sido desenvolvida pelos 
professores da modalidade EJA. 
 
“Quando interrogamos a defesa de uma educação ou para os trabalhadores ou para a 
classe trabalhadora, questionamos uma educação voltada para os trabalhadores que 
afirma apenas a logística legitimada pela exploração da mão de obra, cujas 
atividades estão restritas à discussão rasa dos direitos trabalhistas, sem a reflexão 
adequada acerca de identidade, papel social e político de jovens e adultos na 
sociedade.” (ALMEIDA, 2016, p.130) 
 
A autora chama a atenção para as práticas pedagógicas desenvolvidas na EJA. Ela 
ressalta sobre a importância de relacionar as experiências sociais vividas pela classe 
trabalhadora, que também são alunos da EJA. A autora nos explica a distinção entre oferecer 
uma educação para trabalhadores e para uma classe trabalhadora. Ela esclarece que uma 
educação que serve trabalhadores, encontra-se voltada para atender exclusivamente a um 
mercado de trabalho, que persiste em manter os alunos EJA às margens da sociedade. Por 
outro lado, uma educação que serve a classe trabalhadora compreende a importância do 
trabalho para o aluno EJA, sem que suas práticas pedagógicas estejam somente voltadas para 
atender a uma exigência do mercado. O professor que proporciona uma educação para a 
classe trabalhadora entende que seu aluno EJA está inserido em um contexto social, político, 
econômico, cultural, no qual deve estar inteiramente comprometido com uma educação total, 
que abrange todos os aspectos individuais e sociais do seu aluno EJA. 
No estudo “Relatos significativos de professores e alunos na educação de jovens e 
adultos e sua autoimagem e autoestima” escrito pela Mestra em Educação Denise Dalpiaz 
Antunes (2006), temos um estudo de caso realizado no município de Porto Alegre, 
evidenciando o aluno da EJA como protagonista do processo educativo. O objetivo da 
dissertação de Denise é verificar as práticas pedagógicas dos alunos EJA, em um movimento 
que desenvolva sua autoimagem e autoestima. 
Dentre as investigações feitas pela autora, cabe destacar as entrevistas realizadas com 
os alunos da EJA. Os alunos apontam transformações pessoais e sociais alcançadas durante o 
processo de alfabetização. 
Os alunos, identificados como sujeitos, descrevem sentimentos de independência e 
autonomia alcançados durante a alfabetização, como no depoimento do Sujeito B: 
 
 
20 
 
 
“Porque eu acho que eu também não aprendia muito porque [...] a 
gente que se criou lá pra fora, sabe. A gente não teve estudo, se criou 
lá no meio do mato, [...] não tinha nem placa pra lê, não tinha... Daí 
não tinha pessoa pra gente convivê. Agora aqui é tudo deferente, né.Já 
Aprendi muita coisa aqui! Eu não sabia fazê o meu nome, agora já sei. 
Já sei lê um pouquinho. Poquinho, né, porque ora já faz uns 11 anos 
que eu tô aqui, mas... eu já acho bom, porque já melhorei bastante. Pra 
saí sozinha, agora eu saio. De primeiro eu não pudia saí, porque não 
sabia o nome dos ônibus, agora já sei. [...] já aprendi bastante.” 
(ANTUNES, 2006, p.89) 
 
Também é possível observar nos relatos a preocupação com a prioridade da educação, 
como no depoimento do Sujeito C: 
 
“Por isso eu não deixei meu filho faltar nunca à aula, às vezes ele não queria ir, “ai 
mãe eu não vou hoje” e eu dizia: vai meu filho porque um dia tu vai me agradecer, 
eu não tive oportunidade, meu filho vai. Senão tu vai rodá e vai terminar estudando 
de noite. E eu nunca deixei ele trabalhar também prá tirar o estudo primeiro, né. Por 
que eu sei como faz falta.- É importante para a gente aprender a ler, prá gente, 
assim... Me faz muita falta, a senhora sabe que fez mais falta prá mim do que pra 
minhas irmãs. Porque elas ficaram assim, por lá casaram né, agora eu que saí prá 
trabalhar, prá Osório, Porto Alegre eu vim, prá mim fez mais falta do que prá elas. E 
me faz falta, toda vida me fez falta, aprendê a lê. Qué assinar um documento, prá 
serviço, eu tinha que pedir pras pessoas preencher ficha prá mim. Ah! Foi sempre 
muito difícil.” (ANTUNES, 2006, p.90) 
 
A autora destaca a importância desses relatos como vivências de cada ser humano. 
Denise destaca uma relação entre o processo de alfabetização e a construção de um 
autoconceito real e contextualizado pelos alunos da EJA. E esse processo de construção de 
um autoconceito reflete diretamente em suas situações sociais. 
Para que esse processo de alfabetização esteja vinculado às relações sociais, pessoais e 
interpessoais dos alunos da EJA, é necessário que os professores percebam todo o contexto 
que seus alunos apresentam. Ou seja, o que os alunos necessitam ou desejam, para que o 
processo de ensino e aprendizagem seja renovado e devidamente adequado. A autora nos 
mostra a importância da sensibilidade que o professor deve ter, ao desenvolver suas práticas 
pedagógicas, sensibilidade essa voltada para que seus alunos adquiram autonomia, criticidade 
e independência. 
 
 
21 
 
Um dos pontos destacados na dissertação, é o olhar diário e minucioso que o professor 
deve ter nas falas levadas diariamente pelos alunos da EJA. Segundo a autora, as ações 
pedagógicas dos professores devem estar voltadas para os depoimentos, falas, ações e 
contextualizações apresentadas diariamente pelos alunos da EJA. 
 
“REFLEXÃO: Acredita-se que enquanto a educação não conseguir atender as tantas 
adversidades sociais que se instalaram em nossa sociedade, deverá a EJA, suprir as 
primeiras necessidades básicas do ser humano, quando ainda não tiverem sido 
supridas, e seus direitos à qualidade de vida dignamente humana.” (ANTUNES, 
2006, p.125) 
 
2 Metodologia de Pesquisa 
O presente estudo adotou como estratégia metodológica a revisão bibliográfica, mais 
especificamente a revisão narrativa, que é uma das modalidades de revisão de literatura, por 
possibilitar um acesso às experiências de autores que já pesquisaram sobre o assunto. 
A revisão bibliográfica, ou revisão da literatura, é a análise crítica, meticulosae ampla 
de publicações correntes de uma determinada área do conhecimento; procura explicar e 
discutir um tema com base em referências teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos e 
outros (DEMO, 2000). Busca também, conhecer e analisar conteúdos científicos sobre 
determinado tema (MARTINS e PINTO, 2001). Podemos somar a este acervo, consultas a 
bases de dados, periódicos e artigos indexados, com o objetivo de enriquecer a pesquisa, para 
que o pesquisador tenha contato direto com tudo o que foi escrito sobre o assunto estudado 
(MARCONI e LAKATOS, 2007); segundo esses autores, a pesquisa bibliográfica não é 
apenas uma mera repetição do que já foi dito ou escrito, mas sim, proporciona o exame de um 
tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. 
Na elaboração deste trabalho, realizou-se uma revisão narrativa da literatura nacional 
sobre o tema proposto; tal revisão não é imparcial, pois permite o relato de outros trabalhos, 
partindo da compreensão do pesquisador sobre como os outros fizeram. 
A seleção criteriosa de uma revisão de literatura pertinente ao assunto significa 
familiarizar-se com textos e, por eles, reconhecer os autores e o que eles estudaram 
anteriormente (GIL, 2004). 
Em sua obra “Fundamentos de Metodologia Científica” (2003), Lakatos e 
Marconiapontam que a escolha do tema é fundamental para o início de um árduo trabalho de 
 
 
22 
 
pesquisa em leitura. O redator do ensaio precisa certificar-se de que existem fontes variadas 
acerca do tema escolhido. No caso em questão, houve uma motivação pessoal para a escolha 
do tema, uma pesquisa vasta para fundamentar as hipóteses, assim como um embasamento 
teórico. 
Como nos propõem as autoras, há necessidade de se distinguir os sujeitos dos objetos 
apresentados no tema. Este ensaio apresenta os alunos da EJA como sujeitos de uma relação, 
cujo objeto é o mercado de trabalho. As especificidades dessa relação estão aqui discutidas, 
da forma como são apresentadas na metodologia e na pedagogia, trabalhadas nas salas de aula 
da EJA. Nesse sentido, a pesquisa bibliográfica tenderá ao amparo da reflexão em torno dos 
trabalhos realizados pelos educadores da EJA, e, se existe ou não uma preocupação em 
conscientizar o aluno, para que ele se reconheça como um ser atuante, crítico e reflexivo 
mediante o mercado de trabalho, e suas exigências obedientes à uma estrutura dominante, a 
fim de que a educação e o trabalho sejam espaços que contribuam para o desenvolvimento 
humano, e não para sua alienação. 
 
3 Resultados e Discussão 
O presente ensaio tem como inspiração a vivência observada durante o cumprimento 
do programa de estágio Módulo II no Curso de Pedagogia. Durante essas atividades foi 
percebida a profunda preocupação na alfabetização do aluno da EJA como pré-requisito a ser 
alcançado em obediência as exigências do mercado de trabalho. Sendo assim, o objetivo deste 
artigo foi analisar e problematizar as práticas pedagógicas adotadas na Educação de Jovens e 
Adultos, e, por fim, sugerir novas metodologias de ensino, à luz de Paulo Freire. 
A metodologia abordada foi a revisão bibliográfica, a partir de autores e referenciais 
teóricos, que versam sobre a temática em torno da unilateralidade entre as práticas 
pedagógicas desenvolvidas na Educação de Jovens e Adultos e o mercado de trabalho. 
Durante a pesquisa foi possível observar que existe uma ampla discussão que propõe novas 
maneiras metodológicas e pedagógicas acerca da educação de Jovens e Adultos. Propostas, 
estas, que estão comprometidas com o desenvolvimento social, crítico, político, econômico, 
cultural e histórico do aluno jovem ou adulto. 
O educador Paulo Freire foi utilizado como referência em todas as novas propostas 
pedagógicas aqui refletidas. Este mestre da educação nos ensinou maneiras de alcançar a 
liberdade através da educação, e como é fundamental compreender, dialogar e interagir com o 
 
 
23 
 
discente da EJA. O professor deve estar preparado e ressignificando o que ensina a todo o 
momento, para que estudar nesta modalidade faça sentido ao estudante e atenda ao seu 
específico contexto. 
 
Considerações Finais 
Após os resultados obtidos através deste ensaio, pode-se concluir que a Educação de 
Jovens e Adultos necessita de uma problematização, reflexão e ressignificação. Paulo Freire 
nos ensinou por todo o corpo deste texto, o quão se torna essencial a prática da alfabetização e 
do letramento para jovens e adultos colocarem-se como sujeitos protagonistas de suas 
vivências. Nós, professores, temos o compromisso de atender os discentes da EJA de maneira 
que os possibilite sua autonomia, para além de apenas atender as exigências do mercado de 
trabalho. 
O corpo deste projeto propôs novas abordagens metodológicas para um atendimento 
mais eficaz ao aluno EJA. Tais propostas estão vinculadas aos ideais de Paulo Freire, ou seja, 
o de oferecer uma educação contextualizada, preocupada em atender às especificidades dos 
agentes envolvidos nesse processo de educação alfabetizadora, tanto os docentes quanto os 
discentes. 
Sendo assim, gêneros textuais que contemplam as vivências dos envolvidos é uma 
sugestão de um novo fazer pedagógico. Jornais, revistas, receitas, classificados, cartazes, 
panfletos, bulas de remédios, rótulos, bilhetes premiados, extratos bancários, currículo 
profissional, boletos e listas são bons exemplos que contemplam o dia a dia dos discentes da 
EJA. 
Além disso, Paulo Freire nos mostrou a importância do diálogo. Rodas de conversas, 
trocas de experiências, propostas de dinâmicas sociais contextualizadas são maneiras de 
propor o diálogo entre aluno e professor. Nesse sentido, é fundamental que o professor escute 
o que é apresentado pelos seus alunos, pois é nesse momento em que ele recortará quais são 
as metodologias adequadas, que possibilite a educação alfabetizadora e devidamente 
construída dialogicamente com seus alunos jovens e adultos. 
Desta maneira esse artigo encerra-se com a proposta de uma educação voltada para a 
emancipação humana, a conquista da autonomia pessoal e, por fim, comprometida com a 
libertação política, econômica, cultural, histórica e social dos nossos alunos da EJA – 
Educação de Jovens e Adultos, não apenas e exclusivamente o seu preparo para o mercado de 
 
 
24 
 
trabalho, que mesmo tendo sua parcela de importância, não é tudo de que o aluno precisa 
como ser integral em formação para a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
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