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0 Programa de Integração a Saúde Professor: Bruno Longo Conscientização Comunitária sobre a Imunodeficiência Viral Felina (FIV) e a Leucemia Viral Felina (FeLV) São Paulo 2020 1 ADRIANO PATICK GIMENEZ LATERI GIOVANNA BERGANTIN MIGLIAVACCA KAREN DE OLIVEIRA BRITO LETÍCIA DALANEZE CAYRES MARIA EDUARDA VERALDO RAISSA DE DATO THAYNÁ MARCONDES MORATO MATEUS Conscientização Comunitária sobre a Imunodeficiência Viral Felina (FIV) e a Leucemia Viral Felina (FeLV) Trabalho de Revisão de Literatura apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, como requisito parcial para conclusão da disciplina Programa de Integração à Saúde. São Paulo 2020 2 SUMÁRIO 1 RESUMO....................................................................................................... 3 2 INTRODUÇÃO............................................................................................... 4 3 FIV................................................................................................................. 5 3.1 FIV. ETIOLOGIA........................................................................................... 5 3.2 FIV. EPIDEMIOLOFIA................................................................................... 6 3.3 FIV. PATOGENIA.......................................................................................... 6 3.4 FIV. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS............................................................... 7 3.5 FIV. DIAGNÓSTICO...................................................................................... 9 3.6 FIV. TRATAMENTO...................................................................................... 9 4 FeLV.............................................................................................................. 10 4.1 FeLV. ETIOLOGIA........................................................................................ 10 4.2 FeLV. EPIDEMIOLOGIA............................................................................... 12 4.3 FeLV. PATOGENIA...................................................................................... 13 4.4 FeLV. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS.......................................................... 15 4.5 FeLV DIAGNÓSTICO.................................................................................. 16 4.6 FeLV TRATAMENTO................................................................................... 17 5 MEDIDAS PROFILÁTICAS......................................................................... 17 6 CONCLUSÃO.............................................................................................. 19 7 DISCUSSÃO............................................................................................... 20 8 REFERÊNCIAS........................................................................................... 22 3 RESUMO Os vírus da Leucemia Viral Felina (FeLV) e Imunodeficiência Felina (FIV) pertencem à família Retroviridae, os quais acometem felinos domésticos e de vida livre. É de suma importância a revisão da literatura sobre as doenças, considerando que há uma grande ocorrência mundial, pela permanência dos vírus por toda a vida nos animais e o avanço das técnicas de diagnóstico e de tratamento. A FeLV é uma afecção conhecida a mais tempo, caracterizado por causar disfunções na medula óssea e desenvolver casos clínicos mais graves Contudo, mesmo que haja uma redução na expectativa de vida do felino, não é mais um indicativo de eutanásia. Já a imunodeficiência Felina é similar ao vírus da imunodeficiência humana (HIV), tal revisão tem o intuito de esclarecer como este vírus age no organismo animal, infectando as células de defesa, os linfócitos T, constituído pelo período sintomático e assintomático, sua gravidade para que possa ser tratado e evitado com o protocolo correto. Deste modo, compreender melhor o comportamento das afecções em questão para o profissional escolher o tratamento mais adequado para orientar os tutores sobre estes vírus e a adoção de medidas profiláticas, como controle populacional dos felinos, diminuição do acesso à rua e vacinas disponíveis. Palavras-chave: Vírus. AIDS felina. Ocorrência. Vacinas. 4 INTRODUÇÃO A aceitação dos gatos como animais domésticos no Brasil tem crescido e, consequentemente, há o aumento progressivo da população destes felinos. Estima- se que exista um gato para cada doze habitantes. Este animal é considerado o mais comum do mundo (BELO, 2008). Um levantamento feito pelo IBGE (2013) mostrou que o Brasil tem 22,1 milhões de gatos (ABINPET, 2015). Como resultado, as doenças que afligem estes animais passaram a ser frequentes nos hospitais veterinários. Sendo elas, a Imunodeficiência Felina (FIV) e a Leucemia Viral Felina (FeLV), a partir da grande quantidade de relatos existentes no país e por disseminar-se facilmente entre os gatos selvagens e os com acesso à rua. Ambas as afecções são causadas por um vírus da família Retroviridae. São retrovírus exógenos, transmitidos horizontalmente entre a espécie, ao contrário dos retrovírus endógenos que são sequências de DNA pro viral no genoma celular, transmitidas pela linhagem germinativa. A Leucemia Viral Felina (FeLV) dá-se por um retrovírus capaz de desencadear várias síndromes clínicas, desde linfomas até anemia, falhas reprodutivas, leucemia, abortos, natimortos, letargia, anorexia, abcessos que não curam, estomatite, gengivite, conjuntivite e diarreia persistente. Já a Imunodeficiência Viral Felina (FIV) é causada por um retrovírus semelhante ao da AIDS em seres humanos, ela é transmitida aos gatos pela inoculação do agente viral contido na saliva infectada, geralmente durante brigas. (CRIVELLENTI, 2015 p. 164). Há transmissão intrauterina, perinatal, leite e sêmen de machos soropositivos também podem ocorrer. (Jordan et al., 1995; O´Neil et al., 1995). Quando infectado, pode desenvolver desordens hematológicas e deficiência imunológica, afecção na qual é decorrente na FIV e na FeLV. 5 3. FIV 3.1 ETIOLOGIA O vírus da FIV infecta principalmente os linfócitos T, macrófagos e células dendríticas. O DNA pró-viral é detectável tão cedo quanto cinco dias após a infecção nos leucócitos sanguíneos e após 10 dias em outros órgãos. O sistema nervoso central, timo, pulmões, tonsilas e linfonodos mesentéricos são os locais mais precoces de infecção viral. Os estágios de infecção por FIV, podem ser divididas em fases: (CHANDLER, E. A, 2006. Cap. 24). Fase primária da infecção: ocorre logo após a infecção pelo vírus e geralmente se caracteriza por linfadenopatia generalizada e pirexia. Os sinais clínicos, no entanto, são extremamente variáveis nos gatos, sendo muitas vezes imperceptíveis ao proprietário. Fase aguda da infecção: caracterizada por intensa viremia, podendo perdurar por 10 a 40 semanas e ocasiona diferentes e inespecíficos sinais clínicos nos animais, sendo a linfadenopatia generalizada periférica o mais comum deles. São achados também febre, perda de peso, neutropenia. Fase assintomática da infecção: caracterizada por um período longo e variável (meses a anos), não apresenta sinais clínicos específicos e pode ficar sem apresentar sinal nenhum. Fase terminal da infecção: com carga viral elevada, o organismo do felino sofre uma descompensação imunológica, levando a sinais clínicos de imunodeficiência com infecções oportunistas, caracterizando então a síndrome da imunodeficiência felina. Com a infecção das célulasdo sistema imune e resposta imunológica comprometida, o animal está susceptível às mais diversas ameaças, ocasionando o aparecimento de infecções secundárias e comorbidades relacionadas à imunossupressão. O estágio de um paciente final FIV positivo é muito semelhante ao de um paciente humano HIV positivo. Esta enfermidade que é popularmente chamada de “AIDS felina”, apresenta uma enzima chamada transcriptase reversa, que atua confeccionando uma cópia do DNA viral (chamado de pró-vírus) e integrando-o ao DNA do hospedeiro. Dessa forma, o DNA viral estará replicado com as células do organismo, fazendo com que o vírus 6 se perpetue no hospedeiro de forma, até o momento, irreversível. (CHANDLER, E. A, 2006. Cap. 75). 3.2 EPIDEMIOLOGIA A FIV é distribuída de forma mundial e é endêmica nas populações felinas em todo o território nacional. Tanto os felinos domésticos podem ser acometidos como também felinos selvagens: há relatos do FIV em linces, pumas, onças, leopardos, entre outros. O vírus pode acometer qualquer gato em diferentes idades, no entanto, estudos mostram uma maior prevalência em animais de meia-idade a idosos. Ademais, os riscos epidemiológicos estão mais associados a animais de vida livre e com acesso à rua, além de estar ligado também ao comportamento agressivo. Isso se dá, pois, a principal via de transmissão do agente é por meio da saliva, comedouros e bebedouros, por transmissão vertical via transplacentária e lactógena, iatrogênica, com sangue ou secreção corpórea de animal infectado. Além disso, também foram encontrados vírions viáveis em sêmen de animais infectados, porém a via venérea tem se mostrado ineficaz e sem evidências epidemiológicas de transmissão do FIV. No entanto, a transmissão venérea foi possível em estudos infectando animais via inseminação artificial. 3.3 PATOGENIA A patogenia do FIV é similar aos humanos infectados pelo o HIV. Porém, difere- se porque no HIV restringe-se apenas a linhagens CD4+. A imunodeficiência felina infecta tanto linfócitos T CD8+ ou citotóxicos como os CD4+ ou auxiliares. Essa capacidade é maior encontrada em inoculação in vitro. Em animais infectados naturalmente o FIV diminui progressivamente as células CD4+. (BARR; PHILLIPS, 2014). Essa patogenia ocorre com a associação de vários fatores incluindo a idade do animal no momento da infecção, pois os animais mais novos desenvolvem sinais mais rápidos. Outro fator é o tipo de FIV isolado, em que alguns apresentam uma interação mais patogênica comparado com outros tipos. 7 A rota de infecção caracterizada por ser parenteral, por mucosas ou outros meios. E por fim, a inoculação do vírus pela célula livre ou associada com outras células (SELLON; HARTMANN, 2012). A fase aguda dessa enfermidade é caracterizada por uma síndrome similar à do HIV, com episódios de hipertermia e linfadenopatia generalizada. Apesar da rápida resposta imune do hospedeiro infectado, não há na maioria das vezes formação da infecção. O período assintomático pode também evoluir para distúrbios imunológicos associados a essa síndrome de imunodeficiência e levar assim ao óbito do animal, com alta taxa viral e diminuição brusca de células CD4+ (HOSIE et al., 2007). 3.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas associadas com a infecção por FIV podem surgir como resultado direto da infecção viral ou como consequência da síndrome da imunodeficiência que se associa com infecção. Alguns felinos têm demonstrado demasiado avanço dos sinais clínicos, enquanto outros têm apresentado pouca indicação de deterioração na condição clínica, mesmo por períodos prolongados. Entretanto em sua maioria, à medida que a doença progride, os sinais tornam-se mais persistentes e mais graves. Em casos mais avançados os sinais podem acometer vários órgãos e o animal pode ficar muito debilitado, de tal forma resultando em morte ou exigindo eutanásia em base humanitária. Como os sinais clínicos surgem, em grande parte, de doenças secundárias ou infecções oportunistas, nenhum deles é, de qualquer maneira, diagnóstico de infecção por FIV. Todavia, deve-se suspeitar de infecções por FIV subjacente em gatos com histórico de enfermidade crônica, em gatos com sinais clínicos graves e inexplicados, em indivíduos que não responderam conforme esperado a medidas terapêuticas normais e em gatos que apresentam combinação de vários sinais clínicos (CHANDLER et al., 2006). As principais manifestações associadas com a enfermidade são pirexia e linfadenopatia generalizada, mas, em muitos felinos, esses sinais são leves e muitas vezes não são notados pelo proprietário. Nos estágios posteriores ocorre o 8 desenvolvimento dos sinais clínicos relacionados à síndrome da imunodeficiência progressiva. Os achados usuais são: doenças da cavidade oral, do trato respiratório e do trato gastrointestinal. Sinais inespecíficos, como letargia, mal-estar, perda de peso, linfadenopatia e pirexia, também são bastante comuns (CHANDLER et al., 2006). Anormalidades neurológicas são observadas em pequenas proporções. Os sinais observados são anormalidades psicomotoras, agressão, anisocoria e convulsão. A função comportamental e cognitiva fica quase sempre comprometida em gatos infectados. Além disso, têm-se identificado infecções concomitantes específicas em gatos infectados por FIV. (BENDINELLI et al., 1995). A proliferação de linfócitos B também pode predispor ao animal infectado por FIV ter alterações tumorais, levando ao linfoma. Sendo assim, é importante realizar um diagnóstico diferencial de FeLV pois os sinais clínicos de ambas as doenças estão associados. (RAMSEY; MOORE; SHAW, 2010). Quadro 1. Sinais clínicos da FIV correspondentes com a sua duração. Estágio Sinais Clínicos Duração Fase Aguda Febre, linfadenopatia e neutropenia Semanas ou meses Fase de carreador assintomático Sem sinais clínicos Anos Linfadenopatia generalizada Aumento de linfonodos Meses Fase do complexo relacionado a AIDS (ARC) Linfadenopatia, infecções crônicas secundárias, afecções do trato gastrointestinal superior e de pele, além de anorexia Meses a anos Fase propriamente dita da AIDS (FAIDS) Infecções oportunistas e secundárias e anemia Meses Fonte. Adaptação de ISHIDA; TOMODA, 1990. 9 3.5 DIAGNÓSTICO Devido à variedade e inespecificidade de sinais clínicos, o diagnóstico clínico da doença é impossível. Gatos que apresentam infecções crônicas ou redicivantes, perda de peso, distúrbios digestórios, respiratórios, oftalmológicos ou neurológicos, alterações hematológicas e neoplasias devem ser submetidos a testes laboratoriais para o diagnóstico preciso. Diversas alterações clínico-patológicas foram descritas em gatos infectados, mas nenhuma é específica ou patognomônica para a infecção. (Zanutto, 2011). São diversos os métodos diagnósticos para o FIV. Se fundamentam principalmente em testes sorológicos, não sendo possível ser estabelecido somente com bases clínicas. A presença de anticorpos indica persistência da infecção, uma vez que o organismo não consegue eliminar o vírus como pode ocorrer em outras infecções virais. Filhotes nascidos de mães infectadas por FIV podem apresentar anticorpos de origem materna, dessa forma, gatos com menos de 16 semanas testados e sendo FIV positivos devem ser testados novamente cerca de 4 meses após, quando os anticorpos maternos já tiverem desaparecido. Os testes rápidos de imunoensaio cromatográfico para detecção qualitativa de IgG são os mais utilizados na clínica veterinária. O PCR pode detectar a FIV a partir da primeira a terceira semana após a infecção. Desse modo, consiste em uma ferramenta extremamente sensível para a ampliação e detecção de pequenas quantidades de DNA ou de RNA viral, sendo mais utilizado em pesquisas. Outros métodos de diagnóstico utilizados paradetecção dos anticorpos circulantes nos gatos infectados por FIV é a imunofluorescência indireta (IFA), ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA) também usado no diagnóstico da FeLV, a radioimunoprecipitação (RIPA) e técnica de Western Blotting. (WB). 3.6 TRATAMENTO Apesar de atualmente existirem diversas pesquisas buscando uma vacina eficaz para a FIV, ainda não é uma realidade, e até o momento a cura da doença não 10 foi descoberta. O tratamento é a terapia sintomática e de suporte, buscando manter o máximo bem-estar animal. Quanto antes for estabelecido o diagnóstico de um paciente portador da FIV, mais chances terão de responder bem ao tratamento. Não é possível definir a expectativa de vida do animal, mas existem diversos estudos que apontam que em condições ideais e cuidados adequados, eles podem viver por muitos anos. Os antirretrovirais (fármacos usados para o tratamento de infecções por retrovírus) Zidovudina e Lamivudina demonstraram atividade antiviral in vivo diante do FIV e encontram-se disponíveis no Brasil, porém o uso desses fármacos em felinos é restrito a projetos de pesquisa, sendo vedada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a prescrição dessa classe de medicamentos por médico veterinário. (ANVISA, 1998). A maioria dos antirretrovirais testados em gatos com FIV são licenciados para uso humano no tratamento do HIV, pois as enzimas de replicação do FIV e do HIV apresentam homologia molecular e similar sensibilidade a esses fármacos. (HARTMANN, 2015). Os fármacos Abacavir (ABC), Emtricitabina (FTC), Estavudina (D4T) e Zalcitabina (DDC) da classe dos ITRN e os inibidores de protease (IP) Atazanavir, Lopinavir e Tipranavir, já foram testados diante do FIV, demonstrando atividade antiviral in vitro e apresentam-se como antirretrovirais potenciais para futuros estudos in vivo em gatos contaminados (NORELLI et al., 2008; SCHWARTZ et al., 2014). O fármaco Raltegravir da classe dos inibidores de integrase, demonstrou atividade antiviral in vitro diante do FIV (TOGAMI et al., 2013) porém ainda não foi testado in vivo. Os gatos infectados com FIV devem ser submetidos a exames clínicos a cada seis meses pelo menos e monitorados quanto à perda de peso. Exames laboratoriais de rotina devem ser considerados. (Hosie, 2009). 11 4. FeLV 4.1 ETIOLOGIA Os retrovírus possuem uma classificação heterogênea, dividindo-os em sete gêneros: retrovírus alfa, retrovírus beta, retrovírus gama, retrovírus delta, retrovírus épsilon, lentivírus e spumavírus. Dentre esses gêneros, três podem infectar os gatos, sendo: Spumavírus da subfamília Spumaretrovirinae - o vírus formador de sincício felino (FeSFV) que induz uma infecção persistente, mas não aparente, sem evidência de patogênese ao hospedeiro, o retrovírus gama da subfamília Orthoretrovirinae - incluindo o vírus da leucemia felina (FeLV) e o Lentivírus, também da subfamília Orthoretrovirinae – compreendendo o vírus da imunodeficiência dos felinos (FIV). (SOUZA; TEIXEIRA, 2003). A FeLV é conhecida há mais tempo e praticamente toda a biologia desse vírus foi elucidada com estudos feitos com ensaios imunológicos e cultivo de linhagens celulares (JERICÓ, MÁRCIA, 2015). Esta enfermidade possui seu material genético na forma de fita simples de ácido ribonucleico (RNA), protegido por um envelope. Seu RNA é transcrito pela enzima transcriptase reversa em ácido desoxirribonucleico (DNA), dando origem a um pro vírus que se integra no genoma celular com a ajuda de uma integrase. Essa capacidade do vírus de tornar-se parte do DNA de seu hospedeiro é responsável pela possibilidade de persistência do vírus durante toda a vida do gato. (SHERDING, 2008; AMORIM DA COSTA; HARTMANN, 2012). A doença presenta os subgrupos FeLV-A, FeLV-B, FeLV-C e FeLV-T, de acordo com a estrutura antigênica da glicoproteína. Somente a FeLV-A é infeciosa e transmissível de um gato para outro. Os demais surgem em gatos infectados por FeLV-A por mutação e recombinação entre o FeLV-A e sequências celulares ou retrovirais endógenas presentes no DNA felino. A FeLV-B é associada a linfomas e leucemias e está presente em cerca de 50% dos gatos infectados. A FeLV-C geralmente causa anemia arregenerativa e é encontrada em apenas 1-2% dos gatos infectados. FeLV-T apresenta tropismo particular por linfócitos T e causa imunodepressão grave. (AMORIM DA COSTA; NORSWORTHY, 2011; HARTMANN, 2012a; SPARKES; PAPASOULIOTIS, 2012). 12 4.2 EPIDEMIOLOGIA A infecção dos felinos domésticos pelo vírus da FeLV apresenta distribuição mundial, com prevalência relativamente: de 1 a 8% nos gatos sadios e de 12 a mais de 30% entre os felinos doentes ou em grupos de animais, nos quais a infecção foi recentemente introduzida. A incidência da infecção é significativamente maior em gatos que tem acesso à rua do que entre os animais confinados. (HAGIWARA; JUNQUEIRA-JORGE; STRICAGNOLO, 2007). A transmissão ocorre mediante a exposição à urina, lágrima, leite, sangue, saliva, mordedura ou contato com material contaminado como: alimentos, água ou caixas de areia e transfusão sanguínea. (BARR, 1997; PEDERSEN, 1987 citado por BARBOSA; CHRISTIANINE; WALDEMARIN, 2001). A transmissão da FeLV pela saliva infectada é facilitada pelo comportamento social dos felinos, principalmente em locais com elevada densidade populacional de animais, onde lambidas, mordidas (até para o acasalamento) e o desfrute dos mesmo fômites e vasilhas sanitárias são frequentes entre eles. (LAPPIN, 1998; MEHL, 2001; ROJKO E HARDY 1994; ROMATOWSKI; LUBKIN, 1997 citado por SOUZA; TEIXEIRA, 2003). O vírus entra no organismo através da mucosa dos olhos, do nariz e da boca, entrando na circulação sanguínea, alojando-se em vários órgãos e tecidos, onde ocorre a sua replicação. Segundo uma série de estudos realizados em São Paulo, foi possível detectar a distribuição epidemiológica dos casos que testaram positivos para FIV e FeLV de acordo com a idade, o gênero e a raça dos felinos. Quadro 2. Distribuição epidemiológica dos casos positivos para FIV e FeLV de acordo com a idade, gênero e raça de gatos na cidade de São Paulo. Doenças Idade Média Gênero (n; %) Raça (n; %) FIV 8,04 – 3,81 Machos (21;61,76) Fêmeas (13;38,23) SRD (21;61,76) Siamesa (12;35,29) Persa (1;2,94) 13 FeLV 4,78 – 4,53 Machos (4;25,0) Fêmeas (12;75,0) SRD (12;75,0) Siamesa (3;18,75) Persa(1:6,25) Fonte. (DOS SANTOS et al 2013). 4.3 PATOGENIA Após exposição oro nasal, a patogênese da infecção pelo FeLV, segundo Barr et al. 1997, pode ser dividida em vários estágios: Inicialmente ocorre replicação viral nas tonsilas e linfonodos regionais em linfócitos B (infecção aguda). Em gatos imunocompetentes não ocorre replicação viral devido a uma efetiva resposta imune celular. Esses animais possuem elevado número de anticorpos neutralizantes e permanecem protegidos por anos contra novas infecções. Depois da infecção inicial, se o sistema imune não intervém adequadamente ocorre a disseminação viral por células mononucleares infectadas (linfócitos e monócitos). O vírus infecta órgãos alvo como timo, baço, linfonodos e glândulas salivares. Os tecidos linfoides da cavidade abdominal principalmente os relacionados ao sistema digestório, são os mais importantes. Após três a seis semanas, o animal apresenta viremia, sendo esta fase caracterizada como viremia passageira. Esses animais também apresentam resposta imune competente contra novas infecções. (BARR et al., 1997). Seguido de três semanas de viremia, são infectadas células precursoras da medula óssea e células epiteliais intestinais, que são tecidos em constante mitose. Nessa fase, a resposta imune do hospedeiro determina a progressão do vírus. Após infecção da medula óssea os animais podem eliminar a viremia,mas não poderão eliminar a infecção devido à presença do DNA pró viral em células-tronco. O animal entra em fase de infecção latente. Os felinos podem apresentar reativação da infecção em casos de imunossupressão e fêmeas podem apresentar reativação durante a gestação. (BARR et al., 1997). Se a resposta imune não for efetiva, os neutrófilos e plaquetas da medula óssea infectados atingem a circulação sanguínea se disseminando pelo organismo do animal, principalmente em tecidos epiteliais como glândulas salivares, bexiga e intestino, caracterizando assim a viremia que, se permanecer por mais de 16 14 semanas, provavelmente, o animal se tornará persistentemente viremico e disseminará o vírus ao longo da vida. Esta fase é denominada de viremia persistente. A maioria dos gatos que entraram em contato com o vírus podem se recuperar e tornar-se não viremicos, pois, o vírus induz resposta imune que elimina a infecção principalmente antes de atingir a medula óssea (BARR et al., 1997). Podemos classificar os animais expostos ao vírus da seguinte forma: 1. Regressiva com infecção extinta: há produção de anticorpos contra a GP70 que é capaz de neutralizar o vírus (início da infecção) e torna-se resistente a infecções. Nestes animais, a produção de anticorpos neutralizantes é maior nos que nos gatos persistentemente viremicos. (SOUZA & TEIXEIRA, 2003). 2. Progressiva ou persistentemente viremico: ocorre quando o vírus progride por todos os estágios. Tanto o vírus livre quanto o associado as células estão presentes no sangue e há disseminação para tecidos glandulares múltiplos e epiteliais, incluindo as glândulas salivares e mucosas da faringe e laringe, potencializando a transmissão. A viremia persistente ocorre em aproximadamente 30% dos gatos. (ROJKO & KOCIBA, 1991). 3. Gato com viremia transitória (forma latente): ocorre quando há infecção viral na medula óssea e em outros tecidos. Porém, o organismo do animal é capaz de inativar o vírus, mas não de eliminá-lo completamente, podendo haver reativação viral como causa de estresse, doenças concomitantes, altas taxas de cortisol ou qualquer fator que diminua a resposta imune do animal. Apesar da denominação de latência o vírus é continuamente eliminado no soro ou plasma abaixo dos níveis de detecção por técnicas sorológicas. A maioria dos gatos com esse tipo de infecção extingue a doença. (SOUZA & TEIXEIRA, 2003). 4. Atípica: é quando há replicação viral, mas o animal não tem sinais da doença nem a transmite, porém, assim como a latência, os gatos podem vir a desenvolver a viremia persistente. (BARR et al., 1997). 15 4.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A Leucemia Viral Felina pode apresentar diversas manifestações clínicas devido à natureza imunossupressora. O principal fator do hospedeiro que determina o desfecho da doença é a idade do gato no momento da infecção. Os principais sinais clínicos e laboratoriais podem ser de ordem neoplásica (moléstias proliferativas) ou não neoplásicas (moléstias degenerativas). Dentre as manifestações neoplásicas incluem-se: linfoma mediastinal, multicêntrico, alimentar e formas extranodais, leucemia linfoide, reticuloendoteliose, eritroleucemia, leucemias granulocíticas, leucemias megacariocíticas, mielofibrose, mielosclerose e fibrossarcoma. Já nas manifestações de ordem não neoplásica estão: síndrome da imunodeficiência adquirida felina; anemias - na maioria das vezes de caráter não regenerativo, citopenias, mielodisplasia ou síndrome-pré-leucêmica, macrocitose, aplasia/hipoplasia da medula óssea, linfadenopatia, glomerulonefrite, distúrbios neurológicos, múltiplas exostoses cartilaginosas, poliartrite, atrofia tímica e enterite. (SOUZA; TEIXEIRA, 2003). Rinite, conjuntivite, ceratite diarreia persistente – proliferação bacteriana ou fúngica, inflamação parasitária, efeito direto de infecção sobre as células das criptas, gengivite, estomatite, periodontite, infecções crônicas irresponsivas ou recidivantes da orelha e da pele, febre e debilitação. (BARR; BARR, 2008). Uma infecção persistente com este vírus diminui a imunocompetência do hospedeiro gerando neutropenia, disfunção neutrofílica, supressão da blastogênese linfocitária, lise dos linfócitos T, depleção dos linfócitos CD4 e CD8, formação de complexos imunes provocando depleção de anticorpos circulantes e hipocomplementomia. Quanto às neoplasias associadas, as mais comuns são linfoma ou linfossarcoma e o fibrossarcoma (SOUZA e TEIXEIRA, 2003), sendo o linfossarcoma, a mais frequente (COUTINHO, 2008). Esta neoplasia consiste na transformação maligna de linfócitos que residem principalmente nos tecidos linfoides. (MORRISON e STARR, 2001). A enfermidade também pode causar infertilidade, morte fetal, abortamento e queda no rendimento reprodutivo dos gatos. No sistema nervoso, determina paralisia 16 e paresia de membros pélvicos (associados ou não ao linfoma no canal medular), hiperestesia e incontinência urinária. (SOUZA & TEIXEIRA, 2003). 4.5 DIAGNÓSTICO O diagnóstico de FeLV é determinado através dos sinais clínicos, achados epidemiológicos e exames laboratoriais (AUGUSTI, 2009). De acordo com Mazzoti (2017) para determinar o diagnóstico correto, deve-se estabelecer o tipo de infecção que acomete o animal e a fisiologia da doença, visto que existem diferentes cursos que podem interferir no resultado do teste diagnostico escolhido. O método usado rotineiramente para diagnóstico laboratorial é a detecção do antígeno viral p27. Dentre os diagnósticos sorológicos o ELISA e a imunofluorescência são os métodos mais difundidos devido à alta sensibilidade. Quando estes testes sorológicos apresentam resultados conflitantes ou negativos, não se pode descartar uma possível exposição ao vírus e, então, recomenda-se repetir o teste em 30 dias ou realizar PCR. O PCR, permite a identificação de felinos positivos para a presença de DNA pro-viral e RNA na ausência de antigenemia e viremia, tornando-se uma técnica vantajosa frente aos métodos de diagnóstico. Uma vez que o animal seja detectado positivo deve-se considerar uma fonte de infecção mesmo que não apresente sinais clínicos. É importante realizar o teste de detecção de antígeno p27 juntamente com o PCR, já que a presença do antígeno circulante pode ajudar no estabelecimento do prognóstico da enfermidade. O IFI também é uma possibilidade, assim como o ELISA, tem como base a detecção do antígeno p27, porém, sua detecção é em neutrófilos e plaquetas infectados (Norsworthy et al., 2004) obtidos de esfregaços sanguíneos ou de medula óssea. (Levy et al., 2008). Há três motivos para um resultado negativo no teste ELISA: o animal pode não estar infectado, pois não houve exposição ao vírus, ou por ter ocorrido à eliminação da infecção devido à produção de anticorpos; pode estar ocorrendo uma infecção hiperaguda; ou o felino pode ter eliminado o vírus do soro e estar em uma infecção latente. (Mehl, 2004). 17 O resultado negativo em kits comerciais pode indicar uma infecção regressiva, mas para ter certeza é necessário fazer o exame de PCR para detecção de pro-vírus. O significado clínico de um animal que apresentou resultado negativo para antígeno viral e positivo para pró-vírus é desconhecido, mas aparentemente eles não desenvolvem viremia, não secretam o vírus, e é improvável que desenvolvam doenças relacionadas. (Levy et al., 2008). 4.6 TRATAMENTO Não há tratamento comprovadamente efetivo para infecção por FeLV e, portanto, não há cura. Porém, a identificação da infecção por FeLV em um gato de estimação não é uma razão para eutanásia. Apesar da infecção progressiva por FeLV estar associada a uma redução na expectativa de vida, muitos tutores decidem fornecer tratamento a seus gatos. Com cuidados adequados, gatos infectados por FeLV podem viver por muitos anos com boa qualidadede vida, especialmente aqueles portadores sadios identificados nos testes de triagem de rotina. Para os demais, terapia sintomática e de suporte pode ser fornecida para infecções concorrentes, secundárias ou oportunistas. É importante que essas infecções sejam identificadas pronta e corretamente para direcionar a terapia específica. Os animais infectados por FeLV podem viver meses a anos. (SHERDING, 2008; HARTMANN, 2012b). O tratamento específico depende das manifestações clínicas. Na maioria dos casos, doenças secundárias em gatos infectados por FeLV são tratadas da mesma maneira que em gatos não infectados. No entanto, diagnóstico e tratamento mais intensivos devem ser realizados tão logo um gato infectado tenha sido identificado. Glicocorticoides e outras drogas imunodepressoras devem ser evitadas sempre que possível em gatos FeLV-positivos, exceto se claramente indicado para tratamento específico. (HARTMANN, 2012a). 5 MEDIDAS PROFILÁTICAS PARA FIV E FeLV Segundo Sherding (2013) o controle de FeLV é baseado em restrição do animal a locais públicos, mantendo os gatos dentro de casa isolado de outros felinos, para 18 que não transmita a doença e, para a própria proteção, diminuindo a exposição à patógenos oportunistas. Outro fator importante é evitar recipientes de águas e alimentos entre animais positivos e negativos. Pela característica do vírus a contaminação ambiental é facilmente diminuída com a utilização de desinfetantes como alvejantes. Em ambientes hospitalares e clínicas veterinária, o cuidado com secreções corpóreas como sangue e saliva devem ser tomados. Além de todos os procedimentos clínicos cirúrgicos e instrumentais, esterilizando os materiais para evitar a transmissão por esses fômites. (LEVY, 2014). Uma das melhores formas de prevenção de ambas as doenças atualmente é a castração, tendo em vista que ela previne tanto o comportamento agressivo, quanto a tendência dos gatos de escaparem para a rua, onde podem ter contatos com animais contaminados. A vacinação é muito importante na prevenção do desenvolvimento da afecção. Está disponível no Brasil a Fel-O-Vax®, vacina inativada contra a rinotraqueíte, calicivirose, panleucopenia, FeLV e Chlamydia psittaci. Esta vacina não é capaz de proteger o animal contra a infecção do vírus, porém age contra a infecção progressiva e as doenças associadas ao FeLV, prolongando a expectativa de vida. Por este motivo, todos os gatos expostos a algum fator de risco devem receber a vacina. (SYKES e HARTMANN, 2014). Com relação a FIV no Brasil, não há vacina disponível. Em países como Estados Unidos da América, Canadá e Austrália existe a Fel-O-Vax FIV®, indicada para gatos com alto risco de infecção. É uma vacina de vírus inativado, contendo os subtipos virais A e D, não estimulando imunidade necessária contra todas as estirpes e subtipos virais. (LEVY et al., 2008). 19 6 CONCLUSÃO Os materiais utilizados para efetuar a pesquisa abordaram metodologia de pesquisas experimental e documental, estudos de casos e levantamento de dados para revisão de literatura. Foram encontradas algumas limitações no decorrer do trabalho, principalmente nos meios escassos de pesquisas com informações atualizadas. A Leucemia Viral Felina (FeLV) e a Imunodeficiência Viral Felina (FIV) são doenças causadas por retrovírus exógenos da família Retroviridae que comprometem o sistema imunológico deixando o organismo mais suscetível a contrair outras doenças secundárias. Ambas são transmissíveis somente nesta espécie felina. Através da pesquisa, observa-se a necessidade de uma maior conscientização comunitária acerca da FeLV e a FIV diante da constatação, segundo o IBGE, que o Brasil possui cerca de 22,1 milhões de felinos, carecendo o país de informações sobre as doenças. A efetividade do tratamento das doenças dependerá do quão precoces são os diagnósticos. Ainda não existem relatos cientificamente comprovados sobre cura ou vacina eficiente para estas enfermidades. Os tratamentos são sintomáticos, sendo uma das melhores formas de prevenção a castração, pois previne tanto o comportamento agressivo, quanto a tendência dos gatos de escaparem para a rua, onde podem ter contato com felinos contaminados. 20 7 DISCUSSÃO A infecção dos felinos domésticos e de estilo de vida livre pelo vírus da FeLV (Leucemia Viral Felina) e da FIV (Imunodeficiência Viral Felina) é de alcance mundial, sendo frequentes nos Hospitais Veterinários, com alta viremia e incidência também nos gatos selvagens. Esta revisão de literatura recapitulou o perfil completo de ambas as doenças, desde a etiologia e epidemiologia viral até as medidas profiláticas corretas, com o intuito de compilar o conhecimento e atualizar informações para médicos veterinários e tutores que convivem com animais infectados. Segundo Souza e Teixeira (2003), o principal fator do hospedeiro que determina o desfecho da doença é a idade do gato no momento da infecção. Foi possível entender, a partir da afirmação e do Quadro 2, que na FeLV a distribuição epidemiológica ocorre em gatos por volta de 5 anos de idade e em sua maioria fêmeas. Já na FIV é esperado a contaminação de felinos com mais de 6 anos de idade, normalmente machos. Ambos os casos destacam o estilo de vida do animal, com acesso à rua, normalmente não castrado, mantendo relações próximas com animais infectados. Essas enfermidades possuem características imunossupressoras, no qual muitas vezes o felino acometido não demonstra estar infectado ou então, suas manifestações clínicas podem ser um tanto quanto abrangentes. Teixeira (2010) diz que, a maioria das manifestações clínicas não é causada diretamente pela infecção viral, sendo de fundamental importância identificar as causas subjacentes. Em muitos casos clínicos, o quadro é resultado de infecções secundárias, sendo o suporte clínico destas alterações o tratamento disponível. Em gatos imunocompetentes não há ocorrência de replicação viral devido a boa resposta imune celular. Estes animais possuem elevado número de anticorpos e permanecem protegidos por anos contra novas infecções. O que pode gerar confusão na população é o fato da maioria dos gatos que entram em contato com o vírus possuem uma chance de recuperação, tornando-se não viremicos. Barr (1997) explica que o vírus induz a resposta imune que elimina a infecção principalmente antes de atingir a medula óssea. 21 Como as duas doenças possuem características parecidas quanto a etiologia, epidemiologia e manifestações clínicas, é de grande importância realizar o diagnóstico diferencial para que seja possível o tratamento precoce, evitando a busca pela eutanásia nos felinos acometidos com o avanço dos tratamentos. A falta de informação da população acerca do tema gera um aumento significativo nos casos de contaminação, por se tratar de doenças facilmente disseminadas pelo contato entre um animal totalmente saudável e outro infectado. O risco aumenta à medida que os tutores adotam o estilo de vida livre para este animal, com acesso constante a rua, sem as devidas precauções, como a vacina da FeLV, que está disponível no Brasil, a qual, mesmo não sendo capaz de proteger o animal contra o vírus, age contra a infecção progressiva e diminui a chance de doenças associadas a FeLV prolongando a vida do felino. Quanto a FIV, não há vacinas. Todavia, é importante a castração do animal se ele não possuir função reprodutiva, pois os felinos têm comportamento hierárquico naturalmente e acabam entrando facilmente em conflitos. Relações maternas como lambeduras, leite, contato com urina e comedouros também são vias de contaminação. Dito isto, é muito importante a conscientização da doença feita pelo profissional veterinário para os tutores que cada vez mais convivem com proximidadecom a espécie e, não menos importante, a realização de consultas periódicas ao veterinário para diagnóstico precoce das enfermidades. 22 8 REFERÊNCIAS ABINPET. Associação Brasileira de Indústrias de Produtos para Animais Domésticos. AMORIM DA COSTA, F. V.; NORSWORTHY, G. D. Feline leucemia vírus diseases. et al. NORSWORTHY, G. D. (Ed.). The feline patient. 4 ed. Ames: Wiley-Blackwell, 2011. p. 184-186. AUGUSTI, A. Métodos diagnósticos para a detecção da leucemia viral felina. 2009. 23 p. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Medicina Veterinária). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Júlio Mesquita Filho, Botucatu, 2009. BARR, M.C. et al. Moléstias virais felinas. In: Ettinger, S.J.; Feldman, E.C (Eds). Tratado de medicina interna veterinária: moléstias do cão e do gato. 4.ed. 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