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IMUNOGLOBULINAS Anticorpos: Proteínas circulantes produzidas em resposta a antígenos estranhos aos corpos dos vertebradods. São os mediadores da resposta humoral contra todas as classes de microrganismo. Dos receptores que se ligam a antígenos (anticorpos, MHC e TCR) são os que se conectam com a maior força. Eles possuem grande capacidade de distinção entre os antígenos, sendo extremamente específicos. Linfócitos B (LB): São as células responsáveis pela produção dos anticorpos. Eles apresentam duas formas → BCR e anticorpos. Quando o BCR se conecta ao seu antígeno específico é ativado e vira o plasmócito. Quando secretados se direcionam para: • Plasma • Secreção mucosas • Fluido intestinal dos tecidos A destruição completa do antígeno normalmente necessita da interação do anticorpo com componentes da imunidade inata (proteína complemento, fagócitos e eosinófilos). Funções mediadoras do anticorpo: • Opsonização dos patógenos → facilitação da fagocitose • Neutralização dos microrganismos ou produtos microbianos tóxicos • Ativação do sistema complemento • Citotoxidade mediado por célula dependente de anticorpo → liga a células infectadas • Ativação de mastócito mediada por anticorpo para expelir de vermes Os anticorpos se encontram no soro → estudo de reações de anticorpos = sorologia ESTRUTURA Todos os anticorpos são pertencentes da fração das gamaglobulinas. Eles também podem ser chamados de imunoglobulinas (Ig). Todos compartilham uma estrutura base, sendo extremamente variáveis nas regiões que se ligam aos antígenos. Possuem 4 cadeias, 2 leves idênticas e 2 pesadas idênticas As cadeias pesadas são regiões dependentes de Ig e as leves possuem 40% lambda- e 60% capa-. (distúrbios nessas proporções podem gerar tumores de células B → linfomas) As cadeias leves e pesadas são conectadas através de ligações dissulfídricas Os anticorpos possuem as regiões variáveis e constantes, sendo que são estruturalmente, muito similares ao BCR. Na estrutura do anticorpo apresentamos os domínios Ig, para manterem as suas estruturas pontes de dissulfeto são formadas, dentro desse domínio aminoácidos essências para a identificação do antígeno estão inseridos. FRAGMENTOS PROTEOLÍTICOS Quando se cliva os anticorpos com proteínas proteolíticas eles se dividem em certos fragmentos: Quando temos a clivagem pela papaína o anticorpo se divide em dois fragmentos Fab (fragmento, ligação de antígeno), que apresentam a capacidade de identificar o antígeno e 1 fragmento Fc, que tende a se cristalizar consigo mesmo. Quando ocorre a clivagem com a pepsina, o anticorpo quebra de forma distal a dobradiça, resultando em um fragmento F(ab’)2, com dois locais de ligação de antígeno distintos. O que sobra é chamado de pFc’, sendo basicamente fragmentos peptídicos. Esses fragmentos proteolíticos nos deram a informação que as funções efetoras da molécula Ig são espacialmente separadas. REGIÕES VARIÁVEIS Regiões hiperativas: Regiões que concentram as diferenças das sequências de variabilidade entre os anticorpos. Existem três regiões hiperativas na região V das cadeias leve e pesadas, totalizando 6 regiões por cada Fab, ambos os Fab em um mesmo anticorpo são idênticos. Cada região apresenta 10 resíduos de aminoácidos, sendo que as regiões VL e Vh são mantidas juntas para criaram a superfície de ligação do antígeno. Essas regiões formam uma estrutura complementar a do antígeno e, portanto, também são chamadas de regiões de determinação de complementariedade (CDRs). Em cada cadeia (leve ou pesada) essas regiões recebem o nome de CDR1, CDR2 e CDR3, sendo que o 3 apresenta a maior variação. A ligação do antígeno pelas moléculas é primariamente uma função das regiões hipervariavéis Manter a variabilidade somente para três regiões permite que o anticorpo mantenha a sua estrutura base e consiga apresenta a variabilidade e especificidade necessárias para a sua função. LIGAÇÃO DOS ANTICORPOS AOS ANTÍGENOS A estrutura que é reconhecida por um anticorpo é chamada de determinante antigênico ou epítopo. Lembrando que cada antígeno tem diferentes epítopos e o anticorpo apresenta afinidade com um deles. A formação de alguns determinantes reflete a estrutura terciaria ou a sua conformação (forma): • Epítopo contínuo ou linear: Formado por resíduos de aminoácidos adjacentes. o Alguns se encontram inacessíveis devido a dobra → desnaturação torna possível encontra-los • Epítopos conformacionais ou descontínuos: Formados por resíduos de aminoácidos que não estão em sequência, mas se tornam espacialmente justapostos na proteína dobrada. • Novo determinante (neoantígenos): Decorrentes de modificação como glicosilação, fosforilação, ubiquitinação, acetilação e proteólise. Também são reconhecíveis por anticorpos. --------------- Antígenos podem ligar-se em sulcos, em cavidades ou em superfícies amplas dos sítios de ligação dos anticorpos → cada anticorpo tem uma especificidade e complementariedade para um epítopo REGIÕES CONTANTES As moléculas de anticorpos são flexíveis, permitindo que elas se liguem a diferentes antígenos. Cada anticorpo possui duas regiões que se conectam aos epítopos, essas ligações podem se dar de forma simultânea devido a flexibilidade presente nas regiões constante. Isso ocorre devido a região de dobradiça, que permite o movimente independente dos locais de ligação do antígeno relativo ao resto da molécula. LIGAÇÃO DO ANTÍGENO E DO ANTICORPO Avidez: força que o anticorpo está ligando ao antígeno por ter mais Fab ligadas (não tem haver com a avidez relacionada a maturação do anticorpo). Devido a existência da dobradiça um anticorpo pode-se ligar em um único antígeno multivalente em mais de um local de ligação. Para os IgG e IgE, essa ligação só pode com os 2 locais. Para a IgM pentamérica um anticorpo pode se ligar a até 10 diferentes locais, dessa forma mesmo se a IgM for de baixa afinidade, como se liga a 10 epítopos, apresenta uma alta avidez. O IgM não necessariamente realizará 10 interações mesmo tendo essa capacidade, como o IgG, nem sempre conseguirá realizar 2 ligações, isso depende da distância entre os epítopos. Imunocomplexos: Interação dos antígenos polivalentes com os anticorpos específicos. A formação de imunocomplexos depende da concentração de anticorpo/antígeno, dessa forma, podem se formar 3 tipos de zonas: - Zona de excesso de antígenos: Os agregados de imunocomplexos são menores, uma vez que as moléculas de antígeno livre deslocarão os anticorpos ligados aos antígenos. - Zona de excesso de anticorpo: Os agregados são menores, os anticorpos deslocam os anticorpos ligados aos antígenos - Zona de equivalência: Anticorpos e antígenos se encontram nas concentrações corretas, formam malhas extensamente cruzada de moléculas ligadas. As moléculas de antígeno e anticorpos estão complexadas em grandes massas. Se esses imunocomplexos são presos ou estão em tecidos, podem desencadear reações inflamátorias e gerar doenças conhecidas por doenças dos imunocomplexos. FC (FUNÇÕES DOS ANTICORPOS) As regiões Fc, que se relacionam com as funções dos anticorpos, se encontram nas regiões constantes. ISOTIPOS DE ANTICORPOS As cadeias pesadas dos anticorpos dependem de qual isotipo de anticorpo apresentamos. • IgG → Cadeia pesada (gama) • IgM → Cadeia pesada (Mu) • IgA → Cadeia pesada α (alfa) • IgD → Cadeia pesada (Delta) • IgE → cadeia pesada (épsilon) REGIÃO FC Cada imunoglobulina apresenta uma função específica: • IgG → Apresenta subclasses IgG1, 2, 3 e 4. Elas realizam opsonização (IgG1 e 3, liga aos FCRs expressos em neutrófilos e macrófagos, via clássica do complemento (IgG1, 2 e 3), imunidade neonatal (IgG1> IgG4>IgG3 >IgG2), inibição da retroalimentação das célulasB (mais abundantes no soro e com maior meia vida). • IgE → Defesa contra parasitas helmínticos (eosinófilos), hipersensibilidade imediata (liga aos mastócitos) (baixa concentração no soro) • IgA → imunidade da mucosa, neutralizam toxinas (segunda maior Ig predominante no soro) • IgD → Receptor de antígeno de célula B naive (menos de 1% do soro) • IgM → Receptor de antígeno de célula B imatura (monomérica), ativação de complemento (via clássica do complemento), neutralizam toxina, primeiras Ig produzidas na fase aguda da infecção (cerca de 5-10% das Ig do soro) A reposta dos anticorpos só se dá por aqueles conectados aos antígenos (Ig Livres não fazem nada). Além disso, para a resposta ocorrer necessita-se de que 2 ou mais regiões Fc estejam adjacentes para disparar a resposta efetora. EXPRESSÃO DAS MOLÉCULAS DE IG Durante a maturação das células B, ocorre alterações na expressão gênica de Ig, resultando em produções diferentes ao longo da maturação. Os estágios da maturação do linfócito B são mostrados com mudanças na produção das cadeias pesadas e leves de Ig. Dentro da medula óssea a célula B sai como imatura, possuindo na sua membrana só IgM, quando chega aos orgãos linfoides secundários é que começa a expressar o IgD, se tornando uma célula B madura. IGG E SUA MAIOR MEIA VIDA Os IgG apresentam uma meia vida de 21-28 dias (muito maior quando comparada a do IgA → 3, IgM → ~4). Essa característica se dá a habilidade do IgG de se ligar a um FcR específico, o receptor Fc neonatal (FcRn). Esse receptor também está envolvido no transporte de IgG na circulação materna através da barreira placentária e a transferência de IgG no intestino dos Neonatos. Os FcRn se assemelham aos MHC de classe 1, sendo que na placenta e no intestino dos neonatos, transportam os IgG pelas células, sem leva-los aos lisossomos. O FcRn é expresso em células de vertebradas adultos (células epiteliais, macrófagos e outros tipos celulares) e realiza o mesmo processo, se liga as IgG micropinocitadas, as recicla e as libera em pH neutro. Isso previne a sua rápida degradação. FUNÇÃO DOS ANTICORPOS Deve-se lembrar que para a ação dos anticorpos ocorrerem, devem ser respeitadas as regras: antígeno precisa estar ligado no anticorpo e pelos menos 2 receptores Fc adjacentes precisam ser ativados. Neutralização: anticorpo impede a adesão bacteriana. Opsonização: Anticorpo promove a fagocitose Ativação do complemento: Anticorpo ativa o complemento que aumenta a opsonização e lisa algumas bactérias ALTERAÇÕES NOS ANTICORPO Para fazer anticorpos com altas afinidades com os antígenos, as regiões V passam por alterações sutis durante a resposta humoral, isso ocorre através de alterações somáticas em linfócitos B estimuladas pelos antígenos. Essas alterações podem gerar anticorpos com maior afinidade e devido a seleção vão se tornando mais dominantes em cada exposição subsequente ao antígeno. Esse processo recebe o nome de maturação de afinidade A ilustração descreve as mudanças na estrutura dos anticorpos que podem ser produzidos pela progênie de células B ativadas e as alterações na função. Durante a maturação da afinidade, mutações na região V levam a alterações na especificidade, sem mudanças nas funções efetoras. Células B ativadas podem modificar a produção de anticorpos grandemente ligados à membrana contendo regiões transmembranares e citoplasmáticas para anticorpos secretados. Os anticorpos secretados podem mostrar ou não mutações no gene V, sem alterações na região V de ligação ao antígeno. A troca de isotipo é vista em anticorpos ligados à membrana e secretados. USO CLÍNICO Anticorpos Monoclonais: Clones individuais de anticorpos específicos para um único epítopo no antígeno. Esses anticorpos apresentam uma série de aplicação na prática clínica, sendo elas: • Identificação de marcadores fenotípicos: Capazes de realizar a identificação de grupos celulares específicos como os linfócitos. • Imunodiagnóstico: Diagnóstico de muitas doenças infecciosas e sistêmicas a partir da identificação de antígenos ou anticorpos particulares. • Identificação tumoral: Determinar fonte tecidual dos tumores (coloração de secções tumorais histológicas) • Terapia: Atacam moléculas chaves na patogênese de certas doenças. Exemplos: Anticorpos contra a citocina fator de necrose tumoral (TNF) → tratamento para artrite reumatoide, psoríase e outras doenças inflamátorias • Análise funcional de células e moléculas: Capazes de ajudar a identificar as funções de certas moléculas nas superfícies celulares e também são usados na purificação de populações selecionadas Observação: Esses anticorpos monoclonais normalmente vêm de camundongos, dessa forma o corpo pode gerar anticorpos contra a Ig desses camundongos. Com isso, os anticorpos Ig bloqueiam a função ou aumentam a eliminação do anticorpo monoclonal injetado e também podem causar um distúrbio denominado doença do soro. As técnicas de engenharia genética vêm sendo usadas para expandir a utilidade dos anticorpos monoclonais. PRODUÇÃO DOS ANTICORPOS MONOCLONAIS Neste procedimento, células do baço de um camundongo que foi imunizado com um antígeno conhecido ou uma mistura de antígenos são fundidas com uma linhagem de célula de mieloma deficiente em enzima, pelo uso de agentes químicos como polietilenoglicol, que podem facilitar a fusão das membranas plasmáticas e a formação de células híbridas que retêm muitos cromossomas de ambas as partes fundidas. A porção mieloma usada é uma que não secreta sua própria Ig. Essas células híbridas são, então, colocadas em um meio de seleção que permite a sobrevivência somente dos híbridos imortalizados; essas células híbridas são colocadas para crescer como clones de células únicas e testadas para a secreção do anticorpo de interesse. Em 1986 o primeiro anticorpo monoclonal foi aprovado para a terapêutica pelo FDA, o Muromoab. Ele foi utilizado para controlar a rejeição de transplante. NOMENCLATURA DE ANTICORPOS MONOCLONAIS: MOMAB → Murine (camundongo) XIMAB → Quimérico ZUMAB → Humanizado UMAB → Humano Anticorpo monoclonal e proteína de fusão:
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