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Programa de Pós-Graduação a Distância Curso de Pós-Graduação lato sensu em FARMACOLOGIA Módulo IV Pós-graduando: EAD – Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 2 Programa de Pós-Graduação a Distância Curso de Pós-Graduação lato sensu em FARMACOLOGIA ANESTÉSICOS LOCAIS E GERAIS Disciplina: Anestésicos Locais e Gerais 3 ANESTÉSICOS GERAIS HISTÓRIA DA ANESTESIA O termo anestesia (do grego an, privado de + aísthesis, sensação) foi sugerido pelo médico e poeta norte-americano Oliver Wendel Holmes. A palavra, entretanto, já existia na língua grega, tendo sido empregada no sentido de insensibilidade dolorosa, pela primeira vez, por Dioscórides, no século I d. C. Historicamente, a data de 16 de outubro de 1846 é considerada como a data em que se realizou a primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral. Naquele dia, às 10 horas, no anfiteatro cirúrgico do Massachusetts General Hospital, em Boston, o cirurgião John Collins Warren realizou a extirpação de um tumor no pescoço de um jovem de 17 anos, chamado Gilbert Abbot. O paciente foi anestesiado com éter pelo dentista William Thomas Green Morton, que utilizou um aparelho inalador por ele idealizado. A cena deixou de ser documentada fotograficamente porque o fotógrafo sentiu-se mal ao presenciar o ato cirúrgico, foi posteriormente imortalizado em um quadro do pintor Roberto Hinckley, em 1882. São usados como auxiliares dos procedimentos cirúrgicos, para tornar o paciente inconsciente e não responsivo a estimulação álgica. A perda da consciência e sensação dolorosa decorre de uma depressão progressiva e irregular do SNC. 4 Morton, que praticara com sucesso extrações dentárias sem dor, com inalação de éter, antevira a possibilidade da cirurgia sem dor e obtivera autorização para uma demonstração naquele Hospital. Ele não revelara a natureza química da substância que utilizava, dando-lhe o nome de letheon (do grego - esquecimento). Pressionado pela Associação Médica de Boston para que novas intervenções pudessem ser realizadas sem dor, teve de revelar a composição do letheon, que era apenas éter sulfúrico puro. A insensibilidade total durante o ato cirúrgico, até então, era considerada uma utopia nos meios acadêmicos. À exceção da China, onde se usava a milenar acupuntura, os recursos utilizados para amenizar a dor no ato cirúrgico consistiam de extratos de plantas dotadas de ação sedativa e analgésica, além da hipnose e bebidas alcoólicas, o que não dispensava, evidentemente, a contenção do paciente. Na Idade Média empregava-se um método originário da Escola de Alexandria, cuja fórmula foi encontrada no mosteiro de Monte Casino. Trata-se da esponja soporífera, que se preparava com os seguintes componentes: ópio, suco de amoras amargas, suco de eufórbia, suco de meimendro, suco de mandrágora, suco de hera, sementes de bardana, sementes de alface e sementes de cicuta. Modo de preparar e de usar: misturar bem, colocar em um recipiente de cobre com uma esponja, ferver até a evaporação total. Para usar, mergulhar a esponja em água quente por uma hora; a seguir colocá-la sob as narinas do paciente até que ele durma. Para despertar o paciente usar outra esponja embebida em vinagre. O primeiro passo para a anestesia geral foi dado por Joseph Priestley, ao descobrir o dióxido de nitrogênio (NO2) em 1773. Coube a Humphry Davy, um aprendiz de farmácia, na pequena cidade de Penzance, na Inglaterra, em 1796, experimentar os efeitos da inalação do NO2. Ele verificou que o gás 5 produzia uma sensação agradável, acompanhada de um desejo incontido de rir (donde o nome de gás hilariante). Certa noite estava com dor de dente e, ao inalar o gás, notou que a dor desaparecera por completo. Deduziu que, se o NO2 suprimia a dor, poderia ser empregado no tratamento de outros tipos de dor. Em um de seus escritos, intitulado Vapores medicinais, sugeriu o emprego do NO2 em cirurgia: “Já que o gás hilariante parece possuir a propriedade de acalmar as dores físicas, seria recomendável empregá-lo contra as dores cirúrgicas”. A medicina oficial não tomou conhecimento da sugestão. Henry Hill Hickman, médico e cirurgião inglês, avaliou em animais a ação do NO2, em que verificou que, sob a ação deste gás, podia realizar pequenas operações nos animais, sem que estes demonstrassem o menor sinal de dor. Tentou, sem êxito, obter autorização da Royal Society e da Associação Médica de Londres para repetir suas experiências em seres humanos. Sua petição foi recebida com frieza, a autorização negada e foi considerado um visionário. Como última tentativa, escreveu ao rei da França, Carlos X, pedindo-lhe para submeter o seu projeto à consideração da Academia de Paris. Em sessão de 28 de setembro de 1828, convocada especialmente para esse fim, a Academia deu seu parecer contrário, com um único voto a favor, do cirurgião Dominique Jean Larrey, que servira ao exército de Napoleão e conhecia o horror dos ferimentos de guerra e das amputações. Velpeau, um dos mais eminentes cirurgiões da França, declarou na ocasião que considerava uma quimera a obtenção da insensibilidade dolorosa durante o ato cirúrgico. Desiludido, Hickman faleceu dois anos depois, com apenas 29 anos de idade, sem ver realizado o seu sonho da cirurgia sem dor. Michael Faraday (1791-1867), físico inglês, estudando a liquefação dos gases e os líquidos voláteis, descobrira que os vapores de éter possuíam efeitos inebriantes semelhantes aos do dióxido de nitrogênio. Em uma nota publicada no Journal of Art and Sciences chamou a atenção para o fato da inalação de éter produzir insensibilidade total. Novamente, essa descoberta foi ignorada pelos meios médicos. 6 ESTÁGIOS DA ANESTESIA: Estágio I: Analgesia: paciente consciente, porém sonolento, há redução das respostas aos estímulos álgicos; Estágio II: Excitação: perda de consciência e resposta a estímulos não álgicos, porém, responde de forma reflexa a estímulos álgicos. Outros reflexos podem estar presentes de forma aumentada: tosse e vômito; Estágio III: Anestesia Cirúrgica: sem movimento espontâneo, respiração irregular e relaxamento muscular (com algumas drogas); Estágio IV: Paralisia Bulbar: respiração e controle vasomotor cessam – morte. Atualmente com os anestésicos modernos e associações os estágios acima dificilmente podem ser observados Na anestesia geral, por meio da administração de medicamentos o paciente é mantido inconsciente, sem dor e imóvel durante todo o procedimento. Está indicada para cirurgias no abdome superior, tórax, cabeça, pescoço, cirurgias neurológicas e cardíacas. Cirurgias em crianças são realizadas, normalmente com anestesia geral para evitar movimentação brusca durante os procedimentos. Atualmente, bloqueios anestésicos associados à anestesia geral são bastante comuns em crianças, dando mais conforto a este grupo de pacientes. A anestesia geral pode ser aplicada por via venosa, inalatória ou ambas. TIPOS DE ANESTESIA: Anestesia Local; Anestesia Regional; Anestesia Geral. 7 Anestesia Balanceada Refere-se à prática de utilização de vários fármacos anestésicos com o intuito de se aproveitar as melhores propriedades de cada um, com a diminuição dos efeitos deletérios. As associações resultam em indução e recuperação mais rápidas do plano anestésico. CLASSIFICAÇÃO DOS ANESTÉSICOS GERAIS Anestésicos Inalatórios: Halotano; Óxido Nitroso; Metoxiflurano; Enflurano; Isoflurano. Anestésicos Intravenosos: Tiopental; Etomidato; Propofol; Quetamina. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS Para facilitar a compreensãodos complexos mecanismos de ação dos anestésicos inalatórios no sistema nervoso central, eles foram divididos em três níveis: o macroscópico, o microscópico e o molecular. Recentemente esses 8 mecanismos de ação foram descritos em: orgânicos, celulares, e inibidores da entropia. O nível macroscópico envolve os órgãos; o microscópico a estrutura dos neurônios (fibras e sinapses) e o molecular o mecanismo molecular, que inibe os potenciais de ação. Esses mecanismos tentariam explicar o estado de anestesia que teria como característica a capacidade de prover ao paciente duas ações principais: 1) Imobilidade e inibição da resposta a estímulos nociceptivos; 2) Amnésia. Outros efeitos (desejáveis) também são obtidos pela administração de anestésicos: analgesia e hipnose. Entretanto, tais efeitos sejam isoladamente ou juntos, não definem o estado de anestesia. Embasados nestes conceitos, têm-se adotado a classificação dos anestésicos em: Anestésicos completos, os que produzem imobilidade e amnésia; Incompletos ou não imobilizantes, os que não produzem imobilidade, mas produzem amnésia. TEORIAS FÍSICO-QUÍMICAS DA ANESTESIA Ao contrário de outras drogas, os anestésicos inalatórios não pertencem a nenhuma classe química reconhecível. A forma e a configuração eletrônica da molécula não são importantes, e a ação farmacológica só exige que a molécula possua determinadas propriedades físico-químicas. Os anestésicos parecem atuar principalmente sobre a membrana celular, e as teorias da anestesia focalizam a ocorrência de interações com os dois principais componentes da membrana: os lipídios e as proteínas. 9 Teoria dos Lipídios A teoria dos lipídios originou-se a partir de extenso trabalho mostrando a existência de uma estreita correlação entre a potência anestésica e a lipossolubilidade num grupo diverso de compostos orgânicos simples e não reativos, que foram testados quanto à sua capacidade de imobilizar girinos. Isso levou a teoria formulada por Meyer em 1937: “A narcose começa quando qualquer substância quimicamente indiferente atinge determinada concentração molar nos lipídios da célula”. Assim, segundo essa teoria, a anestesia ocorre quando o volume da membrana lipídica é expandido, em consequência da intrusão das moléculas anestésicas. Outra teoria envolve um aumento na fluidez da membrana devido à desorganização no acondicionamento dos fosfolipídios de membrana. Teoria das Proteínas Os anestésicos podem ligar-se as proteínas, bem como a lipídios. Muitos anestésicos são capazes, em concentrações alcançadas durante a anestesia, de inibir a função de receptores excitatórios, como os receptores de glutamato ionotrópicos, de acetilcolina ou de 5-HT, além de potencializar a função de receptores inibitórios, como o GABA e glicina. CARACTERÍSTICAS PARA UM ANESTÉSICO INALATÓRIO IDEAL: Ser depressor reversível do SNC; Possuir potência compatível com uso de O2 na mistura; Não sofrer biotransformação, ser eliminado pela expiração; Não possuir em concentrações terapêuticas, toxicidade sistêmica; Possuir odor agradável e não ser irritante às vias aéreas; Não estimular o vômito; 10 Ter alto grau de lipossolubilidade; Ter coeficiente de solubilidade gás/sangue baixo - rápida recuperação; Não ser inflamável nas concentrações usadas; Estado físico líquido; Estável na presença de ar, luz e em contato com metais; Não possuir atividade convulsivante. OXIDO NITROSO O N2O é um gás inodoro que apresenta baixa potência, devendo ser combinado com outros agentes para reduzir a dor, sendo de rápida indução e recuperação apresentando boa ação analgésica. O óxido nitroso apresenta rápido nível de indução, flexibilidade, analgesia, odor agradável, recuperação rápida, reduz a ansiedade e não irrita as mucosas com baixo risco ao paciente. Entretanto, apresenta como desvantagem o risco de provocar náuseas. A concentração alveolar mínima (CAM) do N2O é 105%, portanto ele não pode ser usado como agente inalatório único sob pressão atmosférica, assim sendo, é considerado como um agente adjuvante com propriedades analgésicas importantes. Para garantir uma oxigenação adequada, com um mínimo de 21 a 25% de oxigênio na mistura inspirada, existe a necessidade de equipamento específico para a administração do óxido nitroso durante a anestesia. A baixa solubilidade do N2O é responsável pelos efeitos de aumento da pressão e/ou volume em cavidades. O aumento de pneumotórax, embolismo aéreo, aumento da pressão no ouvido médio, aumento da pressão nos seios da face, distensão de alças intestinais, aumento de bolhas de gás no espaço epidural e consequente compressão nervosa são relatos frequentes na literatura. O seu uso também está contraindicado após a realização de exames que utilizem o ar como contraste, como no pneumoencéfalo. O mesmo efeito da difusão desloca o N2O para o interior do cuff (balão) do tubo traqueal, provocando um aumento do volume, com 11 consequente aumento da pressão sobre a traqueia e lesão. Os sintomas vão desde o aumento da dor local até lesões com ulcerações. Um efeito similar tem sido observado no balão da máscara laríngea. O N2O foi usado por mais de 100 anos antes que os primeiros efeitos colaterais indesejáveis, como a depressão da medula óssea após a sedação de longa duração, fossem publicados. Os pacientes com deficiência de vitamina B12, hereditária ou adquirida, apresentam um risco aumentado ao uso do N2O. Este diagnóstico nem sempre está disponível ou evidente na prática clínica diária. Filhos de mães vegetarianas, fato comum na atualidade, em período de amamentação, podem ter deficiência de vitamina B12. Pelos seus efeitos na síntese do DNA e pelas evidências experimentais e epidemiológicas de alterações sobre a reprodução muitos anestesiologistas preconizam que o uso do N2O deve ser abolido nos dois primeiros trimestres da gestação. O N2O não deve ser administrado a pacientes imunodeprimidos ou aqueles que necessitarão de várias anestesias, por sua interferência com a produção e função dos glóbulos brancos. Estudos em animais e humanos demonstram que os sistemas: hematológico, imunológico, neurológico e reprodutivo são alterados com o uso do N2O. Efeitos Adversos: Náuseas e vômitos; Isquemia do miocárdio (aumento da homocisteína e da disfunção endotelial); Depressão da medula óssea; Depressão da metionina sintetase; Eritropoiese megaloblástica; Alterações no DNA; Perda da audição; Cegueira e complicações visuais com o uso de gás intraocular; Hipóxia de difusão; Difusão para cavidades; 12 Aumento da pressão do ouvido médio (náuseas e vômitos); Distensão de alças intestinais (náuseas e vômitos); Aumento do pneumotórax e embolismo aéreo; Aumento de bolhas no espaço epidural; Poluição no ambiente e na terra (0,05%) – vazamento no uso e silencioso; Custo de instalação e manutenção da rede e aparelhos de anestesia; Necessidade do uso de sistema antipoluição. HALOTANO O halotano é indicado para anestesia por inalação para cirurgias de todos os tipos e para procedimentos diagnósticos. O halotano tem um odor agradável. É altamente potente e facilmente controlado. Promove rápida indução, quase sempre sem excitação e permite facilitar a rotineira manutenção da anestesia sem irritação mucosa. Os pacientes recuperam a consciência rapidamente e raramente sofrem de náusea ou vômito. O halotano é um anestésico de inalação adequado para grande e pequena cirurgia em pacientes de todas as idades. Com o halotano o estágio de excitação passa tão rapidamente que geralmente não é aparente. O halotano é um anestésico valioso para diabéticos, porque não interfere com o metabolismo dos carboidratos.Para cirurgias oftálmicas, tem a vantagem de abaixar a pressão intraocular, além de facilitar a manutenção das vias aéreas pela redução do fluxo de saliva e secreção bronquial. Em virtude da sua ação broncodilatadora adicional, o halotano provou ser útil em pacientes com bronquite, asma brônquica e enfisema. Para a cirurgia cardíaca tem a vantagem de promover redução no consumo de oxigênio pelo miocárdio. 13 Efeitos Adversos Ação dilatadora sobre os vasos sanguíneos, mais evidentes na pele, pela presença das veias superficiais. A pressão sanguínea pode cair durante indução ou manutenção da anestesia. Contanto que a reação hipotensiva não seja em razão a uma perda do volume sanguíneo circulante (por exemplo, hemorragia, desidratação), a mesma será diretamente proporcional à concentração e será associada com bradicardia e finalmente com inotropismo negativo. Neste caso é necessário diminuir a concentração de halotano ou interrompê-lo completamente e corrigir a hipovolemia (por transfusão de sangue ou infusão de substitutos do plasma ou outras soluções). Podem ocorrer arritmias principalmente se simpatomiméticos forem usados concomitantemente. Como outros anestésicos de inalação, o halotano em altas concentrações pode deprimir a respiração; neste caso, é necessária ventilação assistida ou controlada. Aumento na pressão do liquor pode ocorrer. Por essa razão, uma elevação preexistente da pressão intracraniana deve ser corrigida antes do halotano ser empregado (tratamento medicamentoso para eliminação do edema cerebral). Na prática obstétrica deve ser considerado que o halotano pode causar relaxamento do útero, especialmente em anestesia profunda. Entretanto, nos Estágios 1-2 da escala de Guedel este efeito pode ser revertido por agentes uterotônicos tais como Ocitocina. O relaxamento uterino não persiste após o halotano ser eliminado do organismo e por isso, não há perigo de subsequente hemorragia atônica. Durante curetagem uterina, a ação vasodilatadora do halotano pode causar aumento do sangramento. As reações hepáticas devem ser esperadas em certa proporção de pacientes anestesiados com halotano, entre 1: 9000 e 1: 30000 aproximadamente. Elas geralmente começam dentro de 10 a 14 dias e são assinalados por um súbito e não compreendido aumento de temperatura, o qual pode ser seguido por icterícia transitória ou necrose hepatocelular. Após anestesia repetida com halotano, especialmente se o intervalo for somente de poucas semanas, a probabilidade da "hepatite do Halotano" é maior que após uma única administração. Mulheres, 14 especialmente obesas, parecem ser mais frequentemente afetadas que homens. Não há relação entre a dose ou concentração do anestésico e esta forma de dano hepatocelular. Náusea e vômito ocorrem em cerca de 5 % dos pacientes. Hipertermia maligna. Nesse caso, além das medidas convencionais de emergência o uso de Dantroleno sódico por via intravenosa é recomendado. Contraindicações: Qualquer episódio de hepatite causada por exposição prévia ao halotano; Hipersensibilidade aos anestésicos de inalação halogenados ou timol. Porfiria hepática. História de hipertermia pós-operatória inexplicada e icterícia após administração de anestésicos de inalação halogenados; Aumento da pressão intracraniana antes da abertura da dura-máter; Deve-se ter cuidado em caso de uso repetido dentro de três meses; Durante o primeiro trimestre da gestação, o produto não deve ser usado a menos que seja absolutamente necessário; Deve-se ter cuidado na utilização do halotano em pacientes com função cardiovascular descompensada e quando se pretende repetir a sua administração em três meses; Em pacientes com histórico de glaucoma de ângulo aberto crônico, pré- medicação com atropina parenteral pode ser administrada na dose normal, visto que tais pacientes geralmente estão recebendo tratamento antiglaucoma local (parassimpatomiméticos) e o próprio halotano reduz a pressão intraocular. Se houver alguma dúvida em relação ao tipo de glaucoma (abertura do ângulo iridocorneal), deve ser consultado um oftalmologista. Em pacientes com glaucoma de ângulo fechado que não tenha sido operado, qualquer agente midriático pode precipitar um ataque agudo de glaucoma e isto pode não ser inteiramente evitável pelo tratamento local com agentes indutores de miose. 15 Interações Medicamentosas Administração de simpatomiméticos para vasoconstrição durante anestesia com halotano pode levar a arritmias cardíacas. Estas geralmente podem ser evitadas, assegurando-se que a concentração de adrenalina na solução de infiltração não seja maior que 1:200.000 a 1:100.000, e que a velocidade de infiltração tecidual em adultos de uma solução de adrenalina a 1:100000 não seja maior que 10 ml/10 minutos e 30 ml por hora. Injeção intravascular, hipóxia e hipercapnia devem ser evitadas e o mesmo se aplica à excessiva excitação (descarga de simpatomimético endógeno). Se, apesar disso, ocorrerem arritmias a concentração do anestésico deve ser reduzida. Também em pacientes sob tratamento com teofilina, o uso de halotano pode causar arritmias cardíacas. É provável a ocorrência de bloqueio neuromuscular intensificado com administração de aminoglicosídeos ou relaxantes musculares do tipo curarina durante anestesia com halotano. Administração simultânea de anti-hipertensivos pode resultar em redução maior da pressão sanguínea. A ação anestésica do halotano é potencializada pelo óxido nitroso, opioides e outras drogas depressoras do SNC; consequentemente, doses menores podem ser suficientes. 16 Observação importante para a equipe do centro cirúrgico: Um aumento na incidência de abortos foi notado entre a equipe do centro cirúrgico. Ainda não foi estabelecido se isto é devido à exposição diária de gases e vapores anestésicos ou a outros fatores preponderantes no centro cirúrgico (como, por exemplo, estresse, o alto grau de atenção exigida pelo trabalho, horário irregular de trabalho e interrupções, exposição à radiação, etc.). Em qualquer incidente, como misturas de gases anestésicos podem ser facilmente retiradas da atmosfera do centro cirúrgico, medidas adequadas devem ser tomadas para minimizar esta forma de poluição ambiental. Acessórios especiais para equipamento anestésico estão disponíveis para este propósito. 17 ENFLURANO O enflurano tem ação similar a do Halotano. É administrado usando um vaporizador calibrado para indução e manutenção de anestesia geral. Trata-se de um anestésico geral que proporciona indução e recuperações rápidas e suaves, com estimulação mínima ou nula das secreções salivares e brônquicas. Os reflexos faringeanos e laríngeos são prontamente abolidos, permitindo fácil intubação traqueal. Da mesma forma que ocorre com outros agentes inalatórios, o volume respiratório diminui à medida que se aprofunda a anestesia. Não obstante, ao contrário de outros anestésicos congêneres, favorece a reação do suspiro e permite manter frequência respiratória constante ou discretamente diminuída. Durante a indução ocorre ligeiro declínio da pressão arterial, a qual retorna aos valores aproximados da normalidade, sob o estímulo cirúrgico. Com o aprofundamento da anestesia, a frequência cardíaca mantém-se constante, sem evidência significativa da bradicardia. O controle eletrocardiográfico demonstra que o ritmo cardíaco permanece estável e que não é afetado pela elevação de tensão de CO2 arterial. O enflurano não modifica a coagulação sanguínea e o hemograma. Não são observadas variações na volemia e bioquímica do sangue. O relaxamento muscular proporcionado pelo enflurano é considerado excelente e adequado a prática de muitos tipos de cirurgia, incluindo cirurgiasintra- abdominais, mas em caso de necessidade de maior grau de relaxamento, podem-se administrar pequenas doses adicionais de miorrelaxantes. Todos os relaxantes musculares comumente empregados são compatíveis ao enflurano. Todavia, os do tipo "não despolarizante" são acentuadamente potencializados por enflurano e por essa razão, suas doses habituais devem ser reduzidas à metade. A neostigmina não reverte o efeito miorrelaxante produzido pelo enflurano. Demonstrou-se que o enflurano é metabolizado pelo organismo humano, em grau muito menor do que outros agentes halogenados e a dosagem dos fluoretos urinários indicam que sua degradação metabólica é da ordem de apenas 10 a 25% 18 da sofrida pelos citados agentes. Tal fato tem sido atribuído à grande estabilidade química da molécula do enflurano e ao seu coeficiente de distribuição sangue/gás, relativamente baixo. O enflurano é indicado na indução de anestesia geral em adultos e crianças. O produto pode ser usado em anestesias gerais, em obstetrícia. Pode ser utilizado como analgésico em partos vaginais. Frequentemente se empregam outros medicamentos para indução ou suplementação anestésica. Contraindicações: Casos de história ou suspeita de hipertermia maligna contraindica o uso do enflurano. A relação risco-benefício deve ser avaliada nas seguintes situações clínicas: pneumotórax, embolia gasosa, disfunção hepática, icterícia ou lesão hepática aguda após exposição a anestésicos gerais, arritmias cardíacas, diabetes não controladas, disfunção renal, toxemia gravídica, hipertensão intracraniana, miastenia grave e feocromocitoma. Interações medicamentosas: A ingestão crônica de álcool pode aumentar as necessidades de enflurano na anestesia; Aminoglicosídeos, lincomicina, polimixina e bloqueadores neuromusculares não despolarizantes podem produzir bloqueio neuromuscular aditivo se usado com enflurano; A importância clínica deste fato é mínima, se o paciente estiver ventilado mecanicamente, mas, ainda assim, a dose deve ser ajustada, instituindo- se o tratamento anticolinesterásico ou com sais de cálcio, se necessário; Não se recomenda os sais de cálcio, se houve administração de tubocurarina, já que estes em vez de reverter os efeitos, podem potenciá-los. A amiodarona e anti-hipertensivos potencializam a hipotensão causada pelo enflurano; Beta-bloqueadores, inclusive os de uso oftálmico, poderão causar hipotensão severa e prolongada, se usados simultaneamente com enflurano, 19 reduzindo ainda a capacidade de resposta aos estímulos simpáticos beta- adrenérgicos. Caso seja necessário reverter os efeitos dos beta-bloqueadores, pode- se usar agonistas adrenérgicos como dopamina, isoprenalina ou noradrenalina, mas com extrema cautela; A levodopa aumenta a concentração endógena de dopamina e deve ser suspensa de 6 a 8 horas antes da anestesia. A metildopa pode diminuir as necessidades do anestésico; Medicamentos nefrotóxicos podem aumentar os riscos de nefrotoxicidade severa, não se recomendando o uso simultâneo ou sequencial ao enflurano; A resposta uterina aos ocitócicos sofre uma redução que é dose dependente do enflurano (concentrações maiores que 1,5%), podendo ocorrer hemorragias; O uso simultâneo com suxametônio pode aumentar os riscos de hipertermia maligna e bradicardia enquanto que as xantinas aumentam os riscos de arritmias cardíacas; A administração simultânea com óxido nitroso reduz os requerimentos deste e por isso pode atenuar, de certa forma, seus efeitos cardiovasculares. Efeitos Adversos: O enflurano é um depressor do SNC e, portanto, pode produzir sintomas característicos como: Depressão respiratória e circulatória, principalmente com doses elevadas; Contrações musculares; Hepatoxicidade; Hipóxia e crise de hipertermia maligna; Excitação paradoxal do SNC pode surgir com alucinações, ansiedade e nervosismo; Apesar de raras, podem surgir arritmias cardíacas, náuseas e vômitos. 20 ISOFLUORANO Isofluorano é um anestésico destinado à anestesia geral inalatória, com indução e a recuperação da anestesia rápida. O isofluorano tem odor característico e forte, que limita a capacidade de indução, embora aparentemente não provoque estímulo de salivação excessiva ou secreções traqueobrônquicas. Como acontece com outros anestésicos por inalação o volume de ventilação pulmonar diminui à medida que se aprofunda a anestesia; em contrapartida, a frequência respiratória se mantém praticamente constante ou diminui muito ligeiramente. Essa depressão é parcialmente anulada pela estimulação cirúrgica, mesmo quando os níveis de anestesia são mais profundos. O isofluorano produz uma reação de movimento respiratório profundo semelhante à que produzem o éter dietílico e o enflurano, ainda que a frequência com o isofluorano seja menor do que com o enflurano. A pressão sanguínea diminui com a indução da anestesia, mas retorna aos valores normais com a estimulação cirúrgica. O isofluorano não sensibiliza o miocárdio à administração exógena de adrenalina. Estudos indicam que a injeção subcutânea de 0,25mg de adrenalina ( 50 ml de uma solução 1:200.000) não produz aumento das arritmias ventriculares em pacientes anestesiados com isofluorano. Todos os relaxantes musculares de uso corrente são notavelmente potencializados pelo isofluorano; não obstante, o efeito tem sido profundamente marcante com os relaxantes não despolarizantes. A neostigmina reverte o efeito dos relaxantes musculares não despolarizantes na presença do isofluorano, mas não reverte a depressão neuromuscular direta do isofluorano. Todos os relaxantes de uso corrente são compatíveis com o isofluorano. 21 Indicações: O isofluorano pode ser utilizado para indução e manutenção da anestesia geral. Condições adequadas para seu uso em anestesia obstétrica ou em crianças menores de dois anos não estão ainda estabelecidas. Contraindicações: Sensibilidade conhecida ao isofluorano ou a algum outro agente halogenado; Susceptibilidade genética suspeita ou conhecida à hipertermia maligna. O isofluorano aumenta consideravelmente o fluxo sanguíneo cerebral, com aumento transitório da pressão do liquor, que é totalmente reversível com hiperventilação. Efeitos Adversos: Reações adversas encontradas na administração de isofluorano são, em geral, extensões dose-dependente de efeitos farmacológicos incluindo depressão respiratória, hipotensão e arritmias. Calafrios, náuseas e vômitos têm sido observados no período pós-operatório. Assim como todos os anestésicos gerais, elevações transitórias na contagem dos glóbulos brancos têm sido observadas, mesmo na ausência de estresse cirúrgico. 22 Agente Farmacocinética Indicações Efeitos Adversos Metabolismo Excreção Halotano > 20% fígado 60-80% inalterado pulmonar; restante renal Anestesia geral Hipotermia, depressão cardiovascular, hipotermia, depressão respiratória, hipertermia maligna, e delírios; Metoxiflura no 50% fígado 35% inalterado pulmonar; restante renal Obstetrícia Idem Halotano Enflurano 2,5% fígado 85% inalterado pulmonar; restante renal Anestesia geral Idem Halotano Isofluorano < 1% fígado Quase totalmente inalterado pulmonar; <1% renal Anestesia geral Idem Halotano Desflurano < 0,2% fígado Praticamente pulmonar Rápida indução emergênci a Idem Halotano ANESTÉSICOS GERAIS INTRAVENOSOS Classificação: Barbitúricos Compostos Imidazólicos: Etomidato; Propofol. Derivados da Fenciclidina: Quetamina; Tiletamina. KETAMINA ou CETAMINA 23 A cetamina é um derivado do cloridrato de fenciclidina, sintetizado por Stevens em 1965 e tendo como principal uso a anestesiaem humanos e animais. É referida na literatura como “anestésico dissociativo”, devido a uma perda sensorial marcante e analgesia, assim como amnésia e paralisia do movimento, sem perda real da consciência, ocorrendo intensa sensação de dissociação do meio. A cetamina é usada no trauma e em procedimentos cirúrgicos de emergência, bem como na medicina. A principal desvantagem da droga é a ocorrência de delírios e comportamentos irracionais durante a recuperação, por isso seu uso é indicado em conjunção com um benzodiazepínico. Mecanismo de ação da Cetamina Estudos animais indicam que receptores glutamatérgicos do tipo N-metil-D- aspartato (NMDA) presentes no corno dorsal da medula têm um importante papel no mecanismo de sensibilização central. Antagonistas do receptor NMDA freiam a hiperatividade de neurônios do corno dorsal posterior à ativação prolongada de neurônios aferentes primários e inibem o comportamento nociceptivo induzido por lesões nos tecidos periféricos ou nervos. A cetamina atua em diversos receptores, como os muscarínicos e nicotínicos; os opioides mu, delta e Kappa; os monoaminérgicos e os canais de cálcio voltagem-dependente; como antagonista não competitivo, age na área fenciclidina do complexo canal-receptor N-metil-D-aspartato (NMDA). Bloqueia também os canais de sódio nos sistemas nervoso central e periférico. Efeitos Farmacológicos da Cetamina Estudos clínicos randomizados mostraram que a cetamina inibe a dor aguda causada por vários estímulos nocivos, incluindo isquemia, estímulos químicos, elétricos e calor, além de ser preferencialmente utilizada em procedimentos cirúrgicos associados à dor intensa e/ou à elevada ansiedade. 24 O bloqueio do receptor NMDA induzido pela cetamina também inibe a somação temporal de estímulos elétricos e mecânicos repetidos. Portanto, evidências clínicas sugerem que a cetamina inibe a sensibilização central. Além disso, estudos controlados também demonstraram que tal droga inibe de forma significativa a dor espontânea de pacientes com diferentes tipos de dor crônica, incluindo dor neuropática central e periférica, fibromialgia e dor isquêmica crônica. Essa droga também reduz alodinia em pacientes com dor neuropática. A cetamina não interfere com os reflexos da faringe e laringe e o tônus muscular permanece praticamente inalterado. Ocorre estimulação respiratória e cardiovascular e pode eventualmente haver depressão respiratória leve e de curta duração. O aumento da pressão intracraniana pode ser observado com seu uso. Efeitos Adversos da Cetamina Podem ser observados efeitos como: Alucinação; Anormalidade psíquica, comportamento irracional e confusão mental; Arritmia cardíaca; Aumento da pressão arterial e taquicardia; Contração da laringe; Depressão respiratória; Erupção na pele semelhante à rubéola; Falta de apetite; Movimentos involuntários rápidos dos olhos; Movimentos tônico-clônicos (movimentos musculares); Náuseas e vômitos; Parada temporária da respiração durante o sono (se for administrado muito rapidamente); Queda de pressão arterial e diminuição dos batimentos cardíacos (se usado com halotano); 25 Salivação excessiva, vermelhidão transitória e visão dupla. Atenção: reações psiquiátricas de emergência ocorrem em cerca de 12% dos pacientes 26 Uso da Cetamina como droga de abuso O uso de drogas psicotrópicas é universal, sendo comuns às mais diferentes culturas humanas. De acordo com o efeito provocado no sistema nervoso central, essas substâncias podem ser classificadas como, estimulantes, depressoras ou perturbadoras de seu funcionamento (alucinógenos). A cetamina, frequentemente disponível em festas, encontra-se com uma classificação duvidosa, pois sua apresentação como droga de abuso geralmente é associada a 3-4 metilenodioximetanfetamina (MDMA ou, como é popularmente conhecida, ecstasy). A forma de consumo mais comum é a inalatória; no entanto, a cetamina pode ainda se apresentar sob a forma líquida ou em comprimido, sendo injetada, deglutida ou fumada juntamente com maconha ou tabaco. Comumente, essa droga recebe nomes como “K”, “Special K”, “Vitamina K”, “Pó dos Anjos” etc., tendo meia-vida de aproximadamente duas horas. É um fármaco que atua sobre o sistema límbico e córtex cerebral, aumentando a excitação elétrica dessas regiões, além dos gânglios da base e hipocampo, causando elevação do tônus simpático. O mecanismo de ação da droga, como já descrito anteriormente, envolve a inibição do receptor NMDA, importante na neuroquímica do comportamento e informação sensorial. Muitos dos efeitos psicomiméticos dessa droga são transitórios, reversíveis e influenciados pelas condições de tempo, dose e administração. Doses baixas de cetamina, utilizadas pelos viciados, produzem melhora no humor e sintomas psiquiátricos como perda da realidade, despersonalização, alucinações visuais, sonhos prazerosos ou não, perda de atenção, de habilidade de aprendizado e de memória. Doses mais altas causam vômitos, fala arrastada, amnésia, redução da função motora, delírio com ou sem agitação psicomotora, movimentos tônico-clônicos, taquicardia ou bradicardia, hipotensão e depressão respiratória. Usuários de altas doses reportam experiências, como saída do próprio corpo ou proximidade à morte, igualmente distúrbios visuais ou flashbacks que podem durar dias ou semanas após a exposição. Os possíveis efeitos sobre a cognição ou psiquiátricos, produzidos pelo uso da droga em longo prazo, não foram suficientemente estudados em usuários Tolerância e dependência foram reportadas, mas estudos adicionais são necessários para se determinarem os sintomas da retirada e um tratamento eficaz para ela. 27 PROPOFOL O propofol foi introduzido na prática clínica em 1977 para uso exclusivo em anestesia como agente indutor por via venosa. O rápido despertar dos pacientes mesmo após infusões prolongadas chamou a atenção dos pesquisadores para outros usos fora da anestesia. Com o passar dos anos o fármaco foi tomando o lugar dos barbitúricos para sedar pacientes submetidos à ventilação mecânica em unidade de terapia intensiva, com a vantagem de conferir proteção encefálica aos pacientes hemodinamicamente instáveis. O propofol é um agente anestésico geral adequado para indução e manutenção de anestesia geral em procedimentos cirúrgicos em adultos e crianças a partir dos três anos de idade. Pode ser utilizado também para sedação de pacientes de UTI que estejam sendo ventilados, na manutenção de anestesia em conjunto com outros agentes, tais como, opioides e anestésicos inalatórios; como coadjuvante de anestésicos locais para sedação ou amnésia. É ao mesmo tempo usado em procedimentos que não exigem analgesia, como endoscopia. Normalmente são necessários outros agentes analgésicos suplementares à administração de Propofol. Essa droga é utilizada em associação à anestesia espinhal, peridural, com a medicação pré-anestésica comumente utilizada, com bloqueadores neuromusculares, agentes inalatórios e analgésicos e não apresentou nenhuma incompatibilidade farmacológica. Podem ser necessárias doses menores de Propofol quando a anestesia geral é usada em associação a técnicas anestésicas regionais. Mecanismo de Ação O propofol, 2,6 diisopropilfenol, é um composto químico relativamente insolúvel em água 3. É comercializado a 1% ou a 2% em emulsão leitosa branca contendo óleo de soja 10%, glicerol 2,25% e 1,2% de fosfato de ovos purificados. A presença de produtos orgânicos torna possível a contaminação da solução, porém a adição de EDTA trouxe mais segurança à sua administração. 28 O propofol possui mais de um mecanismo de ação proposto. Ele potencializaa ação inibitória central do ácido gama-aminobutírico (GABA) em seu receptor tipo A, bloqueia o canal iônico no tecido cortical cerebral e nos receptores nicotínicos centrais, e exerce efeito inibitório sobre a sinalização intracelular em receptores de mediadores lipídicos. Efeitos Farmacológicos Exerce ação depressora no sistema cardiovascular por ação direta e diminuição do tônus das catecolaminas além de inibir o barorreceptor. Tem ação depressora na musculatura lisa dos vasos e reduz a pré e a pós-carga. O propofol reduz a pressão intracraniana, bem como diminui o fluxo sanguíneo encefálico e o consumo metabólico de oxigênio cerebral com atividade protetora do sistema nervoso central. Porém também pode diminuir a pressão de perfusão encefálica por comprometimento hemodinâmico. Mantém a reatividade dos vasos cerebrais ao gás carbônico (CO2) e a autorregulação cerebral. As evidências mostraram que ele tem propriedades anticonvulsivantes, embora haja controvérsias quanto a isso. Ocorre depressão respiratória central, diminuição da resposta respiratória ao CO2 e hipóxia. Os pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica apresentam broncodilatação e não há inibição da vasoconstrição pulmonar hipóxica. A sua ação no sistema imune é controversa. Alguns autores sugeriram ação benéfica em pacientes com endotoxemia, porém outros mostraram diminuição da liberação da IL-8 com inibição do sistema imunológico. O propofol não contém conservantes antimicrobianos. Assim, pode apresentar desenvolvimento de micro-organismos por contaminação acidental. Imediatamente após a abertura da ampola, a aspiração do produto deve ser feita assepticamente para uma seringa estéril ou para o equipamento de infusão. A administração de propofol deve ser iniciada sem demora. Quaisquer drogas ou fluidos adicionados à infusão de propofol devem ser administrados próximos ao local da punção venosa. 29 Precauções quanto ao uso do Propofol Em pacientes epilépticos, pode haver risco de convulsão durante a fase de recuperação. Assim como no caso de outros agentes anestésicos intravenosos, deve-se tomar cuidado com pacientes que apresentem insuficiência cardíaca, respiratória, renal ou hepática, e com os hipovolêmicos ou debilitados. Propofol não tem atividade vagolítica e tem sido associado a relatos de bradicardia (ocasionalmente profunda) e assistolia. Deve-se considerar a administração intravenosa de um agente anticolinérgico antes da indução ou durante a manutenção da anestesia. Deve-se dispensar atenção especial aos pacientes com disfunções no metabolismo lipídico, como hiperlipoproteinemia primária, hiperlipidemia diabética e pancreatite. Caso se administre Propofol a pacientes que estejam sob o risco de acumular gordura, recomenda-se que os níveis sanguíneos de lipídios sejam controlados. A administração de Propofol deve ser ajustada adequadamente caso o controle indique que a gordura não está sendo bem eliminada. Se o paciente estiver recebendo concomitantemente outro lipídio por via intravenosa, sua quantidade deve ser reduzida, levando-se em consideração que a fórmula de Propofol contém lipídios (1 ml de Propofol contém 0,1 g de lipídios, ou seja, 1,1 Kcal). Recomenda-se cautela ao se administrar Propofol a pacientes geriátricos, debilitados e/ou hipovolêmicos porque eles podem requerer doses de indução e manutenção mais baixas. O uso de Propofol em bolus durante a anestesia geral ou sedação deve ser cauteloso a fim de minimizar depressão cardiorrespiratória indesejada, responsável por hipotensão, apneia, obstrução das vias aéreas e ou diminuição da saturação de oxigênio no sangue. Gravidez e lactação: o propofol não deve ser usado durante a gestação, pois atravessa a placenta e pode estar associado à depressão neonatal. Não deve ser usado para anestesia obstétrica. A segurança para o neonato, quando 30 do uso de Propofol em mulheres que estejam amamentando, não foi estabelecida. Efeitos Adversos I. Reações Gerais: Durante a indução da anestesia podem ocorrer hipotensão e apneia transitórias, dependendo da dose e do uso de medicação pré-anestésica e outros agentes. Ocasionalmente, a hipotensão pode requerer o uso de fluidos intravenosos e redução da velocidade de administração de Propofol durante o período de manutenção da anestesia. Movimentos epileptiformes, incluindo convulsões e opistótonos raramente ocorrem com o uso de Propofol. Durante a fase de recuperação, náusea, vômito e cefaleia foram relatados apenas em um pequeno número de pacientes. Edema pulmonar também foi observado. Houve relatos de febre pós-operatória. Assim como, com outros anestésicos, pode ocorrer desinibição sexual durante a recuperação. Podem ainda ocorrer hipertensão, mioclonia perioperatória, movimentos musculares involuntários temporários, cólicas abdominais, tosse, tontura, febre, rubor, soluços, depressão cardiovascular e depressão respiratória. II. Reações Locais: A dor local (sensação de ardência ou ferroada), que pode ocorrer durante a injeção intravenosa de Propofol pode ser minimizada pela coadministração de lidocaína (ver Administração) e pela infusão em vasos mais calibrosos do antebraço e da fossa antecubital. Trombose e flebite são ocorrências raras. Interações Medicamentosas: As necessidades de dose de indução de Propofol podem ser reduzidas em pacientes com pré-medicação via intramuscular ou intravenosa, especialmente com opioides (p. ex., morfina, meperidina, fentanil, etc.) e combinações de opioides e 31 sedativos (p. ex., benzodiazepínicos, barbitúricos, hidrato de cloral, droperidol, etc.). Esses agentes podem aumentar o efeito anestésico ou sedativo de Propofol, podendo também resultar em reduções mais acentuadas nas pressões arteriais sistólica, diastólica e média e no débito cardíaco. PROPOFOL: 97% de ligação a proteínas plasmáticas; Rápida indução e rápida recuperação; Mecanismo de ação: aumento da atividade do gaba; Pode ser usado em injeções contínuas ou doses repetidas; Não é analgésico; Grau de relaxamento muscular moderado; Grau de depressão do sistema respiratório semelhante aos barbitúricos; Queda de pressão arterial; Alto custo. 32 33 SÍNDROME DA INFUSÃO DO PROPOFOL É um conjunto de eventos adversos, quase sempre de evolução fatal, que ocorrem após infusão contínua de altas doses de propofol. Pode acometer a adultos e crianças, embora pareça ser mais relatada em crianças. As alterações clínicas e laboratoriais relacionadas com a síndrome são falência cardíaca, disritmias cardíacas, acidose metabólica, hipertrigliceridemia, rabdomiólise e insuficiência renal. Também ocorre infiltração de gordura no fígado nos pulmões e em outros órgãos. A biópsia muscular pode evidenciar áreas de necrose acompanhada de áreas em regeneração compatível com mionecrose. A fisiopatologia da SIP ainda não está totalmente esclarecida. Algumas teorias propostas são: inibição da atividade mitocondrial por redução da atividade da citocromo C oxidase e por falha na oxidação dos ácidos graxos, bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos e pela presença de um metabólito com efeito tóxico nos tecidos. Essa última hipótese não é aceita por todos os autores como plausível, pois já existem evidências de que os metabólitos conhecidos sejam desprovidos de atividade clinicamente significativa. As doses citadas na literatura como desencadeadoras da SIP são maiores que 5 mg.kg-1.h-1 por período superior a 48 horas. Embora essa seja a descrição clássica já foi relatado caso em adulto, com altas doses após 12 horas, caso em criança após seis horas e caso após quatro horas durante a anestesia após o uso acidental de 44,7 mg.kg-1.h-1 em uma criança de 6 meses. Osprincipais fatores de risco associados ao aparecimento da síndrome parecem ser a dose e o tempo de uso e, é possível, também a concentração da solução empregada. Recentemente o uso concomitante dos corticosteroides ou das aminas vasoativas com o propofol também têm sido implicado como fator predisponente. Os elevados níveis de catecolaminas têm sido relacionados com a disfunção ventricular que ocorreu em alguns casos. O tratamento da SIP é realizado com a suspensão imediata do fármaco, medidas de suporte e diálise. Quando a diálise não pode ser empregada, a mortalidade chega a 100%. Rev. Bras. Anestesiol. 2007; 57: 5: 539-542 Síndrome da Infusão do Propofol* Fabiano Timbó Barbosa 34 ETOMIDATO O etomidato é um hipnótico de curta duração para uso intravenoso e de ampla margem de segurança. Em níveis cerebrais adequados para produzir hipnose, apresenta propriedades anticonvulsivantes e protege o tecido cerebral das alterações celulares decorrentes de hipóxia ou anóxia. Entretanto, não produz efeitos analgésicos, o que impede seu uso sem associação com analgésicos. O etomidato é rapidamente metabolizado, principalmente no fígado. Portanto, a recuperação é rápida e raramente é acompanhada por sonolência e tonturas. O etomidato tem efeitos mínimos sobre a função cardíaca e a circulação sanguínea. Não promove a liberação de histamina e não exerce influência sobre a função hepática. O etomidato parece ser um inibidor reversível específico da 11-beta- hidroxilação da síntese de esteroides suprarrenais, assim, quando utilizado para indução de anestesia, produz uma redução do cortisol e da aldosterona plasmática, que permanecem suprimidas por 6 a 8 horas. As suas concentrações, usualmente, retornam aos níveis basais dentro de 24 horas. O etomidato é metabolizado no fígado. Após 24 horas, 75% da dose administrada de etomidato são eliminadas na urina como metabólitos. Somente 2% do etomidato é excretado pela urina sem modificação. Em um estudo conduzido com 12 crianças (idades entre 7 e 13 anos, peso corpóreo entre 22 e 48 kg), o volume inicial de distribuição ajustado ao peso foi 2,4 vezes maior que em adultos (0,66 vs 0,27 L/kg) e o clearance do fármaco em crianças foi aproximadamente 58 maior que em adultos. Estes dados sugerem a necessidade de utilização de doses maiores em crianças que em adultos. Tem sido relatado o prolongamento da meia-vida de eliminação em pacientes com cirrose hepática que receberam etomidato em associação com fentanil. Uma redução na velocidade de infusão deve ser considerada nestes pacientes. 35 36 ANESTÉSICOS LOCAIS Histórico: Séc. XIX: observação do hábito de mascar a folha de Coca nos Andes para indução de analgesia local; O primeiro anestésico local utilizado foi a Cocaína, isolada da folha da Coca, por Albert Niemann, na Alemanha, em 1860; A primeira utilização clínica: 1884 por Sigmund Freud; Foram Freud e Karl Kollar que primeiro relataram a ação anestésica da cocaína. Kollar introduziu a cocaína na clínica oftalmológica como anestésico ocular tópico; Em 1884, Dr. William Stewart Halsted foi o primeiro a descrever a injeção de cocaína para bloqueio de nervos sensoriais para indução de anestesia cirúrgica; 1905: substituto sintético – procaína. 37 Anestésicos locais são agentes capazes de interromper a dor em uma região específica do corpo sem induzir perda de concernência. O processo é completamente reversível – o agente não produz qualquer efeito residual sobre a fibra nervosa. Mecanismo de Ação dos Anestésicos Locais Os anestésicos locais interrompem a condução do estímulo nervoso por bloquear a condutância dos canais de sódio e consequentemente impedirem a deflagração do potencial de ação. A ligação dos anestésicos locais aos canais de sódio depende da conformação do canal, sendo, portanto um fenômeno voltagem dependente. A afinidade pela configuração fechada do canal é baixa, enquanto que a afinidade pela conformação inativada, não condutora, é extremamente favorável. A manutenção do canal nessa forma promove a estabilização da membrana. Quanto maior o número de canais na forma inativada houver, maior será a facilidade de bloqueio. Quanto maior a frequência de estímulos de uma fibra, mais canais se abrem, se fecham e se inativam. O bloqueio do canal de sódio é proporcional à frequência dos impulsos despolarizantes, que fazem com que mais canais inativados apareçam. Esse fenômeno é chamado de bloqueio uso ou frequência-dependente. Esse é um conceito importante, não só para se entender a instalação do bloqueio, mas também a ação tóxica do anestésico em outros órgãos, tais como o coração: ritmos rápidos, hipóxia e acidose, que despolarizam a membrana, favorecem a impregnação da fibra miocárdica pelo agente. Outra hipótese pela qual os anestésicos locais podem interromper a condutância ao sódio, independe de sua ligação com a estrutura proteica e hidrossolúvel do canal. Pode haver entrada do anestésico na parte lipídica da membrana, desorganizando e expandindo a matriz lipídica, obstruindo os canais por contiguidade. A maioria dos anestésicos locais age tanto por interação com os canais proteicos como por expansão da membrana celular. 38 Representação Esquemática dos Mecanismos de Ação dos Anestésicos Locais 39 Os Anestésicos Locais: FATORES QUE AFETAM A AÇÃO E POTÊNCIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Potência É a capacidade de a molécula interferir na estrutura e de inibir o funcionamento dos canais iônicos. Está relacionada com a ligação às proteínas e com a lipossolubilidade de um determinado composto. Quanto maior for à ligação às proteínas plasmáticas menor será a potência e a sua toxicidade; Quanto maior for à lipossolubilidade (coeficiente de partição), maior será a potência (melhor penetração); Atuam bloqueando a condução nervosa por bloquearem os canais de sódio nos nervos. O bloqueio da entrada de sódio para o interior da fibra nervosa impede a saída de íons potássio, com consequente inibição da despolarização do nervo. Os AL bloqueiam o início e a propagação dos potenciais de ação na fibra nervosa. Bloqueiam a condução nervosa em fibras de pequeno calibre (A e C) mais rapidamente que nas fibras grandes - logo a modalidade álgica é bloqueada mais facilmente que as demais !!!! 40 Quanto maior a fração não ionizada, maior é a facilidade de penetração na membrana, logo, maior potência (menor latência); Efeito do pKa O pKa é o pH onde um determinado fármaco encontra-se 50% em sua forma ionizada e 50% em sua forma não ionizada. Em valores acima de um determinado pKa, predominam as formas não ionizadas (apolares e lipofílicas) e abaixo deste valor, predominam as formas ionizadas (polares e hidrofílicas). Os anestésicos locais são bases fracas. São em regra, preparados na forma de sal de ácido clorídrico, melhorando a hidrossolubilidade e a estabilidade em meio aquoso. Uma vez injetado, é rapidamente neutralizado por tampões dos tecidos e uma fração iônica é convertida em base molecular não ionizada. A percentagem do fármaco convertida depende primariamente do pKa do anestésico local e do pH do tecido circundante. Somente a forma não ionizada pode se difundir rapidamente para o interior dos nervos (axoplasma). Quanto maior for a lipossolubilidade e o pKa, maior é a tendência para o anestésico se concentrar dentro do meio interno. Quanto mais lipofílico, melhor penetração, mais potência e menor tempo de latência. Se os metabólitos dos anestésicos forem ácidos fracos (pKa < 7) serão facilmente eliminados pelo rim, logo com menor toxicidade, menor duração e menor latência. Efeito do pHQuanto mais próximo do pKa de um determinado anestésico local for o pH do meio circundante, mais rápido será o início do efeito da droga. O processo inflamatório diminui pH tecidual (acidez deve-se ao uso das vias energéticas redutoras primitivas: acidose láctica), causando “aprisionamento” do anestésico no espaço extracelular, tornando a droga muito menos efetiva. 41 Coeficiente de partição Coloca-se o anestésico num meio com duas fases: aquosa e lipofílica; agita- se e mede-se a quantidade dissolvida. Este coeficiente vai nos informar sobre a maior, ou menor lipossolubilidade do anestésico. Quanto maior for à lipossolubilidade, mais curto será o período de latência (tempo decorrido entre administração e efeito). Duração do efeito de alguns anestésicos locais Agente Duração anestésica (minutos) 60-120 180-240 120-240 240-600 120-180 120-300 Lidocaína 2% Lidocaína 2% com noradrenalina 1:100.000 Prilocaína Bupivacaína 0,5% com noradrenalina 1:200.000 Mepivacaína 3% Mepivacaína 2% com levonordefrina 1:20.000 42 Relação Estrutura Atividade dos Anestésicos Locais Todos anestésicos locais são bases fracas, classificados como aminas terciárias. 1. Anel aromático: é a porção lipossolúvel da droga, responsável por sua penetração no nervo (Expansão). Entre os exemplos de radicais aromáticos estão o ácido benzoico (cocaína e benzocaína), o ácido para-aminobenzoico (PABA) (procaína e cloroprocaína) ou a xilidina (lidocaína e bupivacaína). O ácido para- aminobenzoico, sendo uma molécula pequena, pode funcionar como hapteno e determinar reações alérgicas. A xilidina praticamente não determina tais reações. 2. Cadeia intermediária: é o esqueleto da molécula do anestésico. Variações da cadeia intermediária levam a variações tanto da potência como da toxicidade dos anestésicos locais. 3. Grupo amina: é a porção ionizável da molécula, que vai sofrer a influência do pH do meio e, portanto, é a única que pode ser manipulada pelo anestesiologista. É ela que determina a velocidade de ação do anestésico local. De acordo com a natureza química da ligação entre o anel aromático e o grupamento amina, os anestésicos locais são divididos em dois grandes grupos: ésteres e amidas. Os ésteres são biotransformados rapidamente no plasma, pela colinesterase plasmática, enquanto que as amidas dependem de biotransformação pelos microssomos hepáticos. Ligação éster ou amida - relação com a farmacocinética e potência do AL, pode ser: Éster: AL é metabolizado pela colinesterase plasmática, drogas com meia vida curta. Ex: procaína e ametocaína; 43 Amida: metabolismo hepático - metabólitos ativos, drogas com meia vida mais longa. Cadeia lateral: é a porção do AL que penetra na fibra nervosa produzindo o bloqueio. Ésteres: Incluem: cocaína, procaína, tetracaína e cloroprocaína; São hidrolisados no plasma pela pseudocolinesterase; Um dos subprodutos do metabolismo é o ácido para-aminobenzoico (PABA), que pode comumente causar reações alérgicas; Interação com antibióticos (Sulfas). 11.. AAnneell aarroommááttiiccoo 22.. GGrruuppoo éésstteerr oouu aammiiddaa 33.. CCaaddeeiiaa ccaarrbbôônniiccaa 44.. GGrruuppoo aammiinnoo 44 Amidas: o Inclui: lidocaína, mepivicaína, prilocaína, bupivacaína e etidocaína; o São metabolizados no fígado, gerando compostos inativos; o Reações alérgicas são raras (especialmente com a lidocaína) Classificação dos anestésicos locais de acordo com a estrutura química ÉSTERES Cocaína Benzocaína Tetracaína Procaína Cloroprocaína Propoxicaína AMIDAS Lidocaína Mepivacaína Bupivacaína Ropivacaína Etidocaína Prilocaína Articaína 45 A estrutura dos anestésicos locais e suas propriedades físico-químicas são determinantes para sua potência e toxicidade. A solubilidade aquosa, por exemplo, é essencial para o transporte e ionização dos anestésicos locais, enquanto a lipossolubilidade garante que moléculas suficientes permaneçam nos axônios, mantendo a anestesia. Os anestésicos locais de uso clínico apresentam, em geral, toxicidade proporcional a sua potência, o que se interpõe na busca de compostos mais potentes. O desenvolvimento de novas formas farmacêuticas para os anestésicos locais é um desafio atual em odontologia. Em relação à anestesia tópica, formulações que facilitem a absorção dos anestésicos locais pelas mucosas, proporcionando anestesia mais profunda, maior intensidade e duração da anestesia são também de grande interesse clínico, pois procedimentos que demandam a anestesia infiltrativa poderiam ser realizados administrando-se um produto tópico, reduzindo-se o risco de traumas associados à anestesia injetável. Lipossomas são interessantes sistemas para a liberação controlada para anestésicos locais porque aumentam a biodisponibilidade dos compostos, reduzem sua toxicidade sistêmica e aumentam sua meia-vida in vivo. Vantagens semelhantes foram relatadas para o uso de ciclodextrinas, com anestésicos locais de baixa solubilidade aquosa e também com outras formulações como géis de uso tópico e, mais recentemente, polímeros. Atualmente projetos visam o desenvolvimento de formulações anestésicas de liberação controlada para uso clínico odontológico em carreadores como lipossomas, ciclodextrinas, géis e polímeros. O objetivo é o de aumentar a atividade farmacológica e reduzir a toxicidade sistêmica dos anestésicos locais, por intermédio do desenvolvimento de produtos finais aplicáveis em odontologia clínica. Sua potencialidade pode ser avaliada pela dimensão do mercado de anestésicos locais no Brasil, que movimenta cerca de R$ 30.000.000.000,00/ano segundo dados da Indústria Farmacêutica Nacional (2005). Destes, a venda de anestésicos locais de uso tópico, representa uma parcela de cerca de R$ 5 bilhões/ano, segundo estimativas sobre dados do IMS-Health-PMB de julho de 2004. Considerando que procedimentos odontológicos sejam responsáveis por 10-15% destes valores totais, é evidente que existe aplicabilidade para inovação neste setor. O desenvolvimento 46 de novas formulações farmacêuticas requer uma abordagem multidisciplinar, devido às diferentes etapas de formulação: preparo, caracterização, avaliação de estabilidade, escalonamento, ensaios pré-clínicos e clínicos, necessários até que se consiga utilizar uma nova formulação na terapêutica odontológica. Efeitos Colaterais dos Anestésicos Locais Intoxicação por Anestésicos locais Os sinais e sintomas típicos de intoxicação por anestésicos locais (AL) ocorrem no SNC e no sistema cardiovascular, sendo o primeiro o alvo das respostas tóxicas mais frequentes. Alterações precoces podem ser manifestadas como sintomas gustativos, auditivos, visuais, queda do nível de consciência, convulsões e coma, seguidos até mesmo por arritmias cardíacas, colapso cardiovascular e, eventual morte. 47 Em 1970, Lofstrom reportou numerosos casos fatais envolvendo superdosagem de anestésicos locais. Os casos envolvendo pequenas doses administradas durante tratamento odontológico eram, todavia, exceções. Em 1979, Albright demonstrou correlação entre toxicidade e longo tempo de ação e anestésicos locais altamente lipossolúveis (bupivacaína, etidocaína). De 49 casos fatais, 43 % envolviam a bupivacaína. Logo depois, o FDA (Food and Drug Administration, EUA) retirou de uso a bupivacaína a 0,75% e passou a recomendar administração mais cuidadosa desta droga. Desde então, a mortalidade associada ao uso deste fármaco declinou sensivelmente. Um dos principais mecanismos envolvidos na toxicidade dos AL é a elevação da concentração plasmática dessas drogas em um períodode tempo curto. Isto pode ocorrer por injeção intravascular inadvertida, absorção maior do que a esperada em certas vias, como nos bloqueios peridural e intercostal ou por doses excessivas. A via de administração, condições clínicas preexistentes (como a insuficiência hepática), condições fisiológicas (gravidez), idade, alterações do equilíbrio ácido-básico, alterações no estado de hidratação, etc., também podem predispor à intoxicação. Resumindo, sintomas de intoxicação por anestésicos locais geralmente ocorrem por um ou mais dos seguintes fatores: Dose excessiva; Absorção inesperadamente rápida; Injeção intravascular inadvertida; Queda de metabolização. 48 Lipossolubilidade A quantidade de anestésico local necessária para produzir toxicidade caminha paralelamente com a lipossolubilidade e a potência de uma determinada droga (ver tabela abaixo). Por causa da bicamada lipídica que constitui as membranas biológicas, quanto mais lipossolúveis é determinada droga, mais facilmente ela irá penetrar na célula e mais potente ela será. A toxicidade para o sistema nervoso central e o sistema cardiovascular é diretamente correlacionada com a potência do AL. Assim anestésicos locais menos lipossolúveis, como prilocaína, lidocaína e mepivacaína são menos tóxicos do que os que apresentam alta lipossolubilidade (bupivacaína, etidocaína). Ligação proteica A ligação proteica não é, em si, um fator importante na toxicidade do anestésico local. Todavia, quanto maior a ligação proteica, mais longa tende a ser a ação do anestésico local e, assim, seus efeitos tóxicos tendem a ser mais duradouros. Idade do Paciente A idade é um fator que conta principalmente nos seus extremos. Assim, pacientes idosos são mais sensíveis a intoxicação por anestésicos locais, porque a capacidade de metabolização e excreção está naturalmente diminuída. Idosos são mais susceptíveis a certas doenças e condições que também exigem uso mais criterioso dos anestésicos locais. Recém-nascidos têm fígados imaturos e acumulam essas drogas mais facilmente. Entretanto, a imaturidade do SNC e do sistema cardiovascular poderia proteger a população mais jovem contra a intoxicação por anestésicos locais. 49 Entretanto, autores sugerem que crianças jovens teriam um limiar para intoxicação por bupivacaína maior do que adultos. Quantidade de anestésico local necessária para causar toxicidade e sua correlação com lipossolubilidade e potência Agente Potência Lipossolubilidade Toxicidade Ésteres Procaína 1 1.7 1 Clorprocaína 1.5 n/a 0.5 Tetracaína 10 76 10 Amidas Lidocaína 2 43 2 Prilocaína 2 25 1 Mepivacaína 2 21 1,5 Etidocaína 4 800 4 Bupivacaína 4 346 4 Gravidez Muito embora a maioria dos dados sobre toxicidade de AL em grávidas venha de estudos em modelos animais, hoje existe certa tendência a considerar a gestante mais sensível à intoxicação por estes fármacos. Em estudo publicado em 2001, Santo e De Armas acharam que ovelhas grávidas são mais susceptíveis a desenvolverem quadros neurológicos do que populações não grávidas, entretanto isso não parece ser verdade quanto a efeitos cardiovasculares. 50 Deficiência na Pseudocolinesterase As colinesterases plasmáticas são enzimas produzidas pelo fígado, e são responsáveis pela hidrólise dos anestésicos locais do tipo éster (procaína, clorprocaína e tetracaína) e do relaxante muscular despolarizante succinilcolina. Deficiências hereditárias de colinesterases (por exemplo: pseudocolinesterase atípica) retardam a hidrólise das substâncias que dependem destas enzimas para sua metabolização, prolongando seus efeitos e aumentando em muito a chance de que se desenvolva um quadro de intoxicação. Outras causas de diminuição dos níveis ou da atividade dessas enzimas são gravidez, doença hepática e uso concomitante de certas medicações (ecotiofato, trimetafan e fenilzina. Nestas condições recomenda-se utilizar estas medicações com muito cuidado ou substituí-las por outras que não dependem das colinesterases para serem metabolizadas. Doenças Preexistentes Disfunção hepática prévia (ex: cirrose hepática) diminui a taxa de metabolização dos AL tipo amida, podendo predispor a quadros de intoxicação. Insuficiência renal pode levar a hipercalemia e acidose, ambas as condições que podem predispor ou agravar intoxicações por bupivacaína. Insuficiência cardíaca reduz o fluxo sanguíneo hepático, retardando a metabolização dos anestésicos locais tipo amida. Além disso, o miocárdio com menos reserva funcional pode não ser capaz de compensar efeitos deletérios comumente associados aos anestésicos locais, como vasodilatação periférica e cardiodepressão. Interações Medicamentosas 51 Além das drogas que alteram as funções das colinesterases, outras medicações que alteram as funções do sistema nervoso central e do sistema cardiovascular podem também abaixar o limiar de toxicidade dos anestésicos locais. Anestésicos locais, como lidocaína e procainamida, são administrados como antiarrítmicos em certos protocolos de reanimação cardiopulmonar (RCP). Pacientes que recebem esta classe de medicamentos e outros que são cardiodepressores têm uma diminuição da condução do impulso nervoso no tecido cardíaco. Assim sendo, uso concomitante de altas doses de anestésicos locais pode ter efeito aditivo no coração. Estas medicações incluem digitálicos (ex.: digoxina), Beta-bloqueadores (ex.: atenolol e propranolol), bloqueadores de canal de cálcio (ex.: nifedipina, diltiazen e verapamil), mexiletina e amiodarona). Outra observação deve ser feita em usuários de bloqueadores H2, especialmente no caso da cimetidina, que compete com os anestésicos locais pelo mesmo sítio de metabolização no fígado. O uso concomitante de cimetidina e anestésico local pode determinar diminuição da velocidade de metabolização hepática das amidas. Drogas depressoras do sistema nervoso central, como anticonvulsivantes e benzodiazepínicos diminuem a incidência de convulsões relacionadas a anestésicos locais, entretanto não alteram o limiar tóxico dos anestésicos locais sobre o sistema cardiovascular. Retardam ou eliminam o aparecimento de sinais e sintomas que normalmente nos alertam para níveis plasmáticos elevados de anestésicos locais; assim sendo, em pacientes pré-medicados com estes tipos de drogas, o risco de que o primeiro sinal de intoxicação por anestésicos locais seja um colapso cardiovascular severo é maior. Local de Administração O local de administração é muito importante quando falamos de doses tóxicas de anestésicos locais. Quando fazemos injeções intravenosas de anestésicos locais, atingimos rapidamente níveis séricos elevados e consequentemente, altas concentrações no SNC e no coração. Não há tempo para 52 que a metabolização (hepática ou plasmática) reduza o risco de intoxicação. Outros sítios muito vascularizados também trazem maior risco de intoxicação, como por exemplo, as mucosas, região sublingual e a via intercostal. Portanto, recomenda-se muito cuidado quando anestesiamos estas áreas. Velocidade de administração Da mesma forma que o sítio de injeção, a velocidade de administração cumpre papel fundamental na obtenção de limiares tóxicos para os anestésicos locais. Quanto menor a velocidade de administração, maior será a distribuição corpórea do anestésico local e maior fração do que foi absorvido para a corrente sanguínea será metabolizada, aumentando a segurança do fármaco. Metahemoglobinemia O único efeito colateral sistêmico associado com um anestésico local específico é o desenvolvimento de metahemoglobinemia seguindo-se à administração de grandes quantidades de prilocaína. Existe uma correlação entre dose de prilocaína administrada por via epidural e grau de metahemoglobinemia. Emgeral, doses acima de 600mg de prilocaína são necessárias para o desenvolvimento de metahemoglobinemia clinicamente significativa em pacientes adultos sem patologias prévias. O metabolismo hepático da prilocaína resulta na formação de ortotoluidina, que é a responsável pela oxidação da hemoglobina para metahemoglobina. A metahemoglobinemia associada ao uso de prilocaína é espontaneamente reversível na maioria dos casos, entretanto, nos casos mais graves ocorre cianose que não responde bem ao oxigênio. Nestes casos, a terapia de escolha é a Metahemoglob inainabinemia 53 administração endovenosa de azul de metileno, na esperança de deslocar a ortotoluidina da molécula de hemoglobina. A condição ganha importância com o uso de EMLA em pediatria. A mistura, que traz a prilocaína em sua fórmula, pode causar metahemoglobinemia, caso não se respeite as doses recomendadas. Toxicidade no SNC O sistema nervoso central é o alvo inicial para a toxicidade dos anestésicos locais. Os efeitos de anestésicos locais no sistema nervoso central são bifásicos (estimulação/depressão). Embora a maioria de sinais clínicos das ações tóxicas dos anestésicos locais no sistema nervoso central sejam estimulatórias, a causa fisiológica real é depressiva. O efeito estimulatório é o resultado indireto de uma depressão de centros inibitórios cerebrais. Esta estimulação generalizada do cérebro pode causar convulsões tônico-clônicas. Em níveis plasmáticos subtóxicos, entre 0.05 a 4mcg/ml de sangue, a lidocaína produz efeitos anticonvulsivantes e sedativos. Entre 4 a 7mcg/ml, uma estimulação suave do sistema nervoso central pode ser vista. Os sinais suaves representam depressão de centros cerebrais corticais mais elevados. A seguir, os centros cognitivos e do raciocínio são deprimidos. A dormência perioral que ocorre não é inteiramente uma manifestação central; pode representar o efeito direto do anestésico local sobre o tecido altamente vascularizado da cavidade oral. Acima de 7 mcg/ml observamos sintomas progressivamente mais graves. Se os níveis séricos de lidocaína alcançar 7.5 a 10mcg/ml, ocorrerão convulsões tônico-clônicas generalizadas. As convulsões são tipicamente de duração curta e autolimitadas. Entretanto, a parada respiratória é comum por causa da depressão do centro respiratório que acompanha a convulsão e a falta de “drive” respiratório. A progressão do quadro, com hipóxia, cianose e parada cardíaca é facilitada pela combinação deletéria de consumo aumentado de oxigênio, causado pelos movimentos convulsivos, e diminuição da oferta (depressão respiratória). 54 Potência Relativa - Toxicidade SNC Bupivacaína 4 L-Bupivacaína 2,9 Lidocaína 1,0 Ropivacaína 2,9 Em artigo de 2003, Moorthy e colaboradores descreveram uma série de casos de intoxicação por anestésicos locais que ocorreram em anestesia para cirurgia oftalmológica, com predominância de manifestações neurológicas e ocorrência de parada respiratória nas suas evoluções. Muito embora fossem casos graves, todos se recuperaram bem, frente a medidas de reanimação adequadas. O sistema cardiovascular é mais resistente aos níveis elevados de anestésicos locais. Doses subtóxicas de anestésicos locais demonstraram ações cardiodepressoras comparáveis ao antiarrítmico quinidina. Anestésicos locais produzem depressão direta do miocárdio, retardam a condução do impulso elétrico pelo nó atrioventricular (AV) e prolongam o período refratário. Lidocaína e o procainamida foram usados como antiarrítmicos por três décadas. A dose antiarrítmica inicial mínima de lidocaína recomendada pela American Heart Association é 1 a 1.5 mg/kg, que produz um nível sérico de 1.5 a 5 mcg/ml em um adulto médio de 70 kg. Em níveis acima de 5 mcg/ml, nota-se moderada ou severa depressão miocárdica. A bradicardia, as ações inotrópicas negativas e a vasodilatação periférica ocorrem progressivamente até um nível plasmático de 10 mcg/ml. Em níveis acima de 10 mcg/ml, a vasodilatação e a bradicardia severas conduzem a fibrilação ventricular e assistolia. Assistolia secundária a intoxicação por anestésicos locais é virtualmente irreversível. Numerosos casos de colapsos 55 cardiovasculares anestésico-induzidos foram relatados em seres humanos. A maioria desses achados ocorre com anestésicos locais potentes, altamente lipossolúveis e com ligação proteica alta. A bupivacaína, a etidocaína, e a tetracaína produziram efeitos depressores maiores em concentrações mais baixas do que lidocaína, mepivacaína ou prilocaína. Além disso, a bupivacaína é mais arritmogênica do que a lidocaína. A bupivacaína bloqueia o nodo sinoatrial (SA); prolonga o intervalo PR e induz um tipo mais reentrante de arritmia. Isto é devido ao fato de que a bupivacaína está ligada mais fortemente ao sítio do receptor dentro dos canais de sódio (fast in, slow out) do que a lidocaína (fast in, fast out); especialmente quando observamos o músculo cardíaco. Alguns experimentos mostram que a neurotoxicidade central dos anestésicos locais aumenta o tônus simpático sobre o coração, o que poderia ser a principal causa de arritmias cardíacas no indivíduo acordado e intoxicado por anestésicos locais. Pesquisadores estudaram a toxicidade cardiovascular relativa de anestésicos locais em cães e mostraram que a letalidade tinha correlação direta com as potências relativas das drogas. Demonstrou que a bupivacaína produziu o maior grau de hipotensão e colapso cardiovascular com dose letal mais baixa, seguido pela tetracaína e pela etidocaína. Lidocaína foi a mais segura, considerada a menos provável de induzir efeitos inotrópicos e cronotrópicos negativos. Ao contrário dos efeitos inotrópicos, o mecanismo exato da ação cronotrópica negativa é desconhecido. Especula-se, entretanto, que a diminuição na contratilidade miocárdica pode ser em razão ao bloqueio dos canais de sódio ou à liberação aumentada do cálcio. Estudos relataram que o efeito inotrópico negativo maior da bupivacaína está relacionado à quantidade da droga que se liga ao miocárdio. A lipossolubilidade menor da lidocaína impede uma concentração intracelular mais elevada da medicação e diminui desse modo, seu potencial inotrópico negativo. A ropivacaína é mais segura do ponto de vista cardiovascular do que a bupivacaína e também menos potente. Provoca alterações hemodinâmicas similares às causadas pela bupivacaína, mas altera menos a condução do impulso nervoso no 56 coração (QRS e Ventrículo). Entretanto, há relatos de paradas cardiorrespiratórias provocadas por este anestésico local na literatura, com evolução melhor do que as causadas com bupivacaína. LIPOTIMIA e ANESTÉSICOS LOCAIS Muitas complicações, observadas na prática odontológica são de base psicogênica, embora indiquem ser interpretadas como efeitos tóxicos. A lipotimia é o efeito psicogênico mais comum de origem vasomotor, e se constitui na complicação mais frequente da anestesia local em consultórios. A lipotimia é também conhecida por: desmaio, síncope psicogênica, síncope neurogênica e bradicardia atrial. Etiologia: Trata-se de um choque neurogênico causado por isquemia cerebral secundária e vasodilatação ou aumento da rede vascular periférica, com queda da pressão sanguínea correspondente. Na cadeira odontológica o cérebro do paciente está em posição superior, sendo mais suscetível a uma redução do volume sanguíneo. Fatores predisponentes: Psicogênicos: medo, ansiedade, estresse, situações desagradáveis, sustos, decepções, dor de qualquer natureza, visão de sangue e de instrumentos odontológicos (especialmente os cirúrgicos). 57 Não psicogênicos: cadeira odontológica com encosto ereto, hipoglicemia, excesso de temperatura, debilidade orgânica. Sinais e sintomas da lipotimia: Fase pré-sincopal:
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