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RESENHA Capítulo 3 LIVRO O ESPELHO DO MUNDO - Obra Cunha, Maria Clementina Pereira (1)

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RESENHA 
 Por Mislene Fernandes Santo, estudante de Psicologia na Universidade Italo. 
 Obra: Cunha, Maria Clementina Pereira. O Espelho do Mundo: Juquery, a história de 
um Asilo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. Capítulo 3: Do outro lado do espelho. 
 
1. Credenciais do autor 
Maria Clementina Pereira Cunha. 
 Nascida no Rio de Janeiro, em 1949, graduou-se em História pela Universidade de 
Brasília (1971) e obteve o título de Mestre (1976) e Doutora (1986) em História Social pela 
Universidade de São Paulo. Atualmente é professora associada (aposentada) da Universidade 
Estadual de Campinas (UNICAMP), onde mantém atividades junto ao programa de pós-
graduação. Sua área de pesquisa abrange temas relacionados à história social da cultura, 
especialmente manifestações coletivas como o carnaval ou as rodas de samba no Rio de 
Janeiro no início do século XX. Sua experiência inclui ainda um amplo elenco de temas 
relativos ao período, particularmente aqueles relacionados com a emergência de saberes e 
práticas disciplinares no início da República. 
 
2. Considerações da obra 
O Espelho do Mundo: Juquery, a história de um Asilo. 
Capítulo 3: Do outro lado do espelho. 
 O livro O espelho do Mundo: Juquery a história de um Asilo, capítulo 3: Do outro lado 
do espelho apresenta, através de relatos de médicos e pacientes, os motivos das internações 
na instituição. 
 A introdução a autora traz um história de um interno anônimo demonstrando a 
angústia de só poder sofrer e viver essa realidade pela eternidade. 
 A autora destaca que apesar de todos os intensos debates, sucessivos congressos e 
muitos artigos científicos, os médicos não obtiveram sucesso para responder do que se trata a 
loucura. Definiram a loucura pelas condições de inteligibilidade do paciente, atribuíram a 
manifestação das patologias mentais, desvios de comportamentos e do ajustamento social ou 
até mesmo a fraqueza de espírito. E sem essa resposta, como conseguir levar o paciente da 
doença para a cura? Cabe a competência do médico identificar a real necessidade da 
internação ou não, uma vez que a loucura tem um conceito escorregadio, de limites imprecisos 
e de natureza indefinível. 
 A autora adiciona que levavam os loucos por causa das normas sociedade ou devido 
falta do cumprimento dessas normas. Como as pessoas insubmissas, rebeldes até mesmo 
extravagantes que poderiam contaminar um ambiente com seus maus exemplos. O que a 
polícia ou a justiça não possuía lei para findar com o problema, a medicina mental se 
encarregava de ocupar esse espaço. Veja que o hospício surge como um método de 
disciplinarização e depois a própria rotina da instituição encarregava-se de torná-los realmente 
doentes. 
 Ainda se destaca que o Juquery constitui assim a instauração de um espaço médico 
para quem já não dispões de espaço social, ou para indivíduos por diversas razões incapazes 
de adaptação às disciplinas exigidas pela vida e pelo trabalho urbano. 
 De acordo com a idéia apresentada pela autora, vimos mais um episódio na história 
de como a falta de conhecimento de alguns pode maltratar tantos. Pessoas dominadas por 
suas certezas limitadas diagnosticava como loucos, não somente os que possuíam realmente a 
patologia, como os que não possuíam moral ou educação, ou simplesmente desobedeciam às 
regras determinadas pelos ditadores da lei. Bastava não seguir as normas da sociedade para 
ser internado como doente mental. Em uma época a onde tudo se considerava errado, 
inapropriado, pecado, nenhum hospício teria um porte adequado para aprisionar tantas 
pessoas. 
 Para demonstrar que a loucura era uma produção social, que representava algum 
tipo de solução para os problemas de organização do espaço urbano, o livro traz os seguintes 
relatos: Pacientes que mantinham criados particulares dentro do local, famílias que entregavam 
seus loucos com dor, mas também com um indisfarçável alívio, a história de Antônio que foi 
internado aos 21 anos devido as noitadas nos cassinos ao lado de mulheres mundanas, O 
Conde apaixonado que ao ser impedido de se casar com a mulher amada, foi internado pelo 
fato de se esforçar para entender o ocorrido, houve uma mulher que devido ter saído viajando 
com trajes masculinos, foi considera uma degenerada fraca de espírito e logo internada pelos 
policiais, Internaram Alice aos 12 anos de idade devido a vagabundagem e ao alcoolismo, 
outra mulher foi internada por estar solteira aos 30 anos de idade, demonstrando o indício certo 
de problemas. 
 Com base nas várias histórias repetidas sobre os loucos morais a autora mostra o 
objetivo do Juquery de limpar e moralizar a cidade. Dessa forma refletiriam uma sociedade 
perfeita e esconderiam a sujeira do outro lado do espelho. 
 
 
3. Considerações finais 
 
 A sociedade em que vivemos hoje, ainda julga e condena desqualificando as 
minorias, os diferentes. Mesmo com todas as histórias relatas, pessoas com pensamentos 
sentenciosos. Infelizmente pela falta de conhecimento "ignorância", ainda são difundidas como 
verdades e condenados. 
 Vimos em um pais diria um mundo com muitas polemicas e preconceitos, 
discriminações devido a cor da pele, condição financeira, sexo, local de nascimento, opção 
sexual, partido político, onde não respeita ás pessoas no geral. 
 Ao invés de conversar se condena. Qualquer tipo de preconceito aliado à falta de 
informação sobre qualquer assunto gera atrasos na evolução e mais um relato sobre os 
excessos cometidos. 
 Necessitamos aprender a respeitar as diferenças de comportamentos e de escolhas, 
pois só assim deixará de existir excluídos da sociedade, passando a exercer de forma plena e 
segura sua cidadania. 
 Reconhece-se que a sociedade brasileira vive hoje uma espécie de retrocesso em 
muitos aspectos, fazendo retornar, em diferentes campos concepções conservadoras e 
incompatíveis com as políticas traçadas a partir da redemocratização do país. A perspectiva 
higienista e excludente tem se tornado visível em muitos contextos, e tem sido amplamente 
sustentada pelos meios de comunicação e grande parte da sociedade, inclusive profissionais e 
executores de políticas públicas. 
 É preciso ter claro que a proposta de desconstrução do manicômio pressupõe muito 
mais do que a superação física do hospital psiquiátrico. Pressupõe também a mudança de 
mentalidade, a superação da lógica da exclusão que este aparato concentra na nossa cultura, 
no direito, no trabalho, na família e em toda a sociedade. 
 Nesse sentido, é necessário distinguirmos desospitalização e desinstitucionalização. 
Podemos até tirar os loucos dos manicômios, mas podemos mantê-los institucionalizados em 
um lugar social de menos valia, podemos mantê-los com o permanente rótulo da exclusão. 
 Dessa forma o espelho apenas refletirá sem a necessidade de esconder nada do 
outro lado. 
 
 
4. Referência 
 
* Obra Cunha, Maria Clementina Pereira. O Espelho do Mundo: Juquery, a história de um Asilo. 
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. Capítulo 3: Do outro lado do espelho. 
* Resenha modelo encaminhado pela Professora Francisca Edinete Nogueira de Sousa, para 
direcionamento. 
* https://www.cecult.ifch.unicamp.br/equipe/maria-clementina-pereira-cunha 
* https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
69092002000100010&lng=pt&nrm=iso&userID=-2 
* https://www.crmpr.org.br/Como-vivem-os-ultimos-pacientes-do-Juquery-11-52958.shtml 
* http://www.crpms.org.br/noticia/18-de-maio-a-dia-nacional-da-luta-
antimanicomial/763#.X6A1qhY4-Ec

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