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Métodos físicos e químicos de controle microbiano

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Samara Pires - MED25 
Bases da Microbiologia 
Controle de microrganismos (Tortora cap. 7) 
1. Métodos químicos de controle microbiano 
● Avaliando um desinfetante 
- Teste da diluição de uso → cilindros metálicos ou de vidro são mergulhados                         
em culturas padronizadas das bactérias-teste cultivadas em meio líquido,                 
removidas e secas a 37°C por um breve período. As culturas secas são, então,                           
colocadas em uma solução do desinfetante na concentração recomendada                 
pelo fabricante e deixadas por 10 minutos a 20°C. Após essa exposição, os ci-                           
lindros são transferidos a um meio que permitirá o crescimento de quaisquer                       
bactérias sobreviventes. A efetividade do desinfetante pode, então, ser                 
determinada pelo número de culturas que se desenvolverem; 
- Método de discodifusão → um disco de papel filtro é embebido em um                         
produto químico e colocado em uma placa de ágar que foi previamente                       
inoculada e incubada com o organismo-teste. Se o produto é eficaz, uma                       
zona clara que representa a inibição do crescimento poderá ser vista em                       
torno do disco; 
● Tipos de desinfetantes 
- Fenol e compostos fenólicos​: o fenol raramente é utilizado como antisséptico                     
ou desinfetante devido ao odor desagradável e à irritação da pele; 
→ Os compostos fenólicos têm uma molécula de fenol que foi quimicamente                       
alterada para reduzir suas propriedades irritantes ou aumentar a atividade                   
antibacteriana combinada com sabão e detergente; 
→ Atuação: os compostos fenólicos lesam as membranas plasmáticas                 
lipídicas, resultando em vazamento do conteúdo celular; 
Samara Pires - MED25 
→ São importantes na desinfecção de pus, saliva e fezes; 
→ Ex.: O-fenil-fenol (cresol: composto fenólico derivado do alcatrão). 
- Bisfenóis ​: derivados do fenol que contêm dois grupos fenólicos conectados                   
por uma ponte. Ex.: hexaclorofeno, triclosano (sabonetes antimicrobianos e                 
pasta de dente); 
→ Atuação: inibe a ação de uma enzima necessária para a síntese de lipídios.                           
É muito efetivo contra bactérias gram-positivas, mas também funciona                 
contra fungos e bactérias gram-negativas. 
- Biguanidas ​: possuem mecanismo de ação que afeta principalmente as                 
membranas celulares bacterianas, por isso são efetivas contra bactérias                 
gram-positivas, mas também contra gram-negativas (exceção das             
Pseudomonas​). Ex.: clorexidina (usada na escovação cirúrgica) e alexidina. 
- Halogênios ​: o iodo é eficaz contra todos os tipos de bactérias, muitos                       
endósporos, vários fungos e alguns vírus. Geralmente, está presente como                   
iodóforo (combinação de iodo e de uma molécula orgânica). O cloro é                       
amplamente utilizado e possui ação germicida pelo ácido hipocloroso ou                   
hipoclorito (HOCl), que se forma quando o cloro é adicionado à água e atua                           
como agente oxidante do sistema enzimático celular. 
→ Derivados: hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio, dióxido de cloro                     
(usado como desinfetante de superfície, pode ser empregado como                 
antisséptico em baixas concentrações), cloraminas (cloro + amônia; são                 
menos eficazes que o hipoclorito). 
- Álcoois ​: destroem efetivamente bactérias e fungos, mas não endósporos e                   
vírus não envelopados. Geralmente desnatura proteínas, mas pode romper                 
membranas e dissolver lipídios, como o componente lipídico dos vírus                   
envelopados. Eles não são antissépticos satisfatórios quando aplicados em                 
feridas, pois coagulam uma camada de proteína sob a qual as bactérias                       
continuam a crescer. 
→ Etanol e Isopropanol: a concentração ótima recomendada de etanol é a                       
de 70%, pois a desnaturação requer água, então um composto 100% é                       
ineficaz. 
- Metais pesados e seus compostos​: ex.: prata, mercúrio e cobre. Mesmo em                       
pequenas concentrações, exercem atividade antimicrobiana (ação           
oligodinâmica), desnaturando proteínas. 
→ Derivados: sulfadiazina de prata (combinação de prata + fármaco                   
sulfadiazina) é um creme tópico para queimaduras; ​Surfacina               
(antimicrobiano que contém iodeto de prata solúvel em água impregnada                   
em um polímero carreador); sulfato de cobre (algicida: destrói algas verdes                     
em reservatórios, tanques e piscinas); cloreto de zinco (presente em soluções                     
enxaguatórias bucais). 
Samara Pires - MED25 
 
● Agentes de superfície ou surfactantes 
- Sabões e detergentes​: o sabão é importante para a remoção mecânica dos                       
microrganismos pelo ato de esfregar. Ele emulsifica (rompe o filme oleoso                     
em gotículas pequenas) e, com a água, remove o óleo e os resíduos para                           
longe.  
- Sanitizantes ácido-aniônicos​: combinações de ácido fosfórico com um               
agente de superfície → a porção carregada negativamente (ânion) reage                   
com a membrana plasmática, exercendo uma ação rápida e não corrosiva. 
- Compostos quaternários de amônio ou quats​: são detergentes catiônicos                 
(NH₄⁺) mais efetivos contra bactérias gram-positivas e menos efetivos contra                   
bactérias gram-negativas, além de serem fungicidas, amebicidas e virucidas                 
contra vírus envelopados. No entanto, não destroem endósporos nem                 
micobactérias. A capacidade desinfetante dos quats é reduzida pela                 
presença de material orgânico (ex.: chumaço de algodão). Sua atuação é na                       
membrana plasmática → alteram a permeabilidade e causam a perda de                     
constituintes essenciais. 
- Conservantes químicos de alimentos​: frequentemente, são adicionados aos               
alimentos para retardar a deterioração. Ex.: dióxido de enxofre (SO₂) na                     
fabricação de vinho, benzoato de sódio, ácido sórbico e propionato de cálcio.                       
Esses dois últimos são especialmente importantes como fungicidas. O nitrito                   
e o nitrato de sódio são utilizados em produtos derivados de carne e são                           
importantes na prevenção do botulismo. 
- Antibióticos ​: a nisina é adicionada ao queijo para inibir o crescimento de                       
bactérias que formam endósporos e que causam deterioração. A nisina é                     
uma bacteriocina, porque é produzida por uma bactéria para inibir as outras                       
→ é insípida, facilmente digerida e atóxica. 
- Aldeídos ​: estão entre os antimicrobianos mais efetivos, como o formaldeído e                     
o glutaraldeído. Eles inativam proteínas e formam ligações cruzadas                 
covalentes com diversos grupos funcionais orgânicos. O glutaraldeído e a                   
formalina (solução aquosa de gás de formaldeído) são utilizados por agentes                     
funerários para embalsamar. 
- Esterilização química ​: quimioesterilizantes gasosos na câmara de autoclave               
→ óxido de etileno: realiza alquilação, isto é, substitui os átomos de                       
hidrogênio lábeis (que se destacam) das proteínas de um determinado grupo                     
químico por um radical químico, inibindo as funções celulares vitais. Ele                     
destrói todos os microrganismos e endósporos, mas requer período deexposição prolongada de várias horas. Outro quimioesterilizante é o dióxido                   
de cloro → utilizado no tratamento de água e na fumigação de ambientes                         
fechados com endósporos de antraz. 
Samara Pires - MED25 
- Plasma (4º estado da matéria)​: possui muitos radicais livres, que destroem                     
microrganismos formadores de endósporos. O plasma é caracterizado pela                 
excitação de um gás, originando uma mistura de núcleos com cargas                     
elétricas variáveis e elétrons livres. 
- Fluidos supercríticos ​: combinação de métodos físicos e químicos → gases são                     
comprimidos para atingirem o estado supercrítico, em que há propriedades                   
de líquido e de gás. Conseguem inativar organismos vegetativos e                   
endósporos a cerca de 45º C. 
- Peroxigênios e outras formas de oxigênio​: o peroxigênio desinfeta objetos                   
inanimados e apresenta efeito esporocida quando em concentrações               
elevadas. Utilizado na indústria de alimentos no empacotamento asséptico,                 
além da limpeza de lentes e de quartos de hospital (forma gasosa e                         
aquecida). O ácido peracético possui um modo de ação similar ao do                       
peróxido de hidrogênio, mas não deixa resíduos tóxicos (apenas água e                     
pequenas quantidades de ácido acético). Por fim, o ozônio é frequentemente                     
utilizado em suplementação à cloração na desinfecção da água. 
 
2. Terminologia do controle microbiano 
● Esterilização ​: é a remoção ou destruição de todas as formas de vida                       
microbiana. No entanto, os príons são altamente resistentes a todos os                     
modos de esterilização. 
- A esterilização em geral considera a ausência de príons. 
- Esterilização comercial: é a aplicação de calor para destruir endosporos de                     
Clostridium botulinum​, que podem produzir uma toxina mortal. Os                 
endosporos mais resistentes de bactérias termófilas podem sobreviver. 
- Ex.: óxido de etileno, vapor sob pressão. 
● Desinfecção ​: controle voltado para a destruição de micro-organismos               
nocivos, geralmente na forma vegetativa (não formadores de esporos), que                   
não é o mesmo que esterilidade completa. 
- Usa métodos físicos ou químicos. 
● Antissepsia ​: tratamento de desinfecção aplicado aos tecidos vivos. 
● Degerminação​: usada em injeções → remoção mecânica da maioria dos                   
micro-organismos de uma área limitada, em vez da morte. 
● Sanitização ​: tratamento destinado a reduzir as contagens microbianas nos                 
utensílios alimentares a níveis seguros de saúde pública. Ex.: lavagem dos                     
talheres em restaurantes. 
● Outros termos: um agente que termina em -stático ou -stase busca                     
reduzir/inibir o crescimento e a multiplicação dos micro-organismos. A sepse                   
indica contaminação bacteriana, por isso uma superfície asséptica é aquela                   
livre de contaminação significativa. 
Samara Pires - MED25 
 
 
3. Ações do controle microbiano 
● Alteração da permeabilidade da membrana ​: provoca o extravasamento do                 
conteúdo celular no meio e interfere no crescimento da célula; 
● Danos às proteínas e aos ácidos nucleicos​: prejudica a síntese de enzimas, o                         
sítio ativo delas e as estruturas secundária e terciária das proteínas, como as                         
ligações de hidrogênio e as ligações covalentes, que estão sujeitas ao                     
rompimento pelo calor ou por produtos químicos → desnaturação. 
 
4. Métodos físicos de controle microbiano 
● Calor ​: mata os micro-organismos pela desnaturação das enzimas,               
resultando em mudanças na forma tridimensional das proteínas. Fazer                 
análise de temperatura e de tempo; 
- Ponto de morte térmica (PMT)​: menor temperatura em que todos os                     
micro-organismos em uma suspensão líquida específica são mortos em 10                   
minutos; 
- Tempo de morte térmica (TMT) ​: tempo requerido para o material se tornar                       
estéril → tempo mínimo em que todas as bactérias em uma cultura específica                         
serão mortas em uma dada temperatura; 
- Tempo de redução decimal (TMD ou valor D)​: tempo, em minutos, em que                         
90% de uma população de bactérias, em uma dada temperatura, serão                     
mortas.  
- Calor úmido ​: mata os micro-organismos por desnaturação (coagulação               
proteica) → ruptura de ligações de hidrogênio. Ex.: fervura (mata formas                     
vegetativas de bactérias, quase todos os vírus, os fungos e seus esporos),                       
embora nem sempre seja confiável. 
- Autoclave ​: temperaturas elevadas de vapor sobre pressão. É o método                   
preferido de sanitização, no entanto não elimina os príons, exceto se for                       
associada a uma solução de NaOH e de uma temperatura de 134ºC. Quanto                         
maior a pressão em uma autoclave, maior a temperatura (mesmo efeito da                       
panela de pressão quando se faz uma compota) → sob temperatura de 121ºC                         
todos os organismos serão mortos, com exceção dos príons. A autoclave                     
deve ser utilizada com materiais que suportam alta pressão e alta                     
temperatura. 
Obs.: folhas de papel alumínio não são afetadas pelo vapor, por isso não devem ser                             
utilizadas para embalar materiais que serão esterilizados. Não deve-se deixar ar                     
aprisionado no fundo dos recipientes, pois o vapor não atingirá a área por ser mais                             
leve que o ar. Assim também, é preciso remover todo o ar pela válvula de autoclave. 
Samara Pires - MED25 
- Pasteurização ​: aquecimento que previne a deterioração dos alimentos.               
Tomar cuidado com alimentos gordurosos, pois os lipídios podem ter efeito                     
protetor sobre os micro-organismos. 
→ Pasteurização do leite: temperatura mínima de 72º C por 15 segundos                       
(Pasteurização de alta temperatura e curto tempo ou HTST); 
→ Tratamentos de temperatura ultraelevada (UHT): NÃO é pasteurização.                 
Nesse caso, o leite/suco é aspergido em uma câmara de vapor sob alta                         
temperatura. As gotículas têm elevada superfície de contato, então são                   
aquecidas pelo vapor e as temperaturas são alcançadas quase que                   
instantaneamente. Posteriormente, o fluido é resfriado em uma câmara de                   
vácuo. 
Obs.: quanto maior é a temperatura, menos tempo é necessário para matar o                         
mesmo número de micro-organismos. 
- Calor seco ​: mata por efeito de oxidação. Ex.: chama direta (laboratório,                     
quando se esteriliza alças de inoculação), incineração. 
● Filtração​: é a passagem de um líquido ou gás por uma espécie de tela, com                             
poros suficientes para reter micro-organismos. Ela é importante para                 
esterilizar materiais sensíveis ao calor, como vacinas, enzimas e meios de                     
cultura. Ex.: filtros de membrana de polímeros plásticos ou de ésteres de                       
celulose. Alguns filtros podem inclusive reter vírus. 
● Baixas temperaturas ​: a refrigeração comum (0º a 7ºC) tem efeito                   
bacteriostático ​, pois reduz o metabolismo dos micro-organismos ao ponto de                   
impedi-los de se reproduzir ou de secretar toxinas. O congelamento lento é                       
mais nocivo às bactérias, pois os cristais de gelo crescem e rompem aestrutura celular e molecular bacteriana. O descongelamento (que já é lento)                     
é a parte mais prejudicial do ciclo congelamento-descongelamento. 
● Alta pressão ​: resulta em rápida inativação das células bacterianas                 
vegetativas, enquanto os endosporos são relativamente resistentes à alta                 
pressão, mas podem ser mortos se combinar ciclos de alta pressão e de alta                           
temperatura. 
● Dessecação ​: é a ausência de água → micro-organismos não podem se                     
reproduzir ou crescer, mas podem permanecer viáveis por anos na                   
dessecação. Os vírus geralmente são resistentes à dessecação, porém não                   
mais que os endosporos bacterianos. A capacidade de sobreviver ao                   
ressecamento varia de espécie para espécie. 
● Pressão osmótica​: uso de altas concentrações de sais e de açúcar para                       
conservar o alimento. Isso cria um ambiente hipertônico que ocasiona a                     
saída de água da célula microbiana (como se fosse dessecação). 
Samara Pires - MED25 
- Em geral, os fungos e os bolores têm maior capacidade de crescer em                         
materiais com baixa umidade e altas pressões osmóticas em relação às                     
bactérias. 
● Radiação ​: a ionizante destrói o DNA, a não ionizante provoca danos ao DNA. 
- Ionizante (comprimento de onda menor que 1 nm): raios gama, raios X ou                         
feixes de elétrons de alta energia → possuem um comprimento de onda mais                         
curto que o da radiação ionizante, então transportam muito mais energia.                     
Os feixes de elétrons penetram menos que os raios gama, mas necessitam                       
de menor tempo para esterilizar grande massas. 
→ Um efeito nocivo da radiação ionizante é a formação de radicais hidroxila                         
reativos que reagem com componentes orgânicos celulares, como o DNA, o                     
qual é vital para a célula. 
- Não ionizante (comprimento de onda entre 1 nm e 380 nm): exemplo é a                           
radiação UV → causa danos às células ao atingir o DNA, produzindo ligações                         
entre as bases pirimídicas adjacentes (normalmente timinas), formando               
dímeros de timinas que inibem a replicação correta do DNA durante a                       
reprodução da célula. Os comprimentos de onda UV mais eficazes para                     
matar os micro-organismos são os de cerca de 260 nm; 
→ Desvantagem: a radiação UV não é muito penetrante, então os                     
organismos a serem mortos devem ser expostos diretamente aos raios.  
 
5. Características e controle microbiano 
● As bactérias gram-negativas são mais resistentes aos biocidas em relação às                     
gram-positivas, devido à parede celular lipopolissacarídica. 
● As micobactérias são outro grupo de bactérias não formadoras de esporos                     
que exibem uma resistência maior que o normal aos biocidas químicos. Ex.:                       
Mycobacterium tuberculosis​ → sua parede celular é rica em lipídios. 
● Micro-organismos ​resistentes a biocidas: endosporos bacterianos, cistos e               
oocistos dos protozoários e vírus que possuem envelope lipídico (os agentes                     
antimicrobianos lipossolúveis têm maior chance de eficácia contra vírus com                   
envelope lipídico). 
 
Manual da ANVISA 
1. Áreas dos serviços de saúde 
● Áreas críticas ​: possuem risco aumentado de transmissão de infecção, onde                   
se realizam procedimentos de risco, com ou sem pacientes ou onde se                       
encontram pacientes imunodeprimidos. Ex.: centro cirúrgico (CC), centro               
obstétrico (CO), UTI, laboratório de análises clínicas, unidade de queimados,                   
farmácia e área suja da lavanderia. 
Samara Pires - MED25 
● Áreas semicríticas ​: compartimentos ocupados com pacientes com doenças               
infecciosas de baixa transmissibilidade e com doenças não infecciosas. Ex.:                   
enfermarias e apartamentos, ambulatórios, banheiros, etc. 
● Áreas não-críticas​: áreas dos estabelecimentos assistenciais de saúde não                 
ocupadas por pacientes onde não se realizam procedimentos de risco. Ex.:                     
vestiário, copa, almoxarifados, etc. 
 
2. Métodos químicos de controle microbiano 
● Desinfetantes ​: utilizados para superfícies onde há matéria orgânica. 
● Classificação de produtos segundo a ANVISA 
- Risco 1: pH na forma pura entre 2 e 11,5, sendo necessária notificação junto à                             
ANVISA. 
- Risco 2: saneantes que têm pH na forma pura menor ou igual a 2 e maior que                                 
11,5 → produtos que tenham características de corrosidade, atividade                 
antimicrobiana, ação desinfetante, que sejam à base de micro-organismos                 
viáveis ou tenham, em sua fórmula, ácidos inorgânicos, como fluorídrico,                   
nítrico, sulfúrico ou seus sais. 
● Sabões e detergentes​: o sabão é fabricado a partir de sais alcalinos e de                           
ácidos graxos associados ou não a outros tensoativos, já o detergente                     
diminui a tensão superficial, pois tem um surfactante que modifica as                     
propriedades da água, emulsificando a sujidade. 
● Álcool ​: bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida (não é esporocida!!). 
- Mecanismo de ação: desnatura proteínas → é um solvente orgânico. 
- Desvantagens: inflamável, volátil, resseca plásticos, borracha e a pele. 
● Compostos fenólicos ​: bactericida, virucida, micobactericida e fungicida (não               
é esporocida!!). 
- Mecanismo de ação: rompe a parede das células e precipita as proteínas                       
celulares. Interfere no metabolismo da parede celular. 
- Desvantagens: com o uso repetido, pode causar despigmentação da pele e                     
hiperbilirrubinemia neonatal, além de ser poluente ambiental. 
Obs.: os compostos fenólicos sintéticos estão em desuso devido à toxicidade. 
● Compostos liberadores de cloro ativo 
- Inorgânicos: os mais utilizados são hipocloritos de sódio, de cálcio e de lítio.                         
São bactericidas, fungicidas, virucidas, tuberculicidas e esporicidas             
dependendo da concentração de uso. 
→ Desvantagens: instáveis (afetados pela luz solar, temperatura maior que                   
25º C e pH ácido), inativos na presença de matéria orgânica, pode causar                         
irritabilidade nos olhos e mucosas. 
- Orgânicos: bactericidas, virucidas, fungicidas, tuberculicidas e esporicidas             
dependendo da concentração de uso. 
Samara Pires - MED25 
● Compostos quaternários de amônio (quats) 
- Seu espectro de ação é de acordo com a concentração da fórmula do                         
composto, o tempo de exposição, o pH e a geração do composto. 
- Possui alta performance biocida e, geralmente, estão associados a                 
detergentes. 
- Mecanismo de ação: inativação de enzimas, desnaturação de proteínas e                   
quebra da membrana celular. 
- Desvantagens: podem ser inativados na presença de matéria orgânica,                 
sabões e tensoativos aniônicos. 
- Conforme evoluem as gerações de compostos quaternários de amônio, eles                   
apresentam melhor ação na presença de água dura, de matéria orgânica e                       
ação fúngica. 
● Monopersulfato de potássio 
- Ativo na presença de matéria orgânica e não corrosivo para metais; 
- Desvantagens: reduz de 2 a 3 vezes em proporção logarítmica a contagem                       
microbiana, mas só depois de 50 minutos em exposição de concentração 3%. 
● Biguanida polimérica (PHMB) ​: possui amplo espectro de ação, é bactericida evirucida, ativo em presença de matéria orgânica. Possui baixa corrosividade,                   
baixa toxicidade e baixa formação de espuma. 
- Mecanismo de ação: ruptura da membrana citoplasmática e precipitação de                   
substâncias celulares. 
● Glucoprotamina ​: não volátil, facilmente dissolvido em água, não               
teratogênico, não mutagênico, biodegradável, não corrosivo e não tóxico. 
- Mecanismo de ação: destruição da parede e membrana celular. 
- Podem ter efeito sinérgico com outros produtos, como os compostos                   
quaternários. 
● Oxidantes 
- Ácido peracético: desnatura proteínas, altera a permeabilidade da parede                 
celular, oxida as ligações sulfidril e sulfúricas. É efetivo na presença de                       
matéria orgânica, mas instável quando diluído, corrosivo para metais e reduz                     
atividade pela modificação do pH. 
 
3. Aspectos microbiológicos da pele 
● Estrutura básica da pele (da camada externa para a interna)​: estrato córneo,                       
epiderme, derme e hipoderme; 
● Microbiota transitória → coloniza a camada superficial da pele, sobrevive por                     
curto período de tempo e é possível de remoção pela higienização das mãos                         
com água e sabonete, por meio da fricção mecânica. 
- Consiste em microrganismos não-patogênicos ou potencialmente           
patogênicos, como bactérias, fungos e vírus, que raramente se multiplicam                   
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na pele. No entanto, alguns deles podem provocar infecções relacionadas à                     
assistência à saúde. 
● Microbiota residente → está aderida às camadas mais profundas da pele e é                         
mais resistente à remoção com água e sabonete. Pode ter um importante                       
papel como causa de infecção relacionada à assistência à saúde em UTIs e                         
em unidades com pacientes imunocomprometidos. Ex.: bacilos difteróides; 
● Microbiota infecciosa → microrganismos com patogenicidade comprovada             
que causam infecções específicas, como abscessos, paroníquia ou eczema                 
infectado nas mãos. Ex.: ​Staphylococcus aureus​. 
 
4. Controle da disseminação de microrganismos multirresistentes 
● Um microrganismo é considerado multirresistente quando apresenta             
resistência a duas ou mais classes de antimicrobianos. Ex.: cepas produtoras                     
de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL), bactérias gram-negativas               
resistentes aos carbapenens (ex.: ​Pseudomonas aeruginosa​). 
● Os microrganismos multirresistentes podem se tornar parte da microbiota                 
transitória da pele, sendo facilmente removidos pela higienização das mãos. 
- As mãos do profissional de saúde são a principal ponte entre o paciente                         
colonizado e aquele não colonizado por organismo multirresistente. Vários                 
surtos foram provocados por isso, como aqueles de bactérias                 
gram-negativas multirresistentes; 
- Não existe uma correlação direta entre a resistência bacteriana a                   
antibacterianos e resistência a antissépticos → apesar de resistentes aos                   
antibióticos, as bactérias podem permanecer sensíveis aos antissépticos               
utilizados para higienizar as mãos. 
Obs.: entretanto, os próprios antissépticos podem ser fontes de infecções quando                     
utilizados de forma inapropriada. 
 
5. Produtos utilizados na higienização das mãos 
● Higienização das mãos → reduz a transmissão de microrganismos e a                     
incidência de infecções preveníveis; 
● Três componentes básicos para reduzir a transmissão de microrganismos                 
pelas mãos → (1) agente tópico com eficácia antimicrobiana, (2)                   
procedimento adequado ao utilizá-lo (técnica adequada no tempo               
preconizado) e (3) adesão regular ao uso; 
● Sabonete comum 
- Não contém agentes antimicrobianos ou os contém em baixas                 
concentrações, funcionando apenas como conservantes; 
- Favorecem a remoção de sujeira, de substâncias orgânicas e da microbiota                     
transitória pela ação mecânica; 
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- A higienização simples das mãos com água e sabonete não constata nenhum                       
efeito sobre a microbiota residente da pele nas mãos. 
- Não devem ser aplicados nas mãos sabões e detergentes registrados na                     
Anvisa como saneantes. 
Obs.: os sabonetes não associados a antissépticos podem se contaminar, causando                     
a colonização das mãos dos profissionais de saúde com bactérias gram-negativas.                     
É importante, para o sabonete líquido, que os dispensadores sejam removidos para                       
serem submetidos à limpeza e secagem completa antes de serem preenchidos,                     
quando não forem descartáveis. 
● Agentes antissépticos ​: devem ter ação antimicrobiana imediata e efeito                 
residual ou persistente. Não devem ser tóxicos, alergênicos ou irritantes para                     
a pele. 
● Álcool ​: conforme a cadeia de carbono do álcool aumenta, menor a                     
solubilidade em água e maior é a atividade antimicrobiana. No entanto,                     
álcoois em alta concentração (maior que 80%) são menos potentes, pois a                       
ação de desnaturação proteica depende de água.  
- Álcoois mais comuns: etanol (mais utilizado no Brasil), isopropanol,                 
n-propanol. 
- Ação principal: desnaturação e coagulação das proteínas, além da ruptura                   
da integridade citoplasmática, a lise celular e a interferência no metabolismo                     
celular. 
- Em geral, apresentam rápida ação e excelente atividade bactericida e                   
fungicida em relação a todos os agentes utilizados na higienização das mãos.                       
Ex.: bactérias vegetativas gram-positivas e gram-negativas, incluindo             
patógenos multirresistentes, vários fungos, alguns vírus envelopados (HIV,               
herpes simples). No entanto, os álcoois têm pouca atividade contra esporos e                       
oocistos dos protozoários e não tem atividade residual apreciável, exceto                   
quando são adicionados à clorexidina ou triclosan, por exemplo. 
- As preparações alcoólicas não são apropriadas quando as mãos estão                   
visivelmente sujas ou contaminadas com material proteico. 
- Os álcoois são mais efetivos na higienização das mãos de profissionais de                       
saúde se comparados aos sabonetes comuns ou aos sabonetes associados a                     
antissépticos. Porém, se a quantidade de álcool aplicada for pequena, lavar                     
as mãos com sabonete comum é mais eficaz. 
- Importante → friccionar as mãos para garantir que todo o álcool tenha                       
evaporado, pois ele é um composto inflamável. 
- Estudos sugerem que as preparações alcoólicas podem perder eficácia                 
depois de 10 usos consecutivos. 
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● Clorexidina ​: gluconato de clorexidina (bis-biguanida catiônica) → a base                 
clorexidina é pouco solúvel em água, mas a forma digluconato é solúvel em                         
água. 
- Ação: ruptura da membrana citoplasmática → precipitação ou coagulação                 
de proteínas e de ácidos nucleicos. A atividade antimicrobiana é lenta nos                       
tecidos, mas é o produto que mais apresenta atividade residual dentre os                       
antissépticos disponíveis (+- 6h) . 
- Possui atividade contra bactérias gram-positivas, menor atividade contra               
gram-negativas e fungos, mínima atividade contra micobactérias e não é                   
esporicida. Suaatividade é menor para vírus não envelopados do que para                       
os envelopados. 
- A atividade é pouco afetada na presença de matéria orgânica, incluindo o                       
sangue. No entanto, como a clorexidina é catiônica, sua atividade pode ser                       
reduzida por sabonetes naturais e por agentes aniônicos. 
- Concentração ideal de clorexidina: 4%. Pode ser associada a sabonetes e                     
detergentes. 
● Iodóforos- PVPI (polivinilpirrolidona iodo) ​: são moléculas complexas             
compostas de iodo e de um polímero carreados, o polivinilpirrolidona, cuja                     
combinação aumenta a solubilidade de iodo e provê um reservatório desse                     
halogênio. A quantidade de iodo livre determina o nível de atividade                     
antimicrobiana. 
- Ação: o iodo penetra na parede celular e inativa células pela formação de                         
complexos com aminoácidos e ácidos graxos insaturados, prejudicando a                 
síntese proteica e alterando as membranas celulares. 
- Atividade ampla contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, bacilo               
da tuberculose, fungos, vírus e alguma atividade contra esporos, mas não                     
usualmente na concentração empregada para antissepsia. 
- O iodóforo é inativado na presença de matéria orgânica, como sangue e                       
escarro, e a atividade antimicrobiana pode ser afetada pelo pH, temperatura,                     
tempo de exposição, concentração/tipo de matéria orgânica e compostos                 
inorgânicos presentes. 
- Os iodóforos são menos irritativos que o iodo, mas causam mais deramtite                       
de contato do que outras soluções antissépticas comumente utilizadas. 
● Triclosan ​: derivado fenólico incolor, pouco solúvel em água, mas solúvel em                     
álcool e em detergentes aniônicos. 
- Ação: difunde-se na parede bacteriana, inibindo a síntese da membrana                   
citoplasmática, ácidos ribonucleico, lipídios e proteínas. 
- A atividade é maior contra bactérias gram-positivas do que contra bactérias                     
gram-negativas, particularmente a ​Pseudomonas aeruginosa ​, apresenta           
atividade contra micobactérias, mas é limitada contra fungos filamentosos. 
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- Apresenta efeito residual na pele como a clorexidina e é minimamente                     
afetada por matéria orgânica. 
- Concentração geralmente utilizada → 1%.

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