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Samara Pires - MED25 Bases da Microbiologia Controle de microrganismos (Tortora cap. 7) 1. Métodos químicos de controle microbiano ● Avaliando um desinfetante - Teste da diluição de uso → cilindros metálicos ou de vidro são mergulhados em culturas padronizadas das bactérias-teste cultivadas em meio líquido, removidas e secas a 37°C por um breve período. As culturas secas são, então, colocadas em uma solução do desinfetante na concentração recomendada pelo fabricante e deixadas por 10 minutos a 20°C. Após essa exposição, os ci- lindros são transferidos a um meio que permitirá o crescimento de quaisquer bactérias sobreviventes. A efetividade do desinfetante pode, então, ser determinada pelo número de culturas que se desenvolverem; - Método de discodifusão → um disco de papel filtro é embebido em um produto químico e colocado em uma placa de ágar que foi previamente inoculada e incubada com o organismo-teste. Se o produto é eficaz, uma zona clara que representa a inibição do crescimento poderá ser vista em torno do disco; ● Tipos de desinfetantes - Fenol e compostos fenólicos: o fenol raramente é utilizado como antisséptico ou desinfetante devido ao odor desagradável e à irritação da pele; → Os compostos fenólicos têm uma molécula de fenol que foi quimicamente alterada para reduzir suas propriedades irritantes ou aumentar a atividade antibacteriana combinada com sabão e detergente; → Atuação: os compostos fenólicos lesam as membranas plasmáticas lipídicas, resultando em vazamento do conteúdo celular; Samara Pires - MED25 → São importantes na desinfecção de pus, saliva e fezes; → Ex.: O-fenil-fenol (cresol: composto fenólico derivado do alcatrão). - Bisfenóis : derivados do fenol que contêm dois grupos fenólicos conectados por uma ponte. Ex.: hexaclorofeno, triclosano (sabonetes antimicrobianos e pasta de dente); → Atuação: inibe a ação de uma enzima necessária para a síntese de lipídios. É muito efetivo contra bactérias gram-positivas, mas também funciona contra fungos e bactérias gram-negativas. - Biguanidas : possuem mecanismo de ação que afeta principalmente as membranas celulares bacterianas, por isso são efetivas contra bactérias gram-positivas, mas também contra gram-negativas (exceção das Pseudomonas). Ex.: clorexidina (usada na escovação cirúrgica) e alexidina. - Halogênios : o iodo é eficaz contra todos os tipos de bactérias, muitos endósporos, vários fungos e alguns vírus. Geralmente, está presente como iodóforo (combinação de iodo e de uma molécula orgânica). O cloro é amplamente utilizado e possui ação germicida pelo ácido hipocloroso ou hipoclorito (HOCl), que se forma quando o cloro é adicionado à água e atua como agente oxidante do sistema enzimático celular. → Derivados: hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio, dióxido de cloro (usado como desinfetante de superfície, pode ser empregado como antisséptico em baixas concentrações), cloraminas (cloro + amônia; são menos eficazes que o hipoclorito). - Álcoois : destroem efetivamente bactérias e fungos, mas não endósporos e vírus não envelopados. Geralmente desnatura proteínas, mas pode romper membranas e dissolver lipídios, como o componente lipídico dos vírus envelopados. Eles não são antissépticos satisfatórios quando aplicados em feridas, pois coagulam uma camada de proteína sob a qual as bactérias continuam a crescer. → Etanol e Isopropanol: a concentração ótima recomendada de etanol é a de 70%, pois a desnaturação requer água, então um composto 100% é ineficaz. - Metais pesados e seus compostos: ex.: prata, mercúrio e cobre. Mesmo em pequenas concentrações, exercem atividade antimicrobiana (ação oligodinâmica), desnaturando proteínas. → Derivados: sulfadiazina de prata (combinação de prata + fármaco sulfadiazina) é um creme tópico para queimaduras; Surfacina (antimicrobiano que contém iodeto de prata solúvel em água impregnada em um polímero carreador); sulfato de cobre (algicida: destrói algas verdes em reservatórios, tanques e piscinas); cloreto de zinco (presente em soluções enxaguatórias bucais). Samara Pires - MED25 ● Agentes de superfície ou surfactantes - Sabões e detergentes: o sabão é importante para a remoção mecânica dos microrganismos pelo ato de esfregar. Ele emulsifica (rompe o filme oleoso em gotículas pequenas) e, com a água, remove o óleo e os resíduos para longe. - Sanitizantes ácido-aniônicos: combinações de ácido fosfórico com um agente de superfície → a porção carregada negativamente (ânion) reage com a membrana plasmática, exercendo uma ação rápida e não corrosiva. - Compostos quaternários de amônio ou quats: são detergentes catiônicos (NH₄⁺) mais efetivos contra bactérias gram-positivas e menos efetivos contra bactérias gram-negativas, além de serem fungicidas, amebicidas e virucidas contra vírus envelopados. No entanto, não destroem endósporos nem micobactérias. A capacidade desinfetante dos quats é reduzida pela presença de material orgânico (ex.: chumaço de algodão). Sua atuação é na membrana plasmática → alteram a permeabilidade e causam a perda de constituintes essenciais. - Conservantes químicos de alimentos: frequentemente, são adicionados aos alimentos para retardar a deterioração. Ex.: dióxido de enxofre (SO₂) na fabricação de vinho, benzoato de sódio, ácido sórbico e propionato de cálcio. Esses dois últimos são especialmente importantes como fungicidas. O nitrito e o nitrato de sódio são utilizados em produtos derivados de carne e são importantes na prevenção do botulismo. - Antibióticos : a nisina é adicionada ao queijo para inibir o crescimento de bactérias que formam endósporos e que causam deterioração. A nisina é uma bacteriocina, porque é produzida por uma bactéria para inibir as outras → é insípida, facilmente digerida e atóxica. - Aldeídos : estão entre os antimicrobianos mais efetivos, como o formaldeído e o glutaraldeído. Eles inativam proteínas e formam ligações cruzadas covalentes com diversos grupos funcionais orgânicos. O glutaraldeído e a formalina (solução aquosa de gás de formaldeído) são utilizados por agentes funerários para embalsamar. - Esterilização química : quimioesterilizantes gasosos na câmara de autoclave → óxido de etileno: realiza alquilação, isto é, substitui os átomos de hidrogênio lábeis (que se destacam) das proteínas de um determinado grupo químico por um radical químico, inibindo as funções celulares vitais. Ele destrói todos os microrganismos e endósporos, mas requer período deexposição prolongada de várias horas. Outro quimioesterilizante é o dióxido de cloro → utilizado no tratamento de água e na fumigação de ambientes fechados com endósporos de antraz. Samara Pires - MED25 - Plasma (4º estado da matéria): possui muitos radicais livres, que destroem microrganismos formadores de endósporos. O plasma é caracterizado pela excitação de um gás, originando uma mistura de núcleos com cargas elétricas variáveis e elétrons livres. - Fluidos supercríticos : combinação de métodos físicos e químicos → gases são comprimidos para atingirem o estado supercrítico, em que há propriedades de líquido e de gás. Conseguem inativar organismos vegetativos e endósporos a cerca de 45º C. - Peroxigênios e outras formas de oxigênio: o peroxigênio desinfeta objetos inanimados e apresenta efeito esporocida quando em concentrações elevadas. Utilizado na indústria de alimentos no empacotamento asséptico, além da limpeza de lentes e de quartos de hospital (forma gasosa e aquecida). O ácido peracético possui um modo de ação similar ao do peróxido de hidrogênio, mas não deixa resíduos tóxicos (apenas água e pequenas quantidades de ácido acético). Por fim, o ozônio é frequentemente utilizado em suplementação à cloração na desinfecção da água. 2. Terminologia do controle microbiano ● Esterilização : é a remoção ou destruição de todas as formas de vida microbiana. No entanto, os príons são altamente resistentes a todos os modos de esterilização. - A esterilização em geral considera a ausência de príons. - Esterilização comercial: é a aplicação de calor para destruir endosporos de Clostridium botulinum, que podem produzir uma toxina mortal. Os endosporos mais resistentes de bactérias termófilas podem sobreviver. - Ex.: óxido de etileno, vapor sob pressão. ● Desinfecção : controle voltado para a destruição de micro-organismos nocivos, geralmente na forma vegetativa (não formadores de esporos), que não é o mesmo que esterilidade completa. - Usa métodos físicos ou químicos. ● Antissepsia : tratamento de desinfecção aplicado aos tecidos vivos. ● Degerminação: usada em injeções → remoção mecânica da maioria dos micro-organismos de uma área limitada, em vez da morte. ● Sanitização : tratamento destinado a reduzir as contagens microbianas nos utensílios alimentares a níveis seguros de saúde pública. Ex.: lavagem dos talheres em restaurantes. ● Outros termos: um agente que termina em -stático ou -stase busca reduzir/inibir o crescimento e a multiplicação dos micro-organismos. A sepse indica contaminação bacteriana, por isso uma superfície asséptica é aquela livre de contaminação significativa. Samara Pires - MED25 3. Ações do controle microbiano ● Alteração da permeabilidade da membrana : provoca o extravasamento do conteúdo celular no meio e interfere no crescimento da célula; ● Danos às proteínas e aos ácidos nucleicos: prejudica a síntese de enzimas, o sítio ativo delas e as estruturas secundária e terciária das proteínas, como as ligações de hidrogênio e as ligações covalentes, que estão sujeitas ao rompimento pelo calor ou por produtos químicos → desnaturação. 4. Métodos físicos de controle microbiano ● Calor : mata os micro-organismos pela desnaturação das enzimas, resultando em mudanças na forma tridimensional das proteínas. Fazer análise de temperatura e de tempo; - Ponto de morte térmica (PMT): menor temperatura em que todos os micro-organismos em uma suspensão líquida específica são mortos em 10 minutos; - Tempo de morte térmica (TMT) : tempo requerido para o material se tornar estéril → tempo mínimo em que todas as bactérias em uma cultura específica serão mortas em uma dada temperatura; - Tempo de redução decimal (TMD ou valor D): tempo, em minutos, em que 90% de uma população de bactérias, em uma dada temperatura, serão mortas. - Calor úmido : mata os micro-organismos por desnaturação (coagulação proteica) → ruptura de ligações de hidrogênio. Ex.: fervura (mata formas vegetativas de bactérias, quase todos os vírus, os fungos e seus esporos), embora nem sempre seja confiável. - Autoclave : temperaturas elevadas de vapor sobre pressão. É o método preferido de sanitização, no entanto não elimina os príons, exceto se for associada a uma solução de NaOH e de uma temperatura de 134ºC. Quanto maior a pressão em uma autoclave, maior a temperatura (mesmo efeito da panela de pressão quando se faz uma compota) → sob temperatura de 121ºC todos os organismos serão mortos, com exceção dos príons. A autoclave deve ser utilizada com materiais que suportam alta pressão e alta temperatura. Obs.: folhas de papel alumínio não são afetadas pelo vapor, por isso não devem ser utilizadas para embalar materiais que serão esterilizados. Não deve-se deixar ar aprisionado no fundo dos recipientes, pois o vapor não atingirá a área por ser mais leve que o ar. Assim também, é preciso remover todo o ar pela válvula de autoclave. Samara Pires - MED25 - Pasteurização : aquecimento que previne a deterioração dos alimentos. Tomar cuidado com alimentos gordurosos, pois os lipídios podem ter efeito protetor sobre os micro-organismos. → Pasteurização do leite: temperatura mínima de 72º C por 15 segundos (Pasteurização de alta temperatura e curto tempo ou HTST); → Tratamentos de temperatura ultraelevada (UHT): NÃO é pasteurização. Nesse caso, o leite/suco é aspergido em uma câmara de vapor sob alta temperatura. As gotículas têm elevada superfície de contato, então são aquecidas pelo vapor e as temperaturas são alcançadas quase que instantaneamente. Posteriormente, o fluido é resfriado em uma câmara de vácuo. Obs.: quanto maior é a temperatura, menos tempo é necessário para matar o mesmo número de micro-organismos. - Calor seco : mata por efeito de oxidação. Ex.: chama direta (laboratório, quando se esteriliza alças de inoculação), incineração. ● Filtração: é a passagem de um líquido ou gás por uma espécie de tela, com poros suficientes para reter micro-organismos. Ela é importante para esterilizar materiais sensíveis ao calor, como vacinas, enzimas e meios de cultura. Ex.: filtros de membrana de polímeros plásticos ou de ésteres de celulose. Alguns filtros podem inclusive reter vírus. ● Baixas temperaturas : a refrigeração comum (0º a 7ºC) tem efeito bacteriostático , pois reduz o metabolismo dos micro-organismos ao ponto de impedi-los de se reproduzir ou de secretar toxinas. O congelamento lento é mais nocivo às bactérias, pois os cristais de gelo crescem e rompem aestrutura celular e molecular bacteriana. O descongelamento (que já é lento) é a parte mais prejudicial do ciclo congelamento-descongelamento. ● Alta pressão : resulta em rápida inativação das células bacterianas vegetativas, enquanto os endosporos são relativamente resistentes à alta pressão, mas podem ser mortos se combinar ciclos de alta pressão e de alta temperatura. ● Dessecação : é a ausência de água → micro-organismos não podem se reproduzir ou crescer, mas podem permanecer viáveis por anos na dessecação. Os vírus geralmente são resistentes à dessecação, porém não mais que os endosporos bacterianos. A capacidade de sobreviver ao ressecamento varia de espécie para espécie. ● Pressão osmótica: uso de altas concentrações de sais e de açúcar para conservar o alimento. Isso cria um ambiente hipertônico que ocasiona a saída de água da célula microbiana (como se fosse dessecação). Samara Pires - MED25 - Em geral, os fungos e os bolores têm maior capacidade de crescer em materiais com baixa umidade e altas pressões osmóticas em relação às bactérias. ● Radiação : a ionizante destrói o DNA, a não ionizante provoca danos ao DNA. - Ionizante (comprimento de onda menor que 1 nm): raios gama, raios X ou feixes de elétrons de alta energia → possuem um comprimento de onda mais curto que o da radiação ionizante, então transportam muito mais energia. Os feixes de elétrons penetram menos que os raios gama, mas necessitam de menor tempo para esterilizar grande massas. → Um efeito nocivo da radiação ionizante é a formação de radicais hidroxila reativos que reagem com componentes orgânicos celulares, como o DNA, o qual é vital para a célula. - Não ionizante (comprimento de onda entre 1 nm e 380 nm): exemplo é a radiação UV → causa danos às células ao atingir o DNA, produzindo ligações entre as bases pirimídicas adjacentes (normalmente timinas), formando dímeros de timinas que inibem a replicação correta do DNA durante a reprodução da célula. Os comprimentos de onda UV mais eficazes para matar os micro-organismos são os de cerca de 260 nm; → Desvantagem: a radiação UV não é muito penetrante, então os organismos a serem mortos devem ser expostos diretamente aos raios. 5. Características e controle microbiano ● As bactérias gram-negativas são mais resistentes aos biocidas em relação às gram-positivas, devido à parede celular lipopolissacarídica. ● As micobactérias são outro grupo de bactérias não formadoras de esporos que exibem uma resistência maior que o normal aos biocidas químicos. Ex.: Mycobacterium tuberculosis → sua parede celular é rica em lipídios. ● Micro-organismos resistentes a biocidas: endosporos bacterianos, cistos e oocistos dos protozoários e vírus que possuem envelope lipídico (os agentes antimicrobianos lipossolúveis têm maior chance de eficácia contra vírus com envelope lipídico). Manual da ANVISA 1. Áreas dos serviços de saúde ● Áreas críticas : possuem risco aumentado de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco, com ou sem pacientes ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. Ex.: centro cirúrgico (CC), centro obstétrico (CO), UTI, laboratório de análises clínicas, unidade de queimados, farmácia e área suja da lavanderia. Samara Pires - MED25 ● Áreas semicríticas : compartimentos ocupados com pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e com doenças não infecciosas. Ex.: enfermarias e apartamentos, ambulatórios, banheiros, etc. ● Áreas não-críticas: áreas dos estabelecimentos assistenciais de saúde não ocupadas por pacientes onde não se realizam procedimentos de risco. Ex.: vestiário, copa, almoxarifados, etc. 2. Métodos químicos de controle microbiano ● Desinfetantes : utilizados para superfícies onde há matéria orgânica. ● Classificação de produtos segundo a ANVISA - Risco 1: pH na forma pura entre 2 e 11,5, sendo necessária notificação junto à ANVISA. - Risco 2: saneantes que têm pH na forma pura menor ou igual a 2 e maior que 11,5 → produtos que tenham características de corrosidade, atividade antimicrobiana, ação desinfetante, que sejam à base de micro-organismos viáveis ou tenham, em sua fórmula, ácidos inorgânicos, como fluorídrico, nítrico, sulfúrico ou seus sais. ● Sabões e detergentes: o sabão é fabricado a partir de sais alcalinos e de ácidos graxos associados ou não a outros tensoativos, já o detergente diminui a tensão superficial, pois tem um surfactante que modifica as propriedades da água, emulsificando a sujidade. ● Álcool : bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida (não é esporocida!!). - Mecanismo de ação: desnatura proteínas → é um solvente orgânico. - Desvantagens: inflamável, volátil, resseca plásticos, borracha e a pele. ● Compostos fenólicos : bactericida, virucida, micobactericida e fungicida (não é esporocida!!). - Mecanismo de ação: rompe a parede das células e precipita as proteínas celulares. Interfere no metabolismo da parede celular. - Desvantagens: com o uso repetido, pode causar despigmentação da pele e hiperbilirrubinemia neonatal, além de ser poluente ambiental. Obs.: os compostos fenólicos sintéticos estão em desuso devido à toxicidade. ● Compostos liberadores de cloro ativo - Inorgânicos: os mais utilizados são hipocloritos de sódio, de cálcio e de lítio. São bactericidas, fungicidas, virucidas, tuberculicidas e esporicidas dependendo da concentração de uso. → Desvantagens: instáveis (afetados pela luz solar, temperatura maior que 25º C e pH ácido), inativos na presença de matéria orgânica, pode causar irritabilidade nos olhos e mucosas. - Orgânicos: bactericidas, virucidas, fungicidas, tuberculicidas e esporicidas dependendo da concentração de uso. Samara Pires - MED25 ● Compostos quaternários de amônio (quats) - Seu espectro de ação é de acordo com a concentração da fórmula do composto, o tempo de exposição, o pH e a geração do composto. - Possui alta performance biocida e, geralmente, estão associados a detergentes. - Mecanismo de ação: inativação de enzimas, desnaturação de proteínas e quebra da membrana celular. - Desvantagens: podem ser inativados na presença de matéria orgânica, sabões e tensoativos aniônicos. - Conforme evoluem as gerações de compostos quaternários de amônio, eles apresentam melhor ação na presença de água dura, de matéria orgânica e ação fúngica. ● Monopersulfato de potássio - Ativo na presença de matéria orgânica e não corrosivo para metais; - Desvantagens: reduz de 2 a 3 vezes em proporção logarítmica a contagem microbiana, mas só depois de 50 minutos em exposição de concentração 3%. ● Biguanida polimérica (PHMB) : possui amplo espectro de ação, é bactericida evirucida, ativo em presença de matéria orgânica. Possui baixa corrosividade, baixa toxicidade e baixa formação de espuma. - Mecanismo de ação: ruptura da membrana citoplasmática e precipitação de substâncias celulares. ● Glucoprotamina : não volátil, facilmente dissolvido em água, não teratogênico, não mutagênico, biodegradável, não corrosivo e não tóxico. - Mecanismo de ação: destruição da parede e membrana celular. - Podem ter efeito sinérgico com outros produtos, como os compostos quaternários. ● Oxidantes - Ácido peracético: desnatura proteínas, altera a permeabilidade da parede celular, oxida as ligações sulfidril e sulfúricas. É efetivo na presença de matéria orgânica, mas instável quando diluído, corrosivo para metais e reduz atividade pela modificação do pH. 3. Aspectos microbiológicos da pele ● Estrutura básica da pele (da camada externa para a interna): estrato córneo, epiderme, derme e hipoderme; ● Microbiota transitória → coloniza a camada superficial da pele, sobrevive por curto período de tempo e é possível de remoção pela higienização das mãos com água e sabonete, por meio da fricção mecânica. - Consiste em microrganismos não-patogênicos ou potencialmente patogênicos, como bactérias, fungos e vírus, que raramente se multiplicam Samara Pires - MED25 na pele. No entanto, alguns deles podem provocar infecções relacionadas à assistência à saúde. ● Microbiota residente → está aderida às camadas mais profundas da pele e é mais resistente à remoção com água e sabonete. Pode ter um importante papel como causa de infecção relacionada à assistência à saúde em UTIs e em unidades com pacientes imunocomprometidos. Ex.: bacilos difteróides; ● Microbiota infecciosa → microrganismos com patogenicidade comprovada que causam infecções específicas, como abscessos, paroníquia ou eczema infectado nas mãos. Ex.: Staphylococcus aureus. 4. Controle da disseminação de microrganismos multirresistentes ● Um microrganismo é considerado multirresistente quando apresenta resistência a duas ou mais classes de antimicrobianos. Ex.: cepas produtoras de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL), bactérias gram-negativas resistentes aos carbapenens (ex.: Pseudomonas aeruginosa). ● Os microrganismos multirresistentes podem se tornar parte da microbiota transitória da pele, sendo facilmente removidos pela higienização das mãos. - As mãos do profissional de saúde são a principal ponte entre o paciente colonizado e aquele não colonizado por organismo multirresistente. Vários surtos foram provocados por isso, como aqueles de bactérias gram-negativas multirresistentes; - Não existe uma correlação direta entre a resistência bacteriana a antibacterianos e resistência a antissépticos → apesar de resistentes aos antibióticos, as bactérias podem permanecer sensíveis aos antissépticos utilizados para higienizar as mãos. Obs.: entretanto, os próprios antissépticos podem ser fontes de infecções quando utilizados de forma inapropriada. 5. Produtos utilizados na higienização das mãos ● Higienização das mãos → reduz a transmissão de microrganismos e a incidência de infecções preveníveis; ● Três componentes básicos para reduzir a transmissão de microrganismos pelas mãos → (1) agente tópico com eficácia antimicrobiana, (2) procedimento adequado ao utilizá-lo (técnica adequada no tempo preconizado) e (3) adesão regular ao uso; ● Sabonete comum - Não contém agentes antimicrobianos ou os contém em baixas concentrações, funcionando apenas como conservantes; - Favorecem a remoção de sujeira, de substâncias orgânicas e da microbiota transitória pela ação mecânica; Samara Pires - MED25 - A higienização simples das mãos com água e sabonete não constata nenhum efeito sobre a microbiota residente da pele nas mãos. - Não devem ser aplicados nas mãos sabões e detergentes registrados na Anvisa como saneantes. Obs.: os sabonetes não associados a antissépticos podem se contaminar, causando a colonização das mãos dos profissionais de saúde com bactérias gram-negativas. É importante, para o sabonete líquido, que os dispensadores sejam removidos para serem submetidos à limpeza e secagem completa antes de serem preenchidos, quando não forem descartáveis. ● Agentes antissépticos : devem ter ação antimicrobiana imediata e efeito residual ou persistente. Não devem ser tóxicos, alergênicos ou irritantes para a pele. ● Álcool : conforme a cadeia de carbono do álcool aumenta, menor a solubilidade em água e maior é a atividade antimicrobiana. No entanto, álcoois em alta concentração (maior que 80%) são menos potentes, pois a ação de desnaturação proteica depende de água. - Álcoois mais comuns: etanol (mais utilizado no Brasil), isopropanol, n-propanol. - Ação principal: desnaturação e coagulação das proteínas, além da ruptura da integridade citoplasmática, a lise celular e a interferência no metabolismo celular. - Em geral, apresentam rápida ação e excelente atividade bactericida e fungicida em relação a todos os agentes utilizados na higienização das mãos. Ex.: bactérias vegetativas gram-positivas e gram-negativas, incluindo patógenos multirresistentes, vários fungos, alguns vírus envelopados (HIV, herpes simples). No entanto, os álcoois têm pouca atividade contra esporos e oocistos dos protozoários e não tem atividade residual apreciável, exceto quando são adicionados à clorexidina ou triclosan, por exemplo. - As preparações alcoólicas não são apropriadas quando as mãos estão visivelmente sujas ou contaminadas com material proteico. - Os álcoois são mais efetivos na higienização das mãos de profissionais de saúde se comparados aos sabonetes comuns ou aos sabonetes associados a antissépticos. Porém, se a quantidade de álcool aplicada for pequena, lavar as mãos com sabonete comum é mais eficaz. - Importante → friccionar as mãos para garantir que todo o álcool tenha evaporado, pois ele é um composto inflamável. - Estudos sugerem que as preparações alcoólicas podem perder eficácia depois de 10 usos consecutivos. Samara Pires - MED25 ● Clorexidina : gluconato de clorexidina (bis-biguanida catiônica) → a base clorexidina é pouco solúvel em água, mas a forma digluconato é solúvel em água. - Ação: ruptura da membrana citoplasmática → precipitação ou coagulação de proteínas e de ácidos nucleicos. A atividade antimicrobiana é lenta nos tecidos, mas é o produto que mais apresenta atividade residual dentre os antissépticos disponíveis (+- 6h) . - Possui atividade contra bactérias gram-positivas, menor atividade contra gram-negativas e fungos, mínima atividade contra micobactérias e não é esporicida. Suaatividade é menor para vírus não envelopados do que para os envelopados. - A atividade é pouco afetada na presença de matéria orgânica, incluindo o sangue. No entanto, como a clorexidina é catiônica, sua atividade pode ser reduzida por sabonetes naturais e por agentes aniônicos. - Concentração ideal de clorexidina: 4%. Pode ser associada a sabonetes e detergentes. ● Iodóforos- PVPI (polivinilpirrolidona iodo) : são moléculas complexas compostas de iodo e de um polímero carreados, o polivinilpirrolidona, cuja combinação aumenta a solubilidade de iodo e provê um reservatório desse halogênio. A quantidade de iodo livre determina o nível de atividade antimicrobiana. - Ação: o iodo penetra na parede celular e inativa células pela formação de complexos com aminoácidos e ácidos graxos insaturados, prejudicando a síntese proteica e alterando as membranas celulares. - Atividade ampla contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, bacilo da tuberculose, fungos, vírus e alguma atividade contra esporos, mas não usualmente na concentração empregada para antissepsia. - O iodóforo é inativado na presença de matéria orgânica, como sangue e escarro, e a atividade antimicrobiana pode ser afetada pelo pH, temperatura, tempo de exposição, concentração/tipo de matéria orgânica e compostos inorgânicos presentes. - Os iodóforos são menos irritativos que o iodo, mas causam mais deramtite de contato do que outras soluções antissépticas comumente utilizadas. ● Triclosan : derivado fenólico incolor, pouco solúvel em água, mas solúvel em álcool e em detergentes aniônicos. - Ação: difunde-se na parede bacteriana, inibindo a síntese da membrana citoplasmática, ácidos ribonucleico, lipídios e proteínas. - A atividade é maior contra bactérias gram-positivas do que contra bactérias gram-negativas, particularmente a Pseudomonas aeruginosa , apresenta atividade contra micobactérias, mas é limitada contra fungos filamentosos. Samara Pires - MED25 - Apresenta efeito residual na pele como a clorexidina e é minimamente afetada por matéria orgânica. - Concentração geralmente utilizada → 1%.
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