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GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 1 CONTROLE DO CRESCIMENTO MICROBIANO Por meio de Agentes Químicos; Por que controlar o crescimento microbiano? • Prevenção da transmissão de doenças; • Evitar a decomposição de alimentos; • Evitar a contaminação da água e do ambiente. Agentes físicos e químicos Objetivo: matar a célula microbiana, ou impedir a sua reprodução. Podemos prevenir de pegar doenças através do controle do crescimento microbiano, de ações que nos possibilitem não entrar em contato com o vírus, como lavar as mãos constantemente, usar álcool em gel, máscaras. No caso dos vírus, há a destruição da partícula viral ou o bloqueio da sua replicação. HIERARQUIA DA RESISTÊNCIA MICROBIANA Existem agentes infectivos/microbianos que são difíceis de serem destruídos, são mais resistentes à ação dos agentes físicos e, há aqueles que são facilmente destruídos. Nessa hierarquia, os príons (estruturas proteicas infecciosas) são as estruturas de maior dificuldade para destruição, uma vez que são proteínas muito resistentes à ação do calor, à ação dos agentes químicos e físicos. Em seguida, temos os endósporos bacterianos, que são àquelas estruturas de resistência da bactéria, são produzidas para garantir a sobrevivência da bactéria em ambientes não adequados e, apenas quando a bactéria estiver em condições adequadas, é que esse endósporo germinará e virá a ter uma célula vegetativa. Depois dos endósporos, há as micobactérias, e são chamadas assim pois apresentam sua parede celular revestida de ácido micólicos, que são substâncias lipídicas que geram maior resistência desta parede, que apresenta peptídeoglicano e ancorado nesta estrutura, há os ácidos micólicos externamente, que geram resistência à ação desses produto físicos e químicos. Dentre a família das micobactérias, têm duas espécies de grande relevância para a área da saúde: mycobacterium tuberculosis e a mycobacterium leprae. Em seguida, há os protozoázios, os cistos e formas vegetativas. Depois, Bactérias Gram-negativas, que V V MAIS RESISTENTE Príons; Endósporos; Micobactérias; Cistos de protozoários; Protozoários vegetativos; Bactérias gram-negativas; Reino Fungi; Vírus sem envelope; Bactérias gram-positivas; Vírus envelopado. MENOS RESISTENTE GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 2 apresentam maior resistência por conta da membrana externa, além do peptideoglicano. Depois há os fungos, que são estruturas também com parede celular resistente, constituída principalmente de glucana e quitina, que dão rigidez e proteção à membrana. Depois vêm os vírus não envelopados, que são àqueles que não apresentam a estrutura lipídica envolvendo o capsídeo (construído de proteína e protege o ácido nucleico nesses vírus sem envelope). Bactérias Gram-positivas, não apresentam a membrana externa, apresentando apenas uma espessa camada de peptideoglicano. Vírus envelopado, àqueles em que o envelope, constituído de fosfolipídeo e proteínas virais, envolve o capsídeo. Nos vírus envelopados, este envelope não confere proteção ao vírus, uma vez que é nesta estrutura que encontram-se as espículas e/ou moléculas virais que irão interagir com o receptor da célula hospedeira. Então, uma vez destruído este envelope, o vírus não consegue interagir com a célula hospedeira. Por serem mais fáceis de serem destruídos, os vírus envelopados, tornam-se mais suscetíveis à ação de produtos químicos. CONCEITOS • Sepsis: contaminação microbiana; • Assepsia: ausência de contaminação. 1. ESTERILIZAÇÃO – Destruição de todas as formas de vida microbiana, incluindo os endósporos e vírus. Formas de vida microbiana: vegetativa – àquela em que encontramos um microrganismo adaptado ao ambiente; formas de resistência – são adaptados a viver num ambiente hostil, temperatura ou imunidade não adequadas ou sem disponibilidade de nutrientes. Exemplo: queima do lixo hospitalar; esterilização de materiais cirúrgicos. 2. DESINFECÇÃO - processo de eliminação das formas vegetativas de microrganismos de objetos e superfícies inertes, sem eliminar todas as formas de vida (endospóros) → desinfetante. Exemplo: limpando consultório de odontologia; limpar alimentos (frutas). 3. ANTISSEPSIA: processo de eliminação das formas vegetativas de microrganismos de tecidos vivos (antissépticos). Exemplo: usando antisséptico na pele após colocar o piercing; lavar as mãos com sabonetes antissépticos. 4. DEGERMAÇÃO - remoção mecânica dos microrganismos, em uma área limitada. Acontece tanto em tecidos vivos, quanto em espécies inanimadas. Exemplo: lavar as mãos, não há um utensílio específico, mas a fricção das mãos, ajuda no processo. 5. SANITIZAÇÃO: redução dos microrganismos, a níveis seguros, de acordo com os padrões de saúde pública, equipamentos industriais e utensílios alimentares. GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 3 Exemplo: tratamento químico (sanitizante) em equipamentos industriais; limpar alimentos (frutas); lavagem de pratos naquelas máquinas. CLASSIFICAÇÃO BASEADA NO EFEITO: ...CIDA E ...STÁTICO Agentes que provocam a morte dos microrganismos – bactericida, fungicicida: atuam em bactérias e fungos (dependente da dose – menor dose = efeito estático). Agentes que inibem o crescimento de microrganismos – bacteriostático, fungistático e viriostático: atuam em bactérias, fungos e vírus (efeitos reversíveis). Se expormos um microrganismo a um agente microbicida, haverá diminuição da carga microbiana, ou seja, morte/redução... quando há manutenção do número dos microrganismos, é stático, não morre, mas também não se multiplica. AÇÃO DOS AGENTES ANTIMICROBIANOS • Alteração da permeabilidade da membrana – danos nos lipídeos ou proteínas membranares com perda do conteúdo intracelular e interferência no crescimento. • Danos aos ácidos nucleicos – DNA e RNA – alteração dos ácidos nucleicos – letal, bloqueio da replicação e das funções metabólicas como por exemplo a síntese de proteínas (enzimas). • Danos às proteínas – rompimento das ligações químicas (pontes de hidrogênio, pontes dissulfeto) e desnaturação proteica. FATORES QUE INFLUENCIAM O TRATAMENTO ANTIMICROBIANO 1. Tamanho da população microbiana X tempo de exposição – quanto maior o número de microrganismos, maior é o tempo necessário para eliminação de toda a população. População e tempo estão diretamente relacionados. 2. Natureza da população/características dos microrganismos – composição da membrana celular; diferentes estágios de crescimento: células jovens mais suscetíveis (do que as na fase estacionária); forma vegetativa X forma de resistência (esdospóro). Esporos demoram mais tempo para atingir um baixo número de células viáveis em relação às células vegetativas. Termófilos = se adaptam e crescem idealmente em altas temperaturas, requerem mais tempo para serem eliminados, quando comparados com os mesófilos, que são aqueles que possuem temperatura ótima em crescimento, a temperatura normal (25 ~ 37°C) 3. Influências ambientais – presença de matéria orgânica (sangue, vômitos e fezes), tipo de material a ser tratado. Temperatura e pH também são importantes para a escolha do agente. Células vegetativas respondem mais rapidamente às temperaturas mais baixas, do que as formas de resistências, que requerem temperaturas mais GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 4 elevadas e maiores tempos de ação para que se tenha eliminação completa destes agentes infecciosos. FATORES QUE INFLUENCIAM UM TRATAMENTO ANTIMICROBIANO: TIPO DE AGENTE QUÍMICO Iodo + etanol = efeito aditivo; gera diminuição dos microrganismos mais rapidamente do queapenas o etanol em água. Morte em 90 segundos. Etanol e água = gera morte dos microrganismos em +/- 120 segundos. Alguns métodos não irão promover a morte dos microrganismos, como por exemplo a utilização de água e sabão, apenas auxilia o processo de degermação. MÉTODOS QUÍMICOS • Os agentes químicos são usados para controlar o crescimento de microrganismos em tecidos vivos e nos objetos inanimados. Poucos agentes químicos obtêm a esterilidade. Maioria reduz a população microbiana em níveis seguros ou removem as formas vegetativas. PROBLEMA: ação dos agentes é diferente para cada microrganismo, cada agente tem suas vantagens, desvantagens e limitações. CARACTERÍSTICAS IDEAIS DOS AGENTES QUÍMICOS • Alta toxicidade para os microrganismos; • Inócuo para o homem e animais – toxicidade seletiva. • Toxicidade para os microrganismos em temperatura ambiente; • Estabilidade elevada frente ao pH e temperatura; • Ausência de afinidade por matéria orgânica estranha; • Solúvel em água; • Capacidade de penetração; • Não ser corrosivo e nem manchar; • Sem odor e cor; • Biodegradável; • Baixo custo, fácil de usar. FATORES QUE AFETAM A AÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS • Concentração ou diluição do produto; • Tempo de atuação ou exposição – para que se tenha um resultado efetivo; • Temperatura; • Presença de matéria orgânica; • Material a ser descontaminado (porosidade por exemplo); • Sensibilidade e quantidade de microrganismos presentes no material ou ambiente a ser contaminado. GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 5 TIPOS DE MATERIAIS A SEREM TRATADOS PELOS AGENTES QUÍMICOS • Materiais críticos – entram em contato com as mucosas e tecidos profundos do paciente: agulhas, bisturis etc. • Materiais semicríticos – entram em contato com membranas mucosas, sem penetração: endoscópio, tubo endotraqueal etc. • Materiais não críticos – contato com a pele íntegra: estetoscópio, termômetro, esfigmomanômetro etc. Todos estes materiais precisam de descontaminação, no entanto, o que difere é o nível de descontaminação. Classificação: baseada no tipo de microrganismos em que são capazes de eliminar. Os tipos de produtos que são classificados em: • Baixa descontaminação – não possuem boa efetividade contra endósporos, micobactérias. Mas usamos no dia a dia para uso doméstico. • Intermediária descontaminação – não atuam nos endósporos, portanto, não podem ser utilizados em materiais críticos, são usados em materiais não críticos, podendo entrar em contato com a pele íntegra. • Alta descontaminação – por terem ação contra alguns tipos de endósporos (não todos), são utilizados para os materiais semi-críticos, podendo entrar em contato com as membranas mucosas, mas não promovem a perfuração destas membranas. • Ação esterilizante – são os materiais críticos e agem contra endósporos. É necessário avaliar a rotina de cada um. Produto com ação esterilizante = mata endósporos e tudo que está abaixo dele (olhar seta). I. FENOL (ÁC. CARBÓLICO) E COMPOSTOS FENÓLICO • 1º agente químico usado como antisséptico; • Usado em incisões cirúrgicas (Joseph Lister – XIX) • Grande redução de infecções pós-operatórios; • Raramente usados como desinfetante ou antisséptico por suas características irritantes e odor desagradável. Como o fenol é irritante e desagradável para algumas pessoas, foram produzidos os compostos fenólicos mais recentemente... Tanto o fenol quanto os compostos possuem o mesmo mecanismo de ação. MECANISMO DE AÇÃO – lesão da membrana plasmática (altera permeabilidade); desnaturação das proteínas (inativação das enzimas). COMPOSTOS FENÓLICOS • Modificações químicas – diminuição da irritação e aumento da atividade antimicrobiana; • Ativos por longos períodos de tempo e na presença de material orgânico, estáveis. • Utilizado em superfícies ambientais, instrumentos (desinfetantes de grau baixo e intermediário), GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 6 superfícies cutâneas e membranas mucosas (antissépticos). • Ativos contra: micobactérias (lipídeos na parede celular – ácido micólico). Fungicidas, viricidas, bactericidas e esporostáticos = não matam endósporos. Existem dois compostos fenólicos muito conhecidos: 1. Hexaclorofeno (bifenol – duas moléculas de fenol ligadas) – usado para controle de infecções hospitalares; loções degermantes (passar nas mãos dos profissionais de saúde); uso excessivo em bebês causa danos neurológicos. 2. Triclosan (bifenol) – sabonetes antibacterianos, pasta dental, cotonetes, plásticos de cozinha. Aparecimento de resistência microbiana. II. BIGUANIDAS (CLOREXIDINA) MECANISMO DE AÇÃO – ruptura da membrana plasmática com perda do conteúdo intracelular e desnaturação de proteínas (perdendo a estrutura tridimensional e consequentemente não tendo função fisiológica) • Amplo espectro de ação: bactericida – exceto pseudomonas, viruscidas (vírus envelopado) e fungicida, esporostático (não matam endósporos). Ação desinfetante de grau baixo. • Comum em produtos orais: enxaguatórios bucais, pastas dentais (antissépticos); • Atóxicos, persistentes com a ação residual em superfícies. Continua agindo mesmo após o uso. • Afetado pela matéria orgânica e pH. • Uso: antissepsia da pele, escovação cirúrgica e, preparo pré-operatório da pele de pacientes. Exemplo: uso doméstico: leite de rosas. • Methiolate – antigamente era à base de mercúrio, mas agora é clorexidina. III. HALOGÊNIOS IODO • Bactericida (incluindo micobacterias), fungicidas, viruscidas e esporocida. MECANISMO DE AÇÃO: o iodo combina-se ao ácido tirosina, inibindo a síntese proteica; oxida os grupos sulfidrila (- SH) de aminoácidos (cis e met), nucleotídeos e ácidos graxos insaturados. Uso: pele e feridas (antissépticos) IODINA (tintura de iodo I2 em álcool • Alto poder de penetração; • Antisséptico; PVPI – Polivinil Pirrolidona Iodo, sol. Aquosa • Liberação lenta de iodo (iodóforo); • Menor coloração e irritação; • pH ácido (melhor atividade) • Desinfecção e antissepsia; GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 7 CLORO • Potente agente oxidante; • Vários compostos: clorina (descontaminação de esgoto, é um gás tóxico), dióxido de clorina e cloraminas (cloro + amônia) etc; • Bactericidas, viruscidas e fungiscidas. • Uso: não pode ser usado como antisséptico pois causa irritação. É usado como desinfetante de equipamentos de laticínios, utensílios para refeições, itens domésticos e vidraria, água (piscinas, esgotos e consumo). Cloro + H2O = HIPOCLORITO DE Na (NaOCl): alvejante doméstico MECANISMO DE AÇÃO: ácido hipocloroso; é um forte agente oxidante que altera componentes celulares e bloqueiam atividade de enzimas. • Solução de hipoclorito a 1% - desinfetante doméstico (nível alto – em relação à capacidade microbiana); • 5 ~12% alvejantes e sanitizantes em indústria de alimentos (alface, verdura, legumes e frutas). IV. áLCOOIS • Bactericidas (incluindo micobactérias); fungicidas, mas não matam os endósporos e os vírus não-envelopados. MECANISMO DE AÇÃO: desnaturação das proteínas, rompimento da membrana e dissolução de lipídeos. Uso: termômetros, estetoscópios, tesouras e superfície externa de equipamentos (desinfetante grau médio) e na superfície da pele (antisséptico). • Não recomendado em materiais cirúrgicos pois não tem atividade esporicida. • Vantagens: evaporação rápida, sem resíduos. • Desvantagens: coagulação de proteínas em feridas abertas, propiciando crescimento microbiano. Ação do álcool é quebrar/romper as pontes de hidrogênio, de forma a desnaturar as proteínas. • Mais utilizados: etanol (dois carbonos ligados à hidroxila)e isopropanol (três carbonos ligados à hidroxila). • Quanto maior a cadeia de carbono, maior é a propriedade bactericida e menor é a solubilidade em H2O. ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ETANOL EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES • Uso recomendado: 70% • Atividade antimicrobiana: 60 ~ 95% • Puro: alta volatilidade; desnaturação de proteínas só ocorre na presença de água. • O álcool 100% não é indicado para desinfecção pois como ele não possui água, não consegue fazer a quebra das pontes de hidrogênio, consequentemente, não há ação contra microrganismos, não tendo atividade antimicrobiana. GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 8 • Uso do álcool em gel: 3x. Na 4x é necessário lavar as mãos. v. meTAIS PESADOS E SEUS COMPOSTOS • Substâncias usadas desde romanos e egípcios. • Muito utilizados como desinfetantes de grau leve ou antissépticos: prata, mercúrio, cobre e zinco. • Podem ser tóxicos para os humanos (metilmercúrio) – retirado de uso até 2020 (anencefalia) • Timerosal (etimercúrio): antigo methiolate, proibido como antisséptico desde 2001, aceito como conservante de vacinas – autismo (sem evidências cientificas); • Ex: nitrato de prata 1%, cloreto de mercúrio, sulfato de cobre, cloreto de zinco. • Ação Oligodinâmica – difusão pequenas quantidades de metais que inibem o crescimento microbiano. MECANISMO DE AÇÃO: ions de metais rompem as ligações de dissulfeto (importantes para a manutenção da estrutura tridimensional das proteínas) nas proteínas celulares devido à alta afinidade com enxofre promovendo a desnaturação proteica. APLICAÇÕES DOS METAIS PESADOS Solução de 1% de AgNO3 – Nitrato de prata • Usada na prevenção de infecções oculares com gonococo e de queimaduras; • Compressas com 0,5% para a prevenção de infecções em queimaduras; • Impregnação em roupas, utensílios plásticos da cozinha etc. • Usado nos olhos de bebês que nascem de parto normal, para evitar que os microrganismos presentes no canal vaginal da mãe, posam gerar infecção. Compostos com Zinco. • Tratamento de infecções fúngicas dos pés: piritionato de Zinco; Sulfato de cobre (CuSO4) • Algicida em piscinas, reservatórios de águas e tanques de peixes. VI. DETERGENTES CATIÔNICOS: COMPOSTOS QUARTENÁRIO DE AMÔNIO (QUATS) • Bactericidas (efeito Gram +), fungicidas e viruscidas (contra vírus envelopados), não atuam em endósporos, Gram – ou micobactérias. • Vantagens: baixa toxicidade, alta solubilidade em água, maior estabilidade em solução, não são corrosivos, podendo ser usados em metais. • Desvantagens: matéria orgânica interfere na ação, pode ser contaminado com Gram – MECANISMO DE AÇÃO: atuam aumentando a permeabilidade da membrana plasmática (fosfolipídeos), desestabilizando-a, com GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 9 extravasamento do conteúdo intracelular, degradação de proteínas e ácidos nucleicos. Por terem cargas positivas, eles interagem com os fosfolipídeos da membrana que apresentam cabeça polar e cauda apolar, intercalando nesses fosfolipídeos e alterando a permeabilidade da membrana, ocorrendo a perda do conteúdo intracelular e a morte dos microrganismos. DETERGENTES CATIÔNICOS: COMPOSTOS QUARTENÁRIOS DE AMÔNIO (QUATS) Uso: doméstico, como antisséptico (bucal), desinfetante de grau leve (pois não possuem muita ação contra gram-negativas) para instrumentos, assoalhos e objetos de borracha. Ex: cloreto de benzalcônio, cloreto de cetilpiridínio. VII. AGENTES DE SUPERFÍCIE • Sabões e detergentes aniônicos MECANISMO DE AÇÃO: diminui a tensão superficial de líquidos e auxiliam na remoção mecânica dos microrganismos através da escovação. Uso: degermação da pele e remoção de resíduos e gordura; utilizados na sanitização em indústrias de processamento de laticínios e alimentos. • Sem ação antimicrobiana, atóxicos, não- corrosivos e de ação rápida. Uso de antissepsia para prevenção COVID-19 – a lavagem das mãos auxilia na remoção mecânica dos microrganismos. Quando não há sabão, usar álcool (etanol – gel, ou isopropanol -líquido). ► Alguns trabalhos mostram que por possuir uma carga polar e também apolar (anfipáticos), esses sabões podem alterar a estrutura do vírus e assim, remover o envelope do vírus, impedindo a interação do vírus com a célula hospedeira. VIII. ALDEÍDOS • Usados apenas para a desinfecção e esterilização de equipamentos médicos (alto grau e esterilizantes) → glutaraldeído (tóxico) e formaldeído (muito tóxico) • Altamente tóxicos (formaldeído): câncer do trato respiratório e gastrointestinal; • O glutaraldeído é menos irritante, mais efetivo que o formaldeído. Mais utilizado! MECANISMO DE AÇÃO: desnaturação das proteínas e DNA – alquilação – ligação covalente com grupos funcionais: - NH2 – OH, -COOH e - SH. GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 10 IX. ESTERILIZANTES GASOSOS • Óxido de etileno – mais comum; tóxico (irritante aos olhos e mucosas), explosivos (mistura-se com CO2). MECANISMO DE AÇÃO: desnaturação das proteínas e DNA (alquilação – ligar-se covalentemente àqueles resíduos funcionais) • Tempo de exposição: 4~18 horas, em baixas temperaturas. • É um excelente agente esterilizante (elimina endósporos), especialmente para objetos que seriam danificados pelo calor. • USO: esterilizar material espacial, material hospitalar de plástico, têxtil, próteses valvulares, endoscópios. • Vantagem: alto poder de penetração • Desvantagem: carcinogênico. Para utilizar esse material é necessária uma câmara. X. PERÓXIGÊNIO • H2O2 (água oxigenada ou peróxido de oxigênio) é um antisséptico (3~9%), desinfetante de alto nível e esterilizante em altas concentrações (10~30%) – amplo espectro de ação (bactérias, fungos, vírus e esporos) Uso: antissépticos (não recomendado em feridas abertas – liberação de catalase, que degrada esse produto, gerando bolhas); desinfecção de superfícies, como por ex: lentes de contato. MECANISMO DE AÇÃO: peroxidação: oxidação de compostos celulares que apresentam grupo sulfidrila: lipídeos, proteínas e DNA, que gera aumento da permeabilidade celular e posteriormente, a morte. H2O2 → Fe2+ → OH* → PEROXIDAÇÃO → ↑ PERMEABILIDADE CELULAR → MORTE Quando aquecido: gás esterilizante não muito penetrante e não recomendado o uso em tecidos e líquidos. PEROXIGÊNIO • Ácido peracético – mais potente que o H2O2. • Bactericida, fungicida, viruscida e esporocida em baixas concentrações (<0,3%) • Se decompõe em ác. acético e oxigênio (biodegradável). ➢ Não é degradado por peroxidases. ➢ Ativo na presença de matéria orgânica. Vantagens: age na presença de mat. orgânica, não forma resíduos tóxicos, boa estabilidade. Uso: esterilização de equipamentos médicos e equipamentos de processamento de alimentos. XI. OZÔNIO Por ser uma molécula muito reativa, ela é um poderoso oxidante utilizado como branqueador, agente desodorizante e agente esterilizante para ar, água para beber e materiais sensíveis ao calor. GIULIA GONÇALVES – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 11 Vantagens: não irrita a pele e mucosas; é ativo contra vírus, bactérias, esporos, cistos, protozoários, etc; meia vida curta pois rapidamente reverte-se novamente em oxigênio espontaneamente, não gerando resíduos prejudiciais ao meio ambiente; produzido no local, através do ar, sem transporte ou armazenamento de produtos químicos; Desvantagens: baixa atividade residual; alto custo (uso de energia elétrica); alta instabilidade. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE AGENTES QUÍMICOS PELO MÉTODO DE DISCO – DIFUSÃO Primeiramente, utiliza-se um microrganismo teste e semeia-o nas placas de petri. Em seguida, coloca-se os discos de papel nasolução desinfetante ou antisséptica que quer avaliar a atividade microbiana e espera-se o crescimento do microrganismo. O resultado que será avaliado é se ao redor do disco, houve ou não crescimento, podendo observar uma área escurecida chamada de “zona de inibição do crescimento”, se ela existe, significa que o produto difundiu pelo meio de cultura e foi capaz de matar o microrganismo ao redor. Porém, caso não haja a formação, significa que o microrganismo conseguiu crescer mesmo na presença do produto. Uso de desinfetantes para prevenção COVID • Transmissão: mais comumente em gotículas respiratórias e ficam em suspensão por cerca de 3 horas. • Mas objetos e superfícies, também podem ser fontes de contaminação!!! • SARS-CoV-2 pode permanecer viável por horas a dias em superfícies feitas de uma variedade de materiais. • Recomendação: limpeza (detergente ou sabão e água) + desinfecção. • Temperatura e umidade são fatores importantes na prevalência do coronavírus em superfícies inanimadas. CUIDADOS!!! • USO de Equipamentos de Proteção Individual (EPI); • Treinamento funcionários; • Leitura do rótulo do produto. Algumas perguntas devem ser levadas em consideração. • Ventilação do ambiente; • Toxicidade: irritação olhos, mucosas, dermatite pele; • É inflamável? produz gás tóxico?; • Tipo de material a ser utilizado – corrosão metal, opacidade acrílico, etc.; • Presença matéria orgânica.
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