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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE DIREITO LEONARDO ARAUJO DE OLIVEIRA CONSIDERAÇÕES SOBRE PROPRIEDADE NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO SÃO PAULO 2020 LEONARDO ARAUJO DE OLIVEIRA CONSIDERAÇÕES SOBRE PROPRIEDADE NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO Projeto de pesquisa apresentado no Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito, sob a orientação do Professor José Marcelo Vigliar. SÃO PAULO 2020 Sumário 1 – Introdução..................................................................................................................................6 2 - Objetivos da pesquisa.................................................................................................................6 3 - Justificativa .............................................................................................................................. 6 4 - Procedimentos metodológicos ................................................................................................... 6 5 – Da Propriedade .......................................................................................................................... 7 6- Dos Direitos Fundamentais e Constitucionais........................................................................... 12 7- Direito à Propriedade como Direito Constitucional e Civil....................................................... 14 8- O Direito à Propriedade e a Segurança Jurídica......................................................................... 17 9- A Função Social da Propriedade e Estado Interventor............................................................... 18 10 – Conclusão................................................................................................................................ 23 11 Bibliografia ............................................................................................................................. .. 24 Resumo O direito à propriedade no Brasil veio a sofrer relativização com a promulgação da Constituição Federal de 1988. O estudo tem por tema o Direito à Propriedade, com base na previsão constitucional e dentro do contexto da segurança jurídica. O problema que se apresenta é com relação as limitações trazidas ao direito à propriedade. Para isso a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, doutrinas e leis bem como da metodologia qualitativa, para análise dos principais pontos apresentados com relação ao direito à propriedade no Brasil, em termos práticos e efetivos. O estudo tem por objetivo geral analisar a propriedade e o direito à mesma, e por objetivos específicos conceituar propriedade, explanar sobre as questões referentes à propriedade privada, o direito à propriedade; discorrer sobre a tutela constitucional deste direito; explanar sobre os Direitos Constitucionais; analisar a relativização trazida pelo instituto da função social da propriedade; explanar sobre segurança jurídica sob o enfoque da propriedade. Palavras-chave: Propriedade. Direito. Segurança Jurídica. Função Social. Abstract The right to property in Brazil came to be relativized with the promulgation of the Federal Constitution of 1988. The study has as its theme the Right to Property, based on the constitutional provision and within the context of legal security. The problem is related to the limitations brought to the right to property. For this, the methodology used was bibliographic research, doctrines and laws as well as qualitative methodology, for the analysis of the main points presented in relation to the right to property in Brazil, in practical and effective terms. The general objective of the study is to analyze property and the right to it, and for specific purposes to conceptualize property, explain about issues related to private property, the right to property; discuss the constitutional protection of this right; explain about Constitutional Rights; analyze the relativization brought by the institute of the social function of property; explain about legal certainty from a property perspective. Keywords: Property. Right. Legal Security. Social role. 1. INTRODUÇÃO O direito à propriedade no Brasil é um direito tutelado inclusive constitucionalmente, sendo garantido como direito fundamental pela Constituição Federal de 1988, vindo a garantir inclusive a segurança jurídica. Almeja-se com o presente trabalho ajudar a uma melhor compreensão dos aspectos envolvidos na questão do direito à propriedade no Brasil, através do fornecimento de conclusões fáticas que, além de seu interesse geral e específico no âmbito jurídico acadêmico civil ainda repercutem na esfera social e humana, podendo servir de base para futuros trabalhos. Diante disso, o presente trabalho justifica-se pela importância de se estudar e dar visibilidade ao tema além de contribuir com futuros estudos na área. O direito à propriedade trata-se de uma conquista relativamente nova na história da humanidade na medida em que só após o advento da Idade Moderna é que a propriedade começou a ser considerada um direito natural do homem. De lá para cá o direito à propriedade passou a ser tutelado e protegido no mundo todo inclusive pelo sistema jurídico, e no Brasil não foi diferente com a tutela das constituições federais, sendo que com a Constituição Federal de 1988 o direito à propriedade passou a servir também a uma função social, o quer veio a relativizar esse direito. 2. OBJETIVOS DA PESQUISA O estudo tem como objetivo geral analisar a propriedade e o direito à mesma. Possui ainda por objetivos específicos entre outros conceituar propriedade, explanar sobre as questões referentes à propriedade privada, o direito à propriedade; discorrer sobre a tutela constitucional deste direito; explanar sobre os Direitos Constitucionais; analisar a relativização trazida pelo instituto da função social da propriedade; explanar sobre segurança jurídica sob o enfoque da propriedade. 3. JUSTIFICATIVA De atualíssima relevância tem o tema eis que a escolha do assunto aqui abordado tem origem no fato de que o direito à propriedade é fortemente influenciado pelo instituto da função social da propriedade e como isso vem a afetar o desenvolvimento e progresso econômico do Brasil na medida em que acaba limitando o direito à propriedade e o uso de tais propriedades. 4. PROCEDIMENTO METEDOLOGICOS Pressupõe o presente estudo investigar a inter-relação entre o direito à propriedade com os direitos constitucionais e a segurança jurídica, à luz da legislação constitucional e infraconstitucional brasileira, também como a metodologia de pesquisa bibliográfica e texto que responda as indagações abordadas, e que acrescente o que está disposto no Código Civil, Porque muitos conceitos dados em textos jurídicos precisam ser revistos ou mesmo conceituado pela doutrina. 5. DA PROPRIEDADE Antes de discorrer-se sobre o tema do Direito à propriedade em si, necessário se explanar antes sobre assuntos correlatos e relevantes para o completo entendimento do assunto, como a propriedade. A propriedade é uma criação relativamente recente, eis que vigorava anteriormente o conceito de coletividade. O agrupamento de homens era visto anteriormente como um único ente, sem direitos específicos ou individuais, o que era necessário como estratégia de sobrevivência. Vindo a ocorrer a evolução humana, a necessidade de se pensar e agir comoum ente coletivo foi perdendo forças, ao mesmo tempo que novos conceitos e ideias foram sendo criadas, e entre elas a individualidade e em seu bojo direitos como a do propriedade, ou seja, de o homem possuir bens só seus. Com o passar do tempo esses conceitos foram se cristalizando, e o direito à propriedade foi se tornando mais e mais relevante. A passagem da Idade Moderna para a Contemporânea foi marcada pela Revolução Industrial ocorrida no século XIX, e com as mudanças e inovações trazidas por esta época e suas modernidades, o conceito de propriedade como um direito absoluto começou a ser questionado, dando-se então um novo tratamento à questão, inclusive a nível constitucional e infraconstitucional. Isso porque o conceito de propriedade absoluta e irrestrita já não cabia mais naquele determinado tempo, fazendo-se necessário a criação de dispositivos que viessem a limitar esse direito à propriedade, em especial para evitar e coibir abusos. Importante ressaltar que a maioria dos países, pelo menos os democráticos, adotaram um modelo de Estado Laico, ou seja, um Governo que não sofre influencia religiosa, sexual ou política, propagando a igualdade entre os cidadãos perante a lei sem influencias externas. No entanto, tem-se que na prática a religião sempre influenciou fortemente o Estado, inclusive na concepção e positivação de propriedade. Com relação ao conceito de propriedade, tem-se que a propriedade pode ter vários conceitos, dependendo do enfoque, e no presente caso como o que interessa é o aspecto jurídico o conceito de propriedade vai ser discorrido sobre o enfoque jurídico, legal e constitucional, e em seus aspectos contemporâneos e atrelado a função social. Ainda com relação ao conceito de propriedade, pode se refletir em variados conteúdo ou estatutos que exercem influência na relação entre os diversos objetos e sujeitos sobre os quais pode recair o domínio e a titularidade dos direitos, tal como a propriedade material, que abrange e a propriedade dos bens móveis e a propriedade dos bens imóveis, ou a propriedade imaterial, que abrange a propriedade literária e artística, a propriedade industrial, entre outros (SÁ, 2019, p. 243). Assim, verifica-se que a propriedade não possui um conceito único, porém nos tempos contemporâneos o conceito de propriedade abrange sempre usar, gozar e dispor e deve ser exercido através de sua função social. Portanto, o conceito de propriedade esta intrinsicamente ligado à sua função social. A propriedade, bem como sua função, sofreu modificações ao longo da história, e assim o foi também com o seu conceito, que sofreu modificações, principalmente após ser atrelado ao conceito de função social. Até então o direito a propriedade era absoluto, e isso se refletia em seu conceito, no entanto, com as modificações trazidas ao direito de propriedade privada, inclusive com sua relativização, o seu conceito também passou a ser relativizado. Ao se falar em direito a propriedade, se faz referência aos diversos direitos que formam o patrimônio de um indivíduo, ou seja, todas as situações jurídicas que envolva uma ingerência socioeconômica, sendo portanto a propriedade uma ideia ampla, não se limitando a titularidade do indivíduo sobre um bem mas sim a todas relações jurídicas advindas dessa propriedade. Não é exagero afirmarmos que a propriedade nasce junto com o indivíduo, quase como algo inato do ser humano. Mais do que como um fenômeno jurídico, podemos caracterizá-la como um fenômeno social, por sua vez abraçado pelo Direito. O conceito de propriedade desenvolve-se quase que conjuntamente com a transição da fase do homem selvagem para a do homem sedentário, quando a civilização assenta- se sobre determinados espaços físicos, retirando da terra seu sustento e valores (ASSIS, 2008). Para Cruz (2015), a propriedade é um dos temas mais representativos da história do Direito, sendo ela um pilar de identificação do indivíduo moderno por compreender em si um indicador de poder econômico e político do homem. Portanto, sua importância esta ligada intimamente ao poder de um homem, pelo menos em uma sociedade capitalista. Segundo Sahd (2007, p. 220), se a humanidade têm o poder de amealhar os recursos naturais para a sua sobrevivência, esse poder só se converterá num verdadeiro direito quando for capaz de criar um efeito moral sobre o resto dos homens sem que com isso venha a causar danos irreparáveis e disputas sem fim. Cruz (2015) esclarece que, de início, buscou-se situar a propriedade em sua evolução histórica e do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que a estrutura da sociedade, em geral, está baseada no direito à propriedade. Do ponto de vista jurídico não é diferente, eis que a propriedade é a base de muitos direitos e deveres, estando a sociedade em grande parte nela estruturada. Tem-se que a propriedade é além de um fenômeno jurídico um fenômeno social, cultural econômico e político. Com a preconização de quais direitos fundamentais individuais deveriam ser positivados houve a passagem do homem do estado da natureza para o estado denominado contratual, e o direito à propriedade ganha com isso um contorno maior a partir da teoria contratualista, passando com isto o direito à propriedade a ser considerado um direito absoluto, imprescritível e inalienável. É que, após as revoluções liberais do séc. XVIII, sobrevieram novos fatos históricos na trajetória das civilizações que mudaram, de certa forma, o paradigma de formulação de direitos fundamentais. A passagem da Idade Moderna para a Contemporânea é marcada pelo processo de Revolução Industrial, onde o modelo econômico capitalista, embora prospere na relação capital/trabalho das fábricas, conflita-se com o modelo socialista que se desenvolve no Leste da Europa, fortalecido com os movimentos sindical/anarquistas dessa era. Nesse período há uma contestação da idéia de que o direito de propriedade é absoluto, sendo dado, desde então, novo tratamento constitucional à questão (ASSIS, 2008). Tem-se com isso que os movimentos liberais que culminaram na Revolução Francesa e em outros movimentos trouxeram a positivação da propriedade como um direito absoluto. O direito à propriedade passou então, de um direito quase não reconhecido para um direito não só tutelado pelo Estado como um direito praticamente absoluto, em que o proprietário do imóvel detinha sobre os mesmos poderes absolutos e individuais. Posteriormente esse direito absoluto passou a ser relativizado, no entanto por um bom lapso temporal o direito à propriedade era absoluto e sem restrições, sendo que no Brasil só com o advento da Era Vargas e a promulgação da Constituição Federal de 1934 é que iniciou-se um processo de relativização do direito à propriedade. Isso porque com aquele Governo iniciou-se o tempo de predomínio do social. Tanto o Império grego como o Império romano implicaram a eventual liderança ideológica e, posteriormente, econômica ao conceito de propriedade. Tanto é verdade que os jurisconsultos romanos trazem à tona o conceito de direito de propriedade como algo absoluto, indisponível, quase uma garantia fundamental do indivíduo. Interessante notar que a visão da propriedade como algo absoluto passa incólume também durante o período da Idade Média (ASSIS, 2008). Com o passar do tempo entrou-se na era moderna, marcada pelo advento dos ideais de estado do bem estar social. A partir desta época a noção sobre propriedade passa por mudanças sendo ela encarada como uma maneira de desenvolvimento da sociedade como um todo e em todos os seus aspectos, passando-se a desenvolver a ideia de que a propriedade não deve servir apenas as necessidades de seu proprietário mas de toda coletividade, e com isso a noção de propriedade privada se desenvolveu plenamente. Ante o exposto, verifica-se que a propriedade privadaé fruto de um longo processo histórico, e é intimamente ligada ao capitalismo, porém reconhecida como direito natural e fundamental do homem. O status quo ao qual é lançado o homem que é proprietário de um bem, aliados a outros fatos que agregam valor, faz com que a propriedade privada passe a se revestir de relevante significado, passando a ser um direito e uma necessidade de toda a humanidade, ou pelo menos naquelas capitalistas. O conceito e valorização da família foi outro motivo que elevou a importância e valorização da propriedade, sendo que segundo Cruz (2015) nasceu com a valorização das relações familiares uma nova forma de pensar à propriedade pois esta era um meio de acumulação de riquezas e posses que antes não era vista com tanta importância, dando espaço com isso para a compreensão de qual o escopo social do indivíduo na “polis” pois quanto mais bens maior status, sendo que o acúmulo de riqueza representava a história daquela família gerações após gerações. No período da Idade Média, o homem não significava nada estando ele fora da “polis”, ou seja, a propriedade era elemento subjetivo de posição social e liberdade desse indivíduo. Nesta senda, a propriedade era considerada pelo ordenamento jurídico como sendo perpétua, absoluta e seu titular poderia usar e gozar dela com total autonomia (CRUZ, 2015). A propriedade, mais que um fenômeno jurídico é um fenômeno social e político. Com isso passou a propriedade privada a ser chancelada pelo ordenamento jurídico e legal da maioria dos países, inclusive o Brasil, que desde a sua primeira Constituição Federativa já comtemplava a propriedade privada e o direito à propriedade, porém nos moldes da época e sob a influência de acontecimentos como a Revolução Francesa, motivo pelo qual a propriedade durante as primeiras constituições brasileiras foi tutelada constitucionalmente e sem limitações. O direito à propriedade é assunto de grande importância, porque a questão tem um grande impacto social muito grande na sociedade moderna. A propriedade é um dos Direitos Reais previstos em nosso Código Civil, no artigo 1.225, I e tratado de forma mais profunda no artigo 1.228, do mesmo código, e evidencia que: Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; Art. 1. 228, o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. A propriedade é um direito complexo, absoluto, exclusivo e permanente, em que todas as questões de relacionamento jurídico devem estar sujeitas à vontade das pessoas e obedecer as disposições legais. A propriedade é o direito que uma determinada pessoa tem de usar, gozar e dispor de uma coisa e deve reavê-la onde ela estiver e das mãos de quem a possuir e a detiver injustamente. Dessa forma, trata–se do poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, gozar e dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos limites estabelecidos na lei, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. É possível compreender que o Código Civil, não conceitua exatamente a propriedade. Diante da falta de um conceito na lei, a doutrina formalizou um conceito para propriedade, nas palavras de Gonçalves (2017, p. 242), que esclarece: Considerando-se apenas os seus elementos essenciais, enunciados no art. 1.228 retrotranscrito, pode-se definir o direito de propriedade como o poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos limites estabelecidos na lei, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. Considerando-se apenas os seus elementos essenciais, enunciados no art. 1.228 retrotranscrito, pode-se definir o direito de propriedade como o poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos limites estabelecidos na lei, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. Ao discorrer sobre a propriedade é preciso analisá-la pela ótica do princípio da função social e econômica das propriedades previstas na Constituição Federal e no Código Civil. São elementos de constituição da propriedade, os previstos no artigo 1.228, do Código Civil, sendo eles: uso, gozo, a possibilidade de dispor da coisa e o direito de reaver a coisa. Os elementos de constituição de propriedade são os descritos abaixo. Direito de uso: aquele denominado pela Doutrina de jus utendi, que foi herdado do Direito Romano, a sua aplicação se dá no uso da coisa, seja bem móvel ou imóvel (entre outras), ele segue a disposição do proprietário, como o ele pretende prevalecer de sua propriedade, Nader (2017, p. 130), descreve: Usar, em regra, é tirar proveito das utilidades que a coisa oferece, sem destruí-la. Para tanto, o proprietário deve encontrar-se na posse do objeto. Corresponde ao jus utendi dos romanos. O dono de uma casa de campo, por exemplo, possui a faculdade de frequentá-la, de usá-la a seu bel-prazer. Também há o direito ao gozo (denominado pela Doutrina de jus fruendi), ou de usufruir frutos resultantes da propriedade, permite ao proprietário o poder de adquiri vantagens econômicas dos bens que integram a sua propriedade, Nader (2017, p. 130): O direito de gozar – jus fruendi – confere ao proprietário o poder de perceber os frutos que a coisa produz. Ao valer-se de tal faculdade, o dono deve estar na posse da coisa. Conforme os autores realçam, o exercício desse poder implica também o de uso. Graças a esse poder o proprietário, que cultivou a terra, semeando-a, procede à colheita de seus frutos. Estes, todavia, não se limitam à dádivas da terra, pois alcançam também os rendimentos que a coisa produz, como os aluguéis. No caso de locação, verifica-se o desmembramento dos poderes inerentes ao domínio: enquanto o proprietário permanece com o jus fruendi, ojus utendi em caráter temporário fica em poder do locatário. Há também o direito de dispor da coisa, que é aquele também denominado de jus abutendi pela doutrina, que desprender a possibilidade do proprietário dispor da coisa a terceiro, aliena-lá a qualquer título, tanto de forma gratuita quanto onerosa. Nader (2017, p. 130): O poder de disposição da coisa, correspondente ao jus abutendi dos romanos, consiste na capacidade de o proprietário se desfazer do objeto, seja consumindo-o, alienando- o ou dando-lhe qualquer outra destinação, atendidos os requisitos de lei. Nem todo direito de propriedade, contudo, se reveste desse poder, pois há os bens inalienáveis por força de lei ou de vontade. O Direito de reaver a coisa, ou jus persoquendi é aquele que assegura ao proprietário seu o direito de reivindicar, reaver ou de restabelecer a coisa, no estado anterior a ameaça sobre a propriedade. 6. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E CONSTITUCIONAIS Muito se fala sobre direitos fundamentais, porém a amplitude que atinge a expressão direitos fundamentais torna necessário uma limitação em sua conceituação e significado. Como a própria nomenclatura já externa, os direitos ditos fundamentais estão entre os direitos mais básicos de todo ser humano, sendo que existem atualmente inúmeros tratados e convenções internacionais que garantem proteção máxima a tais direitos, sendo que no Brasil os direitos fundamentais encontram-se tutelado pela Constituição Federal da República. A Constituição Federal é a lei maior de um Estado, sendo que segundo Silva (2014) a Constituição deve ser vista como instrumento de organização para a estrutura normativa do Estado, representante da soberania popular e elo entre outras normas existentes. É a Carta Magna a lei maior dentro de um país, sendo que todas os demais leis, atos e normas que forem criados estarem em consonância com as disposições constitucionais. A ConstituiçãoFederal tem soberania sobre todas as demais normas. Esse princípio já consolidado há tempos teve seu início com a teoria desenvolvida pelo jurista alemão Hans Kelsen. De acordo com Almeida (2012), uma das teorias que Hans Kelsen criou e que é importante herança foi a da pirâmide jurídica, usada para explicar o sistema constitucional, Kelsen acaba por concluir que o ordenamento jurídico é um sistema de normas e estas encontram-se em ordem hierárquica, seguindo normas da Constituição do país, que se encontra no topo da pirâmide. A Constituição Federal é a lei fundamental e suprema de um país e assim o é no Brasil. Serve ela de parâmetro de validade para todas as demais espécies normativas, que só podem existir se em harmonia com a Lei Maior, por isso esta situada no topo do ordenamento jurídico, sendo que dela emana todas as demais normas e atos. A Constituição Federal no Brasil passou por mudanças ao longo de sua história até chegar ao modelo atual, altamente democrático e soberano em suas normas. Segundo Lovato (2015), os direitos fundamentais podem ser definidos como os direitos do ser humano reconhecidos e positivados em esfera constitucional de um Estado determinado. Em outras palavras, direitos fundamentais são aqueles previstos e protegidos constitucionalmente, sendo positivados pela sua Constituição da República. O principal marco para a exigência e concretização dos Direitos Fundamentais foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 10 de dezembro de 1948. É formada por um conjunto de trinta artigos nos quais estão indicados os Direitos Fundamentais e suas exigências. Esta Declaração é considerada universal porque se dirige a toda a humanidade, devendo ser respeitada e aplicada por todos os países e por todas as pessoas, em benefício de todos os seres humanos, sem qualquer exceção (LOVATO, 2015). Para Silva (2012), os direitos fundamentais, ou liberdades públicas ou direitos humanos é definido como conjunto de direitos e garantias do ser humano institucionalização, cuja finalidade principal é o respeito a sua dignidade, com proteção ao poder estatal e a garantia das condições mínimas de vida e desenvolvimento do ser humano, ou seja, visa garantir ao ser humano, o respeito à vida, à liberdade, à igualdade e a dignidade, para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. Esta proteção deve ser reconhecida pelos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais de maneira positiva. O artigo 5º da Constituição da República elenca o rol de direitos fundamentais, dividindo-os em cinco capítulos, sendo cada um desses capítulos dedicados a tipos de direitos específicos. Os direitos elencados no art. 5º da Carta Magna são direitos fundamentais a todo cidadão brasileiro, devendo assim ser respeitados. Tais direitos são ainda divididos em gerações, estando o direito à propriedade dentro da primeira geração. Para Humenhuk (2004, p. 53) os direitos fundamentais chamados de primeira geração, são teorizados pelo seu cunho materialista, ao qual, foram atingindo estas características através de um processo cumulativo e qualitativo designando uma nova universalidade com escopos materiais e concretos. Fazem parte os direitos fundamentais clássicos de primeira geração direitos básicos como à vida, à propriedade, à liberdade de expressão, à liberdade de religião, à participação política, entre outros. 7. DIREITO À PROPRIEDADE COMO DIREITO CONSTITUCIONAL E CIVIL A Constituição Federal atual é a mais democrática entre as que já existiram no país, assim como a que mais tutela os interesses e direitos, tanto coletivos como individuais, no entanto, pela Carta Magna e leis infraconstitucionais, os direitos coletivos sempre terão primazia entre os direitos individuais e privados, e assim o é com relação ao direito de propriedade, que somente poderá ser exercido de forma plena e com a tutela do Estado se for respeitado sua função social. Uma importante decisão política a respeito da função social da propriedade foi a Constituição Federal de 1987/88. Essa Constituição positivou a função social da propriedade na lei sob uma forma operacionalizável pelo Direito. Se a norma jurídica a respeito da função social fosse apenas a Declaração dos Direitos Humanos; ou a vaga garantia da função social dos atuais arts. 5º, XXIII, e 170, III, da Constituição Federal de 1988, a indeterminação e a respectiva dimensão decisória para a criatividade casuisticamente determinada estariam garantidas ao sistema jurídico. Mas os arts. 182 e 186 da CF/88 programaram condicionalmente a “função jurídica” da função social da propriedade, isto é, estabeleceram o “quem, sob quais requisitos, pode o quê” (SIMIONI, 2006, p. 121-122). Ainda para o autor acima, através dessa tradicional operação, toda decisão jurídica acerca da função social da propriedade pode trazer o diagnóstico jurídico de um evento social e verificar se ele cumpre com os requisitos legais trazidos pelos artigos 182 e 186 da Carta Magna, na forma dos seus respectivos regulamentos ordinários (SIMIONI, 2006, p. 122). Como bem coloca Melo (2013), na Constituição da República, o termo propriedade é conceituado de forma mais ampla, referindo-se a qualquer espécie de bem aferível patrimonialmente, tutelando diversas propriedades, não se limitando a garantia do direito de propriedade por consequência ao direito real, mas também aos direitos pessoais de conteúdo patrimonial. A propriedade, segundo a Lei Maior, abrange em seu manto não só os bens corpóreos como os incorpóreos que podem constituir objeto do direito, tendo porém como requisito ser redutíveis a dinheiro. O advento do Estado Moderno introduz na sociedade um poder de unificação do poder político fragmentado, converge para o aperfeiçoamento de uma ordem jurídica baseada na lei e consubstanciada numa ótica individualista da sociedade. Garante certeza e estabilidade fundamentais a racionalidade econômica e eleva a propriedade ao grau de direito fundamental, pois passou a integrar os direitos garantidos constitucionalmente (BORGES DE OLIVEIRA; ANDRADE LACERDA, 2011, p. 729). O direito de propriedade encontra-se inserido em vários artigos da atual Constituição Federal, no entanto é seu artigo 170 que traz a maior inovação ao dispor sobre temas como ordem econômica e financeira e propriedade privada. Segundo Soares (2011), a atual Constituição Federal do Brasil veio a recepcionar os ideais do Estado do Bem Estar Social, estando inserido dentre os direitos e garantias individuais, o direito à propriedade, com a ressalva de sua função social entre os incisos XXIII e XXVI do seu Artigo 5º. Portanto tem-se que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 veio a recepcionar não somente o direito à propriedade como a sua limitação através do instituto da função social da propriedade. A Constituição Federa de 1988 previu inúmeras mudanças em especial com relação a tutela dos direitos fundamentais, e uma de suas maiores inovações foi trazer a relativização do direito à propriedade, visando com isso dar maior efetividade aos direitos fundamentais. Um ponto fundamental trazido por ela foi a necessidade da propriedade de cumprir sua função social através da aplicação em primeiro lugar dos interesses da coletividade. A função social da propriedade, instituída de maneira efetiva pela Constituição Federal de 1988, traz em seu bojo o dever intrínseco do proprietário de um bem em que propicie que este cumpra uma função social, ou seja, o direito a esta propriedade deve ser exercido visando precipuamente o interesse da coletividade. Segundo Oliveira (2011), a Carta Magna veio a estabelecer em seus art. 182, § 2º e 186 os requisitos necessários para que se atinja a finalidade da função social, eis que não é simples a definição do cumprimento da função social, pela propriedade, sendo que a mesmaatinge sua função social ao atender às exigências do Plano Diretor, cuja meta é garantir o bem-estar de seus habitantes. A propriedade é direito fundamental presente no artigo 5ª da Constituição Federal de 1988. O direito à propriedade é decorrente das bases da Revolução Francesa e os princípios norteadores: igualdade, liberdade, fraternidade e propriedade. No entanto, diferentemente dos direitos fundamentais a vida, a dignidade da pessoa humana e a igualdade, a propriedade não é um direito absoluto, ou seja, pode ser objeto de questionamento de ações e decisões emanadas pelos poderes públicos. Poder-Dever, o poder estabelecido na Revolução Francesa e posteriormente o Dever dado pelo caráter social que a propriedade deve ter. Desde a Revolução Francesa, muitas confusões se fizeram em torno do Termo Propriedade, ab initio, de conceituar a propriedade como sendo um direito, trazido pelos manuais acadêmicos, sem levar em consideração o Dever. Conseqüências desta ignorância levaram as grades acadêmicas a nominarem a disciplina de Direito das Coisas de Direito de Propriedade, Direito Civil Propriedade e tantos outros absurdos. O correto seria chamarmos de Direitos Reais o que corriqueiramente chamamos de Propriedade ou Direito das Coisas quando se inclui também a Posse (BORGES DE OLIVEIRA; ANDRADE LACERDA, 2011, p. 736). O advento da Carta Magna trouxe à tona o princípio da função social da propriedade, o qual não é mais concebido como absoluto. Muito embora alguns tenham entendido este advento como restrição ao direito subjetivo à propriedade, isso não se configura, sendo atualmente considerado como um elemento que agregou valor, e não restringiu direito algum. Ocorre que o instituto da função social foi apontado como um relativizador do direito à propriedade, e essa limitação trazida pela função social da mesma forma, é apontado como um complicador para a economia do país, na medida em que afasta possíveis investidores estrangeiros que se assustam com o poder interventor que o Estado detém atualmente na questão do direito à propriedade privada. A garantia da propriedade presume-se algo valioso, uma liberdade substantiva, que contribui para que os cidadãos desenvolvam suas capacidades, efetivamente criando condições materiais para a persecução de seus planos de vida. A propriedade constitui uma dessas liberdades básicas, bem inerente à dignidade de todo ser humano. Por isso, em determinado grau e amplitude invioláveis e indisponíveis, deve ser garantida a todos, independentemente do plano de vida de cada um (SÁ, 2019, p. 261-262). Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tornou-se impossível falar em direito à propriedade sem falar na função social da propriedade, tendo inclusive o próprio conceito de propriedade sofrido alterações após o advento da referida Carta Magna. Isso porque o conceito de propriedade foi atrelado à sua função social, sendo desta indissociável. Com o advento da referida Lei Maior o direito à propriedade restou relativizado de forma normativa e efetiva. O artigo 173 da Carta Magna traz diversas limitações ao direito de propriedade, demonstrando com isso que tal direito não é absoluto, devendo em tempos contemporâneos estar de acordo com a função social, ou seja, com os interesses da coletividade, além de estar de acordo também com os interesses do Estado. Importante ressaltar ainda que a Constituição Federal de 1988 serviu como parâmetro para a confecção do novo Código Civil (CC) ao também determinar que a propriedade deve voltar-se para o bem comum. Os Direitos Fundamentais, previstos na Constituição Federal de 1988, elucidam o ordenamento civil, assegurando os direitos acerca da propriedade, assim como limite ao exercício de tal direito, tornando-se uma base imprescindível tanto para o Direito das Coisas também para o Direito Real. Podemos ver isso nitidamente no artigo 1.228 § 1° do Código Civil, observemos: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. Podemos constatar, que o dispositivo legal presente no Código Civil, determina que a propriedade necessita ser exercida em acordo com a função social e econômica, consequentemente, limitantes ao Direito de Propriedade. Isso é relevante, visto que, caso não seja empregada de forma correta, o proprietário, pode perder um dos componentes da propriedade ou até mesmo perder o título de proprietário, por não apresentar do animus domni sobre estipulado bem. 8. O DIREITO À PROPRIEDADE E A SEGURANÇA JURÍDICA A segurança jurídica trata-se de um princípio que defendido em nome do coletivo, dando às decisões judiciais o caráter de imutabilidade e irrevogabilidade. Por ser um princípio, não pode ser valorado mais que os demais princípios existentes no ordenamento jurídico pátrio. Os princípios e garantias legais não podem se sobrepor aos demais, mas sim serem aplicados de maneira conjunta e harmônica a fim de melhor se aplicar ao caso concreto (LONGHINOTI, 2012). A importância da segurança jurídica é enorme, eis que as relações existentes seja entre os órgãos do Poder Público, seja destes com o cidadão e mesmo entre as relações entre particulares necessita-se da estabilidade e segurança, além de confiança de que as regulamentações envolvidas sejam legitimadas e com isso possam ser concretizadas. Para Casali (2006), elemento essencial para a compreensão da segurança jurídica é a certeza e para atender às necessidades de segurança jurídica o direito escrito prevaleceu sobre o costume, tornando a positivação do direito um paradigma que teoricamente tínhamos um sistema sem lacunas, capaz de oferecer precisão ao atendimento do intérprete e do aplicador da lei. Ainda com relação a segurança jurídica, sua importância é enorme, eis que as relações existentes seja entre os órgãos do Poder Público, seja destes com o cidadão e mesmo entre as relações entre particulares necessita-se da estabilidade e segurança, além de confiança de que as regulamentações envolvidas sejam legitimadas e com isso possam ser concretizadas. A isso se dá o nome de segurança jurídica. Percebe-se, pelo exposto, que a segurança jurídica compõe o valor justiça, fundindo-se a partir da realização das garantias da realização dos direitos fundamentais constitucionalmente assegurados (CASALI, 2006, p. 6280). As relações firmadas entre os entes ou órgãos do Estado, deste com o cidadão e entre os particulares, necessitam da estabilidade, especialmente no que diz respeito às regulamentações, contratos para que as expectativas desenhadas sejam legitimadas e concretizadas. Assim, no “caput do art. 5º, a Constituição garante a inviolabilidade à segurança jurídica. Cuida-se, sem dúvida, de outra garantia fundamental dos regimes democráticos, que consagra a proteção da confiança e a segurança de estabilidade das relações jurídicas constituídas”, ao contrário das Constituições anteriores, nossa Constituição Federal de 1988 alçou aos primeiros títulos direitos e garantias fundamentais, necessário diante da massacrante história de domínio do homem pelo homem (FREIRE, 2018). Realizadas tais considerações sobre a segurança jurídica, passar-se-á a discorrer sobre o direito à propriedade sob o contexto da segurança jurídica. Conforme já explanado, o direito à propriedade veio a ganhar certa relativização com a Constituição Federal de 1988, que veio a trazer outros institutoscomo a função social e a segurança jurídica como também merecedores da tutela jurídica e estatal. 9. A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E ESTADO INTERVENTOR Conforme já explanado em capítulos anteriores, o direito à propriedade no Brasil restou relativizado pela função social da propriedade, instituída de maneira efetiva pela Constituição Federal de 1988, que traz em seu bojo o dever intrínseco do proprietário de um bem em que propicie que este cumpra uma função social, ou seja, o direito a esta propriedade deve ser exercido visando precipuamente o interesse da coletividade. Essa relativização se deu na medida em que o Estado além de ter um papel altamente interventor ainda limitou o uso da propriedade por seu titular a esta cumprir sua função social. O instituto da função social, cuja previsão é constitucional, veio a limitar e relativizar o direito à propriedade, atrelando este direito a função social da propriedade. Não que anteriormente não existisse uma relativização, mas não nos moldes propostos pela atual Carta Magna, que trouxe a previsão expressa em seu art. 5º, XXIII. O argumento para tal previsão expressa foi o baseado na nova noção de sociedade e coletividade, em que os direitos e interesses coletivos devem sempre prevalecer sobre os individuais. O Texto Constitucional estabelece nos artigos 182, § 2º e 186 os requisitos a serem preenchidos para que se atinja a finalidade da função social, porque não é tarefa fácil definir quando se tem o cumprimento da função social, pela propriedade. Assim, a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências do Plano Diretor, que tem por meta garantir o bem-estar de seus habitantes (OLIVEIRA, 2011). A função social acaba por reforçar a tese da dignidade da pessoa humana na medida em que só se obterá a plenitude da dignidade com a efetividade da justiça social, e esta só será alcançada, entre outros, com o instituto da função social da propriedade. A função social deve ser buscada pelo Estado, e só gozará com sua proteção aquele que respeitar esses fundamentos dando a sua propriedade uma função social, ou seja, no interesse da coletividade. Tem-se então que a dignidade da pessoa humana, a função social da propriedade são institutos intrinsicamente interligados. A propriedade é um instituto complexo que discorre sobre o estatuto do proprietário na sua essência respaldando a causa e os poderes atribuídos ao titular da propriedade. Logo, a propriedade que não serve aos interesses das sociedades principais, não merece ser protegida ou tutelada, pois não tem como prioridade, atender à função social sobre o direito à garantia da mesma (SILVA, 2011). A função social e a importância dada pelo legislador constituinte deriva em grande parte de conflitos de ordem agrária, em que os interesses rurais eram ferozmente disputados, colocando o judiciário em uma problemática em que tinham como ponto nevrálgico a propriedade. Por não existir uma previsão legal sobre a função social da propriedade, seus titulares detinham um enorme poder sobre estas, utilizando este direito por vezes de forma abusiva, como nos casos em que enormes territórios mantinham-se improdutivos por mera deliberação de quem detinha o poder sobre estas áreas. Contudo, o advento da Carta Magna trouxe à tona o princípio da função social da propriedade, o qual não é mais concebido como absoluto. Muito embora alguns tenham entendido este advento como restrição ao direito subjetivo à propriedade, isso não se configura, sendo atualmente considerado como um elemento que agregou valor, e não restringiu direito. Ocorre que o instituto da função social foi apontado como um relativizador do direito à propriedade, e essa limitação trazida pela função social da mesma forma, é apontado como um complicador para a economia do país, na medida em que afasta possíveis investidores estrangeiros que se assustam com o poder interventor que o Estado detém atualmente na questão do direito à propriedade privada. De fato, ao normatizar o instituto da função social o legislador constituinte forneceu ao Estado um enorme poder de intervenção ao direito à propriedade, eis que obriga ao titular do direito à propriedade a utilizar o mesmo de forma que este cumpra a uma função social. Com isso limita o direito do titular na medida em que impõe ao mesmo um dever relativa a um direito privado e individual. E não é só neste aspecto que o poder interventor é apontado como excessivo eis que dá a ele poderes ao Judiciário na medida em que determina que o Judiciário é que deverá analisar e decidir sobre o cumprimento ou não da função social de uma propriedade em litígio. Ou seja, a determinação e comprovação de que uma propriedade privada atingiu ou não seu fim social é de caráter eminentemente subjetivo e deve ser apurado caso a caso. Esse entendimento da função social como um limitador do direito à propriedade não é unanime, sendo que muitos doutrinadores apontam a função social como um efetivador, uma forma de alcançar essa propriedade, seja de maneira direta ou indireta. O crescimento de um país é fato de extrema importância pois é a base da sobrevivência de uma nação e seu povo, e esse crescimento ocorre em grande parte em virtude da entrada de capital estrangeiro na economia do país através de investidores. Portanto tem-se que investimentos e empreendedorismo, principalmente de pessoas e capital estrangeiros, mostra-se um dos principais caminhos para o desenvolvimento e crescimento de uma nação, e o Brasil depende precipuamente de capital estrangeiro que se dá através de empreendedores e investidores estrangeiros. Para Guimarães (2000, p. 145), o capital estrangeiro permite o aumento do total de poupança disponível para investimento no país em desenvolvimento, inclusive em áreas nas quais detém a tecnologia mais avançada e tem experiência empresarial específica, sendo que com isso o desenvolvimento nacional pode ser acelerado porém com menor sacrifício e dificuldade política para a população e elites econômicas. A propriedade talvez seja o instituto de maior influência no ordenamento jurídico da sociedade contemporânea. No contexto do direito brasileiro, em especial, a propriedade adquire ainda maior relevância, quando consideradas as grandes disparidades decorrentes da desigualdade de renda e riqueza existentes em nossa sociedade. Na concepção capitalista, a propriedade pode representar um bem ou meio de produção, como é o caso da propriedade sobre a terra, quando responsável pela geração de alimentos e matéria-prima para a indústria. Sob essa perspectiva, a propriedade, aliada à força de trabalho, constitui uma das bases materiais que assegura a sobrevivência do homem do campo (SA, 2019, p. 243). É portanto, de extrema importância que os investidores estrangeiros se sintam atraídos por trazer seu capital ao Brasil, na medida em que este é o melhor caminho para o crescimento econômico do país. No entanto, questões como a função social da propriedade vem a trazer como consequência o efeito contrário, ou seja, o de afastar os investidores estrangeiros, em virtude do poder interventor que passou a deter o Estado brasileiro. Portanto, tem-se que a economia do país é afetada quando este relativiza o direito pleno à propriedade, como é o caso da função social da propriedade, que veio a relativizar o direito absoluto do titular deste direito na medida em que determina que a propriedade deverá cumprir sua função social, devendo portanto este proprietário colocar os interesses coletivos acima de seus direitos individuais e particulares. A relativização se deu também na determinação de que a propriedade que não cumpra sua função social poderá se expropriada. Não que a expropriação represente um dano em si, já que o proprietário dessa propriedade desapropriada receberá o seu valor em indenização,porém mesmo assim apresenta a expropriação um aspecto relativizador na medida em que impõe a obrigatoriedade do cumprimento da função social de uma propriedade. De toda sorte, o conceito de propriedade como um direito absoluto em que se visa apenas e tão somente os interesses individuais do proprietário não mais existe, eis que o conceito de propriedade esta intrinsicamente ligado ao de função social, não se confundindo ambos os institutos, mas sim se complementando na medida em que um não subsiste sem o outro. E essa complementação encontra-se plenamente regulada eis que a premissa da função social ganha legitimidade na medida em que o direito privado esteja em consonância com os preceitos constitucionais. Como bem coloca Oliveira (2011), a função social deverá ser plenamente garantida e o mais importante, o social, o público deverá prevalecer sobre o particular. Por isso o estado se mune de diversas “armas” para garantir a plena função social da propriedade. Com isso o autor quer dizer que a função social veio como um instituto constitucional que veio ao encontro do entendimento atual sobre a prevalência dos interesses sociais e coletivos sobre o direito individual do titular sobre sua propriedade. Com relação a limitação trazida pelo Estado interventor ao direito à propriedade através do instituto da função social, é essa limitação apontada por muitos como indevida e até inconstitucional, na medida em que vem trazer limitação a um direito fundamental plenamente protegido e tutelado pela Constituição Federal pátria, que sem seu art. 5º vem proteger o direito à propriedade. Ora, se o direito à propriedade é garantido constitucionalmente, qualquer limitação a este direito encontra-se em desacordo com o texto constitucional, e limitar o direito de um proprietário de se utilizar e dispor da maneira que melhor lhe convir de sua propriedade apresenta-se como uma incongruência jurídica e social. E ter o Estado o poder de desapropriar um imóvel que não esteja cumprindo com sua função social também é apontado como excesso de poder interventor por parte do Estado. O direito à propriedade é de tal importância que no Brasil foi alçado ao título de direito fundamental. Com base neste aspecto, o instituto da função social que determina que a propriedade deverá cumprir sua função social veio a trazer uma relativização a este direito, sendo que essa relativização é apontada como geradora de insegurança jurídica. A função social da propriedade faz com que o titular do direito de propriedade esteja submetido a condições limitadoras ao exercício deste seu direito ao ajustar o direito à propriedade aos ditames do Direito Público ao impor a mesma um cunho eminentemente social. Na medida em que a função social da propriedade é um poder-dever, passa esta a ser um elemento integrante da própria propriedade. Importante acrescentar que a não observância dos ônus e obrigações referentes ao exercício do direito de propriedade acarreta a perda da tutela constitucional e legal de sua titulariedade. Em outras palavras, a desobediência à função social da propriedade enseja a perda da garantia e reconhecimento desse direito, como forma de sanção ao mau comportamento proprietário, ensejando, por vezes e em casos extremos, a intervenção estatal na propriedade privada sob a forma de desapropriação (SOUSA, 2013). Importante observar que a função social da propriedade se traduz em uma restrição na medida em que vem a limitar o exercício de um direito pelo seu titular, que no caso da função social é o direito à propriedade. Porém esse restrição não é considerada por todos como uma relativização ao direito à propriedade. Para Oliveira; Meira e Meira (2010), a função social da posse não pode ser vista como uma limitação ao direito de propriedade e sim como uma exteriorização do conteúdo agregado da posse, através da qual se permite uma visão mais abrangente de sua utilidade social, bem como de sua autonomia em face de outros institutos jurídicos. Em termos práticos, a função social da propriedade vem limitar o direito à esta propriedade na medida que autoriza a perda da propriedade por institutos como desapropriação e usucapião para aquelas propriedades que não venham a cumprir com sua função social. Tem-se com isso que a desídia e o abandono do bem por seu titular podem trazer como consequência a perda dessa propriedade em favor daquele que detém a posse que cumpre o dever social de exploração e aproveitamento. Através da função social da propriedade tem-se que o seu exercício individual pelo seu titular precisa ser condizente à sua utilidade e caso haja a violação dessa regra por esse titular o Estado através de seu Poder Judiciário pode promover a intervenção nessa propriedade com a intenção de lhe dar uma melhor destinação. Isso se traduz em desocupação, desapropriação, usucapião entre outras formas de se dar nova destinação a uma propriedade que foi retirada de seu titular por não ter ela cumprido com a sua função social. Uma importante decisão política a respeito da função social da propriedade foi a Constituição Federal de 1987/88. Essa Constituição positivou a função social da propriedade na lei sob uma forma operacionalizável pelo Direito. Se a norma jurídica a respeito da função social fosse apenas a Declaração dos Direitos Humanos; ou a vaga garantia da função social dos atuais arts. 5º, XXIII, e 170, III, da Constituição Federal de 1988, a indeterminação e a respectiva dimensão decisória para a criatividade casuisticamente determinada estariam garantidas ao sistema jurídico. Mas os arts. 182 e 186 da CF/88 programaram condicionalmente a "função jurídica" da função social da propriedade, isto é, estabeleceram o "quem, sob quais requisitos, pode o quê" (SIMIONI, 2006, p. 111). Tem-se ainda que a relativização ao direito à propriedade acaba por afastar investidores estrangeiros, na medida em que aumenta o poder interventor do Estado e limita o poder do titular sobre sua propriedade. Como o crescimento do país depende em grande parte do capital de investidores estrangeiros, essa relativização trazida pelo instituto da função social da propriedade acaba por trazer óbice ao desenvolvimento e crescimento do país. As limitações ao direito à propriedade trazida pelo instituto da função social acabam por afastar o empreendedorismo pois funciona como uma barreira ao mesmo. Aliado a outras questões que acabam por afastar os investidores estrangeiros como o sistema tributário nacional e os direitos trabalhistas, acaba por igualmente, a função social que veio a relativizar o direito à propriedade acaba por servir como uma barreira a entrada de capital estrangeiro no país através de empreendedores estrangeiros. Tais limitações colocam o Brasil em uma esfera econômica pouco competitiva e altamente regulada, na medida em que afasta os investidores estrangeiros e com isso vem a limitar o interesse em empreender no país, o que faz sua economia se tornar ainda menos competitiva. As limitações trazidas pelo instituto da função social da propriedade acabam, portanto, a atingir não só o titular do direito à propriedade, mas atinge de forma negativa a economia do país e toda a sociedade, causando detrimento como um todo, na medida que vem limitar os investimentos estrangeiros. Frente ao que foi estudado pode-se concluir que o direito à propriedade é de fato no Brasil um direito relativizado, através da intervenção do Estado que utiliza desse poder para entre outras coisas promover a função social da propriedade. Essa relativização é vista por muitos doutrinadores como positiva e necessária, no entanto os efeitos práticos verificados é de que a relativização traz consequências que não são benéficas como o afastamento de investidores e empreendedores estrangeiros. CONCLUSÃO O trabalho teve por escopo proceder ao estudo sobre odireito à propriedade, através de um enfoque constitucional e no contexto de segurança jurídica. Para isso iniciou-se discorrendo-se brevemente sobre a propriedade sob uma perspectiva legal, histórica e doutrinária, passando-se na sequência a discorrer-se sobre direitos constitucionais, e sobre o direito à propriedade como direito constitucional, finalizando com o tópico sobre o direito à propriedade e a segurança jurídica. Buscou-se ao longo da realização do presente trabalho demonstrar e esclarecer todos os aspectos relativos ao direito à propriedade no Brasil, tanto à luz das normas pertinentes as sociedades como com relação a incidência das normas civilistas e processualista pátrias, e à luz dos princípios e direitos fundamentais constitucionais. O direito à propriedade existe no Brasil desde as primeiras Constituições da República, tendo sido considerado absoluto por certo lapso de tempo, vindo depois a sofrer certa relativização com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que veio a trazer o instituto da função social da propriedade e a proteção maior ao bem coletivo, de forma a se ter segurança jurídica nas relações. Tendo trazido a atual Carta Magna a figura da função social da propriedade, esta restou relativizada, devendo-se colocar em primeiro lugar os interesses sociais e coletivos, mesmo acima do direito à propriedade privada. Da investigação do direito de propriedade em tempos atuais concluiu-se que a relativização ocorrida ao direito à propriedade com o advento do instituto da função social da propriedade, apesar do discurso do legislativo constituinte da tutela dos interesses do coletivo, veio na verdade a trazer um maior poder interventor do Estado nos direitos privados do indivíduo na medida que limita seu poder à propriedade e lhe impõe um dever que vai além de seus interesses individuais, interesses esses inclusive protegidos e tutelados constitucionalmente. BIBLIOGRAFIA ADAM II, H. O Estado no terceiro milênio. Rio de Janeiro: Capivara, 2015. ALMEIDA, Ramatis Vozniak de. A contribuição do jurista Hans Kelsen para o controle de Constitucionalidade. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 13 dez. 2012. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.41149&seo=1>. Acesso em: GONÇALVES, Roberto, C. Direito civil brasileiro, volume 5 - direito das coisas. 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