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questões norteadoras - fisiopatologia 26/09 neoplasias: conceito, nomenclatura e morfologia • Defina neoplasia. Lesão constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes e proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células. Uma das características principais das neoplasias é justamente proliferação celular descontrolada. Em neoplasias, em geral, ocorre paralelamente ao aumento da proliferação, perda da diferenciação celular. Como resultado de tudo isso, as células neoplásicas progressivamente sofrem perda de diferenciação e tornam-se atípicas. A célula neoplásica sofre alteração nos seus mecanismos regulatórios de multiplicação, adquire autonomia de crescimento e torna-se independente de estímulos fisiológicos. Dos pontos de vista clínico, evolutivo e de comportamento, as neoplasias são divididas em duas grandes categorias: benignas e malignas. As benignas geralmente não são letais nem causam sérios transtornos para o hospedeiro; por isso mesmo, podem evoluir durante muito tempo e não colocam em risco a vida de seu portador. As malignas, ao contrário, em geral têm crescimento rápido, e muitas provocam perturbações homeostáticas graves que acabam levando o indivíduo à morte. Na prática, as neoplasias são chamadas de tumores. O termo “tumor” é mais abrangente, pois significa qualquer lesão expansiva ou intumescimento localizado, podendo ser causado por outras lesões (inflamações, hematomas etc.). • Descreva a nomenclatura aplicada às neoplasias. Os tumores podem ser classificados de acordo com vários critérios: (1) pelo comportamento clínico (benignos ou malignos); (2) pelo aspecto microscópico (critério histomorfológico); (3) pela origem da neoplasia (critério histogenético). O critério mais adotado para se dar nome a um tumor é o histomorfológico, pelo qual a neoplasia é identificada pelo tecido ou célula proliferante. Algumas regras: (1) o sufixo -oma é empregado na denominação de qualquer neoplasia, benigna ou maligna; (2) a palavra carcinoma indica tumor maligno que reproduz epitélio de revestimento; quando usada como sufixo, também indica malignidade (p. ex., adenocarcinoma, hepatocarcinoma); (3) o termo sarcoma refere-se a uma neoplasia maligna mesen- quimal; usado como sufixo, indica tumor maligno de determi- nado tecido (p. ex., fibrossarcoma, lipossarcoma etc.); (4) a palavra blastoma pode ser usada como sinônimo de neoplasia e, quando empregada como sufixo, indica que o tumor reproduz estruturas com características embrionárias (nefroblastoma, neuroblastoma etc.). Na forma mais usual de denominar um tumor, toma-se o nome da célula, do tecido ou do órgão reproduzido e acrescentam-se os sufixos -oma, -sarcoma ou -carcinoma. • Descreva a morfologia (macro e micro) básicas das neoplasias benignas e malignas. Neoplasias não podem ser classificadas como benignas ou malignas apenas por seus aspectos morfológicos; componentes da biologia da lesão, seu componente clínico e suas formas de evolução são também muitas vezes indispensáveis para se rotular um tumor como benigno ou maligno. As células das neoplasias benignas em geral são bem diferenciadas e podem até ser indistinguíveis das células normais correspondentes. As atipias celulares e arquiteturais são discretas, ou seja, o tumor reproduz bem o tecido que lhe deu origem. Em tumores benignos, as células crescem unidas entre si, não se infiltram nos tecidos vizinhos e formam uma massa geralmente esférica. Esse crescimento é do tipo expansivo e provoca compressão de estruturas adjacentes, que podem sofrer hipotrofia. Com frequência, forma-se uma cápsula fibrosa em torno do tumor. Por isso mesmo, a neoplasia fica mais ou menos bem delimitada e pode ser completamente removida por cirurgia. O crescimento lento do tumor permite o desenvolvimento adequado de vasos sanguíneos, assegurando boa nutrição das células. Desse modo, degenerações, necro- ses e hemorragias são pouco comuns. Por essa razão e pelo fato de não se infiltrar nem destruir tecidos vizinhos, o tumor benigno não leva a ulceração. Além disso, não compromete a nutrição do hospedeiro e nem produz substâncias que podem produzir anemia ou caquexia. Os tumores malignos são coletivamente referidos como cânceres, pois eles aderem a qualquer parte onde se agarram e de maneira obstinada. O termo “maligno” aplica-se a uma neoplasia indicando que a lesão pode invadir e destruir estruturas adjacentes e disseminar-se para locais distantes (metástases) para causar morte. São graduados em bem diferenciados, moderadamente diferenciados, pouco diferenciados e indiferenciados (anaplasias). Apresentam células com núcleos alterados. Irregularidade na forma, tamanho e número; podem surgir mitoses atípicas, hipercromasia nuclear (grande quantidade de cromatina), pleomorfismo (variados tamanhos de núcleos e da célula como um todo); relação de núcleo citoplasma alterado NEOPLASIA BENIGNA NEOPLASIA MALIGNA Taxa de crescimento Baixa Alta Figuras de mitose Raras Frequentes Grau de diferenciação Bem diferenciadas Desde bem diferenciadas até anaplásicas Atipias celulares e arquiteturais Raras Frequentes Degeneração, necrose Ausentes Presentes Tipo de crescimento Expansivo Infiltrativo Cápsula Presente Geralmente ausente Limites da lesão Bem definidos Imprecisos Efeitos locais e sistêmicos Geralmente inexpressivos Geralmente graves e às vezes letais Recidiva Em geral ausente Presente Metástases Ausentes Presentes • Descreva os critérios de estadiamento clínico das neoplasias malignas e sua aplicação na prática da medicina. Estadiamento é o processo que determina “quanto” câncer há no corpo do paciente e “onde” ele está localizado.O estadiamento descreve a extensão ou severidade do câncer em um indivíduo. Baseado na extensão do tumor primário ou na extensão da disseminação tumoral.Fator prognóstico: expressão que aplica-se a todas as variáveis analisadas na tentativa de estabelecer correlação com a sobrevida.Análise dos fatores prognósticos é uma arma essêncial para identificar subgrupos de pacientes com melhor ou pior evolução. OBJETIVOS DE CLASSIFICAR OS TUMORES EM ESTADIOS: (1) Auxiliar no planejamento terapêutico (2) Dar alguma indicação de prognóstico (3) Auxiliar na avaliação dos resultados do tratamento (4) Facilitar a troca de informações entre os centros de tratamento (5) Contribuir para a pesquisa em câncer Na maioria dos tumores os estadiamento é baseado em três fatores principais: localização do tumor primário, tamanho do tumor e número de tumores, envolvimento de linfonodos regionais e presença ou ausência de metástases. Existem três tipos de estadiamento: o estadiamento clínico: baseado no exame físico, exames de imagem e biópsias, o estadiameto patológico: só pode ser realizado em pacientes que foram submetidos a cirurgia para remoção ou exploração do tumor, esse tipo de estadiamento combina os resultados do estadiamento clínico com os resultados da cirurgia e o reestadiamento: usado para determinar a extensão da doença se um câncer recidiva após o tratamento. Serve para determinar qual a melhor opção de tratamento naquele momento. O sistema de estadiamento TNM, foi desenvolvido e é mantido pelo American Joint Committee on Cancer (AJCC) e the International Union Against Cancer (UICC).Levam em conta a disseminação anatômica dos tumores a partir de 03 componentes: tumor primário (T): extensão da neoplasia no sítio primário e pelo envolvimento de estruturas adjacentes, linfonodos regionais (N) e metástases à distância (M) T • Tx- tumor primário não pode ser avaliado • T0- sem evidência de tumor primário • Tis- carcinoma in situ • T1 – T4- de acordo com o diâmetro e extensão local (subdivisões T1a, T1b, etc) N • Nx- linfonodos regionais não podem ser avaliados • N0- sem evidênciade metástases regionais • N1 – N3- de acordo com o envolvimento de linfonodos regionais. (subdivisões N2a, N2b, etc) M • Mx- metástases a distância não podem ser avaliadas • M0- ausência de metástases a distância • M1- presença de metástases a distância (PUL, OSS, HEP, LYN, PLE, SKI...) Os tumores malignos, apesar da sua grande variedade (cerca de 200 tipos diferentes), apresentam um comportamento biológico semelhante, que consiste em crescimento, invasão local, destruição dos órgãos vizinhos, disseminação regional e sistêmica. O tempo gasto nestas fases depende tanto do ritmo de crescimento tumoral como de fatores constitucionais do hospedeiro. O conhecimento da biologia dos tumores levou a União Internacional Contra o Câncer (UICC) a desenvolver um sistema que permitisse classificar a evolução das neoplasias malignas, para se determinar o melhor tratamento e a sobrevida dos pacientes. Este sistema, denominado, no Brasil, de "estadiamento", tem como base a avaliação da dimensão do tumor primário (representada pela letra T), a extensão de sua disseminação para os linfonodos regionais (representada pela letra N) e a presença, ou não, de metástase à distância (representada pela letra M) sendo conhecido como o Sistema TNM de Classificação de Tumores Malignos. Cada categoria apresenta diversas subcategorias: para o tumor primitivo, vão de T1 a T4; para o acometimento linfático, de N0 a N3; e para as metástases, de M0 a M1. A combinação das diversas subcategorias do TNM (letra e números) determina os estádios clínicos, que variam de I a IV, na maioria dos casos. O estadiamento clínico representa, portanto, a linguagem de que o oncologista dispõe para definir condutas e trocar conhecimentos a partir dos dados do exame físico e de exames complementares pertinentes ao caso. O sistema é permanentemente atualizado pela UICC. Além do TNM da UICC, grupos que se dedicam a estudos de tumores específicos desenvolveram sistemas próprios de estadiamento, o que não significa incompatibilidade, e sim complementação, entre as diferentes classificações. Uma das contribuições mais importantes foi dada pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) no estadiamento dos tumores ovarianos, já tendo sido compatibilizada e incorporada a sua classificação com a da UICC.
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