Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
É uma das famílias de Nematoda mais importantes, cujos estágios parasitários ocorrem em mamíferos, incluindo humanos, causando a ancilostomose. Somente três espécies são agentes etiológicos dessa doença: Ancylostoma duodenale → ancilostoma do Velho Mundo, mais prevalente em regiões temperadas e tropicais de clima temperado; Necator americanus → ancilostoma do Novo Mundo, mais prevalente em regiões tropicais, como o Brasil; Ancylostoma ceylanicum → tem felinos e canídeos domésticos e silvestres como seus hospedeiros definitivos. É mais prevalente na Ásia, onde é considerada uma zoonose. Classificação Essa família pode ser subdividida em duas subfamílias principais: Ancylostominae → espécies que apresentam dentes cortantes na margem da boca (A. duodenale e A. ceylanicum); Bunostominae → espécies que apresentam lâminas cortantes circundando a margem da boca (N. americanus). Ancylostoma duodenale: Adultos e fêmeas são cilindriformes, possuem extremidade anterior curvada dorsalmente. Apresentam cápsula bucal profunda com 2 pares de dentes ventrais na margem interna da boca, e um par de lancetas ou dentes triangulares e subventrais no fundo da cápsula bucal. São de cor róseo-avermelhada quando a fresco e esbranquiçados quando há fixação. Quanto ao dimorfismo sexual, os machos medem de 8 a 11 mm de comprimento por 400 µm de largura, e possuem extremidade posterior com bolsa copuladora bem desenvolvida e gubernáculo bem evidente. As fêmeas medem de 8 a 18 mm de comprimento por 600 µm de largura, têm extremidade posterior afilada, com um pequeno processo espiniforme terminal. Possuem abertura genital (vulva) no terço posterior do corpo e ânus antes do final da cauda. Os ovos dessa espécie são ovais, sem segmentação ou clivagem e medem 60 µm por 40 µm de diâmetro maior e menor, respectivamente. Ancylostomatidae Morfologia Ancylostoma ceylanicum: Adultos com morfologia semelhante à de A. duodenale, mas com detalhes que distinguíveis da espécie anterior; Apresenta cápsula bucal com dois pares de dentes ventrais, sendo um de dentes grandes e outro de dentes minúsculos; Machos medem 8 mm de comprimento por 360 µm de largura e fêmeas medem 10 mm de comprimento por 440 µm de largura. Necator americanus: Adultos são cilíndricos, com extremidade cefálica curvada dorsalmente. Possuem cápsula bucal profunda, com 2 lâminas cortantes, seminulares, na margem interna da boca, de situação subventral, e outras duas lâminas subdorsais; O fundo da cápsula bucal apresenta um dente longo, sustentado por uma placa subdorsal e duas lancetas (dentículos), triangulares e subventrais; São de cor róseo-avermelhada a fresco e esbranquiçada após fixação. Quanto ao dimorfismo sexual, os machos medem de 5 a 9 mm de comprimento por 300 µm de largura. Possuem bolsa copuladora bem desenvolvida, com lobo dorsal simétrico, mas não possuem gubernáculo; As fêmeas medem de 9 a 11 mm de comprimento por 350 µm de largura. Apresentam extremidade posterior afilada, sem processo espiniforme terminal, abertura genital próxima ao terço posterior do corpo e ânus antes do final da cauda. É direto e divido em dois estágios, um direto externo ou de vida livre (varia para cada espécie e com as condições climáticas), e um no hospedeiro definitivo (vida parasitária). Os ovos dos ancilostomídeos depositados pelas fêmeas no intestino delgado do hospedeiro são eliminados para o meio ambiente por meio das fezes; No meio externo, os ovos precisam de boa oxigenação, umidade elevada e altas temperaturas. Com essas condições, em cerca de 12 a 24 horas, ocorre a formação da larva rabditoide (L1) e sua eclosão. Essa larva é dotada de movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria orgânica e de microrganismos. Após 3 a 4 dias, a L1 perde sua cutícula externa após ganhar uma nova e se transforma em L2, também rabditoide. Essa nova larva começa a produzir uma nova cutícula interna, que passa a ser coberta pela Ciclo Biológico velha, passando então a se transformar em larva de terceiro estágio (L3), do tipo filarióide, sendo essa a forma infectante. A L3 possui uma cutícula externa que obstrui a cavidade bucal e, por isso, não se alimenta. A infecção por ancilostomídeos ocorre quando as larvas L3 penetram ativamente através da pele, conjuntiva ou mucosas, ou passivamente, por via oral. Infecção ativa → L3 é estimulada por efeitos químicos e térmicos ao entrar em contato com o hospedeiro, iniciando a penetração, escapando da cutícula externa. Simultaneamente, auxiliada pelo seu movimento serpentiforme, começa a produzir enzimas semelhantes à colagenase, que facilitam seu acesso através do tecido do hospedeiro. A penetração dura cerca de 30 minutos. Após penetrarem, as larvas alcançam a circulação sanguínea e/ou linfática e chegam ao coração, indo pelas artérias pulmonares até os pulmões. As larvas atingem os alvéolos, migram pelo local, onde perdem a cutícula e se transformam em L4. Depois seguem para os brônquios, traqueia, faringe e laringe, até que são ingeridas e chegam ao seu habitat final, o intestino delgado. No intestino, começam a exercer parasistismo hematófago e fixam sua cápsula bucal ao duodeno. A transformação de L4 em L5 ocorre após 15 dias de infecção e a diferenciação dessa em adultos, ocorre em cerca de um mês de infecção. Os adultos continuam exercendo hematofagismo e iniciam a cópula, seguida de postura. Infecção passiva → decorre da ingestão de L3 por água ou alimentos contaminados. Essas larvas perdem a cutícula externa no estômago depois de 2 a 3 dias de infecção e migram para o intestino. No duodeno, penetram na mucosa e atingem as células de Lieberkhün, onde mudam para L4. Depois, retornam à luz intestinal, se fixam à mucosa e iniciam o hematofagismo, mudando para L5 após 15 dias da infecção. Com a diferenciação dessa larva em adultos, inicia-se a cópula e a postura. Local de penetração na pele → lesões traumáticas e vasculares. Sensação de picada, hiperemia, prurido e edema. Alterações pulmonares → pouco comuns, mas podem incluir tosse de longa ou curta duração e febrícula. Alterações gastrointestinais → dor epigástrica, diminuição do apetite, indigestão, cólica, indisposição, flatulências, náuseas e vômitos. Alterações hematológicas → anemia = principal sinal. 2 aspectos distintos: Fase aguda → migração das larvas no tecido cutâneo e pulmonar e instalação dos vermes adultos no intestino delgado; Fase crônica → expoliação sanguínea e deficiência nutricional → sinais e sintomas: primários, decorrentes da atividade dos parasitos; secundários, anemia (hipocrômica e microcíticica) e hipoproteinemia. Patogenia e Patologia Hipoalbuminemia → diminuição da capacidade de síntese de albumina no fígado, perda de plasma durante a hematofagia e desnutrição do hospedeiro. Anamnese → associação de sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, seguidos ou não de anemia. Exame de fezes → confirmatório: Método de sedimentação espontânea (Hoffman, Pons e Janner); Método de sedimentação por centrifugação (Blagg e cols., método de MIFC); Método de flutuação (Wills); Método quantitativo de Stoll. Coprocultura (método de Harada & Mori) → identificação específica; contagem de L3 por gramas de fezes. Ancilostomose é mais frequente em crianças > 6 anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos. Estimativas: 440 milhões de pessoas infectadas, distribuídas principalmente em regiões tropicais e subtropicais. A. duodenale → 22.000 ovos por dia; N. americanus → 9.000 ovos por dia. Em áreas endêmicas: Engenharia sanitária (saneamento básico); Educação em saúde; Suplementação alimentar de ferro e de proteínas; Uso de anti-helmínticos. Medidas que atenuam a incidência e prevalência: Destino seguro das fezes; Lavar bem as mãos antes das refeições; Higienizar bem os alimentos, especialmente os que são consumidos crus; Beber água filtrada ou previamente fervida; Usar calçados e luvas ao frequentar locais ou manipular objetos contaminados; Dieta rica em ferro e proteínas e uso de anti-helmínticos. Pamoato de pirantel: o Mata os parasitos por bloqueio neuromuscular; o Posologia: 100 mg/kg de peso, durante 3 dias, ou, 200 mg/kg de peso uma única vez. Diagnóstico Epidemiologia Controle Tratamento Mebendazol e Albendazol: o Interferem na síntese de tubilina, causando destruição dos microtúbulos e degeneração das células do hospedeiro. o Posologia Mebendazol: 100 mg, 2x ao dia, durante 3 dias, ou, 500 mg em dose única. o Posologia Albendazol: 400 mg em dose única. Nitazoxanida: o Posologia: 500 mg, 2x ao dia, durante 3 dias; o Deve ser tomada com alimentos; o Crianças a partir de 12 meses: 7,5 mg/kg, 2x ao dia, durante 3 dias. Suplementação diária de proteínas e de ferro deve ser associada ao tratamento medicamentoso. Pode ser necessário tratamento com sulfato ferroso. Avaliação de cura → 3 amostras fecais, após 15 a 20 dias de tratamento.
Compartilhar