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A Clínica das Empresas e dos Homens sob o Olhar Junguiano dos Tipos Psicológicos
Helio Monteiro Junior
RESUMO: Este artigo tem como objetivo estudar o adoecimento da empresa. Ela adoece em função da
dicotomia trabalhador-trabalho. Entendemos então, que a questão estética, política e individual no setting
da empresa estruturam forças e constelam arquétipos que podem levar a este adoecimento. A intervenção
clínica consiste basicamente em compreender esses mecanismos e a sua produção de subjetividade. A
respeito desse tema, utilizaremos fontes de três autores principais. Carl Gustav Jung, que deu início aos
estudos dos tipos psicológicos. E duas autoras que foram inspiradas pelas teorias de Jung. Elas são
Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers.
Palavras-chave: C. G. Jung, MBTI, arquétipo, clínica, empresa
ABSTRACT: This article aims to study the illness business. It`s happens because of job-worker
dichotomy. We understand that the aesthetic, political and individual question in setting of companies,
estructure forces and constellate archetypes that can lead to this disease. Clinical intervention is basically to
understand these mechanisms and their production of subjectivity. Regarding this theme, we will use three
sources of major authors. Carl Gustav Jung, who began the study of psychological types. And two authors
who were inspired by the theories of Jung. They are Katharine Cook Briggs and her daughter Isabel Briggs
Myers.
Keywords: C. G. Jung, MBTI, archetype, clinic, company
I. INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da humanidade, observamos uma tentativa por parte do
homem, em buscar uma tipologia que desse conta de explicar o comportamento humano.
Na China milenar, por volta de 2637 a.C., o Imperador chinês Huang Ti introduz o
Horóscopo Chinês.
Na Mesopotâmia surge a Astrologia. Por volta de
370 a.C., na Grécia antiga, Hipócrates propõe que o nosso temperamento é determinado
pelo equilíbrio dos nossos quatro fluidos corpóreos essenciais.
Em 190 d.C., Galeno trata de
enriquecer os estudos de Hipócrates e dá aos quatro temperamentos os nomes de
sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático. Posteriormente, em 1876,
Gall Cesare Lombroso cria a Antropologia Criminal, na qual se acreditava que o
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criminoso nato possuía um tipo físico e psíquico especial, o qual poderia ser identificado
pelo formato da caixa craniana. O mundo moderno
encontra no trabalho de Carl Gustav Jung, mais especificamente em seu livro “Tipos
Psicológicos” de 1921, a primeira tentativa científica de dar conta de um modelo que
pudesse vir a explicar a tipologia humana. Seguindo-se a isso, vários
pesquisadores, baseados no trabalho de Jung, até hoje produzem instrumentos e textos
que venham sustentar uma tipologia humana. Para esses estudiosos, a tipologia é uma
estrutura arquetípica. Iremos então abordar nesse
trabalho, os tipos psicológicos junguianos. Nessa obra publicada em 1921, Jung (1972
apud HALL e NORDBY, 2006, p.84) “identificou e descreveu um certo número de
processos psicológicos básicos e mostrou de que maneira esses processos se ligam em
várias combinações para determinar o caráter de um indivíduo”.
Temos o objetivo de mostrar
a utilidade desse tema não somente para o atendimento clínico de pacientes, mas também
para a consultoria de empresas. Isso porque o conhecimento dos tipos proporciona ao
sujeito melhor conhecimento sobre si e sobre os outros, proporcionando a eles o
melhoramento de suas condutas e o melhor entendimento das ações dos outros.
Para identificar os tipos psicológicos
pretendemos utilizar como instrumento de pesquisa, o teste MBTI desenvolvido por
Myers e Briggs. O que nos possibilitará conhecer, o grau de satisfação dos funcionários
em relação aos diferentes campos da empresa. Isso será bastante útil para que possamos
saber onde essa dicotomia tipológica poderá estar atuando.
Consideramos importante fazer essa pesquisa por nossos
estudos representarem, em certos aspectos, novidade no ramo da psicologia. Ou seja,
consideramos poder contribuir para a psicologia no sentido de inserir um novo olhar
sobre a psicologia das empresas, ao utilizarmos o MBTI e buscarmos tecer relação entre a
questão daimônica do colaborador e o cargo exercido por ele; e também no sentido de
inserir nova visão na psicologia clínica de pacientes, uma vez que percebemos que os
resultados do MBTI são muito valiosos para o auto-conhecimento dos pacientes, além de
também dar uma visão mais ampla e detalhada ao psicólogo sobre a personalidade e a
neurose do paciente.
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II. DESENVOLVIMENTO
2.1- Carl Gustav Jung
Carl Gustav Jung foi um dos autores que mais estudou a personalidade humana,
interessado e preocupado com as relações do homem com o mundo externo e com a
comunicação entre as pessoas. Jung é conhecido como um dos maiores psicólogos do
século XX conforme palavras de Hall & Lindzey:
Durante meio século dedicou-se com grande energia e originalidade de
propósito a analisar os processos profundos da personalidade humana. A
originalidade e a audácia do pensamento de Jung tem poucos paralelos na
historia da ciência atual, nenhum outro homem, pondo de lado Freud, abriu
maiores perspectivas naquilo que Jung chamou ’a alma do homem’. (1973
apud HALL e LINDZEY, 2008, p. 131)
Em 1921 Jung trouxe uma contribuição fundamental para o entendimento da tipologia
humana, ao escrever um de seus mais importantes trabalhos, o livro “Tipos
Psicológicos”, fruto de mais de 20 anos de observação e do exercício da Medicina
Psiquiátrica e da Psicologia Prática. Na concepção de Jung,
Tipo é uma disposição geral que se observa nos indivíduos, caracterizando-os
quanto a interesses, referências e habilidades. Por disposição deve-se entender
o estado da psique preparada para agir ou reagir numa determinada situação.
(1967 apud JUNG, p. 551). Ainda segundo Jung, “Tipo é um aspecto unilateral
do desenvolvimento.” (1971 apud JUNG, p. 477)
2.2- Dinâmica da Personalidade
Jung fez distinção entre duas atitudes básicas, extroversão e introversão.
Na extroversão, a energia psíquica (libido) é canalizada para as representações do mundo
exterior, objetivo, e aplicada a percepções, pensamentos e sentimentos referentes a
objeto, pessoas e animais, assim como às outras circunstâncias e condições ambientais.
Na introversão, a libido flui para as estruturas e processos psíquicos subjetivos. A libido
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está voltada para o mundo interior, subjetivo, ao mundo das idéias. A extroversão
é uma atitude objetiva; a introversão é uma atitude subjetiva. Essas duas atitudes se
excluem mutuamente; elas não podem coexistir simultaneamente na consciência embora
possam alternar, e realmente o façam, uma com a outra. Uma pessoa pode ser
extrovertida em determinadas ocasiões e introvertida em outras. Entretanto geralmente
predomina uma dessas duas atitudes num determinado indivíduo durante a sua existência.
Jung
identificou e distinguiu também, quatro funções:
Pensamento: essa função discrimina, julga e classifica os fenômenos a partir da lógica da
razão, buscando avaliar objetivamente os “prós” e “contras” da natureza desses
fenômenos. Nomeia e conceitua os objetos. De uma forma sintética, a função pensamento
exprime o que é um objeto. Estabelece a relação lógica e conceitual entre os fatos
percebidos. 
Sentimento: essa função faz a avaliação dos fenômenos a partir de uma dimensão
valorativa - eles são agradáveis ou não. Tal como o pensamento, julga, porém, não pela
lógica da razão, mas pela lógica de valores pessoais - que, por sua vez, recebe influências
dos valores sociais. O conceito de sentimento não deve ser confundido com os conceitos
de emoção e afeto. Os sentimentos estão associados a uma dimensão valorativa de
julgamento, já a emoção é um afeto de grande intensidade de energia chegando a alterar
funções orgânicas, tais como batimento cardíaco e ritmo respiratório alterados por afetos
de amor, ódio, ciúme, entre outros.
Percepção1: essa função privilegia as informaçõesrecebidas pelos órgãos dos sentidos,
constatando a presença sensorial das coisas que nos cercam no contexto do “aqui e
agora”. Corresponde à soma total das percepções dos fatos externos que ocorrem através
dos órgãos dos sentidos. 
1 Posteriormente as pesquisadoras Myers e Briggs, que estudaram os tipos psicológicos de Jung e desenvolveram o MBTI, passaram a
chamar essa função de sensação, pois criaram duas atitudes (julgamento e percepção) e passaram a chamar a função percepção de sensação, para não
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ter o mesmo nome da atitude inserida por elas. Neste trabalho utilizaremos a denominação usada por elas, uma vez que abordaremos também seu
trabalho, assim como seu teste, o MBTI.
Intuição: essa função vai além da percepção (sensação), buscando os significados,
relações e possibilidades futuras das informações recebidas. Trata-se de uma apreensão
perceptiva dos fenômenos (pessoas, objetos e fatos) pela via inconsciente. A intuição
“vê” a natureza “oculta” desses fenômenos. A função intuição está associada a um tipo
de percepção que antevê possibilidades de acontecimentos. Corresponde aos
pressentimentos, palpites e impressões. 
Pensamento e Sentimento são funções racionais e Percepção e Intuição são funções
irracionais. E as funções psíquicas formam dois pares de funções opostas, entretanto,
complementares: o pensamento é oposto, porém, complementar ao sentimento. E a
sensação é oposta, porém, complementar à intuição.
Ele também estruturou as funções em:
Função Principal: é a mais desenvolvida pelo sujeito, é usada de forma consciente;
Função Auxiliar: é a segunda mais desenvolvida, também utilizada de forma consciente,
auxilia a função principal;
Função Terciária: possui desenvolvimento rudimentar, age num plano mais inconsciente;
Função Inferior: é a mais indiferenciada, menos desenvolvida ou infantil, permanecendo
num plano quase que exclusivamente inconsciente.
Ambas são utilizadas pelo sujeito, porém de formas diferentes.
A função principal, por ser mais desenvolvida, é a mais utilizada. É aquela que o
sujeito utiliza para contatar a consciência no seu meio de atuação. Se for introvertido será
no meio interno e se for extrovertido será externo. Dessa forma, os estilos cognitivos
caracterizam a maneira pela qual o indivíduo percebe, organiza e trata as informações,
constituindo uma característica dos sujeitos. Já a
função auxiliar é a segunda mais desenvolvida, porém ela não possui apenas a função de
suplementar a função principal, mas também a de equilibrar as atitudes de extroversão e
de introversão, entre os mundos externo e interno (mas ainda assim, não a igualdade),
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além de fornecer equilíbrio também, entre julgamento e percepção. Em todos os tipos o
processo dominante fica extremamente absorvido no mundo que lhe interessa, cabendo à
função auxiliar compensar essa unilateralidade. O não desenvolvimento desta função
proporciona ao sujeito os desequilíbrios mencionados, podendo ser também, causa de
adoecimento. A função
terciária é uma função com desenvolvimento rudimentar, cuja importância está na
complementaridade da dinâmica (consciente/inconsciente) atribuída aos quatro elementos
da tipologia. A função terciária é aquela oposta à função auxiliar na escala de
preferências. Pelo pouco
uso que se faz da função inferior, essa fica relegada ao inconsciente, tendendo sempre a
descambar para um processo de infantilização. É porta aberta para a manifestação de
nossos complexos, tendendo a ser o calcanhar de Aquiles no desenvolvimento da
personalidade. Sendo a
função inferior a mais inconsciente de todas, é através dela que temos um olhar mais
esgarçado sobre a manifestação das neuroses e transtornos mentais. A revelação desta
função através da aplicação do MBTI pode dar ao clínico, uma boa estratégia de
abordagem à neurose. Sendo assim, ela tem relação direta com o arquétipo da sombra.
2.3- Sombra
“Todo homem tem uma sombra e, quanto menos ela se incorporar à sua vida
consciente, mais escura e densa ela será, de todo modo ela forma uma trava
inconsciente, que frustra nossas melhores intenções.”
(ZWEIG C. e ABRAMS J., 1991)
Perguntado a um analista junguiano em que consiste o trabalho da clínica
junguiana ele responderá: “em conscientizar o arquétipo da sombra”. Essa estrutura
arquetípica é o depositário de todo material que é negado pela personalidade consciente,
tudo aquilo que não é bem aceito pelo social (desejos, cólera, raiva, mania, ira e etc), ou
seja, o nosso lado negro. Fica fácil de perceber uma relação direta da sombra com a
função inferior.
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E como diz Jung (ZWEIG C. e ABRAMS J., 1991) “aquilo que não fazemos
aflorar à consciência, aparecem em nossas vidas como destino.”
2.3- Myers e Briggs
Isabel Myers e sua mãe, Katharine Cook Briggs, já estudavam a teoria de Jung
havia dezesseis anos quando a segunda guerra mundial roubou muitos homens da força
de trabalho industrial para o serviço militar, obrigando as fábricas a contratar mulheres
para substituí-los.
Como o pesado ambiente de trabalho nas indústrias era território estranho para a
maioria das mulheres, elas acharam que o conhecimento das preferências de cada
personalidade em termos da teoria de tipos de Jung poderia ajudar a identificar que tipo
de trabalho no esforço de guerra alguém que não tivesse experiência anterior poderia
realizar com maior facilidade e eficiência.
Como não conseguiram encontrar um teste que pudesse indicar as preferências
junguianas, decidiram criar um. Desse trabalho resultou o Myers-Briggs Type
Indicator ou MBTI. Mas, como nenhuma das duas era psicóloga nem psicometrista,
tiveram que partir do zero.
Enquanto trabalharam por conta própria, tentando compreender e relacionar suas
observações, não tiveram problemas, mas, em 1943, quando criaram o primeiro conjunto
de questões que constituiriam o MBTI, enfrentaram dupla oposição da comunidade
acadêmica. Em primeiro lugar, nenhuma das duas tinha formação acadêmica como
psicóloga nem nenhum treinamento formal em psicologia, estatística ou construção de
testes. Em segundo lugar, a comunidade acadêmica, e até mesmo os analistas junguianos
daquele época, quase não conhecia nem aplicava a teoria dos tipos psicológicos e,
portanto, pouca utilização teria ela para um questionário que se propunha identificar o
tipo junguiano criado por duas mulheres desconhecidas, “totalmente desqualificadas”.
Porém, Isabel Myers não era totalmente desqualificada. É verdade que não tinha
nenhuma formação formal nas matérias requeridas, mas possuía mente privilegiada e,
durante mais de um ano, fora aprendiz de uma pessoa que certamente era qualificada nas
técnicas de que ela precisava. Essa pessoa era Edward N. Hay, na época gerente de
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pessoal de um grande banco de Filadélfia, com quem ela aprendera tudo o que precisava
saber sobre construção de testes, avaliação e estatística.
Estamos particularmente convencidos de que grande parte do sofrimento físico e do
estresse de nosso mundo resulta de desentendimentos entre pessoas bem-intencionadas, e
não de divergências irreparáveis. Assim sendo, todos nós poderemos melhorar muito a
qualidade de nossa vida cotidiana se entendermos como somos e como reunimos e
processamos nossas informações, como chegamos a conclusões ou decisões e como
comunicamos nossos pensamentos e nossos desejos aos outros. Maior harmonia e
cooperação serão possíveis se pudermos compreender e aceitar que os outros são
diferentes e se pudermos nos comunicar com eles de maneira que entendam e se sintam à
vontade.
A grande contribuição Meyrs-Briggs a obra de Jung foi justamente conceber a existência
de mais duas atitudes além de introversão e extroversão. Os pensadores e sentimentais
quando atuavam no mundo faziam-no através de uma atitude juldigativa enquanto os
intuitivos e sensitivos tinham uma atitude não juldigativa, mas perceptiva. A inclusão
dessas duas atitudes, julgamento e percepção, transformaram os oito tipos de Jung nos
dezesseis tipos doMBTI.
Hoje o MBTI é um dos maiores instrumentos no mundo das organizações, com patente
registrada nos 5 continentes.
A demonstração do tipo é feita basicamente, utilizando-se quatro letras. A primeira diz
respeito às atitudes extrovertida ou introvertida, a segunda assinala a função principal, a
terceira a função auxiliar e a quarta demonstra as atitudes introduzidas por Myers e
Briggs, julgamento ou percepção. Porém há diferença entre os introvertidos e os
extrovertidos. No caso de extrovertidos, a atitude de julgamento ou percepção está
diretamente relacionada à função principal, ou seja, se a última letra for J de julgamento,
a função principal será pensamento ou sentimento, e se for P de percepção, a função
principal será intuição ou sensação. Já no caso dos introvertidos, essas atitudes dizem
respeito à função auxiliar, porque o introvertido usa sua função principal para si, em seu
mundo interior, e a função auxiliar para o mundo. Dessa forma, se a última letra for J a
função auxiliar será pensamento ou sentimento e se for P a função auxiliar será intuição
ou sensação.
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No gráfico abaixo observa-se a distribuição das funções e atitudes dos tipos.
FUNÇÃO PRINCIPAL
FUNÇÃO INFERIOR
FUNÇÃO AUXILIAR
FUNÇÃO TERCIÁRIA
INCONSCIENTE
CONSCIENTE
s
Figura 1: Relação didática das quatro funções existentes com as atitudes consciente e inconsciente.
Nos gráficos abaixo observa-se exemplos de tipos extrovertidos e introvertidos:
ENFP
INTUIÇÃO (N)
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SENSAÇÃO (S)
SENTIMENTO (F)
PENSAMENTO (T)
INCONSCIENTE
CONSCIENTE
EXTROVERSÃO
Figura 2: Exemplo didático de um tipo extrovertido com as disposições de suas quatro funções.
INTUIÇÃO (N)
SENSAÇÃO (S)
SENTIMENTO (F)
PENSAMENTO (T)
INCONSCIENTE
CONSCIENTE
INTROVERSÃO
ISFJ
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Figura 3: Exemplo didático de um tipo introvertido com as disposições de suas quatro funções.
2.4- Aplicação na Clínica e na Empresa
As disposições das quatro funções mencionadas, assim como das duas atitudes
(extroversão e introversão), juntamente com as duas formas de perceber o mundo
(juldigativa ou perceptiva), são o que formam o tipo psicológico. A identificação do tipo
de cada pessoa é de extrema importância para o sujeito e os que o cercam. Na
clínica o paciente tem a oportunidade de conhecer melhor cada aspecto seu: sua forma de
estar no mundo, de ver o mundo, de lidar com as situações, aspectos seus que precisam
ser mais desenvolvidos e etc. Conhecendo as funções do MBTI do paciente e tecendo
relação com seu histórico, o psicólogo consegue ter um olhar mais profundo sobre a
neurose do paciente (que tem relação com a função inferior) e em que momento ele se
torna vulnerável à sua doença. Na
empresa é possível descobrir os tipos de cada funcionário e então poder verificar a
concordância entre o tipo e a função exercida, pois cada função exige qualidades
específicas de quem irá exercê-las. O conhecimento do tipo dá uma idéia do perfil
psicoprofissional de cada funcionário, permitindo um melhor direcionamento da carreira
e melhor aproveitamento na empresa. Há relação estreita entre saúde mental e a práxis
profissional. Quando a relação entre aquilo que se faz e o tipo é extremamente
dicotômica, dependendo do tipo ele poderá vir a adoecer.
É mister compreender que os tipos são categorias nas quais são incluídas
pessoas dotadas de características semelhantes porém não necessariamente
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iguais. Nem numa mesma categoria podem ser encontrados dois padrões de
personalidade individuais exatamente iguais. (Hall C. S. e Nordby V. J., 2006,
p. 84)
III. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em 1796, no observatório de Greenwich, o astrônomo real Nevil Maskeleyne
notou que havia uma discrepância de quase um segundo entre suas observações dos
trânsitos estelares e as registradas por seu assistente Kinnebrook. O assistente foi
despedido. Vinte anos mais tarde, o astrônomo Bessel, que tinha interesse em estudar os
erros de mensuração, ficou intrigado com o antigo incidente e passou a investigar se essa
discrepância também ocorreria com outros pares de observadores. E constatou que era
esse o caso. Em experimentos com um outro observador e si mesmo, Bessel computou
essa diferença e a denominou de “equação pessoal”. A
história acima nos mostra que até mesmo numa ciência dura, dita exata, reconhece que a
maneira de olharmos para um fenômeno é fundamental na determinação do mesmo.
Isto prova que
um estudo da tipologia humana foi e sempre será de extrema importância.
Jung nos fala que observando
as diferenças teóricas entre a psicanálise de Freud e a de Adler, chamou sua atenção para
o estudo dos tipos psicológicos. As diferenças nas atitudes (introversão X extroversão) de
Freud e Adler foram fundamentais na dicotomia de suas teorias, tratavam da mesma coisa
mais tinham uma equação pessoal diferente. Acreditamos que a importância do
nosso trabalho esteja talvez aí, em muitos casos um estudo tipológico pode trazer luz para
algumas discrepâncias que talvez não fossem necessárias.
Aplicar o MBTI em nossos pacientes nos permitiu
encontrar uma relação entre suas neuroses e sua função inferior, isso trouxe forte
motivação para uma fundamentação teórica na terapia.
O presente estudo enfatiza a importância teórica e
prática dos tipos psicológicos junguianos tanto no atendimento a pacientes como na
consultoria de empresas. Pois em quaisquer dos casos o conhecimento de si e dos outros
tem a capacidade de enriquecer as relações e proporcionar as mudanças necessárias ao
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crescimento. Em contrapartida, a inconsciência de tais aspectos pode trazer grandes
prejuízos ao sujeito, pois aspectos de sua sombra podem aflorar tomando suas ações.
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANZ, M. L. V. e HILLMAN, J. A Tipologia de Jung. 1. Ed. Cultrix, 1995
JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. São Paulo. 2. Ed. Vozes, 1974
HALL, C. S. e NORDBY, V. J. Introdução à Psicologia Junguiana. São Paulo. 8. Ed.
Cultrix, 2006. 84 p.
ZWEIG, C. e ABRAMS, J. Ao Encontro da Sombra. Ed. Cultrix, 1991
HALL, C. S. e LINDZEY, G. Teorias da Personalidade. São Paulo, EPU, 1973. 131 p.
JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. São Paulo. Ed. Vozes, 1967. 551 p.
13
JUNG, C. G. Fundamentos da Psicologia Analítica. Petrópolis. Ed. Vozes, 1971. 477 p.
HALL, C. S. e NORDBY, V. J. Introdução à Psicologia Junguiana. São Paulo. 8. Ed.
Cultrix, 2006
ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v.6, n.2, p.137-180, jun. 2005
MYERS, I. B. e MYERS, P. B. Ser humano é Ser diferente. São Paulo. Ed. Gente, 1997
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ANEXO
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V. ANEXO
O seguinte quadro demonstra resumidamente as características dos dezesseis tipos
psicológicos junguianos.
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Figura 4: Cada tipo com suas respectivas características.
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