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DIREITO AMBIENTAL - Resumo Geral da Disciplina - Detalhado

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SÍNCRONA 01 - ANÁLISE DO CONCEITO JURÍDICO DO MEIO AMBIENTE - 25-01-2021
O meio ambiente é o próprio objeto do direito ambiental e, sendo a relação jurídica de meio ambiente, serão aplicadas as normas de direito ambiental (juntamente com princípios, metodologias de interpretação e aplicação, etc). Assim, a definição e qualificação do objeto tem uma consequência prática lógica. Não obstante, é um ramo que se mistura com outros, e.g. penal e administrativo. A multidisciplinaridade é característica do direito ambiental.
Meio ambiente é o lugar onde a vida se desenvolve. Isso obviamente abrange muitas coisas, a exemplo da própria cidade. Contudo, Eugene P. Odum já definiu que as cidades são um parasita da natureza, pois não produzem nada de bom além de resíduos[footnoteRef:0], lixos. [0: Isso obviamente abrange muitas coisas, e.g. a própria cidade. Contudo, Eugene P. Odum já definiu que as cidades são um parasita da natureza, pois não produzem nada de bom além de resíduos, lixos. Ainda que tenha um motivo de existência no condensamento em prol dos governos poderem prestar serviços públicos de forma mais eficiente. Relembra-se, contudo, as cidades-inteligentes, movimento crescente, mas obviamente com suas limitações, seja por falta de inter alia vontade política ou de recursos, o que impacta no seu alcance.] 
Para José Afonso da Silva, o “meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. É um bem jurídico coletivo autônomo e unitário que não se confunde com os demais bens jurídicos que o integram.
Meio ambiente seria todos os elementos da natureza e suas interações. O todo é mais que uma mera soma das partes, pois torna algo distinto, que merece tratamento diferenciado. É um direito fundamental, consagrado assim pela própria CF, por convenções, etc. O intuito do direito ambiental é a busca pela efetividade da proteção. Para tanto, o ordenamento jurídico deve possuir diversos instrumentos.
A definição legal brasileira veio pela primeira vez na PNMA: 
Art. 3º Para os fins previstos nesta lei entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
	Contudo, constata-se uma incongruência quanto à percepção do problema ambiental, e isso claramente tem repercussões práticas nessa efetividade. A redução da problemática ao aquecimento global, queimadas no pantanal, desertificação na África, etc, enquanto que os desafios mais locais não recebem tanta atenção.
4 classificações:
· meio ambiente natural: composto pelos elementos bióticos (com vida, seres humanos, animais, flora, etc) e abióticos (não têm vida, mas a proporcionam, e.g. ar, água, solo, subsolo, etc) e por suas interações. O conceito de meio ambiente natural é formado pela conjunção de diversos elementos, em uma relação de interdependência que advém justamente da ideia de ecossistema. Seriam esses elementos em si, mas também suas relações. Assim, a natureza é composta de sistemas abertos com autonomia relativa para poderem sobreviver. O caráter sistêmico não pode ser desprezado, até porque é sua essência.
· meio ambiente cultural: como patrimônio cultural, o meio ambiente é formado por bens materiais e imateriais. Materiais têm existência física, podendo ser móveis (artefatos antigos e históricos) e imóveis (“patrimônio cultural imobiliário” formado por castelos, casas, fortalezas, fortes, etc). Os imateriais não têm existência física, mas dizem respeito à identidade de um povo (e.g. modo de culinária, folclore, danças, etc). O meio ambiente histórico pode estar tanto em ambiente urbano, como também na paisagem, e.g. morro do careca e cristo redentor;
· meio ambiente artificial: de fato, sempre que convive com o meio ambiente, o ser humano altera as características daquele. O tratamento do meio ambiente aqui se volta muito para saneamento público, uso do solo para construções, tratamento da água, rios, trânsito, poluição do ar.
· meio ambiente do trabalho: Alguns autores dizem que este não poderia ser considerado como autônomo/próprio/independente. Contudo, muito além de ser construção doutrinária, é previsto na CF: Art. 200 da CF diz que cabe ao SUS proteger o meio ambiente, “inclusive o meio ambiente do trabalho”.Assim, essa é uma classificação quase unânime na doutrina e jurisprudência, inclusive no STF. Para TALDEN a discussão ambiental inclusive nasce da discussão do trabalho e seus impactos. O direito ambiental internacional foi também se formatando perante a crise ecológica mundial decorrente dos impactos das revoluções industriais e suas diversas expansões, principalmente. brumadinho e mariana, por exemplo, foram desastres relacionados não só ao meio ambiente, como também ao direito do trabalho. o meio ambiente do trabalho é meio ambiente artificial, com uma peculiaridade própria: as pessoas passam muito tempo das suas vidas no trabalho ou em função do trabalho. talden considera que o direito ambiental surge do direito do trabalho.
ASSINCRONA 01 - RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
Antes, a doutrina majoritária era de responsabilidade objetiva. Atualmente, a lei exige responsabilidade subjetiva por tratar de negligência e dolo, dentre outras coisas. Essa questão está, então, superada, pois os tribunais superiores já estabeleceram a responsabilidade subjetiva.
O objetivo da responsabilidade administrativa ambiental é fazer com que as irregularidades ambientais sejam apuradas e punidas na própria esfera administrativa, com reação emanada do próprio Poder Executivo, por meio de órgão (Adm Direta ou Indireta), sendo de auto-executoriedade, com base no seu próprio poder de polícia e, portanto, não precisando recorrer ao Judiciário ou MP (mas sempre dando o contraditório).
Assim, analisada a infração/irregularidade ambiental, o órgão competente deverá impor a sanção administrativa ambiental correspondente, de acordo com a previsão normativa.
A PNMA coloca no Art 9º: São instrumentos da PNMA: as penalidades disciplinares ao não cumprimento de medidas.
O Art. 10 da Lei dos Crimes Ambientais (1998) define “INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL” como: “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”.
	O Decreto Federal n. 6.514/08 regulamentou as sanções administrativas ambientais, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades. Coloca tais infrações nos arts. 24 a 93, incluindo infrações contra a fauna e contra a flora.
OBS.: Para que a tríplice responsabilização em matéria ambiental seja efetivada, é obrigação comunicar ao MP e à Polícia sobre um ato quando este for ao mesmo tempo infração adm e criminal (e praticamente todas as administrativas são criminais, pois a Lei de Crimes Ambientais se baseou em muito no decreto). Se não o fizer, incorre em crime por conduta omissiva, como há no Art. 68 da Lei de Crimes Ambientais: "deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental, quando tiver o dever legal/contratual de fazê-lo. Pena de 1-3 anos de detenção + multa. P.u. se for culposo, pena de 3 meses - 1 ano, podendo multa".
Prazo de prescrição: 
a) infração ambiental administrativa: 5 anos da data da prática do ato ou do dia em que houver cessado a infração (crime permanente ou continuado);
b) infração criminal: pelo prazo previsto na lei penal a depender do tipo.
SINCRONA 02 - PROPEDEUTICA - 09-02-2021
1. Conceito
É o ramo da Ciência Jurídica que disciplina (objeto) as atividades humanas efetiva ou potencialmente[footnoteRef:1] causadoras de impacto sobre o meio ambiente, (finalidade) com o intuito de defendê-lo, melhorá-lo e de preservá-lo para as gerações presentes e futuras; e proteger, assim, a qualidade de vida da coletividade. [1: Engloba tanto o dano de que não se duvida, como o dano incerto e o dano que provavelmente possa ocorrer.] 
Assim, os impactos ambientais que não forem causados nem puderem ser influenciadospelo ser humano não farão parte do objeto desta disciplina.
Ele impede a degradação? Não. Há quem diga que a função seja combater a degradação. Isso não está errado, mas deve-se especificar que seria a degradação causada/influenciada pela ação humana. O Direito Ambiental não tem papel neutro! Seu papel é bastante definido na proteção do meio. Não obstante, a proteção não ocorre de maneira absoluta/ilimitada, pois o ser humano é permitido continuar com suas atividades econômicas (extração, exploração, consumo, etc). O que acontece, porém, é o estabelecimento de limites e parâmetros. Assim, o Direito Ambiental não impede a poluição/degradação, mas a delimita, impondo os padrões ambientais. Sua ideia é erradicar o laissez faire ecológico de outrora.
2 tipos de poluição que o direito ambiental olha:
Poluição efetiva
Poluição potencial é a que normalmente não acontece, mas pode acontecer em um momento de acidente/desastre. Por exemplo, resíduos hospitalares, atividade de mineração (já é poluidora, mas acidentes e desastres são fora do comum/esperado), o funcionamento de uma fábrica.
Antropocentrismo e biocentrismo:
Em tese, o direito é sempre antropocêntrico, pois existe para resolver problemas humanos e disciplinar a vida em sociedade. E não é diferente no DA, mas ele entende que não é possível fazer a proteção ao ser humano sem proteger o ambiente em que vive. Assim, a CF adota a visão do antropocentrismo alargado que, ainda que coloque como foco o comportamento humano, reconhece a interdependência ser humano/natureza (ainda que o ser humano esteja no centro do ordenamento), e não o antropocentrismo clássico (ser humano alheio aos recursos naturais que são meros objetos, e que todo regramento da natureza deve se dar por razão dos benefícios ao homem exclusivamente).
Art. 225 CF. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.
Por isso, a doutrina alarga o Direito para o entorno do humano, em prol de atender seu objeto plenamente (ou ao menos tentar fazê-lo) Para essa teoria seria difícil, assim, defender que a natureza seja sujeito de direito.
2. Nomenclatura
Há o direito subjetivo material ao meio ambiente conservado e a disciplina Direito Ambiental, também com outras designações tais quais Direito Ecológico, Direito da Ecologia, Direito do Ambiente, Direito do Meio Ambiente e Direito da Proteção da Natureza. Não obstante, além de algumas deixarem de ser usadas (pois o meio ambiente não é apenas o natural), a doutrina, jurisprudência e legislação consagraram (1980s) como “Direito Ambiental”, por consenso dos profissionais da área: é adequada para abarcar o objeto e o objetivo da disciplina, pois permite uma consideração mais ampla (meio ambiente artificial + cultural + do trabalho).
De fato, o DA é um direito social, inserido no título da ordem social. Assim, deve ser interpretado como tal, e o termo “direito socioambiental” seria dispensado.
	É direito difuso por excelência, do qual todos são titulares, mesmo quem degrada e polui.
Direitos difusos: os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato (Art. 81 I, Código de Defesa do Consumidor).
3. Autonomia[footnoteRef:2] [2: “Só quem tem autonomia é o direito, e seus ramos têm autonomia relativa”.] 
	Antes da década de 80, dizia-se que o DA não era ramo autônomo, mas sim parte do Direito Administrativo, até porque o DA é uma espécie de colcha de retalhos, contando com DA Financeiro, Consumerista, Civil, Penal, Econômico, Trabalhista, etc.
Assim, sua autonomia foi reconhecida depois de muita resistência pela Lei no 6.938/81, que delineou o objeto e o objetivo e estabeleceu as diretrizes, os instrumentos e os princípios do Direito Ambiental. A CF/88 depois dedicou um capítulo exclusivo ao MA, colocando-o como direito fundamental, fortalecendo institutos desse ramo. Como, internacionalmente, o marco de ‘criação’ do DIMA foi a Conferência de Estocolmo de 1972, o PNMA veio como reflexo de seus impulsos.
Ainda assim, ele tem a característica de se apropriar dos outros ramos do direito, dando a eles uma nova roupagem, por exemplo:
· no penal, o DA é essencialmente preventivo. Criminalizam-se condutas danosas com o intuito de prevenir tais atos. Inova também no Direito Penal por colocar a possibilidade de se criminalizar pessoas jurídicas especificamente por crime ambiental;
· no processual, a revelia em caso de DA não dispensa a instrução dos fatos.
O DA goza de autonomia por certas razões:
· tem institutos próprios: sejam os criados por ele (e.g. Estudo de Impacto Ambiental) ou por ele apropriados de outros ramos, dando outra roupagem (e.g. do Direito Administrativo as licitações ambientais, do Direito Urbanístico o zoneamento; do Direito Civil, a responsabilidade civil ambiental). De fato, DA se afirma quando determinados conceitos de ecologia se firma na ciência jurídica;
· tem princípios próprios próprios
· tem suas especialidades próprias, e.g. direito do mar, responsabilidade civil ambiental, dano transfronteiriços,. É tão amplo, vasto e múltiplo que seria mais tido como “Direitos Ambientais”, sendo difícil traçar limites rígidos dentro de sua conceituação.
4. Codificação ambiental
Não existe um código de DA que harmonize a legislação ambiental brasileira, mas sim códigos setorizados e diversas legislações esparsas (Código Florestal, de Caça, de Pesca, de Mineração, Lei de Responsabilidade Civil Por Danos Nucleares), pois, como foi matéria nova e complexa, sofreu uma proliferação legislativa. Assim, é um dos ramos do Direito brasileiro com maior número de normas (alguns autores afirmam que ele só perde para o Direito Tributário), e um dos Direitos Ambientais mais ricos do mundo[footnoteRef:3]. Atualmente tramita o PL 5367/2009, o Código Ambiental Brasileiro, para sistematizar e permitir alterações, o que abre riscos de retrocesso (como foi o Código Florestal, 2011). Por isso que o PL 678/2007 é melhor, pois quer apenas reunir o arcabouço jurídico já existente. Ainda que seja lógica a ideia de codificar o ramo, estabelecendo um marco normativo para ele, não é algo indispensável/absolutamente necessário. [3: E.g. estabelece a responsabilidade civil objetiva, tem tríplice responsabilização do Direito Ambiental - cada ato lesivo ao meio ambiente é responsabilizado em sede civil, penal e administrativa -, a responsabilidade de pessoa jurídica, responsabilidade dos bancos, responsabilidade do poluidor indireto, etc.] 
5. Fases do DA Brasileiro
	Não são fases regulares com marcos absolutamente precisos, especialmente as 2 primeiras. Ainda assim, funcionam para explicar como se deu a relação do ser humano com o MA e o direito.
	Internacionalmente, há quem diga que o DA estava presente em Roma, ou mesmo antes no Código de Hamurabi, ou no Código de Manu na Índia. Isso, contudo, não procede pois não havia debate ambiental.
	
a) Fase individualista (sem preocupação, até 1950): Desde o período colonial, a economia brasileira é marcada por ciclos de exploração intensiva dos recursos naturais. E o início da política ambiental do Brasil, por muitos autores colocada na década de 1930, se deu não por iniciativa nacional própria, mas sobretudo por pressão de organismos internacionais como a ONU e o FMI: em 1934 é publicado o 1º Código Florestal para proteger áreas e outras normas para regular a poluição. Havia políticas apenas setoriais que lidavam com os recursos de modo exploratório, pois o MA não existia enquanto objeto de preocupação e reconhecimento. A preocupação na Índia sobre não matar vacas, por exemplo, era essencialmente religiosa/espiritual. Não havia a visão do meio ambiente enquanto entidade legitimada de proteção. A preocupação de não poluição que podia haver era voltada à preservação da propriedade de alguém, em função do interesse econômico/patrimonial apenas e simplesmente. Ainda, eram atos localizados, individualizados;
b) Fase fragmentária (setorialidade, controle de algumas atividadesdevido ao valor econômico dos recursos naturais, 1950-1980): foram estabelecidas políticas na CF, não mais de modo pontual. Criamos a SUDEPE (Superintendência de Desenvolvimento da Pesca - mas só se preocupava com áreas de valor econômico), o IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - mas era para incentivar a silvicultura, produção de madeira em larga escala).
Em 1972 a Conferência de Estocolmo influencia a criação da 1ª instituição federal voltada especificamente para o MA, a SEMA (Secretaria Especial do Meio Ambiente), marcando o início da institucionalização da função pública ambiental também refletindo o modelo federalista pois os outros entes também começam a se estruturar melhor;
c) Fase holística (1981-presente): compreensão do meio ambiente como um todo integrado e interdependente (prevendo uma gestão integrada do MA). É quando o DA realmente surge, quando a ideia de ecossistema é abraçada pelo direito e incorporada juridicamente, através da PNMA (1981) criando o SISNAMA, considerado muito inovador também pelo caráter descentralizador, com diretrizes e instrumentos. É o reconhecimento da autonomia. Protege-se um certo recurso natural não por ele ter certo valor econômico/religioso/social/bélico, mas também por causa de seu valor ecológico (como parte de um todo, com sua função na natureza e na cadeia ecológica). Por isso que a lei que protege a água não protege apenas ela, mas também os seres marinhos, o local físico, os animais que transitam nas margens, o ar da área, etc. O DA só existe quando ele reconhece tudo isso, passando a ter um olhar autônomo. É a visão holística a sua essência.
Veio também a adicionar: Lei dos agrotóxicos, da Mata Atlântica, de Crimes Ambientais, da Ação Civil Pública, da Política Nacional de Recursos Hídricos, de Recursos Sólidos, de Saneamento Básico, da Biossegurança, de Educação Ambiental, Política Nacional sobre Mudança de Clima, Estatuto das Cidades, etc).
Há também a criação do Ministério de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (1985) e o IBAMA (1989), de forma fragmentada até hoje, ainda que tenhamos a CF com o capítulo focado nisso (com visão holística, princípios gerais da atividade econômica e preocupação com geração futura).
	Década de 1990 marcada pela Rio-92, criação da Lei dos Crimes Ambientais (colocando o Brasil como um dos poucos países que prevêem isso) e uniformizando unidades de preservação e instrumentos de proteção anteriormente dispersos.
	Em 2002, a Conferência da Rio+10 e Joanesburgo.
	Em 2007, o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), deixando o IBAMA com licenciamento e fiscalização, e o ICMBIO com o gerenciamento do Sistema Nacional de Conservação, junto à questão de pesquisas.
	Em 2012, a Rio+20.
6. Fontes do Direito Ambiental
Formais: o ordenamento jurídico nacional e internacional. CF, leis ordinárias, complementares, decretos, portarias, declarações internacionais de direito soft law.
Materiais: movimentos populares, doutrina, descobertas científicas.
7. Ramo do Direito
A doutrina majoritária classifica no Direito Público (pelo interesse público e ligação com Adm e Const, incluindo normas e institutos adm ambientais, civis/comerciais/constitucionais/financeiros/ trabalhistas/tributários ambientais. Mas não significa que todas as relações envolvidas são de caráter estatal).
Ainda que seja mais próximo do Direito Público, tem um pé no Direito Privado, tratado também nas relações de compra e venda, de serviços, etc. Devido à sua interdisciplinaridade estando presente nas relações de Direito Público E Privado, é Direito Especial, um tertium genus (terceiro gênero), sendo espécie de direito coletivo no sentido amplo, direito difuso (ou, pela doutrina, Público), que transcende a dicotomia público x privado.
Art. 81 CDC: Direito Difuso é o transindividual, indivisível, cujos titulares são pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
O MA é considerado um equipamento público, de uso comum do povo, a ser necessariamente assegurado e protegido.
	TALDEN: classifica como ramo híbrido (sempre vai ter interseção), público (por ser difuso) e ramo do direito econômico por seu aspecto econômico ser inegável.
ASSÍNCRONA 02 - PNAMA E SISNAMA - 16-02-2021
política nacional do meio ambiente
lei 6.938, surge no final da ditadura militar
1968 → onu convoca pra primeira convenção internacional do meio ambiente (1972 em estocolmo)
1969 → estados unidos edita sua lei de política ambiental, seguida da agência ambiental norte americana (agencia reguladora, época de nixon)
1972 → pressão dos países ricos para que a questão ambiental começasse a ser levada em consideração.
``complô dos países ricos`` que queriam congelar a geoeconomia global, segundo nações menos favorecidas. o brasil trabalhou muito esse discurso (gente que vergonha)
é preciso compreender que boa parte dos chamados países em desenvolvimento usaram a mesma estratégia. a questão ambiental era muito nova, era natural que os países menos desenvolvidos vissem isso com desconfiança, e que a problemática ambiental começasse a ser discutida nos países onde a industrialização era mais forte, porque os problemas ambientais eram mais visíveis que em países pobres e agrários.
Entretanto, o Brasil sempre se destacou em matéria ambiental e em diplomacia (hoje que é negacionista, mas historicamente o país era bastante importante na luta contra a internacionalização da Amazônia, proibição de caça às baleias e etc.)
quando essa comitiva voltou, como resposta ao vexame internacional, o Brasil criou a primeira secretaria voltada às políticas internacionais
SEMA - secretaria nacional do meio ambiente
em 1981, a SEMA encaminha o projeto do que veio a ser a lei 6938 ao congresso nacional (bastante avançada pra o seu tempo)
início do processo de constitucionalização da política ambiental em outros países (conferência da ONU mais Declaração Ambiental)
1988 → consolidação dessa constitucionalização do meio ambiente ao brasil
lei 6938 → tenta criar uma política que envolva todos os entes federativos
cria a política nacional do meio ambiente (pnma)
e cria o sistema nacional do meio ambiente (sisnama)
federalismo cooperativo - articulação dos entes federativos tendo em vista a promoção do bem comum
o sistema nacional do meio ambiente não tem dotação orçamentária própria
foi precursor de vários outros sistemas ambientais que inclusive têm mais recursos financeiros que ele
antecipa em 4 anos a ideia de desenvolvimento sustentável, que se firma em 1985, por meio do relatório mutley (que fixou a ideia de desenvolvimento sustentável através da justiça social, eficiência econômica e proteção do meio ambiente, resguardando gerações recentes e futuras)
princípios da lei 6938 (ele falou mt rapido. ver na lei)
art. 9 - instrumentos da política ambiental
art 10 - licenciamento ambiental em âmbito nacional
art. 14 - consagra a responsabilidade civil objetiva em direito ambiental
responsabilidade administrativa em matéria ambiental
inauguração da sistemática penal ambiental
ministério público como fiscal ambiental
obrigações ambientais para os bancos públicos
poluidor indireto
antecipar o meio ambiente como direito fundamental da pessoa humana (consolidado pela CF)
 
sisnama - sistema nacional administrativo, formado por agências de meio ambiente, ministério do meio ambiente, ibama, instituto chico mendes, etc.
CONAMA → objetivo: estabelecer padrões de controle ambiental para os mais diversos âmbitos da regulação ambiental (postos de gasolina, mineradoras, portos, etc.)
do ponto de vista quantitativo, o CONAMA é o principal órgão de normatização do direito ambiental brasileiro.
instância de discussão das políticas públicas e de estabelecimento das grandes regras de direito ambiental. é quase como uma segunda instância
Ministério do Meio Ambiente: dá as cartas
Ibama: instituição das políticas definidas pelo ministério e pelo conama
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Editada pela lei 6.988, do final do período militar, sendo reflexo das pressõesinternacionais, incluindo a Conferência de Estocolmo de 1972. Por esse impulso, posteriormente, o BR deu satisfação à comunidade internacional criando o primeiro órgão nacional ambiental: a SEMA, Secretaria Especial do Meio Ambiente, em 1972. Mas foi um projeto raso, com poucos avanços.
Em 1981, a SEMA (Poder Executivo) encaminha a PL 6.988, inspirada na Lei da Política Nacional dos EUA sobre Meio Ambiente, sendo bem avançada e, por ter criado a política setorial, é a lei ambiental brasileira mais importante.
Objetivos:
Art 2º - A preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
+ Art 4º - I - compatibilização desenvolvimento + preservação e equilíbrio ecológico;
II - definição de áreas prioritárias de ação governamental para preservação e equilíbrio;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias, divulgação de dados ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
+ Art 5º - As diretrizes serão formuladas em normas e planos para orientar a ação dos entes no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico. P.u. as atividades empresariais públicas ou privadas devem se ater às diretrizes. É a ideia de articular os entes.
Princípios:
I - ação governamental em prol do equilíbrio ecológico;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades (potencial ou efetivamente) poluidoras;
VI - incentivos à pesquisa de tecnologias orientadas para uso racional/proteção dos recursos;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas;
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. 
Conceitua:
Art 3º - I - meio ambiente: “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”;
(Visão mais abrangente e integrativa dos recursos: “influências e interações”)
	+ 
II - degradação da qualidade ambiental: “alteração adversa das características do meio”;
III - poluição (colocou uma noção ampla, incluindo até a estética) a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor: “pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”;
V - recursos ambientais: “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”.
Instrumentos:
Art 9º - O estabelecimento de padrões + zoneamento ambiental[footnoteRef:4] (a ordenação do território) + avaliação dos impactos + licenciamento e revisão das atividades + incentivos à tecnologia + criação de espaços protegidos + o sistema nacional de informações sobre o MA + o Relatório de Qualidade do MA, anual pelo IBAMA + as penalidades pelo não cumprimento das medidas necessárias + prestação de informações sobre o MA. [4: O Zoneamento Ambiental são as delimitações feitas pelo Poder Público para que o desenvolvimento sustentável possa acontecer, fazendo a atribuição de usos e atividades compatíveis segundo as características (potencialidades e restrições) de cada uma delas. Objetivo: viabilizar o desenvolvimento sustentável a partir da compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a conservação ambiental.] 
Responsabilidade civil em matéria ambiental:
Art. 14 O não cumprimento das medidas necessárias e os danos causados sujeitam o causador à pena de: suspensão da atividade, perda/restrição de incentivos/benefícios/financiamento econômico e fiscal, e multa (entre 10 e 1.000 ORTNs[footnoteRef:5]). [5: Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional: era uma modalidade de título (da dívida pública) público federal que foi emitida entre 1964 e 1986. Seu sucessor, o Bônus ao Tesouro Nacional, foi extinto.] 
A doutrina e a jurisprudência aceitam que a lei tenha adotado a teoria dos risco integral. Alguns, porém, entendem que essa teoria não foi adotada para o poluidor indireto.
Instituiu também uma segunda modalidade de responsabilidade jurídica ambiental; a Responsabilidade Administrativa em matéria ambiental, Art 9º São instrumentos da PNMA: as penalidades disciplinares ao não cumprimento de medidas.
Isso tudo impactou no Art. 225, §3º da CF: “ As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”, que estabeleceu a tríplice responsabilização em matéria ambiental: nas esferas adm, cível e criminal.
A PNMA é um grande legado, sendo vanguarda, pois
a) cria o conceito jurídico de meio ambiente atrelado ao ecossistema;
b) foi em formato de lei (políticas nacionais podem ser) pois queriam garantir a continuidade da política, não pertencendo ao governo/partido/período específico, mas sim ao estado brasileiro. A PNMA, de fato, não trata apenas de punição criminal/civil, mas traz diretrizes sistemáticas para os órgãos nacionais, criando uma estrutura de atuação pública envolvendo todos os entes federativos;
c) determinou instrumentos de política ambiental, e.g. licenciamento ambiental, direito à informação, educação ambiental, tecnologias ambientais, zoneamento, instrumentos econômicos de política ambiental;
d) colocou a ideia de poluição como algo amplo (Art. 3º, III), permitindo maior atenção à responsabilização também do poluidor menor;
e) internaliza a ideia de interdependência dos recursos, na visão ampla e integrativa, tendo em mente a proteção holística;
f) antecipa conceitos que demoraram alguns anos a mais a se firmarem, e.g. poluidor indireto (Art. 3º, IV), relação MA-direitos fundamentais (e.g. dignidade da pessoa humana) e os pilares da ideia de desenvolvimento sustentável[footnoteRef:6] (justiça social + eficiência econômica + proteção do meio ambiente, resguardando gerações presentes e futuras), etc; [6: Só foi afirmado em 1985 pelo Relatório Brundtland (1ª Ministra da Noruega na época).] 
g) inaugurou a sistemática penal ambiental, trazendo alguns tipos penais que foram depois substituídos (mas não revogados) pela Lei dos Crimes Ambientais (1998). Tem, por exemplo: Art. 15. Expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave situação de perigo existente: reclusão de 1-3 anos e multa de 100 a 1.000 MVR;
h) instituiu 2 modalidades de responsabilidade ambiental: a civil objetiva e a administrativa;
i) atribuiu legitimidade processual ao MP[footnoteRef:7] nas esferas cível e criminal (mais de 4 anos antes da Lei de Ação Civil Pública), pois direito ambiental é direitodifuso (Art. 14, §1º: “para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente”); [7: Protagonismo do MP em matéria ambiental: muitos acham que essa legitimidade surgiu, na esfera criminal, com a Lei de Crimes Ambientais (1998) e na esfera civil com a Lei de Ação Civil Pública (1985), mas o PNMA já criou a legitimidade para responsabilidade ambiental de forma geral, iniciando o protagonismo do MP nessa matéria ambiental. Ainda, o Art. 129/CF consagra o MP como espécie de Fiscal Geral em Matéria Ambiental, tendo inspiração na lei de 1998.] 
j) originou o Art. 225 da CF sobre tipos de responsabilidade em matéria ambiental, papel do MP em matéria ambiental, direito fundamental da pessoa humana, controle ambiental prévio com licenciamento e estudos, MA como patrimônio público.
k) criou no seu Art. 6º o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), precursor de vários outros sistemas administrativos (subsistemas ambientais, e.g. Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos):
SISNAMA
Um Sistema Nacional Administrativo[footnoteRef:8] formado pelo conjunto de secretarias, autarquias, agências, fundações e conselhos ambientais. [8: Um SNA (Sistema Nacional Administrativo) visa promover uma política pública articulando a atuação de todos os entes federativos (federalismo cooperativo em prol de objetivos comuns, e.g. SUS, SNDH, etc), com intuitos de gerar economia de escala, dimensionamento/alcance maior dos resultados, etc.
Diferentemente desses outros sistemas, porém, o SISNAMA não tem dotação orçamentária própria, falha essa que à época poderia ser aceitável.] 
Órgãos à níveis federal, estadual e municipal:
	Âmbito federal
	- Ministério do MA (MMA) como órgão central de planejamento, dando as cartas;
- CONAMA[footnoteRef:9] como o grande conselho, Parlamento Ambiental para discussão de políticas públicas e projetos, como uma 2ª instância administrativa ambiental depois do MMA. É quem estabelece as grandes regras/normas do Direito Ambiental e, assim, padrões de proteção ambiental. É o principal órgão de normatização do Direito Ambiental Brasileiro (pela análise quantitativa de normas); [9: Adm Bolsonaro diminui o número de integrantes, prejudicando a sociedade civil organizada.] 
- IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) encarregado de executar e fazer executar o SISNAMA. Estabelece diretrizes, emite autorizações e licenças, fiscaliza e aplica multas; Instituto Chico Mendes, o mesmo mas em âmbito federal das áreas protegidas.
	Âmbito Estadual[footnoteRef:10] [10: Cada um possui seu órgão estadual correspondente como, por exemplo, a FATMA (Fundação do Meio Ambiente) em Santa Catarina, o INEA (Instituto Estadual do Ambiente), no Estado do Rio de Janeiro e a CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), em São Paulo.] 
	a) Secretaria do Meio Ambiente: planejamento;
b) Conselho Estadual do MA;
c) Agência Ambiental: execução de programas, projetos e fiscalização de atividades potencialmente prejudiciais.
	Âmbito Municipal
	Somente os de porte médio ou grande vão possuir órgãos ambientais geralmente. A ideia é que haja o Conselho Municipal do MA e um Órgão Ambiental (secretarias do meio ambiente, normalmente) com participação da sociedade civil. Infelizmente, há uma falta de presença efetiva dos municípios dentro da política ambiental brasileira.
Obs.: como revolucionariamente previsto pela PNMA, os Conselhos do MA devem possuir necessária participação popular, sendo de atuação pública (e não sigilosa), com poder deliberativo de decisão.
Art 6º - Órgãos e entidades dos entes federativos + fundações do Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o SISNAMA.
Considerações críticas
O SISNAMA ainda não se encontra estruturado e articulado como um sistema nacional integrativo, pois ainda há a centralização das atribuições do governo federal e os conflitos entre os entes em diversos temas. Ainda, o desmantelamento das instituições e o afrouxamento da proteção vem apontando as dificuldades do Ministério do MA. Ainda que a Política Ambiental Brasileira venha se fortalecendo, em 2019 iniciamos um período de caos. Para que tenhamos uma política melhor: investimento + avaliação + instrumentos de accountability/prestação de transparência + maiores investimentos de médio a longo prazo. Ainda, o federalismo ambiental depende da adesão dos entes (até porque o Art. 23 da CF coloca como competência comum a atuação em termos de ambiente). 
ASSINCRONA 03 - DIREITO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL - 23-02-2021
o direito ambiental tem respaldo constitucional; está espalhado na constituição em inúmeras referências diretas e indiretas
o meio ambiente está no rol dos direitos sociais, art. 225 → capítulo, centro da constituição ambiental; núcleo essencial do direito ambiental brasileiro. a partir dele é que devem ser respeitadas todas as normas e institutos do direito ambiental.
as normas constitucionais ambientais, mesmo estando todas na constituição, guardam uma hierarquia, que tem como ponto maior o caput do art. 225.
``todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado`` → todos quem? surge o debate : ecocêntricos (ou biocêntricos) x antropocêntricos
ecocêntricos → todas as plantas, animais e etc. têm o mesmo valor jurídico que o ser humano
antropocêntrico → animais, plantas e etc. só são levados à sério se tiver a mola humana para mover-los
talden defende o antropocentrismo alargado, ou seja, um mix das duas correntes. significa dizer que para proteger o ser humano deve-se proteger a natureza, a fauna e a flora.
tendência a se ter os animais como um ``terceiro gênero``, algo entre os seres humanos e o meio ambiente, com um valor sui generis. isso é interessante ao se analisar que a constituição, por exemplo, coloca a tortura aos animais como algo proibido (tudo bem matar pra comer e etc. mas torturar não)
art. 5 → ação popular pode ser usada para defesa do meio ambiente
art. 170 → defesa do meio ambiente como um princípio da ordem econômica
art. 184 → reforma agrária
art. 200 → o sus protegerá o meio ambiente
art. 182-184: política urbana, meio ambiente artificial
art. 186 → meio ambiente cultural
interessante que as primeiras denúncias contra o meio ambiente surgem do meio ambiente do trabalho 
``constituição ambiental`` - dá ideia de uma sistematização ambiental dentro da constituição
microssistema constitucional voltado ao meio ambiente
direito-dever : imposição, ao poder público, de proteger o meio ambiente. 
art. 129 da CF (ministério público como responsável pela fiscalização dessa proteção, como ombudsman).
1. Noções gerais
Nas CFs anteriores, a tratativa dos recursos não era protetiva[footnoteRef:11], mas sim segmentada (ignorava a relação dos recursos entre si) e com enfoque utilitarista, ignorando sua função ecológica. Ainda, não se atribuía um valor autônomo. [11: Era protetiva ao direito de propriedade, porém. O próprio conceito de “função social da propriedade” não continha o conteúdo ecológico, pois o enfoque era predominantemente econômico.] 
Fases:
· Até 1930s, a fase individualista de exploração desregrada: pouquíssimo regramento, mas a CF mencionando a defesa contra os efeitos da seca;
· Até 1980s, a fase fragmentária, onde houve mais controle de atividades exploratórias. Porém, continuou o critério utilitarista, pensando o valor econômico. Se usou a expressão ‘ecológico’, mas sem muito efeito prático.
· A partir da CF Verde/Ecológica[footnoteRef:12] de 1988, a fase holística, visão que compreende o meio ambiente como um todo integrado e com elementos interdependentes. Pensa-se a função ecológica dos elementos, devendo cada recurso ambiental ser considerado (paradigma jurídico da constitucionalização ecológica - proteção integrada - visão holística). Foi a primeira CF a fazer uso da expressão “meio ambiente” e tratar efetivamente do tema, com alto grau de detalhamento e acentuado caráter protetivo. [12: De acordo com ÉdisMilaré, a CF brasileira é o texto constitucional ambiental mais avançado do planeta.] 
CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos[footnoteRef:13] têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, BEM DE USO COMUM DO POVO[footnoteRef:14] e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. [13: Há quem diga que inclui os animais. Talden discorda, acha um exagero, a não ser que se esteja considerando apenas o direito de vida dos animais. Seria um exagero, um reach, mas nada impede que isso seja anonimamente aceito futuramente.] [14: A CF quis dizer BEM DIFUSO, bem de ampla e irrestrita fruição coletiva (nas CNPQs), sendo uma esfera de valor que se sobressai.
Não quis tratar da classificação de bem público, o qual é o de uso coletivo, uso comum, e.g. praia, ruas, florestas. Mas tratar de forma ainda mais ampla: por exemplo, é TAMBÉM DIREITO SOCIAL.] 
Assim, é um direito-dever, devendo o sujeito concorrer para que esse direito se efetive. Quem deve proteger o MA? A coletividade e o poder público (compreensão ampla). De fato, o MP é a única instituição mencionada de forma expressa como protetor ambiental (ao passo que todos devem também sê-lo), e por isso trata-se de órgão da mais alta importância dentro de toda e qualquer política ambiental. 
Estando o capítulo dentro do TÍTULO DOS DIREITOS SOCIAIS, o MA é também enquadrado como direito difuso, como direito fundamental de 3ª geração[footnoteRef:15] (de acordo com o STF). É indivisível, transindividual e transgeracional, não podendo ser individualizado. Coloca o ser humano ao mesmo tempo como destinatário/titular e protetor: [15: São os direitos difusos e coletivos (e o direito ao meio ambiente é o carro-chefe, seu alegórico mais significativo), envolvendo a liberdade, igualdade e fraternidade, e o DA está aí. É indivisível, individualizável, transindividual e transgeracional (sendo peculiaridade desse direito a titularização de pessoas futuras e incertas).] 
· A titularidade é difusa, não se prendendo às pessoas. É transindividual pois são titulares também pessoas indeterminadas. Cada um individualmente é titular, e essa titularidade não pode ser alienada (pois é um direito que não se integra ao patrimônio individual de cada um);
· Enquadrou obrigações para o Poder Público e para a coletividade (e também encarregou ao MP de proteger através da ação civil pública[footnoteRef:16]), inclusive podendo fazer uso da ação popular, transcendendo a esfera meramente estatal. Isso remonta à ideia de ser um patrimônio comum da humanidade. [16: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;] 
2. Definição de MA na CF
A CF/88 estabeleceu o tratamento jurídico do meio ambiente como um todo, um bem autônomo e indivisível, na concepção holística. Então, o meio ambiente compreende, embora não se confunda com, os recursos naturais. Isso não anula que pode o meio ambiente também adotar a visão/perspectiva relacional/sistêmica. Assim, pode ser tido como:
a) microbem: reduzido a um de seus elementos individuais da natureza. Essa visão normalmente acaba enfatizando apenas o aspecto econômico/estético do meio ambiente;
b) macrobem: tratado como um todo unitário (considerando a ampla e recíproca relação envolvendo a complexidade e o caráter sistêmico dos elementos). Por essa visão, portanto, todos os seus componentes merecem ser protegidos por fazer parte do sistema, sendo partes interconectadas.
Estabeleceu-se um conceito aberto de meio ambiente[footnoteRef:17], permitindo atualizações (em busca de efetividade) sem precisar de emendas[footnoteRef:18]. Ainda que o meio-ambiente, por definição, seja unitário (a proteção jurídica é uma só. O objetivo é único de defender a qualidade e a continuidade da vida), a CF também aceitou conceitos doutrinários, apontando para 4 dimensões distintas. [17: Não obstante, a Lei da PNMA (1981) conceitua meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Essa conceituação inovadora estendeu a proteção jurídica a todos os elementos da natureza, de forma integrativa e global, em um PARADIGMA HOLÍSTICO.] [18: Caminha nessa direção a hermenêutica de integração da realidade ao processo de interpretação constitucional defendida por Peter Häberle, segundo o qual a aplicação dessas normas é uma construção coletiva, e, por consequência, dinâmica.] 
a) meio ambiente natural/físico : recursos naturais abióticos sem vida (solo, água, ar, fogo) e bióticos (fauna e flora), podendo ser considerados indivídua ou conjuntamente por correlação recíproca;
a) meio ambiente cultural : histórico, artístico, arqueológico, turístico, paisagístico. Constituído por bens tanto de natureza material (construções, obras de arte, documentos importantes) como também imaterial (idiomas, danças, mitos, costumes). Fundamento da proteção: fato de que quando o ser humano interage com o ambiente, atribui valor especial;
b) meio ambiente artificial/criado : é o construído/alterado pelo ser humano, abrangendo tanto a zona rural como urbana, portanto referindo-se simplesmente aos espaços habitáveis. Não obstante, tem enfoque nas cidades, cabendo ao PP promover serviços públicos e acessos;
c) meio ambiente do trabalho : também considerado extensão do meio ambiente artificial. Trata das condições do ambiente laboral, envolvendo tanto o espaço como também as ferramentas, as máquinas, os agentes e as operações. Segue o primado da vida e da dignidade do trabalhador. Fundamento: é no labor que a maioria de nós passa grande parte da existência.
3. História da constitucionalização
O processo de constitucionalização do meio ambiente ganhou força no meio internacional a partir da Conferência de Estocolmo (1972, Suécia), a 1ª Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente. Decorrente da Conferência de Estocolmo (1972, Suécia) convocada pela ONU, e das pressões de países ricos para que os demais passassem a tratar da preservação ambiental (e, enquanto isso, os países mais pobres se opunham, incluindo o BR, pois desconfiavam dos interesses dos demais). Lá se aprovou a Declaração Universal do Meio Ambiente, exortando os países a criarem órgãos e aprimorarem suas leis ambientais, dando ensejo à constitucionalização do meio ambiente.
A constitucionalização da matéria no Brasil reconheceu a interdependência dele com o direito à vida e à qualidade de vida, unindo-se à dignidade da pessoa humana[footnoteRef:19]. Assim, definiu como direito fundamental da pessoa humana, passando a gozar de inalienabilidade e irrenunciabilidade. [19: Podemos relembrar o Art. 11 do Protocolo Adicional à CADH, “toda pessoa tem direito de viver em meio ambiente sadio e de beneficiar-se dos equipamentos coletivos essenciais”.] 
Contudo, podemos dizer que o que o constituinte originário apenas fez foi encampar o que já havia na Lei do Zoneamento Industrial na Áreas Críticas de Poluição (1980) e na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).Construiu todo um arcabouço normativo à luz de normas já existentes (lei dos crimes ambientais, dos agrotóxicos, da mata atlântica, da política nacional de biossegurança, de educação ambiental, de resíduos sólidos, hídricos, lei do sistema nacional de unidades de conservação, estatuto das cidades).
A CF/88 dedicou um capítulo inteiro ao tema, com alto grau de detalhamento, incluído no TÍTULO DOS DIREITOS SOCIAIS, portanto também direito difuso.
	NORMA-PRINCÍPIO: demonstra a fundamentalidade do direito e baseia a interpretação e aplicação de todas as demais regras
	NORMA-REGRA: instrumentos jurídicos de garantia da efetividade do direito do caput (para dar concretude)
	DETERMINAÇÕES PARTICULARES: pontos específicos de relevância para o tratamento constitucionalCAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, BEM DE USO COMUM DO POVO e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
É uma configuração jurídica diferenciada. Foi além da dimensão biológica, trazendo o ser humano para o centro da questão ambiental.
	§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público (necessariamente, sem espaço para discricionariedade): I - preservar e restaurar processos ecológicos essenciais; II - preservar diversidade e integridade e fiscalizar as entidades de manipulação de material genético; III - definir espaços territoriais e seus componentes, vedando utilizações que comprometam a integridade; IV - exigir IEA ao qual dará publicidade, antes de atividade potencialmente causadora de dano significativo; V - controlar produção e uso de substâncias que comportem risco à vida e meio ambiente; VI - promover educação ambiental; VII - proteger fauna e flora;
	§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado; § 3º As atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas; § 4º Os biomas são patrimônio nacional e sua utilização far-se-á na forma da lei de modo a preservar; § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados necessárias à proteção dos ecossistemas naturais; § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal para poderem ser instaladas; § 7º Não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos (EC 96/2017).
4. Instrumento protetivo
A CF coloca a AÇÃO CIVIL PÚBLICA, legítima a ser proposta (ao MP) por qualquer pessoa, para ser usada em caso de dano ao MA:
Art. 5º LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
	
Paralelamente, o Art. 129. coloca o inquérito civil público e a ação civil pública, para a proteção do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, como encargo do MP.
ASSÍNCRONA 5. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA AMBIENTAL
Definição: De acordo com Gustavo Costa em “Federalismo e ICMS” (1999), define competência como a capacidade jurídica de uma corporação pública para agir, sendo uma faculdade atribuída juridicamente a uma entidade/órgão ou agente do PP para emitir decisões. Aqui fala-se sobre competência legislativa apenas.
Assim, competência é a responsabilidade, ou o poder-dever de fazer alguma coisa; ter responsabilidade, competência de cuidar dessa matéria. no presente caso, falamos de competência para editar/cuidar de normas de direito ambiental, ou para aplicá-las.
→ Leis ambientais: multifacetadas até mesmo devido à essa própria característica do meio ambiente: 
a) leis “puras”/propriamente ditas ambientais: tratar de questão ambiental exclusiva ou majoritariamente (pelos Conselhos do Meio Ambiente); 
b) decretos do Executivo, e.g. autoridades dos entes, CONAMA, Conselho Nacional/Estadual dos Recursos Hídricos, Conselho de Florestas, Conselho de Urbanismos, etc. 
Isso tudo tem como ideia do princípio da participação, tanto na propositura de normas, no acompanhamento de processo legislativo, na realização de audiências públicas por parte do Judiciário, etc.
Hoje na CF/88 a matéria ambiental segue a regra das demais áreas do direito, com competência administrativa/executiva distinta de competência legislativa (antes que antes fossem atreladas). De fato, a CF/88 tem como principal temática duas coisas: a proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana e a divisão dos poderes (horizontal sobre os Poderes e vertical sobre os entes federais[footnoteRef:20]). Não apenas isso, mas o fato de ser um estado federativo coloca essa divisão de competência como essencial. [20: A regra que a CF segue nesse Âmbito é a da “predominância do interesse”, segundo o qual caberá à União as matérias de predominante interesse geral, nacional. Os Estados então tratam de assuntos de interesse predominantemente regional, e os municípios, locais. Isso importa porque os problemas e suas intensidades vão variar a depender do local.] 
Competência concorrente dos Entes Federativos: normas de interesse geral pela União + suplementares dos Estados e Municípios. Art. 24 da CF trata de competência legislativa em matéria ambiental.
A União estabelece normas gerais e os Estados e Municípios complementam e suplementam.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao DF legislar concorrentemente sobre: 
(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, (e outros).
(...)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.[footnoteRef:21] [21: Por exemplo, o Código Florestal não é inconstitucional por ter estabelecido margens precisas para a metragem das Áreas de Preservação Permanente (APPs): "norma geral" não quer dizer norma genérica, até porque, em regra, toda norma deve ser genérica para que não seja usada de modo oportunista ou pessoal.] 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Em resumo: o estado pode legislar a maior, suplementando a legislação federal e nunca podendo suprimir em qualquer parte. A norma geral não pode ser suprimida/dilapidada.
O estado pode legislar a maior em normas ambientais, mas não pode legislar a menor, a ponto de retirar eficácia da norma federal.
E na lacuna de lei federal, cabe ao estado editar lei geral para tratar de sua peculiaridade (§3º).
Em caso de conflito, prevalece o que a lei federal estabelecer (hierarquia). a lei estadual entra em vigor, mas naquilo que chocar com a lei federal não haverá eficácia (§ 4º)
E os Municípios? Podem e devem suplementar a legislação federal e estadual no que couber, e, se não tem geral nem federal nem estadual, o município pode fazê-lo se tiver fundamentação. Têm competência legislativa ambiental sim, ainda que não tenha expresso na lei. Muitos inclusive possuem Código Municipal do Meio Ambiente que lida com várias coisas, e.g. zoneamento, licenciamento ambiental, queimadas, poluição sonora, visual, etc., apesar de nem todos possuí-los, possuindo leis esparsas sobre o assunto.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Competência privativa da União: pertence apenas à União. Poderia também delegar, seja ao estado ou ao município, mas apenas se houvesse uma lei permitindo essa delegação. (Art. 22 da CF, incisos IV e XII)
Alguns estados e municípios, contudo, normalmente regulam essas matérias alegando matéria de “proteção ambiental” que é de competência concorrente. 
Perante o STF, majoritariamente agora há o entendimento de que para essas matérias só poderiam ser tratadas pela União, ainda que de proteção ambiental.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
IV- águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
(...)
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
Há, ainda, um fenômeno, em matéria ambiental, que é o grande número de leis e decretos sobre a matéria, e também a peculiaridade de o CONAMA regulamentar normas técnicas de Direito Ambiental em âmbito federal; e de ainda existirem conselhos Estaduais e Municipais do Meio Ambiente com competência semelhante. Há quem fale que o Direito Ambiental só perde em números de normas para o Direito Tributário, o que ressalta/reforça a importância dos princípios do DA.
O CONAMA segue essa estrutura do poder legislativo (embora o CONAMA seja do poder executivo). Da mesma forma como o Conselho Estadual do Meio Ambiente e o Conselho Municipal do Meio Ambiente possam legislar a mais, e não a menos, que o CONAMA.
Importância, ainda, do princípio da participação, por meio da atividade de ONGs, acompanhamento por parte dos cidadãos, participação em audiências públicas…
ASSÍNCRONA 6 - COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA AMBIENTAL 09-03-2021
Todos têm o Direito-dever de proteger o Meio Ambiente.
Quando se trata do poder público, esse dever-poder fica mais evidente.
A Lei 6.938 procurou inserir, desde o começo, os Municípios; na época não havia ainda o IBAMA, então os Estados também tinham papel de destaque na proteção ambiental. Só a CF veio para resolver isso, mas ao mesmo tempo gerando um problema: através da competência concorrente, surgiu a ideia de que se todos podem proteger o meio ambiente, ao mesmo tempo podem não fazer e delegar a responsabilidade aos outros órgãos.
Conflito positivo de competência: surgido no âmbito de interesses eleitoreiros quando do surgimento da CF, gerando disputas e leis controversas. Essa atuação em cascata, motivada por interesses alheios (midiático, eleitoreiro, empresarial, etc) é prejudicial.
Conflito negativo de competência: um Ente federativo jogando a responsabilidade de fazer para o outro.
Lei Complementar 140 → surge para tentar sanar os problemas de competência concorrente e de conflitos positivos de competência.
Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.[footnoteRef:22] [22: Acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp140.htm ] 
Essa LC transita entre dois valores: proteção ambiental e segurança jurídica. Até porque sem um, não há o outro; ambos são interligados.
Evidentemente essa LC tem algumas falhas, mas de maneira geral é interessante, tendo como principal pressuposto evitar ações em duplicidade ou em triplicidade (evitar licenciamentos duplos, triplos, por parte de Entes federativos tentando regular a mesma matéria).
Ministério Público: atua como fiscal do fiscal. O grande baluarte do Direito Ambiental brasileiro são os órgãos fiscais ambientais (SISNAMA, CONAMA); o MP atua, de certa forma, de maneira subsidiária a eles.
Cada um deve atuar na sua esfera de responsabilidade.
Impossibilidade de bis in idem ambiental. Uma empresa, por exemplo, não pode ser responsabilizada em órgãos diferentes pela mesma coisa; a não ser que seja por atitudes diferentes sobre um mesmo fato.
O órgão licenciador é o qual deve aplicar as multas.
Em caso de atividade não licenciada, a responsabilidade é do órgão o qual deveria licenciá-la.
Isso parte do pressuposto de que o órgão licenciador é o qual tem expertise sobre tais atividades, podendo ter uma noção melhor sobre a sanção a ser aplicada e sobre a atividade que foi violada.
O que não impede, entretanto, que outros órgãos licenciadores possam atuar de forma preliminar no caso, em atividades de exceção que podem degradar o meio ambiente. Nesse caso, entretanto, esses outros órgãos devem, assim que possível, encaminhar a problemática ao órgão licenciador competente sobre a matéria.
A ideia é evitar a duplicidade de multas sobre uma mesma matéria, ainda que isso, infelizmente, ainda ocorra atualmente.
Uma atividade pode ter mais de uma licença ambiental? Não, de maneira alguma!!!!
Embora grande parte da doutrina e jurisprudência entendam que uma resolução de órgão fiscalizador não possa entender sobre essa matéria, existe uma resolução do CONAMA que dispõe contrário a essa pergunta; ou seja, que uma atividade não pode ter mais de uma licença ambiental.
Apesar dessa normativa do CONAMA ser inconstitucional, ela nunca foi contestada em sede de ADIN, e sempre foi concretizada.
Antes da LC 140, Talden entendia que a licença ambiental única não era inconstitucional; e que a licença em duplicidade era feita apenas em casos muito pontuais.
SÍNCRONA 4. DANO AMBIENTAL 09-03-2021
	
Todo arcabouço teórico do DA gira em torno do dano, para evitá-lo (responsabilidade administrativa poder de polícia; IBAMA, CPRH, etc. O entendimento predominante atual é o de que a responsabilidade administrativa é subjetiva, falando de negligência, dolo, etc.), repará-lo (responsabilidade civil) ou reprimi-lo (responsabilidade penal; direito penal ambiental).
Mas uma esfera pode se mesclar com outra, ante a multiplicidade de problemáticas ambientais que podem surgir frente a um caso concreto.
O dano ambiental, ainda, pode ser classificado segundo o bem ambiental que está sendo atingido (dano florestal, dano hídrico, etc.); ou de acordo com o que está produzindo-o (dano eletromagnético, dano minerário, dano químico, dano radioativo).
O dano ambiental é irregular; ele é de difícil caracterização ante a possibilidade de atingir diversas coisas. Mas é possível classificá-lo de acordo com a gravidade.
Também pode ser recuperável, absolutamente irrecuperável ou recuperável em até uma determinada parcela.
Caráter sistêmico; complexidade. Racionalidade ambiental.
Os primeiros marcos do Direito Ambiental surgem no Direito Internacional.
1. Conceito
A legislação brasileira não conceituou expressamente o dano ambiental, mas é possível inferir do CC a definição de “dano” como qualquer diminuição de bem jurídico, sendo o prejuízo causado por ação/omissão de 3º[footnoteRef:23]. [23: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.] 
Lato sensu: todo prejuízo que alguém sofre. 
Stricto sensu: lesão de patrimônio. Pode ser patrimonial (atinge esfera econômica) ou extrapatrimonial (atinge direitos de personalidade, dano psicológico).
“Dano ambiental”, para Édis Milaré, é ”a lesão aos recursos ambientais com consequente degradação, alteração adversa ou in pejus, prejuízo do equilíbrio ecológico”. A noção deve ser associada com um conceito amplo de meio ambiente, levando em consideração todos os elementos e suas interações, assim como o futuro.
Para o autor, pode ser o dano ambiental coletivo[footnoteRef:24]/propriamente dito (causado ao meio ambiente globalmente considerado em sua concepção difusa, portanto sofrido por toda a coletividade a partir de fato gerador comum :: indenização indireta por Ação Civil Pública e destinada a fundos voltados a reparar o bem) ou individual (determinadas pessoas/bens :: indenização direta à reparação individual). [24: Como bem de uso comum do povo, que contribui para uma melhor qualidade de vida dos indivíduos (questão social do dano, lesionando direito difuso).] 
Na PNMA, temos definições (Art. 3º): para “degradação da qualidade ambiental”, que é a alteração prejudicial do equilíbrio ecológico (inciso II); e para “poluição” (inciso III), legalmente considerada como resultado direto da degradação:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influênciase interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
III – a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos;
2. Classificação
a. de acordo com a faceta do ambiente em jogo: natural, artificial, cultural ou do trabalho;
b. do bem ambiental atingido: e.g. dano à flora, à fauna, cultural, hídrico, edáfico (ao solo), eólico;
c. de acordo com objeto contaminante: e.g. nuclear, químico, minerário;
Pelo professor José Rubens Morato Leite:
d. de acordo com a amplitude do bem protegido: pode ser dano puro/restrito (atinge bens do MA natural), lato sensu/amplo (abrange todos os tipos de MA) ou individual/reflexo (bem parcial, microbem, atingindo interesses privados);
e. de acordo com a lesividade, a extensão do dano: pode ser patrimonial ambiental (sobre restituição, recuperação, indenização do bem lesado) ou extrapatrimonial/moral (atinge psicologicamente também);
f. de acordo com a reparabilidade: dano de reparabilidade direta (obrigação de reparar diretamente ao interessado/proprietário do bem, como microbem) ou (dano de reparabilidade indireta (reparar macrobem, interesse difuso da coletividade);
g. de acordo com os interesses objetivados com a tutela jurisdicional: dano ambiental de interesse da coletividade (preservar o MA amplo), dano de interesse subjetivo fundamental (preservar como macrobem) e de interesse individual (particular).
3. Características
a. irregular/irregularidade: é revestido de dimensões e características. Pode ser amplo ou restrito, irreparável ou reparável, etc;
b. sistêmico/complexidade/caráter sistêmico: a contaminação a um elemento atinge todo um ecossistema;
c. de longa duração no tempo/longevidade: suas consequências são eternas sobre diversos aspectos;
d. transfronteiriço/territorialmente irrestrito: a fronteira do MA é o planeta como um todo;
e. de injusta distribuição dentro do espaço social: os mais desassistidos sofrem mais com o dano (antes, durante e depois) por terem menos assistência. Não apenas isso, mas temos países ricos mandando suas indústrias mais poluidoras e seus lixos para os mais pobres. A Convenção de Basiléia proíbe o tráfico internacional de resíduos (pois é muito mais barato mandar do que tratar). As relações ambientais são relações de poder; → Ideia de Racismo Ambiental; Dentro da ótica do capitalismo, que, segundo o professor, precisa de uma regulamentação. Diferenças de classes e de localização nas moradias justamente por causa do racismo ambiental (ricos com ``paisagens privilegiadas``, morando próximo à praia).Crise ambiental decorrente das diferenças entre países. Países ricos que mandam seus lixos ou que produzem eles nos países pobres.As relações ambientais são, sobretudo, relações de poder. Os danos ambientais não se distribuem de maneira igual.
f. inexistência de correspondência econômica exata: Os danos ambientais não possuem correspondência econômica exata. Não é possível estimar o quanto custou a morte/extinção de uma espécie animal, ou a derrubada de uma floresta.O ideal é impedir que o dano ocorra antes que ele de fato venha a ocorrer. Valer-se da precaução/prevenção, porque mesmo que o dano ocorra e tente ser reparável de alguma forma, nunca vai ser a mesma coisa de antes.
4. Consequências jurídicas
O PNMA Art. 14º trata da responsabilidade civil com natureza objetiva:
Art. 14. § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas nesse artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.
O MP terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
++ Art. 225, §3º, CF: “ As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”, que estabeleceu a tríplice responsabilização em matéria ambiental: nas esferas adm, cível e criminal.
O Art. 927 do CC prevê responsabilidade objetiva no caso de desenvolvimento de atividade de risco:
Art. 927. p.u. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Conclusão: importa que dano ambiental seja entendido como “toda lesão intolerável causado por qualquer ação humana (culposa ou não) ao meio ambiente, diretamente como macrobem de interesse da coletividade, em uma concepção totalizante, e indiretamente, a terceiros, tendo em vista interesses próprios e individualizáveis e que refletem no macrobem”.
ASSÍNCRONA 7 - LICENCIAMENTO AMBIENTAL 16/03/2021
O licenciamento ambiental é considerado, pela maioria dos autores, como o principal instrumento da política nacional do meio ambiente (PNMA), o que dá a ele um diferencial com relação aos demais instrumentos da política ambiental.
O licenciamento ambiental é um processo administrativo, é uma sequência de atos que tramita dentro de um órgão público, é um conjunto de procedimentos.
A licença, por sua vez, é um ato administrativo permissivo, ou ato público autorizatório.
Pode-se ter o licenciamento ambiental, sem a licença ambiental, porque o processo de licenciamento ambiental ainda não tramitou até o fim, ou porque tramitando, a licença foi negada. Já a licença já pressupõe de qualquer forma que tenha havido um licenciamento ambiental antes, posto que ela é resultado deste processo.
O objetivo do processo de licenciamento ambiental é verificar se a empresa/CNPJ está cumprindo os requisitos ambientais necessários para sua atividade, tanto os requisitos formais, quanto os requisitos técnicos.
Requisitos formais: por exemplo, é ter o pagamento de determinada taxa (todo licenciamento ambiental tem uma taxa; se você não junta ela, seu licenciamento ambiental sequer vai ser analisado). Outro requisito formal é a comprovação de que você é proprietário ou posseiro de determinada área na qual você quer desenvolver atividade econômica, ou comprovar que tem autorização do proprietário para desenvolver a atividade. Outro exemplo de requisito formal é o requerimento detalhado sobre o que a parte gostaria de fazer ou pretende fazer. 
Requisitos técnicos: é, por exemplo, o cumprimento dos padrões de qualidade ambiental. Normas técnicas da ABNT, exigências previstas em leis e decretos, exigências previstas em portarias ambientais, etc.
O licenciamento ambiental é, em suma, exigível quando a atividade for potencialmente ou efetivamente poluidora.
Sobre a potencialidade, hoje em dia se fala tanto de desastres (Brumadinho, Mariana) que o Direito já começa a falar em um ramo de ``direito dos desastres``.
A poluição efetiva é a poluição dentro dos limites esperados para a atividade. São coisas que são comuns, que a atividade econômica naturalmente produz.
O licenciamento ambiental, é, pois, uma gestão de possibilidades. Ele não vai impedir totalmente os danos ambientais, visto que existem casos e casos, mas vai conseguir reduzir o acontecimento de danos ambientais. Claro que o objetivo é fazer com que os danos ambientais nunca ocorram, mas na prática o que o licenciamento alcança é fazer com que os danos sejam menos frequentes.
· Principais normas sobre o licenciamento ambiental e os impactos ambientais
Resolução 01/86 do CONAMA 
Resolução 237/97 do CONAMA
Lei 6.938
Decreto 99249/90
LC 140/2011
O conceito de impacto ambiental pode ser tanto positivo, como negativo. Dano,entretanto, não: se é dano, é negativo.
O impacto ambiental que interessa ao Direito é o impacto socialmente relevante. Atividades individuais, incapazes de influenciar o meio (por exemplo, uma pessoa isolada que joga um papel na rua), não são objeto de alcance do Direito. O Direito vai se fazer presente quando a atividade tiver a capacidade de incomodar o entorno (a circunvizinhança, o bairro, a rua, etc.).
O licenciamento ambiental vai se preocupar com as atividades que poluam ou possam poluir o entorno. Assim, ele tem um olhar voltado para a sociedade.
O LA começa no RJ, em 1975. Em 1976 ele começa a ser exigido em SP, no ano seguinte em MG, e a partir de 1981 em todo o Brasil. Os estados começam a criar órgãos ambientais.
Evidentemente que a lei de 81 não passou a ser aplicada de um dia para o outro, sendo gradual.
Na década de 2000 o LA se afirma no Brasil como instrumento de política ambiental.
Para Talden ele está previsto no inciso V, §1º, do art. 225 da CR, ainda que sua menção não seja expressa.
A LA é cedida como condicionante. O importante é que a LA seja cumprida mas que o condicionante também seja cumprido. Ou seja, por exemplo, um Hotel tem que ter um sistema de capacitação de água da chuva para poder cumprir.
Mas os prazos das condicionantes variam. Podem ser condicionantes imediatas para o negócio começar a funcionar, mas podem também ter um prazo de X anos.
Existem dois tipos de condicionantes:
1) o cumprimento das disposições expressas na legislação
2) o cumprimento de exigências específicas impostas por decorrência de determinada atividade econômica
observações: licença para instalar é diferente da licença para funcionar/operar; licença para uma gleba x é diferente da licença para atuar em uma gleba y; licença ambiental vencida não é licença.
Funcionar sem o licenciamento ambiental é crime previsto no Art. 60 da Lei 9.605 (Lei de Crimes Ambientais):
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
E isso também pode resultar em infração administrativa ambiental pelo próprio órgão licenciador/regularizador, independente de ter havido dano ambiental ou não:
Decreto Federal 6.514/2008
Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: 
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:
I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou serviço sujeito a licenciamento ambiental localizado em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento, ou em áreas de proteção de mananciais legalmente estabelecidas, sem anuência do respectivo órgão gestor; e 
II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença ambiental.
Ou seja, não ter licença ambiental é presunção de dano (presunção relativa/subjetiva).
Se a empresa, além de estar sem licença ambiental, está poluindo, são consideradas duas multas diferentes, ante a prática de dois crimes.
· Fases do licenciamento ambiental
· licença prévia: não dá direito a fazer nada, mas dá o sinal verde, garante a viabilidade ambiental do licenciamento proposto. a LP é a manifestação concreta de que o órgão ambiental concorda com o empreendimento proposto. ela não dá direito nem a constituir, nem a funcionar, mas é a mais importante porque define a viabilidade ambiental do empreendimento.
· licença de instalação: é a que dá o direito do empreendedor se instalar/construir suas edificações
· licença de operação
Todas essas licenças têm, regra geral, um prazo fixo, mesmo a LO tem prazo de validade, que deve sempre ser renovado.
Esse trâmite (LP - LI - LO) é o caso mais comum, mas existem outros procedimentos de licença ambiental específicos ou simplificados.
Existem também procedimentos para o licenciamento ambiental tramitar em sigilo (apesar de ele ser, via de regra, público) ante o tipo da atividade que for exigida, se for, por exemplo, comercial/concorrencial.
Toda licença ambiental tem seu requerimento publicado nas grandes mídias locais e nacionais. Deve respeitar o princípio da transparência e da publicidade, e todos os licenciamentos (LP, LI, LO) devem ser publicados também, às custas do próprio empreendedor.
A LC 140, art. 9, inciso XIV, alínea a, estabelece que:
Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
SÍNCRONA 5 - AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS - EIA E EIA-RIMA - 23/03/2021
O licenciamento ambiental é um processo administrativo - formal. Ele não trata de conteúdo, mas sim de procedimento.
O que preenche o conteúdo material desse procedimento são as avaliações de impacto ambiental. Todo licenciamento ambiental pressupõe algum tipo de avaliação de impactos ambientais.
A avaliação de impactos ambientais é algum tipo de estudo ou avaliação técnica da atividade que se propõe. Frise-se, dessa forma, que o licenciamento ambiental via de regra é algo prévio, ou seja, preenchido pela avaliação de impactos ambientais, prevê os efeitos da atividade futura.
A política ambiental e a avaliação de impactos ambientais deve ser holística, completa. Não adianta fazer o licenciamento ambiental se o estudo ambiental que dá base a ele está incompleto ou obscuro. O que dá o suporte à administração pública são os estudos ambientais, que NÃO são mera conferência de documentos.
A avaliação de impactos ambientais é qualquer estudo que se faça no âmbito do licenciamento ambiental. Entretanto, existem vários tipos de estudo ambiental (relatório ambiental simplificado, relatório ambiental técnico, estudo de impacto de vizinhança, etc…), e cada um tem suas características e finalidades. Assim, a depender das atividades econômicas a serem desenvolvidas, o estudo ambiental vai ter exigências diferentes. Há, portanto, que se ter proporcionalidade em tudo que se faça, e essas exigências devem ser proporcionais à atividade que vai ser desenvolvida e sobretudo às consequências/impactos dessa atividade, porque muitas vezes a empresa pode ser de médio porte, mas pode ter impactos e efeitos ambientais muito maiores que os impactos de outras empresas maiores.
O estudo mais completo é o ``estudo de impacto ambiental`` (EIA) ou ``estudo prévio de impacto ambiental`` (são a mesma coisa, embora a CF e a legislação deem nomes diferentes). É aplicado nas atividades consideradas ``significativamente poluidoras``.
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental. Nada mais é que um resumo didático do EIA, simplificando questões técnicas do Estudo de Impacto, permitindo o acesso mais simples de seu conteúdo à população.
Licenciamento ambiental com EIA-RIMA: especial, mais complexo.
O RIMA é um documento público que confere transparência ao EIA, um resumo em linguagem didática, clara e objetiva, para que qualquer interessado tenha acesso à informação e exerça controle social. Assim, as informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação

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