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Termodinâmica Capítulo 8 Sistemas de Potência a gás IFSUL – Campus Sapucaia do Sul Prof. Dr. Enio C. M. Fagundes Sistemas de Potência a Gás Objetivos Estudar sistemas de potência que utilizam fluídos de trabalho que são sempre um gás. Análise de motores de combustão interna Tipos de Ignição Ignição por centelha: uma mistura de combustível e ar é inflamada pela centelha da vela de ignição. Motores deste tipo são vantajosos quando exigem baixa potência (225 kW = 300 HP), são relativamente leves e de baixo custo. Indicados para automóveis. Ignição por compressão: o ar é comprimido até uma pressão e temperaturas elevadas o suficiente para ocorrer combustão espontânea na injeção do combustível. Motores deste tipo são preferidos para aplicações em que se necessita economia de combustível e alta potência (caminhões, ônibus, locomotivas, navios, unidades auxiliares de potência). Sistemas de Potência a Gás Sistemas de Potência a Gás Motor alternativo cilindro-pistão Diagrama p-v para motor de combustão interna alternativo V2 V1 Motor de combustão interna de 4 tempos. O pistão executa quatro cursos distintos dentro do cilindro para cada duas rotações no eixo de manivelas. 1- Válvula de admissão aberta, curso de admissão. Aspira a carga. No caso de motores com centelha a carga é ar + combustível. Para motores com ignição por compressão a carga é somente ar. 2- Ambas válvulas fechadas, curso de compressão. Elevação da T e da p. Fornecimento de trabalho do pistão para o conteúdo do cilindro. Inicia a combustão, mistura com alta T e p. Motores com ignição por centelha, a combustão é induzida por uma vela. Motores por compressão, a combustão é iniciada pela mistura de combustível no ar quente comprimido. 3 – Curso de potência, a mistura gasosa se expande, sendo realizado trabalho sobre o pistão a medida que este retorna ao ponto morto inferior. 4 – Curso de escape, os gases queimados são expulsos através da válvula de escape aberta. Exemplo motor de 4 tempos – ignição por centelha Árvore de manivelas ou virabrequim http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpa ge&v=emRxXykWB3Y https://www.youtube.com/watch?v=emRxXykWB3Y https://www.youtube.com/watch?v=y07rKdlEs6Q http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=emRxXykWB3Y https://www.youtube.com/watch?v=emRxXykWB3Y https://www.youtube.com/watch?v=y07rKdlEs6Q Motor diesel ignição por compressão 1 - admissão 2- compressão 4- escape 3- potência https://www.youtube.com/watch?v=JhcAig6QQGY https://www.youtube.com/watch?v=JhcAig6QQGY Um parâmetro usado para o desempenho de motores alternativos a pistão é a pressão média efetiva , pme. A pressão média efetiva é a pressão constante teórica que, se atuasse no pistão durante o curso de potência, produziria o mesmo trabalho líquido que é produzido em um ciclo. pme = trabalho líquido para um ciclo pme = Wliq ciclo volume de deslocamento V1-V2 Para dois motores com mesmo volume de deslocamento, o de maior pme produziria o maior trabalho líquido, e se funcionassem na mesma velocidade , a maior potência. Taxa de compressão, r: r = V ponto morto inferior r = V1 V ponto morto superior V2 Simplificações para Ciclos Ideais - São de 3 tipos: Otto, Diesel e dual (não será visto). Eles diferem quanto ao modo como se dá o processo de adição de calor, que substitui a combustão no ciclo real. Note que são modelos simplificados que não levam em conta muitos aspectos como: o processo de combustão, irreversibilidades associadas ao atrito, os gradientes de p e T. As transferências de calor entre os gases e as paredes do cilindro. Tal complexidade exige simulação computacional. Uma simplificação considerável para conduzir análises termodinâmicas elementares de motores de combustão interna, consiste em empregar uma análise de ar-padrão. Sistemas de Potência a Gás Análise de Ar-padrão: 1 Uma quantidade fixa de ar considerado como gás ideal é o fluído de trabalho. 2 O processo de combustão é substituído por uma transferência de calor de uma fonte externa. 3 Os processos de exaustão e admissão são substituídos por um processo de perda de calor a volume constante enquanto o pistão está no ponto morto inferior . 4 Todos os processos são internamente reversíveis. 5 Calores específicos são constantes nos seus valores para temperatura ambiente. Desta forma não se trabalha com o processo de combustão, nem com a mudança de composição decorrente do processo. Os valores determinados podem diferir bastante dos valores reais, mas é uma boa análise qualitativa. ciclo real – ignição por centelha Ciclo ideal Ciclo de Ar-Padrão Otto – considera que a adição de calor ocorre instantaneamente, enquanto o pistão se encontra no ponto morto superior. Sistemas de Potência a Gás 1-2: Compressão adiabática reversível (isoentrópico). Do ponto morto inferior para o superior. 2-3: Fornecimento de calor a volume constante para o ar de uma fonte externa. Substitui a combustão. 3-4: Expansão adiabática reversível (isoentrópico). 4-1: Perda de calor a volume constante. V2 Ponto morto superior V1 Ponto morto inferior Gráfico p-v Trabalho realizado/expansão (área 3-4-b-a-3) Trabalho fornecido/compressão (área 1-2-a-b-1) Calor rejeitado (área 1-4-a-b-1) Calor fornecido (área 2-3-a-b-2) Gráfico T-s Trabalho líquido (Wrealizado – Wfornecido) Calor líquido (Qfornecido – Qrealizado) Trabalho líquido = calor líquido Análise Energética do Ciclo Otto Sistemas de Potência a Gás Processo 1-2: 23 23 3 2 0 ( ) W Q m u u = = − 12 12 2 1 0 ( ) Q W m u u = = − 34 34 3 4 0 ( ) Q W m u u = = − 41 41 4 1 0 ( ) W Q m u u = = − Processo 3-4: Processo 4-1:Processo 2-3: Notar: a convenção de sinais para o calor e trabalho está afastada da habitual. Todos os valores de trabalho e calor são considerados positivos. W12 é positivo - representa o trabalho fornecido durante a compressão Q41 é positivo - representa o calor rejeitado no processo No balanço de energia para um sistema fechado EC e EP =0. Q e W serão sempre positivos Eficiência Térmica do Ciclo Otto Trabalho líquido do ciclo Sistemas de Potência a Gás Trabalho líquido do ciclo = calor líquido adicionado ou Eficiência térmica trabalho líquido (Wciclo)/calor adicionado (Q23) Ciclo Otto Para processos isoentrópicos 1-2 e 3-4 Quando o ciclo de Otto é analisado em uma base de ar padrão frio, em processos isoentrópicos: k é constante k é constante Ciclo Otto (ar padrão frio) Efeito da taxa de compressão no desempenho Baseado no diagrama T-s – a eficiência do ciclo de Otto aumenta de acordo com o aumento da taxa de compressão. Um aumento na taxa de compressão muda o ciclo de 1-2-3-4-1 para 1-2’-3’-4-1. A temperatura média de fornecimento de calor é maior no último ciclo, mas ambos possuem mesmo calor de rejeição (1-4-a-b-1), logo o ciclo 1-2’-3’-4-1 tem maior eficiência térmica. O aumento de eficiência com a taxa de compressão em base ar padrão frio, considera cv constante rearranjando: como: A eficiência térmica do ciclo de ar padrão frio de Otto é função da taxa de compressão, r, e k. A figura mostra um exemplo para k=1,4. Parece que seria vantajoso para motores de combustão interna possuírem razões de compressão elevadas, como é o caso. Porém existe a possibilidade de ocorrer auto-ignição ou “detonação”. Depois da centelha incendiar uma parte da mistura ar-combustível ocorre um aumento da pressão que acompanha a combustão e comprime o restante da carga. A auto-ignição pode ocorrer se a temperatura da mistura não queimada ficar muito alta. A auto- ignição pode resultar em ondas de alta pressão que leva a perda de potência e danos no motor. Exercícios capítulo 8 – resolvidos do livro. 1 - A temperatura no início do processo de compressão de ar padrão no ciclo Otto com uma razão de compressão igual a 8 é 300 K, a pressão é 1 bar, e o volume do cilindro é 560 cm3. A temperatura máxima durante o ciclo é 2000 K. Determine (a) a temperatura e a pressão no final de cada processodo ciclo. (b) a eficiência térmica, e (c) a pressão média efetiva, em atm. Considerações: O ar no conjunto cilindro-pistão é um sistema fechado Os processos de compressão e expansão são adiabáticos Todos processos são internamente reversíveis O ar é modelado como gás ideal Variações de EC e EP são desconsideradas Para o processo 1-2: T1=300 K, tabela A22 V1/V2 = r Ar ideal e s1=s2 Tomando o valor de vr2 e interpolando na tabela A22. 680 – 670 = 680 – T2 75,50 – 78,61 75,50 – 77,65 T2 = 673 K , interpolando novamente para encontrar u2. 680 – 670 = 680 – 673 496,62 – 488,81 496,62 – u2 u2 = 491,15 kJ/kg Considerando gás ideal, pode-se calcular p2. p2V2/T2 = p1V1/T1 Alternativamente p2= p1 . pr2/pr1 496,62 – 488,81 = 496,62 – u2 680 - 670 680 - 673 ou Processo 2-3 volume constante, considerando gás ideal Na T3 = 2000 K, u3= 1678,7 kJ/kg e vr3= 2,776 Para o processo 3 – 4 expansão isentrópica, pode-se determinar vr4, T4 e u4 Interpolando na tabela A22 com vr4 determina-se T4 e u4 1060 – 1040 = 1060 – T4 21,14 – 22,39 21,14 – 22,21 T4 = 1043 K 1060 – 1040 = 1060 – 1043 810,62 – 793,36 810,62 – u4 u4 = 795,9 kJ/kg A pressão p4 pode ser calculada por: Ou pela equação dos gases ideais aplicada para o estado 1 e 4 b) Eficiência térmica c) Calculo do pme pme = trabalho líquido para um ciclo volume de deslocamento pme = trabalho líquido para um ciclo volume deslocado Ou: m= (1x105.560x10-6)/((8314/28,97).300) = 6,5x10-4 kg Ou: pme= 0,394x103/(560x10-6)(1-1/8) = 804081,63 Pa = 8,04x105 Pa Pode-se calcular V2 pela equação de gás ideal: p2V2=mRT2 V2= 6,994x10 -5 m3. Para calcular pme deve-se passar V1 para m 3. (V1= 5,6x10 -4m3) A auto ignição ocorre quando: Sistemas de Potência a Gás A temperatura da mistura (ar+combustível) que não queimou fica muito alta Ocorre a geração de uma onda de alta pressão no cilindro, que pode levar a perda de potência, bem como danos ao motor. Este efeito pode ser evitado. Uma maneira é utilizar combustível com alta octanagem (que possui elevada resistência à detonação). Motores de ignição por compressão (somente o ar é comprimido) apresentam taxa de compressão mais elevada. As taxas típicas estão entre 12 e 20. Estes motores podem usar combustíveis menos refinados, que possuem maior temperatura de ignição que aqueles usados em motores de ignição por centelha, que podem sofrer a auto ignição. Ciclo de Ar-Padrão Diesel – considera que a adição de calor ocorre durante um processo a pressão constante, que se inicia com o pistão no ponto morto superior. Sistemas de Potência a Gás 1-2: Compressão adiabática reversível (isoentrópico). 2-3: Fornecimento de calor a pressão constante. Semelhante ao Otto, porém o calor é transferido para o fluido a pressão constante. 3-4: Expansão adiabática reversível (isoentrópico). 4-1: Perda de calor a volume constante, enquanto o pistão está no ponto morto inferior. Substitui os processos de admissão e descarga no ciclo real. Trabalho fornecido – área(1-2-a-b-1) Calor fornecido - área(2-3-a-b-2) Gráfico p-v Gráfico T-s Trabalho executado – área(2-3-4-b-a-2) Calor rejeitado - área(1-4-a-b-1) Trabalho líquido Calor líquido Análise Energética do Ciclo Diesel – neste ciclo a adição de calor ocorre a p constante (2-3) Sistemas de Potência a Gás Processo 1-2: 12 12 2 1 0 ( ) Q W m u u = = − Processo 3-4: Processo 2-3: Processo 4-1: 41 41 4 1 0 ( ) W Q m u u = = − 34 34 3 4 0 ( ) Q W m u u = = − 23 2 3 2 23 3 2 ( ) ( ) W p v v Q m h h = − = − Q23 = (u3-u2) + p(v3-v2) = (u3 + pv3) – (u2+pv2) m Eficiência Térmica do Ciclo Diesel – razão entre trabalho liquido e o calor adicionado Sistemas de Potência a Gás Para uma temperatura T1 e taxa de compressão, r, T2 é dada pela seguinte relação isoentrópica. Para T3, considerando gás ideal, p3=p2 onde: (chamado de razão de corte) Como V4=V1, a razão volumétrica para o processo isoentrópico 3-4 fica: Usando vr3, T3 pode-se determinar T4 por interpolação Note que V4=V1 Em uma análise do ar padrão frio, para determinar T2, tem-se: Para T4: Efeito da taxa de compressão no desempenho – a eficiência térmica do ciclo Diesel aumenta com a taxa de compressão, semelhante ao ciclo Otto. Em base de ar padrão frio tem-se: Para k = 1,4 a figura mostra a eficiência dos ciclos Diesel e Otto em função de r. k é constante k é constante k é constante No início do ciclo de ar padrão Diesel operando com uma razão de compressão de 18, na temperatura de 300 K e pressão de 0,1 MPa. A razão de corte para o ciclo é 2. Determine (a) a temperatura e a pressão no final de cada processo do ciclo, (b) a eficiência térmica, (c ) a pressão média efetiva , em MPa. Considerações: O ar no conjunto cilindro-pistão é um sistema fechado Os processos de compressão e expansão são adiabáticos Todos processos são internamente reversíveis O ar é modelado como gás ideal Variações de EC e EP são desconsideradas Inicialmente são determinadas as propriedades de cada estado Processo 1-2 de compressão isoentrópica Interpolando na tabela A22: T2= 898,3 K, h2= 930,98 kJ/kg. Utilizando a equação de gases ideais determina-se a p2. A pressão também pode ser calculada de forma alternativa pela equação O processo 2-3 ocorre a p constante, utilizando a equação de gases ideais: Introduzindo a razão de corte Da tabela A22: Processo 3-4 de expansão isoentrópica Introduzindo V4 = V1, a razão de compressão (r) , e a razão de corte (rc) Interpolando na tabela A22 com vr4, encontra-se u4 = 664,3 kJ/kg , T4 = 887,7 K. A pressão p4 pode ser encontrada pela relação isoentrópica ou pela equação dos gases ideais. Note que V4=V1. b) A eficiência térmica é dada por: c) Cálculo de pme O trabalho líquido do ciclo é igual ao calor líquido acrescentado Calculando v1 pme Pode-se calcular v2 se desejar v2=R.T2/p2. v2= (8314/28,97).(898,3/5,39x10 6) v2= 0,0478 m 3/kg Pme = 617,9 x103/(0,861 – 0,0478) = 759865,07 Pa = 0,76 MPa. Fórmula capítulo 8 pme Processos isoentrópicos
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