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INTERTEXTUALIDADE

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INTERTEXTUALIDADE
Quando os textos se cruzam, por
qualquer motivo, ou fazem referência,
de passagem, a textos escritos por
outras pessoas, estão estabelecendo
um diálogo com o original, chamamos
de intertextualidade.
Graça Paulino – Intertextualidade: Teoria e Prática
• Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais 
flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
• Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu 
morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os 
primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as 
palmeiras,
Onde canta o Sabíá.
Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham 
saudosos.
Minha boca procura a "Canção do 
exílio".
Como era mesmo a "Canção do exílio"?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade)
Canção do exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza
[...]
Eu morro sufocado
Em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia
(Oswald de Andrade)
• Intertextualidade é uma forma de
diálogo entre textos, que pode se dar de
forma mais implícita ou mais explícita e em
diversos gêneros textuais.
PARÓDIA
É um tipo de relação intertextual 
em que um dos textos cita o outro 
com o objetivo de fazer-lhe uma 
crítica.
• MEUS OITO ANOS 
Oh! que saudades que tenho 
Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
Que os anos não trazem mais! 
Que amor, que sonhos, que 
flores, 
Naquelas tardes fagueiras 
À sombra das bananeiras, 
Debaixo dos laranjais! 
[...] 
Casimiro de Abreu
MEUS OITO ANOS
Oh que saudades que eu 
tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem 
mais
Naquele quintal de terra!
Da rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum 
laranjais[...]
Oswald de Andrade
O político
Vi ontem um político
Na luxuria do plenário
Cantando votos entre os 
deputados.
Quando persuadia algum 
comparsa
Seu partido não perguntava,
Unia-se com falsidade.
O político era um cão,
Era um gato,
Era um rato.
O político, meu Deus, já foi 
um homem.
Autor desconhecido
O BICHO 
(Manoel Bandeira)
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os 
detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade. 
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um
homem.
PARÁFRASE
Ao parafrasearmos um texto, estamos
atribuindo-lhe uma nova “roupagem”
discursiva, embora mantendo a mesma
ideia contida no texto original.
• Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
[...]
Gonçalves Dias
• Meus olhos brasileiros se 
fecham saudosos
Minha boca procura a 
‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a 
‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha 
terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
[...]
Carlos Drummond de Andrade
MONTE CASTELO
Ainda que eu falasse a língua dos homens 
E falasse a língua dos anjos, 
Sem amor eu nada seria. 
É só o amor, é só o amor 
Que conhece o que é verdade 
O amor é bom, não quer o mal 
Não sente inveja ou se envaidece. 
Amor é fogo que arde sem se ver 
É ferida que dói e não se sente 
É um contentamento descontente 
É dor que desatina sem doer. 
É um não querer mais que bem querer 
É solitário andar por entre a gente 
É um não contentar-se de contente 
É cuidar que se ganha em se perder. 
É um estar-se preso por vontade 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É um ter com quem nos mata a 
lealdade. 
Tão contrário a si é o mesmo amor. 
Estou acordado e todos dormem 
todos dormem todos dormem 
Agora vejo em parte 
Mas então veremos face a face. 
É só o amor, é só o amor 
Que conhece o que é verdade. 
Renato Russo trava em sua música
“Monte Castelo”, com o famoso
poema de Luís de Camões “Amor é
um fogo que arde sem se ver” e
com o texto bíblico “O amor é um
dom supremo” escrito pelo apóstolo
Paulo.

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