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Filosofia da Educação -Maria Lucia Aranha Capítulo 14- Concepções liberais do século XX

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Filosofia da Educação -Maria Lucia Aranha
Capítulo 14- Concepções liberais do século XX
Segundo a autora, a escola tradicional atuou na sociedade por um longo período (XVI
até XX), com isso, sua característica maior são diversas tendências pedagógicas que
atualmente são alvos de críticas e avaliações negativas.
Diante da impossibilidade da análise homogênea da escola tradicional a autora
apresenta algumas características gerais sobre esse período da história da educação. A escola
tradicional era magistrocêntrica - quando o professor detém de todo conhecimento e se torna
um padrão a ser seguido, fazendo com que o aluno se torne um receptor passivo de
determinada tradição cultural. Na metodologia tradicional, usam-se técnicas de cópias e
leituras repetidas, os alunos são considerados um bloco único, e não é levado em
consideração suas individualidades e saberes cotidianos. A autora destaca o conceito de
educação bancária de Paulo Freire, que se baseia em avaliações com premiações, nas quais o
aluno estuda para aquela avaliação e o professor lhe premia ou puni. Basicamente as técnicas
tradicionais se restringiam à aceitação, ajuste e adaptação do aluno.
Após comentar brevemente sobre a escola tradicional, a autora fala sobre o
movimento da Escola Nova, que surgiu a partir de críticas e mudanças sociais da época.
Segundo Aranha, o indivíduo contemporâneo precisava aprender a aprender, além de
centralizar as técnicas e métodos no processo de ensino e não mais no produto. Aspirava-se
também pela democratização do ensino, dando importância ao indivíduo único e
diferenciado, que vive em um mundo dinâmico. Desconsidera-se que a criança é um ser
inacabado, e passa-se a ponderar suas especificidades e sua natureza infantil.
Diante dessa reforma educacional, a criança passa a ser o centro do processo,
tornando o professor um mero moderador entre o aluno e a aprendizagem. Do conteúdo
decorado, passamos a um conteúdo que deve ser compreendido, e a metodologia passa a ser o
“aprender fazendo” e as individualidades e ações fazem parte do processo educacional. A
avaliação sai do seu protagonismo, e entra como mais uma etapa da aprendizagem, medindo
aspectos intelectuais, atitudes, e aquisição de habilidades.
Em um segundo momento, a autora ressalta o papel do pragmatismo na escola nova,
que preza pela educação pela ação e critica os métodos de memorização e intelectualismo
extremo. Dentro desse conceito, surge a educação progressiva que estimula a independência
e o espírito de iniciativa do aluno. A autora cita Jhon Dewey, um autor da educação
progressiva que “considera que vida, experiência e aprendizagem não se separam”, e que
cabe à escola promover a independência através das experiências.
Em um terceiro momento a autora fala sobre o escolanovismo no Brasil, que se inicia
nos anos 20 e se destaca através do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Nessa época
a igreja católica detinha o controle elitista do sistema educacional. A autora enfatiza a
participação do filósofo e pedagogo Anísio Teixeira, que difundiu o conhecimento de Dewey
aqui no Brasil, realizando também experiências como a Escola Parque (que propunha uma
educação integral, que incluía desde cuidados básicos como higiene e alimentação a
socialização e preparo para trabalho) e a UnB. Todo o movimento e revolução de Anísio
Teixeira, teve como base uma educação democrática, uma escola pública, laica, universal,
gratuita e unitária, fugindo da educação tradicional elitista que destinava a educação
científica, crítica e acadêmica às elites e o ensino profissionalizante aos pobres.
Maria Lucia Aranha destaca o modelo tecnicista como uma escola estruturada a partir
de um modelo empresarial cujo objetivo é regular o ensino às exigências industriais e
tecnológicas. Com pressuposto teórico sob influência da filosofia positivista e da psicologia
americana behaviorista, esse modelo de transmissão do conhecimento passa a ser técnico e
objetivo, distanciando a relação afetiva entre aluno e professor. Por meio de treinamentos,
descobre e desenvolve habilidades, esse conceito, conhecimento positivo, fundamenta as
propostas tayloristas e tecnicistas.
Diante do cenário do golpe de 1964, os educadores continuaram com métodos
tradicionais e escolanovistas e com a burocratização do ensino, o professor tornou-se um
cumpridor de ordens vindas de setores de planejamento. Durante esse período a educação
básica se viu abandonada e a queda do nível do ensino escolar público resultou num aumento
da seletividade da educação, encaminhando o ensino superior apenas para as elites.
A autora faz críticas severas ao tecnicismo apontando que essa tendência de ensino
exalta a ciência e despreza outras formas possíveis de conhecimento do mundo. Pelo ângulo
da especialização tecnológica o poder pertence a quem detem o saber, e quem o nao tem se
torna incompetente e sem poder.
Ao concluir, Maria Lucia Aranha fala que as três tendências pedagógicas comentadas,
ainda repercutem no cenário educacional. O caráter empirista e metafísico que persiste
quando a educação é tratada como uma mera transmissão do conhecimento, é a raiz da
tendência tradicional. O escolanovismo que foi importante para a compreensão científica da
infância, e teve relevante oposição aos desvios da escola tradicional e por fim a tendência
tecnicista que atualmente padroniza aulas em busca de um produto final pré-elaborado.
Em um dos “Dropes” Saviani fala que a tendência tradicional tinha o professor como
ator principal já na nova pedagogia a criança toma a posição de protagonista enquanto na
tendência tecnicista ambos (professor e aluno) se tornam coadjuvantes secundários num
suposto planejamento vindo de uma organização imparcial.

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