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Execução Trabalhista

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EXECUÇÃO TRABALHISTA 
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Introdução:
No processo de conhecimento, o interesse de agir surge com a lesão do direito material. No processo de execução, o interesse de agir surge quando não há cumprimento espontâneo da sentença ou título executivo extrajudicial.
No processo do trabalho, a execução pode ser promovida pela parte interessada ou pelo próprio juízo, de ofício.
Fontes Normativas:
As regras aplicáveis ao processo de execução na Justiça do Trabalho encontram-se nos seguintes diplomas normativos, segundo a seguinte ordem de importância:
a) CLT (arts. 876-892) – regra básica da execução trabalhista;
b) Lei nº 6.830/80 – trata-se da “Lei da Execução Fiscal”, à qual a CLT (art. 889) faz expressa remissão, como norma subsidiária para a execução trabalhista, pois os créditos trabalhistas e os derivados de acidente do trabalho têm a natureza de créditos privilegiados em relação aos demais créditos, inclusive sobre os fiscais (CTN, art. 186);
c) NCPC (arts. 520, 534-538, 771-925) – na ausência de norma específica nos dois diplomas anteriores, o Processo Civil passa a ser fonte informadora da execução trabalhista, naqueles procedimentos compatíveis com o Processo do Trabalho (CLT, art. 769).
Títulos Executivos:
O título executivo consiste no fundamento jurídico que o credor pode invocar para colocar em movimento os instrumentos coativos de que dispõe o Estado-juiz para obter a satisfação do seu direito, quando manifestada resistência do devedor ao cumprimento da obrigação.
São considerados títulos executivos passíveis de ser executados na Justiça do Trabalho:
a) título executivo judicial – sentença transitada em julgado (execução definitiva) ou contra a qual não tenha sido interposto recurso com efeito suspensivo (execução provisória), e acordo judicialmente homologado; 
b) títulos executivos extrajudiciais – na Justiça Comum, são admitidos como título executivo extrajudicial a letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque etc. (NCPC, art. 784), mas na Justiça do Trabalho apenas gozam dessa condição (CLT, art. 876):
1) os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho (CLT, art. 876);
2) os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia (CLT, art. 876);
Sujeitos: 
As partes no processo de execução são:
a) Exequente – é o credor da obrigação judicial ou extrajudicialmente reconhecida, que promove a execução;
b) Executado – é aquele que responde pela dívida judicial ou extrajudicialmente assumida por si ou por outrem, podendo variar a responsabilidade.
c) Terceiro interessado – é aquele que, sem ter sido parte no processo de conhecimento, sofre a constrição judicial, tendo seus bens penhorados.
Objeto:
O objetivo do processo de execução na seara laboral é, fundamentalmente, obter o pagamento do crédito trabalhista oriundo do título executivo judicial ou extrajudicial.
a) Objeto imediato – é a apreensão de bens integrantes do patrimônio do devedor (executado), suficientes para satisfazer o direito do credor (exequente); o devedor responde com seus bens presentes e futuros (CPC, art. 591).
b) Objeto mediato – é a transformação desses bens em pecúnia (se não aceitos pelo credor como pagamento de seu crédito) e a entrega do dinheiro ao exequente.
Responsabilidade:
Responsabilidade direta – na qual o próprio devedor responde pelos débitos assumidos (neste rol entra o sucessor, que, mesmo não tendo sido o empregador do trabalhador, ao adquirir o patrimônio da empresa, passa a ser o responsável pelos débitos trabalhistas);
Responsabilidade solidária – na qual há mais de um responsável pela obrigação, podendo qualquer um ser acionado para responder integralmente pelo débito comum (é o caso do empreiteiro principal, que responde pelos débitos trabalhistas do subempreiteiro, nos termos do art. 455 da CLT, tendo, no entanto, direito de regresso contra o subempreiteiro, cobrável nos próprios autos da reclamação trabalhista);
Responsabilidade subsidiária – na qual há um responsável principal que, se não tiver patrimônio suficiente para arcar com a dívida, fará com que seja acionado também aquele que responde secundariamente pela obrigação.
São hipóteses mais comuns na Justiça do Trabalho:
a) Terceirização – quando a empresa locadora de mão de obra mostra-se incapaz de responder pelos direitos trabalhistas do pessoal locado, cabe à empresa tomadora dos seus serviços responder por esses débitos, e, em se tratando de ente público, responderá subsidiariamente se evidenciada a sua conduta culposa (culpa in vigilando), especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviços (Súmula 331, IV e V, do TST);
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b) Sócio – não sendo suficientes os bens da sociedade para responder pelos débitos trabalhistas, poderão ser penhorados bens dos seus sócios (NCPC, arts. 790, II, e 795), dependendo, no entanto, da espécie de sociedade (algumas já preveem a responsabilização), da ocorrência de fraude ou abuso de direito na constituição, gerenciamento ou desfazimento da sociedade (CDC, art. 28) ou quando a sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados, aplicando-se, nesses casos, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica.
c) Grupo econômico – as empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico da empregadora executada podem ser chamadas a responder pelo débito trabalhista, quando insolvente a executada, mesmo que não tenham figurado no polo passivo do processo de conhecimento (cancelada a Súmula 205 do TST, que afastava a responsabilidade nessa última circunstância).
Execução Provisória e Definitiva:
a) Provisória – quando ainda couber recurso contra decisão cognitiva que seja passível de execução, não possuindo, portanto, efeito suspensivo e tendo como características:
– facultativa, mediante petição acompanhada de cópia da decisão exequenda e certidão da interposição do recurso, não podendo ocorrer de ofício (NCPC, art. 520, I);
– responsável, já que realizada por conta e risco do exequente, que deverá reparar o executado pelos danos que houver sofrido em caso de reforma da sentença (NCPC, art. 520).
– limitada, podendo chegar apenas até a penhora, uma vez que apenas mediante caução suficiente e idônea se admite levantamento de depósito ou alienação de bens (NCPC, art. 520, IV), a par de ser imediatamente suspensa, no caso de provimento do recurso do executado no processo de conhecimento (NCPC, art. 520, II);
b) Definitiva – quando fundada em sentença transitada em julgado (CLT, art. 876) ou em título executivo extrajudicial, tendo como características:
– plena, podendo ser ordenada de ofício pelo juiz titular da Vara do Trabalho (CLT, art. 878; NCPC, art. 786);
– ilimitada, até a satisfação final do devedor;
– sem responsabilidade do exequente, mesmo que a coisa julgada venha a ser cassada por ação rescisória.
Quanto à obrigação a cumprir, a execução pode ser de:
– dar (NCPC, arts. 806 a 813) – o executado é compelido a entregar um bem que se encontra em seu poder e que é o objeto da ação;
– fazer (NCPC, arts. 814 a 821) – o título executivo implica dever do executado de praticar algum ato;
– não fazer (NCPC, arts. 814, 822 e 823) – determina-se ao executado que se abstenha de praticar determinada ação;
– pagar (NCPC, arts. 824 a 910) – o objeto da execução é a reposição do valor a que tem direito o exequente, assegurado pela sentença (é a mais comum na Justiça do Trabalho).
Princípios:
a) Princípio da suficiência – somente serão penhorados bens suficientes à satisfação do crédito do exequente e não mais (NCPC, art. 831);
b) Princípio da utilidade – só serão penhorados bens que economicamente sejam úteis à satisfação do crédito (NCPC, art. 836);
c) Princípio da não onerosidade – a execução deve ser feita da maneira menos gravosa para oexecutado (NCPC, art. 805);
Princípios:
d) Princípio da disponibilidade – o credor pode, a qualquer momento, desistir da execução, sem assentimento do devedor (NCPC, arts. 775 e 924, IV);
e) Princípio da eticidade – a prática de atos atentatórios à dignidade da Justiça pela parte resulta na advertência nos autos e na perda do direito de falar nos autos (NCPC, art. 774).
FRAUDE CONTRA CREDORES E FRAUDE À EXECUÇÃO:
Ao devedor possui o direito de alienar seus bens livremente, desde que não cause prejuízos à satisfação do direito do credor, ou seja, desde que o devedor não se torne insolvente. Desse modo, com o objetivo de aumentar a proteção do credor e tornar eficaz o seu direito, o ordenamento prevê duas modalidades de fraude: a fraude contra credores e a fraude à execução.
FRAUDE CONTRA CREDORES:
A fraude contra credores é um defeito do negócio jurídico, regulamentado nos arts. 158 a 165 do CC/2002. Trata-se, pois, de instituto de direito material.
A sua caracterização pressupõe a existência cumulativa de três requisitos:
1) anterioridade do crédito: o que significa que no momento da alienação dos bens o crédito já deve existir;
2) insolvência do devedor decorrente da fraude: a alienação do bem faz com que o devedor se torne insolvente ou, se já insolvente, agrave esta situação ainda mais. Noutras palavras, com a alienação o patrimônio do devedor deixa de ser suficiente para arcar com suas dívidas, provocando dano aos credores. Portanto, esse requisito visa a um elemento objetivo, qual seja, o dano. 
3) intenção fraudulenta: tem como foco um elemento subjetivo, que é a fraude. Ocorre quando o devedor e o adquirente, potencialmente, têm ciência de que a alienação provocará a insolvência do devedor. Sendo de transmissão gratuita a fraude é presumida (CC, art. 158). Já na transmissão onerosa haverá fraude quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do adquirente (CC, art. 159).
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A existência da fraude contra credores deve ser reconhecida em ação autônoma, chamada ação pauliana, de competência da justiça comum. Desse modo, ela não pode ser declarada nos próprios autos, sendo ônus do autor demonstrar a existência dos requisitos elencados anteriormente.
Reconhecida a fraude contra credores a doutrina majoritária entende que o ato será anulado, de modo que o ato é desfeito, retornando o bem ao patrimônio do devedor.
FRAUDE À EXECUÇÃO:
Enquanto a fraude contra credores busca tutelar interesses privados dos credores, a fraude à execução é vício mais grave, tendo como objetivo não apenas preservar interesses dos credores, mas também a autoridade do Estado, já que pressupõe a existência de uma ação em andamento. Portanto, a fraude à execução é instituto de direito processual, já que pressupõe ação pendente.
Haverá fraude à execução, quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência.
A fraude à execução pode ser reconhecida ex officio, sendo declarada incidentalmente nos próprios autos da execução.
Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 dias (NCPC, art. 792, § 4º).
Em se tratando de bens passíveis de registro, havendo o registro, sua venda ou oneração geram presunção absoluta de fraude. Não havendo o registro, o credor deverá provar a má-fé do devedor.
Em se tratando de bens não passíveis de registro, cabe ao terceiro adquirente comprovar sua boa-fé. 
Disposição Legal
Art. 876. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; 
os acordos, quando não cumpridos; 
os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho 
e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executados pela forma estabelecida neste Capítulo.
Cumprimento de sentença ou execução na justiça do Trabalho?
Execução nos mesmo autos. 
CLT; (arts. 876 a 892)
Lei 5584/70 (art. 13)
Lei 6830/80 (art. 889 determina a aplicação subsidiária)
Código de Processo Civil
Legislação sobre execução no Processo do Trabalho
Lei De Execução Fiscal
Aplicação subsidiária da Lei nº 6.830/80 (execuções fiscais) em primeiro lugar e depois o CPC. 
A exceção à regra é o art. 882 da CLT, que dispõe ser a ordem preferencial para indicação de bens à penhora contida no art. 835 do CPC. 
Autonomia
Corrente minoritária = execução fase do processo do trabalho
Corrente majoritária = autonomia do processo de execução no processo do trabalho
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Legitimidade
ATIVA
- Art. 878 CLT. Vide art. 778 CPC;
 PASSIVA
Em regra, empregador. Vide art. 779 CPC;
Sucessores: art. 10 e 448 CLT
Obs. Desconsideração da personalidade jurídica e responsabilidade patrimonial do devedor (art. 789 CPC).
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LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA:
A liquidação é um processo incidente dentro do processo de execução, servindo de elo entre o processo de conhecimento e o processo de execução, como procedimento necessário a ser adotado quando a sentença não determina o valor ou não individualiza o objeto da condenação.
As espécies de liquidação de sentença admitidas no Processo do Trabalho são (CLT, art. 879):
Liquidação por cálculo: 
 Feita mediante cálculos do contador (ou das partes), que dependem apenas de operação matemática, sendo os cálculos homologados pelo juiz (NCPC, art. 509, § 2º); é a forma mais comum na Justiça do Trabalho (faz-se o levantamento do principal, ao qual se acrescem os juros e a correção monetária).
b) Liquidação por arbitramento: 
Avaliação, feita por perito, dos elementos dos autos que não demandam simples operação matemática (NCPC, art. 509, I), como no caso de percepção de salário in natura; no caso de ser apurado, pela perícia, que todos os valores já foram pagos, a execução se extingue, sem que haja ofensa à coisa julgada, devendo o exequente, nesse caso, arcar com os honorários periciais, caso não se disponha em sentido contrário na sentença exequenda.
c) Liquidação pelo procedimento comum (antiga liquidação por artigos):
Quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de se alegar e provar fato novo, havendo direito a contestação (NCPC, arts. 509, II, e 511).
	Estando a divida liquida e certa, será expedido mandado executivo (mandado de citação, penhora e avaliação – CPA), a ser cumprido pelo oficial de justiça. A citação é pessoal, estando a validade do ato subordinada à sua realização na pessoa do executado, ou de quem possua poderes expressos para recebê-la. A citação se dará conforme o art. 880 da CLT, tendo o executado o prazo de 48 horas para pagar ou garantir a execução, sob pena de penhora. 
Mandado de Citaçao e Penhora
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	Após as 48 horas o oficial de justiça retornará ao local da execução e penhorará tantos bens quantos bastem para satisfazer o julgado, inclusive custas, juros de mora, correção e contribuição previdenciária. Com a penhora, fica materializada a apreensão judicial dos bens do executado, para que sejam levados a hasta publica para a satisfação da condenação imposta. Será realizada onde se encontrem os bens, ainda que estejam sob a posse de terceiros. 
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CITAÇÃO:
Diante do mandado de citação e penhora, o executado pode adotar uma de quatro posturas, com as correspondentes consequências processuais:
a) pagamento ao exequente, perante o diretor de secretaria da Vara do Trabalho, lavrando-se termo de quitação (CLT, art. 881);
b) recolhimento da quantia devida, mediante depósito no Banco do Brasil ou CEF, quando o exequente não comparece à secretaria da Vara do Trabalho para receber, obtendo-se, igualmente a liberação da obrigação (CLT, art. 881, parágrafo único);
c) nomeação de bens à penhora, quando o executadonão tem condições financeiras de pagar imediatamente o débito judicial trabalhista (CLT, art. 882); e
d) penhora forçada, quando o executado nem paga, nem nomeia espontaneamente bens à penhora (CLT, art. 883), utilizando-se preferencialmente o sistema do Bacen-Jud.
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Observação:
Multa do art. 523, § 1º do NCPC (antigo art. 475-J):
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
A aplicação deste dispositivo está em discussão. A IN nº 39, TST não se manifestou sobre sua aplicação ao processo trabalhista.
PENHORA:
Através dela o Estado-juiz investe contra os bens do executado, apoderando-se de tantos quantos sejam suficientes para pagar o exequente, podendo, para isso, utilizar-se da força policial e chegar até o arrombamento de imóvel do devedor, em busca dos bens passíveis de penhora (NCPC, art. 846).
Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento.
§ 1o Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência.
§ 2o Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens.
§ 3o Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrência, entregando uma via ao escrivão ou ao chefe de secretaria, para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem couber a apuração criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de resistência.
§ 4o Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a respectiva qualificação
A penhora pode-se dar por:
nomeação: o executado indica espontaneamente os bens a serem penhorados (CLT, art. 882; NCPC, art. 829, § 2º);
coerção: diante da omissão do executado, o oficial de justiça escolhe livremente os bens do patrimônio do executado a serem penhorados (CLT, art. 883; NCPC, art. 830); também o exequente pode indicar bens do executado a serem penhorados (CPC, art. 829, § 2º), o juiz pode utilizar dois sistemas de constrição de bens que são o Bacenjud para dinheiro (penhora) e o Renajud para veículos (bloqueio de transferência); não havendo nenhum desses bens, parte para a penhora de outros; o juiz ainda poderá se valer do sistema Infojud, que permite aos juízes o acesso, on-line, ao cadastro de contribuintes na base de dados da Receita Federal, além de declarações de imposto de renda e de imposto territorial rural;
c) apreensão: o oficial de justiça, mediante termo, apreende bens do patrimônio do devedor, inclusive com arrombamento de portas, móveis e gavetas (NCPC, art. 846, caput e § 1º);
d) averbação: é cumprida no registro imobiliário e se perfaz com a averbação da penhora nos livros desse registro, sendo o executado e sua esposa apenas comunicados (NCPC, art. 844, caput).
Penhora: ordem de preferência dos bens
Optando o executado por nomear bens à penhora, deverá observar a ordem preferencial do art. 
835 do NCPC (CLT, art. 882), a seguir disposta:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II- títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III- títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV- veículos de via terrestre;
V- bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VIl -semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX- ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X- percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII- direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e
de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
Bens impenhoráveis:
Com a finalidade de preservar a dignidade do executado, o art. 833 do NCPC, aplicável ao processo do trabalho, dispõe que determinados bens são impenhoráveis, sendo eles:
I- os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II- os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III- os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV- os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
V- os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII- os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
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VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX- os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
(...)
§2º o disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.
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De acordo com o § 2,º é possível observar duas regras:
1) se o devedor receber mais de 50 salários-mínimos mensais, é possível a penhora do que exceder a esse montante, sendo indiferente se a dívida é ou não de natureza alimentar;
2) se a verba for de natureza alimentar, independentemente de sua origem, é possível a penhora da retribuição pecuniária do devedor.
Impugnação da sentença de liquidação
Fixado o valor da condenação, ao executado só é licito impugná-lo por meio de embargos de execução (art. 884, §3° da CLT).
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Embargos à Execução (art. 884 CLT):
O NCPC, no mesmo sentido que já previa o CPC/73, alterado pela Lei no 11.232/05, permitiu a impugnação ao cumprimento da sentença, estabelecendo que os embargos à execução são restritos à execução de títulos extrajudiciais (arts. 910 e 914). Nesse contexto, a doutrina trabalhista passou a questionar de forma mais incisiva a natureza jurídica dos embargos no processo trabalhista, existindo, ao menos, duas teses:
1ª tese (minoritária): os embargos têm natureza de incidente processual, utilizando-se das mesmas diretrizes do CPC;
2ª tese (majoritária): a CLT tem regramento próprio, mantendo-se a natureza de ação autônoma dos embargos à execução.
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Objeto:
O art. 884, § 1º, da CLT restringe as matérias objeto dos embargos apenas às alegações de cumprimento da decisão ou acordo, quitação ou prescrição da dívida.
No entanto, a doutrina e a jurisprudência têm reconhecido que os embargos à execução não podem ficar restritos a essas matérias. Assim, qualquer vício formal que macule a execução pode ser invocado nos embargos.
Também pode ser objeto dos embargos à execução o excesso de execução. As modalidades de excesso de execução mais encontradas são a execução em quantia superior ou a execução quando ainda não implementada a condição quetorna exigível o título executivo (NCPC, art. 917, § 2º, I e V).
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Prazo:
Os embargos à execução devem ser interpostos nos seguintes prazos:
1) para a Fazenda Pública: 30 dias
2) para os demais executados: 5 dias
O termo inicial do prazo é a data da intimação da penhora que garantiu o juízo (Art. 841, NCPC)
Pressuposto de admissibilidade:
Pressuposto de admissibilidade dos embargos à execução é a garantia do juízo, através do depósito do valor da condenação (se o depósito recursal for inferior ao valor total da condenação) ou da nomeação de bens à penhora. 
Nesse caso, a Fazenda Pública está dispensada, pois a execução contra ela se faz através de precatório.
OBS: O NCPC, no art. 914, dispensa a garantia. Este dispositivo se aplica exclusivamente para a execução de títulos extrajudiciais (termo de ajuste de conduta, termo de conciliação de CCP, etc.)
Efeito suspensivo:
O ingresso de embargos à execução tem como um de seus efeitos a suspensão da execução, até sua decisão final, pois não se pode prosseguir com o praceamento e arrematação dos bens penhorados uma vez havendo controvérsia sobre a abrangência da condenação. 
OBS: No Processo Civil, a regra é a não suspensão, admitindo-se excepcionalmente o efeito suspensivo.
Procedimento:
Opostos os embargos à execução, o embargado será intimado para impugná-los, no prazo de 5 dias.
Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o juiz ou o presidente do tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5 dias (CLT, art 884, § 2º). 
Finda a inquirição das testemunhas em audiência, o escrivão ou secretário fará, dentro de 48 horas, conclusos os autos ao juiz ou presidente, que proferirá sua decisão (CLT, art. 886, caput).
Não tendo sido arroladas testemunhas na defesa, o juiz ou presidente, conclusos os autos, proferirá sua decisão, dentro de 5 dias, julgando subsistente ou insubsistente a penhora (CLT, art. 885).
Proferida a decisão, dela serão notificadas as partes interessadas, em registrado postal, com franquia (CLT, art. 886, § 1º). Julgada subsistente a penhora, o juiz, ou presidente, mandará proceder logo à avaliação dos bens penhorados (CLT, art. 886, § 2º).
Da decisão nos embargos à execução, cabe agravo de petição.
Embargos de Terceiro: art. 674, CPC
É o instrumento através do qual a pessoa física ou jurídica que não conste do título executivo judicial ou extrajudicial e que esteja sendo turbada na posse de seus bens possa impedir a constrição judicial sofrida.
Hipóteses mais comuns:
adquirente de imóvel que não verificou se havia execução trabalhista contra algum dos proprietários anteriores;
ex-sócio da executada, que já se retirou há tempos da sociedade e tem bens penhorados, à míngua de se encontrarem bens da empresa ou de sócios e administradores ativos
 
A matéria arguível nos embargos de terceiro está limitada a:
provar que o bem não pertence ao executado, mas ao terceiro embargante (as discussões são limitadas à titularidade do bem penhorado, não se admitindo discussões sobre matéria prejudicial à execução ou nulidades processuais); e
demonstrar que não tem nenhuma responsabilidade na execução que se processa (havendo responsabilidade solidária ou subsidiária, por ser tomador de serviços, empresa do mesmo grupo econômico ou sócio da empresa, os embargos de terceiro são impróprios, pois o embargante é um dos corresponsáveis pelo débito judicial trabalhista).
Nos embargos de terceiro é possível discutir, de forma incidental, a nulidade processual de ordem pública ou a ocorrência de fraude contra credores, quando o executado se desfaz de bens e se torna insolvente, ainda que o meio próprio para desfazer os atos de alienação fraudulenta seja a ação pauliana (ou ação revocatória).
Prazo:
O prazo para que o terceiro que é proprietário, possuidor ou goza de garantia real sobre o bem penhorado possa embargar a penhora é de 5 dias, variando o início da contagem do prazo conforme o momento em que o terceiro tem ciência da constrição judicial:
Havendo intimação da penhora, conta-se daí o prazo.
Não havendo intimação da penhora, esse prazo terá início do momento em que o terceiro tiver tomado ciência da apreensão judicial de seu bem (CPC, art. 675).
c) Não sendo possível provar que o terceiro teve ciência anterior da constrição judicial, o limite temporal para a oposição dos embargos de terceiro são os 5 dias que sucedem à arrematação, adjudicação ou remição (CPC, art. 675).
OBS.: Os embargos podem ser opostos não apenas quando consumada a apreensão judicial, mas também quando materializada a ameaça de constrição judicial, pela expedição do mandado de penhora, podendo, desde já, ser opostos os embargos de terceiro.
Praça dos Bens	
Subsistindo a penhora, o juiz determinará a publicação de edital de praça, a ser feita em jornal local e afixado na sede do juízo, com antecedência mínima de 20 (vinte) dias. Devido à omissão da CLT quanto aos requisitos do edital (art. 888), aplica-se subsidiariamente o art. 886 CPC. 
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Arrematação:
A arrematação é o procedimento destinado à alienação (venda) dos bens penhorados (móveis e imóveis) em hasta pública (leilão ou praça), para convertê-los em dinheiro, visando ao pagamento do exequente.
Aquele que oferecer o maior lance pelo bem é que o arremata (CLT, art. 888, § 1º), devendo fazer o pagamento no prazo estabelecido (24 horas), sob pena de perda da caução dada (sinal de 20% do lance), em favor do exequente (CLT, art. 888, §§ 2º e 4º; CPC, art. 897). 
A arrematação se perfaz pela assinatura do auto (CPC, art. 903), não se admitindo, no entanto, a arrematação por preço vil (CPC, art. 891), ou seja, o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a 50% do valor da avaliação.
Se o executado não era proprietário do bem penhorado, responderá pela evicção (CC, art. 447), quando o arrematante for desapossado pelo verdadeiro proprietário do bem.
Compete ao juiz do trabalho outorgar o título de propriedade do bem arrematado, assim como imitir o arrematante na posse do bem, pois decorre do cumprimento de sentença trabalhista (CF, art. 114).
Adjudicação:
A adjudicação é a entrega dos bens penhorados diretamente ao exequente, em face de seu direito de preferência sobre os bens penhorados (CLT, art. 888, § 1º). É uma espécie de dação em pagamento, incluindo tanto bens móveis quanto imóveis. O valor da adjudicação é o da avaliação dos bens penhorados (CPC, art. 876). 
O adjudicante deverá restituir ao executado o que sobejar do valor do bem em relação ao crédito trabalhista, ou então prosseguir na execução, se o bem adjudicado for de valor inferior ao crédito trabalhista (CPC, art. 876, § 4º). 
No Processo Civil, por força das alterações introduzidas desde a Lei nº 11.382/06, a adjudicação precede a arrematação (CPC, art. 686), ou seja, os bens penhorados são, inicialmente, oferecidos ao exequente, que, preferindo não ficar com eles, leva-os à hasta pública. No Processo do Trabalho, discute-se se a ordem é a mesma da do Processo Civil. 
OBS.: O Novo CPC introduziu a possibilidade da alienação por iniciativa particular, ou seja, o próprio exequente poderá aliená-los por sua conta (CPC, art. 880). Sendo modalidade nova e não contemplada na CLT, poderia ser adotada no caso da frustração da arrematação e da não adjudicação dos bens pelo exequente, ou seja, dentro da ordem cronológica imposta pelo diploma celetista.
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Remição:
A remição da execução é a faculdade que se outorga ao executado de encerrar a execução, mediante o pagamento da dívida trabalhista, acrescida dos juros, correção monetária, custas processuais e honorários advocatícios (CPC, art. 826). 
Só é admissível se o executado oferecer pelos bens penhoradospreço igual ao valor da condenação (Lei nº 5.584/70, art. 13).
Deve ser feita antes da alienação ou adjudicação do bem.
Execução contra a Massa Falida
Havendo condenação de empresa submetida à falência, as ações trabalhistas serão processadas até a decisão de liquidação, remetendo-se, posteriormente, ao juízo falimentar para habilitação do crédito. (Lei nº 11.101/05, art. 62, § 2º). 
Mesmo antes da prolação da sentença de mérito e da decisão de liquidação, o juiz do trabalho, por cautela, costuma solicitar ao juízo falimentar a reserva de valores que estimar devida para o pagamento dos créditos trabalhistas (Lei nº 11.101/05, art. 62, § 2º).
Porém, tem-se admitido procedimento diferente em dois casos específicos:
1) se o bem for penhorado antes da decretação da falência: a hasta pública será realizada na justiça do Trabalho, revertendo-se ao juízo falimentar o que se alcançou com a alienação.
2) se a decretação da falência ocorrer quando o bem já tiver sido alienado em hasta pública: entende-se que o credor trabalhista será satisfeito na justiça do Trabalho, remetendo-se ao juízo falimentar apenas o remanescente do bem expropriado, se existente.
Na hipótese de habilitação dos créditos no juízo falimentar, os créditos trabalhistas são considerados privilegiados até o montante de 150 salários-mínimos, não se aplicando esse limite quando decorrentes de acidentes de trabalho. 
Os valores superiores ao referido montante são considerados quirografários (Lei nº 11.101/05, art. 83, I). Ademais, em caso de cessão de crédito trabalhista a terceiro, eles também serão considerados quirografários (Lei n2 11.101/05, art. 83, § 4º).

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