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FUNDAÇÃO INDAIATUBANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA - FIEC CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO A INFLUÊNCIA DO MARKETING PARA O SUCESSO DA APPLE Bianca Cristina de Sousa Guilherme Rodrigues Rezende Guilherme Zambonini Inara Pereira Empke Lucas Gomes de Paula Vinicius Marciano de Godoy Indaiatuba 2017 1 FUNDAÇÃO INDAIATUBANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA - FIEC CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO A INFLUÊNCIA DO MARKETING PARA O SUCESSO DA APPLE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura – FIEC, para avaliação do componente curricular de Projetos II - TCC, sob orientação da professora Esp. Mariela Silva Ferraz. Indaiatuba 2017 2 FOLHA DE APROVAÇÃO Bianca Cristina de Sousa, Guilherme Rodrigues Rezende, Guilherme Zambonini, Inara Pereira Empke, Lucas Gomes de Paula e Vinicius Marciano de Godoy. NOME PROFISSÃO AVALIAÇÃO ASSINATURA Edson Luiz Pereira Administrador Elena Francisca Bassi Orellana Psicóloga Leonildo Aparecido da Silva Engenheiro de Produção Aprovado em: ___/___/_____ Mariela Silva Ferraz 3 DEDICATÓRIA Dedicamos o presente trabalho às nossas famílias por todo carinho e conforto oferecido para que possamos concluir esta monografia, aos colegas de grupo e amigos pelo apoio durante esse projeto. 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, que nos deu a oportunidade de compartilharmos nossa dedicação e esforços com todos que lerem esse trabalho de conclusão de curso, sendo inexorável nossa gratidão por termos tido energia e capacidade para concluí-lo. Agradecemos também aos nossos pais, familiares e amigos, que foram fonte de incentivo e inspiração durante toda a realização do curso. Aos colegas de classe, de grupo, à coordenadora do curso e aos professores, pela participação, motivação e paciência. E, por fim, um agradecimento especial à professora orientadora Mariela Silva Ferraz, pelo comprometimento e devoção com nossa equipe através de suas zelosas orientações e análises dispostas. 5 “O que importa é sempre o próximo sonho”. (Steve Jobs) 6 RESUMO O presente trabalho visa explicar como o marketing influenciou no sucesso da Apple, aponta seu fator de diferenciação em relação às demais empresas do mesmo ramo e mostra como a marca é considerada uma das mais valiosas e inovadoras do campo da tecnologia. Desse modo, o objetivo principal do estudo é identificar os motivos que fazem da marca um diferencial na vida dos seus clientes e até mesmo dos funcionários, exemplificando os principais atributos da Apple e como esta se tornou o centro das atenções para estudiosos de áreas como marketing, comunicação, propaganda, publicidade e administração. Os resultados obtidos com tal análise mostram que a empresa em questão possui uma característica importantíssima desde o seu começo, que é importar-se com o consumidor a ponto de investir em pequenos detalhes e acreditar que estes fazem, de fato, diferença na vida dos clientes e na sua experiência com o produto em si, sendo que esse conceito se mostra solidamente inerente à toda a estrutura da marca, mantendo-se mesmo com as rupturas administrativas e de liderança vividas pela companhia. A metodologia utilizada para chegar às conclusões foi a pesquisa bibliográfica, pautada por livros, sites, artigos e outras fontes de pesquisa. Em suma, foi concluído através desta monografia que para inovar em um mercado competitivo, como o da tecnologia, é preciso ser audacioso, criativo, inovador e, acima de tudo, ser capaz perceber e analisar a viabilidade real da ideia,de modo que esta satisfaça, na prática, as necessidades dos consumidores. Palavras-Chave: marketing, empresas, consumidores, Apple, inovação, produto. 7 ABSTRAT This work aims to explain how the marketing influenced on the success of Apple and the factor of differentiation compared to other companies in the same industry, the brand is considered as one of the most valuable, innovative and differentiated in the field of technology. The main objective is identify the reasons that make the brand, a differential in the lives of its customers and even the employees, exemplifying the Apple characteristic and how she has become the center of attention for scholars in areas such as marketing, communication, advertising, etc. The results obtained with this study were that the company has a very important characteristic from the beginning, caring with the consumer to the point of investing in small details and believing that they actually make a difference in the lifes of customers and in your experience with the product itself. The methodology used to arrive at the conclusions obtained was the bibliographical research, based on books, websites, articles and other sources of research. In short, it was concluded through this work that to innovate in a competitive market such as technology, one must be audacious, creative, innovative and most of all, see the feasibility of the product or idea, and if will indeed satisfy the needs of the consumers. Keywords: marketing, companies, consumers, Apple, innovation, product. 8 SUMÁRIO LISTAS ...................................................................................................................... 9 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10 1.COMUNICAÇÃO ....................................................................................................... 12 2. MARKETING ............................................................................................................ 16 2.1 Estratégia de marketing ......................................................................................... 18 2.1.1 Publicidade .......................................................................................................... 18 2.1.2 Propaganda ......................................................................................................... 19 2.1.3 Promoção de vendas .......................................................................................... 19 2.1.4 Merchandising ..................................................................................................... 20 2.1.5 Venda Direta........................................................................................................ 21 2.1.6 Eventos ................................................................................................................ 21 2.1.7 Marketing Digital.................................................................................................. 22 3. MARCA ..................................................................................................................... 24 4. MARCA X CONSUMISMO....................................................................................... 28 4.1 Loja conceito como estratégia de marca ............................................................... 30 5. APPLE................................................ ..................................................................... 32 5.1 Evolução da marca................................................................................................. 35 5.1.1 Inovação x produtos: a característica Apple ...................................................... 37 5.1.2 Posicionamento e processo de construção da marca ....................................... 39 5.1.3 Estratégiade marketing da Apple ...................................................................... 41 5.2 Incertezas relacionadas à marca ........................................................................... 43 METODOLOGIA ........................................................................................................ 47 CONSIDERAÇÕES FINAS .......................................................................................... 48 REFERÊNCIAS .........................................................................................................48 9 LISTAS Figura 1: Relação do desenvolvimento do mercado ao longo do tempo .................................................... 31 Figura 2: Evolução dos produtos Apple ............................................................................................................ 36 Figura 3: Comparação dos produtos Apple ..................................................................................................... 38 10 INTRODUÇÃO Há algum tempo a sociedade aparenta viver um delírio coletivo quando o assunto tratado é a marca Apple, sendo que pouco se esperava de uma ideia que começou em uma garagem e hoje é uma das maiores, mais conhecidas e valiosas marcas de eletrônicos do mundo. Seu sucesso se entende por existir uma estratégia muito bem utilizada pela companhia desde quando seu líder, Steve Jobs, ainda era vivo, e claro, ainda é usada de forma igualmente genial: o marketing. Com o mercado totalmente competitivo e uma sociedade extremamente capitalista e consumista, o marketing se mostra como um grande aliado das empresas, levando em conta que, pode ser definido como tudo o que é feito para atrair e conquistar clientes, tendo como objetivo, atender as necessidades e expectativas dos mesmos, com o auxílio de campanhas publicitárias, vinculadas principalmente na TV e em outros meios de comunicação e a Apple utilizou esse recurso de forma tão extraordinária, que passou a ser uma empresa extremamente conhecida e possuir uma grande quantidade de consumidores fiéis, que definem a marca como sinônimo de inovação e status. Este trabalho tem o objetivo geral de “identificar os motivos que fazem da marca Apple um diferencial na vida dos seus clientes e estudar a influência do marketing nesse processo”, desse modo, passa pelos objetivos específicos que são “analisar as ferramentas de marketing aplicadas pela empresa, explanar a revolução tecnológica proposta pela marca e abordar os fatores que diferenciam a Apple das demais empresas”. Os objetivos propostos respondem ao problema da pesquisa, que questiona “como a Apple usou o marketing para revolucionar o mercado e o atendimento ao cliente?” o que viabiliza o desenvolvimento do estudo, que tem como justificativa verificar a aplicabilidade do tema abordado para empresas do ramo e até mesmo de outras áreas, que visam ter além de inovação, tecnologia e criatividade, um relacionamento positivo com o público-alvo. Para tal, o projeto teve como auxílio a pesquisa bibliográfica, fazendo uso de livros, sites e revistas online. O presente trabalho está estruturado de modo que no primeiro capítulo traz a conceituação de comunicação e sua evolução; O segundo capítulo do estudo trata sobre o marketing, sua evolução histórica e conjuntura atual; A terceira seção define marca e sua evolução; O quarto capítulo mostra a relação da marca com o consumo 11 e, por fim, o quinto e último capítulo traz a história da marca Apple, sua evolução e a influência decisória do marketing no sucesso da Apple. 12 1. COMUNICAÇÃO Segundo Mendes e Junqueira (1999) comunicar significa partilhar ideias, informações, sentimentos, crenças e valores por meio de conjunto de gestos, palavras, figuras, atos e imagens. Os autores destacam que a comunicação não necessariamente é feita somente por palavras, mas também por gestos corporais, muitas das vezes involuntários e, para que haja um processo de comunicação utilizando-se a linguagem corporal, é necessário que esta e a linguagem verbal estejam em harmonia. Chiavenato (2000) complementa afirmando que é através da comunicação que os seres humanos e até mesmo os animais compartilham diferentes informações entre si, fazendo com que o ato de se comunicar se torne algo essencial para o dia a dia em sociedade, ou seja, em outras palavras, é o ato de passar uma informação e compreensão de um ser para outro e, para o estudioso, caso não haja um envolvimento entre ambas as partes, a comunicação não ocorre, impossibilitando que a mensagem seja interpretada ou decodificada. O referido processo de comunicação, ainda de acordo com Chiavenato (1989), é composto por, cincos etapas, iniciando com o emissor (pessoa que planeja enviar uma mensagem, a mesma é encarregada por escolher o conteúdo, verificando o melhor canal a ser utilizado para que o destinatário a compreenda corretamente), o transmissor (momento em que a mensagem é codificada, ou seja, inclui-se um sentido pretendido, atribuindo a responsabilidade de compreender e transferir a informação), o canal (é utilizado pelo emissor para conduzir a mensagem ao receptor, ou seja, é a área estabelecida entre o emissor e o destinatário), o próprio influencia a maneira pela qual o receptor compreenderá a mensagem passada. O autor ainda ressalta que o receptor é aquele que recebe a mensagem e depois decifra, reproduzindo uma resposta para o remetente, e, por fim, o destinatário (pessoa a quem a mensagem está sendo destinada). Quanto a necessidade de desenvolver uma comunicação eficiente, o artigo publicado no endereço eletrônico Recanto das Letras afirma que o homem a sentiu a partir do momento em que era necessária uma espécie de convívio social, fosse ela para apontar e passar adiante sua cultura ou para expressão de seus sentimentos. Tal processo, para o autor, não é marcado por uma data específica, que indique o 13 momento correto que surgiu a comunicação, mas é certo que ela sempre existiu e acompanha a evolução do homem, contribuindo para seu crescimento. Fica evidente, portanto, a importância da comunicação para as sociedades e, quanto a isso, Kaw Yin (2015) diz que a importância da comunicação é muito simples, já que sem ela não há relacionamento, sem relacionamento o indivíduo se torna solitário, dentro da sua própria mente, não conseguindo compartilhar os seus pensamentos. A estudiosa garante que, apesar de ser um processo básico, na verdade é complexo, visto que a compressão nem sempre acontece adequadamente, já que quando alguém se expressa, existem barreiras na bagagem cultural, nas sensações, nas intenções e no passado do interlocutor. As pessoas acreditam que apenas na emissão de vocábulos, elas estão se comunicando, mas isso não acontece necessariamente assim, pois quando o fazem, nem sempre se preocupam em saber se a mensagem chegou ao interlocutor, eventualmente não analisando de fato o receptor, ou seja, sem verificar os filtros e/ou barreiras envolvidas no processo de relacionamento (KAW YIN, 2015, p. 22). Devido ao processo de comunicação ser tão complexo como dito anteriormente, se torna impossível uma situação de ensino-aprendizado sem uma devida instrução acerca da linguagem, diz Bruner (2008), e completa ao confirmar que em uma sociedade escolarizada, a maneira de se comunicar é extremamente diferente de um grupo de pessoas leigas. Sippert (2013) completa ao afirmar que o sistema de ensino deve garantir uma preparação e qualificação do aluno para que ele aprenda a se comunicar, pois sem isso, não há interação escolar ou social, sendo que a principal função da escola, é capacitar o indivíduo ao convívio humano e de uma sociedade desenvolvida. Diante do exposto, entende-se, portanto, que qualquer que seja a organização a qual se está inserido,o processo de comunicação deve existir para que haja eficácia em todos os processos da mesma, por isso, segundo Genelot (2001), tal mecânica tem se tornado umas das metas principais quando se trata de estratégias organizacionais. 14 1.1 A comunicação nas organizações Lima (2017) afirma que assim como no contexto macro da sociedade, nas empresas, para atingir determinado objetivo em conjunto, é necessário que exista uma ferramenta capaz de alinhar todas as intenções dos envolvidos em uma organização e essa ferramenta é a comunicação, ou seja, para o autor, esta promove sinergia no ambiente corporativo, o que é essencial para a construção e manutenção de relacionamentos eficazes e para o direcionamento de objetivos. Marchiori (2001) concorda ao afirmar que é fundamental que as direções de uma empresa, obrigatoriamente, façam com que seus funcionários saibam qual a função deles, sendo que esse objetivo deve estar muito claro para ambas as partes, ou seja, as pessoas devem alinhar suas metas com a meta da organização à qual faz parte, para que haja uma vontade real que motive seu esforço. Pesquisa realizada pela ABERJE, Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, e exibida na revista Exame de 29 de março de 2011, aponta que para um funcionário, é fundamental que seja bem informado a respeito de sua importância e utilidade para que sua produtividade seja eficiente, sendo que, de acordo a mesma fonte há uma elevação de 40% no rendimento individual dos empregados nesses casos. Sobre o mesmo tema, Lima (2017) afirma que a comunicação organizacional, pode ser dividida em três vertentes, a “comunicação interna”, a qual engloba a participação dos colaboradores de uma instituição e todos os diálogos que ocorrem dentro dela, responsáveis em manter harmonia no ambiente de trabalho; a “comunicação mercadológica”, que representa tudo de necessário para uma comercialização a respeito do produto/serviços prestados por uma empresa, conectando a organização ao consumidor e clientes; por fim, para o autor, a terceira vertente, a “comunicação institucional”, se diferencia em uma linha tênue com a última citada, pois tem ligação com a imagem de uma associação, portanto, sua importância é de manter uma visão positiva da organização para a sociedade, imprensa e parceiros comerciais. Conclui-se então que o relacionamento em uma organização é considerado um ambiente de aprendizado, uma ferramenta a dispor de quem estiver interessado em conhecer seus componentes, seus consumidores e seu público, dessa forma, como dito acima, quando o relacionamento acontece, é possível criar 15 metodologias para que a mensagem atinja seu objetivo em mais profundo nível. A comunicação, portanto, passa a ser uma das maiores estratégias utilizadas por empresas, pois, através dela é que surgem inúmeros meios de como atingir um objetivo, sendo assim, naturalmente é uma ferramenta imprescindível para o surgimento do marketing. 16 2. MARKETING Santângelo (2009) afirma que em meados da década de 1950, com os avanços tecnológicos aumentando e o surgimento da industrialização mundial, surge uma competição acirrada entre as empresas, ou seja, uma disputa de mercado e, partir de então, de acordo com o estudioso, não bastava somente ter um bom produto e sim conquistar o determinado público-alvo, levando em conta que neste momento, o cliente possuía o poder de escolha em suas mãos, selecionando qual seria a melhor opção disponível e que supriria suas necessidades. Para Santângelo (2009), foi então na intenção de suprir as tais necessidades dos clientes que surgiu o marketing, uma vez que a partir disso deu-se início ao desenvolvimento de técnicas como pesquisa de mercado, canais de distribuição, veículos de massa, adequação de produtos e serviços, entre demais estratégias de apoio à referida e até então recente “ciência administrativa”. Para Drucker (2000), o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua, ou seja, conhecer e compreender o cliente a tal ponto que o produto ou o serviço se venda por si só, assim o ideal é que o marketing deixe o cliente pronto para comprar. Kotler (2000, p. 27) concorda de uma forma geral e simplista que “marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e troca de produtos e serviços”. Sabe-se que ao longo dos anos a sociedade mudou e todos os materiais literários dispostos sobre isso apontam para a opção de que o mercado e os consumidores tenham acompanhado o processo, portanto, parece natural que o marketing, pelo mesmo motivo, também tenha se alterado com o passar dos tempos, sendo que dentre muitas definições e nomenclaturas, uma bastante pertinente é a que classifica tal ciência do 1,0 ao 4,0 e, quanto a isso, para Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) inicia-se, naturalmente, com o marketing 1.0. Os autores afirmam que o “marketing 1.0” surgiu durante a Revolução Industrial, onde o foco era o produto, ou seja, as empresas produziam algo para depois identificar os consumidores. De acordo com os mesmos autores, o objetivo da época para os comerciantes era exclusivamente a venda de mercadorias, uma vez que a falta de segmentação fazia com que os clientes se adaptassem facilmente ao que lhes era oferecido, ou seja, a 17 visão das empresas sobre os clientes era de compradores em massa, basicamente não existindo vínculo ou relação alguma entre uma ponta e outra e, por esse motivo, tal época ficou conhecida como a “Era dos Produtos”. Os carros pretos da Ford, para os estudiosos, são indicadores fortes do conceito de marketing 1.0, pois declaradamente a empresa oferecia ao mercado o que era mais viável à sua produção e os consumidores, por sua vez, se adaptavam aquilo que lhes era oferecido. Devido ao surgimento da “Era da Informação”, na década de 1990, de acordo com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) as empresas perceberam o consumidor como um ser inteligente, dotado de coração e mente, isto é, possuidores de preferências, dessa forma, surgiu a diversidade de produtos no mercado e passou a ser responsabilidade das empresas satisfazer a sua clientela. Conforme os mesmos autores, foi também nessa década que a ideia de segmentação começou a ser implantada, com objetivo tanto de compreender as necessidades dos consumidores, como de convencê-los da qualidade dos produtos e de que os mesmos valiam o preço em que eram vendidos e, tal necessidade de convencimento e compreensão das companhias para com seu público ficou tão evidente que essa fase, classificada como “marketing 2.0”, tinha como premissa básica “tratar o cliente como rei”. Segundo Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) o marketing 3.0 é reconhecido como a “Era dos Valores”, onde as empresas reconhecem no consumidor seus anseios e necessidades pessoais e com o ambiente externo (através de conceitos como a missão, visão e valores), tendo como preocupação a sustentabilidade e os problemas ambientais, desse modo, passou-se a esperar das companhias uma responsabilidade social. Zenone (2006), concorda e vai além, afirmando que os indivíduos não somente se preocupam com o fato de uma empresa ter responsabilidade social, mas também acompanham todos os aspectos do produto, desde sua fabricação até os seus impactos ambientais. Apesar de Philip Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) afirmarem que muitas empresas adotam as ideias de marketing 3.0, os autores acreditam na existência de um novo conceito, o marketing 4.0, sendo este o que vigora atualmente e, apesar de não existir muitas referências sobre o assunto, algumas das características apresentadas referem-se a motivação de sentimentos, agregação de valor, com preocupação sustentável e social por parte das empresas que, paralelamente, buscam gerar conteúdo defato útil ao consumidor e usar estratégias do marketing digital para atrair clientes e impulsionar vendas. 18 2.1 Estratégia de marketing Segundo Ghemawat (2005) a palavra estratégia, do grego strategia, significa planejar, usar métodos e manobras para alcançar um determinado objetivo e, apesar de ter origem militar, Maximiano (2006) ressalta que nos dias atuais, tal palavra pode ser aplicada em vários contextos, sempre para alcançar uma meta usando inteligência e habilidade, o que não é diferente na área de marketing. Ferrell et al (2000) afirmam que é essencial que as empresas utilizem pensamentos estratégicos para aplicar conceitos de marketing e obterem sucesso no mercado, montando planejamentos definidos e desenhados a partir de números reais, extraídos por meio de pesquisas, já que para Aaker, Kumar e Day (2007) a pesquisa cumpre exatamente esse papel, pois consiste no ato de obter informações sobre o cenário mercadológico mais atual e, naturalmente, sobre os desejos dos clientes, já que estuda a concorrência e interage com o público, sendo assim uma ferramenta crucial para a elaboração de estratégias mercadológicas certeiras. Com o exposto, facilmente se entende que após a obtenção das informações do mercado de interesse, o desenvolvimento e a aplicação prática dos planos estratégicos de marketing acontecem, naturalmente, por meio das ferramentas de marketing que, segundo Kotler e Keller (2006), devem ser usadas conforme as estratégias de cada negócio. Diante disso, as principais dessas ferramentas serão definidas na sequência. 2.1.1 Publicidade Segundo Gonçalez (2009, p. 7) a publicidade é “a arte de tornar público, divulgar um fato ou uma ideia, já com objetivos comerciais, uma vez que pode despertar o desejo de compra, levando-o a ação”. Ele afirma que é composto de meios e técnicas que tem o objetivo de tornar um produto, uma marca ou um serviço conhecido pelos consumidores, o que pode ser percebido como um método de comunicação comercial em massa. 19 2.1.2 Propaganda Já a propaganda, ainda segundo Gonçalez (2009, p. 7), “pode ser definida como ações de atividades ideológicas que tendem a influenciar o homem, com o objetivo político, cívico ou religioso”. A palavra vem do latim propagare, que significa basicamente propagar ou espalhar, portanto, a propaganda é a prática de propagar ideias, princípios, teorias e/ou conceitos, sem necessariamente ter o foco no fator comercial. 2.1.3 Promoção de vendas A promoção de vendas consiste nos esforços de comunicação mercadológica, utilizados em espaço e tempo determinados, junto aos canais de revenda dos consumidores, com o objetivo de agilizar as vendas, incrementando o volume total consumido ou imediatizando o consumo futuro (RIBEIRO et al, 1985, p. 353). Blessa (2005) complementa afirmando que a promoção é qualquer esforço feito para comunicar e promover empresas e produtos, sendo, portanto, um conjunto de meios capazes de provocar um estímulo ao consumidor, elevando as vendas e aumentando o consumo, sendo que, para a estudiosa, tais promoções podem, inclusive, fidelizar o consumidor e consolidar a marca, pois estes se sentem instigados a consumir em troca dos benefícios. Para Kotler e Armstrong (2003) as principais ferramentas de promoção dirigidas ao consumidor são, por exemplo, “as amostras”, que oferecem uma porção do produto, tendo em vista à experimentação; os “cupons”, que são comprovantes que garantem ao consumidor descontos ou algum benefício semelhante; as “ofertas de devolução de dinheiro ou reembolso”, que são parecidas com os cupons, porém, acontecem após a compra, incentivando o consumo (já que oferecem um reembolso de parte do valor do mesmo); os “pacotes promocionais ou descontos promocionais”, que oferecem aos consumidores descontos sobre os preços normais do produto; os “brindes”, que são as mercadorias oferecidas gratuitamente ou abaixo do custo normal, como um incentivo à compra de determinado produto; os “concursos, sorteios e/ou jogos”, que incentivam a participação do consumidor em alguma atividade, dando a chance de adquirir algo (dinheiro, produtos, viagens, dentre outros benefícios), seja por sorte ou por alguma habilidade; as “promoções nos pontos-de-venda”, que basicamente são algumas estratégias citadas acima, mas 20 oferecidas ao consumidor diretamente no ponto-de-venda; as “recompensas pela fidelidade”, que visam construir um relacionamento duradouro com o cliente, já que consiste em oferecer prêmios aos que apresentam um uso constante do produto ou serviço da empresa. 2.1.4 Merchandising Segundo Blessa (2006), a palavra deriva do termo francês merchand e da palavra inglesa merchandiser (negociante), sendo conceituada como o conjunto de técnicas que garantem uma boa apresentação do produto, com o objetivo de torná-lo conhecido e consequentemente consumido. (...) é a técnica, ação ou material promocional usado no ponto de venda que ofereça informação e melhor visibilidade a produtos, marcas ou serviços, com propósito de motivar e influenciar as decisões de compra do consumidor. É um conjunto de atividades de marketing e comunicação destinadas a identificar, controlar, ambientar e promover marcas, produtos e serviços nos pontos de venda (BLESSA, 2006, p. 2). Existem divergências com relação ao conceito da palavra, mas Dias (2003) reforça que o merchandising é um conjunto dos veículos de comunicação, de promoção, de demonstração e de exposição de um determinado produto, marca ou serviço com a intenção de despertar o desejo de compra, diante disso, entende-se que é possível apresentá-lo de diversas maneiras, desde que seja adequado e atraente ao público-alvo em questão. Quanto a isso, Blessa (2006) afirma que existem diversas formas e ferramentas de merchandising, como por exemplo, o uso da “exibitécnica”, que diz respeito as técnicas de exposição, disposição e exibição do produto ou serviço, fazendo com que a forma como os mesmos são organizados se torne atraente aos consumidores; o “cross merchandising”, que diz respeito a associação de mercadorias e usos em pontos extras; a demonstração de “preço”, que precisa ser devidamente informado e adequado; os “displays”, que colocam o produto em evidência; as “embalagens, cores, sons, aromas ou luzes” ligadas ao produto ou serviço, que possuem a função de chamar a atenção, se adequar e agradar o consumidor; dentre outras. 21 2.1.5 Venda Direta A WFDSA (World Federation of Direct Selling Associations) define a venda direta como: A venda de produtos e serviços diretamente aos consumidores de maneira face a face, geralmente em seus domicílios ou no domicílio de outros, em seus locais de trabalho ou em outro lugar qualquer desde que fora de um estabelecimento de comércio. As vendas diretas ocorrem tipicamente com a explanação ou demonstração pessoal por um vendedor direto independente. Portanto, ainda segundo a WFDSA, a venda direta diz respeito a comercialização de um produto ou de um serviço realizado por meio de um contato pessoal entre vendedores e compradores, sem a necessidade de existir um tipo de estabelecimento comercial físico, sendo importante possuir uma abordagem eficaz que provoque o interesse em seu possível consumidor. 2.1.6 Eventos Segundo Zanella (2004, p. 69), evento É uma concentração ou reunião formal e solene de pessoas e/ou entidades realizada em data e local especial, com o objetivo de celebrar acontecimentos importantes e significativos e estabelecer contatos de natureza comercial, cultural, esportiva, social, familiar, religiosa, cientifica, etc. “Evento é um fato que desperta a atenção, podendo ser notícia e, com isso, divulgando o organizador” (CESCA, 1997, p. 14). Dependendo do evento, milhares de pessoas estão envolvidas e com o raciocínio de Meirelles(1999), nada melhor do que conseguir patrocinar algo desse tipo e poder propagar uma marca, assim tendo a oportunidade de captar a atenção de vários participantes e induzir o interesse de alguns à marca. 22 2.1.7 Marketing Digital De acordo com Kotler (2010), a população está sendo tomada pelo mundo digital, causador de um grande impacto nos consumidores e nos produtores, devido ao fato de que esse universo online é capaz de influenciar milhões de pessoas e, com o surgimento dos canais digitais, as estratégias de marketing precisam se adaptar ao novo público e direcionar cada tipo de consumidor para as diversas áreas e fases da internet, proporcionando o interesse dos consumidores por essa plataforma também. Quando você ouve falar de marketing digital, publicidade online, marketing web, publicidade na internet ou quaisquer outras composições criativas que se possa fazer dessas palavras, estamos falando em utilizar efetivamente a internet como uma ferramenta de marketing, envolvendo comunicação, publicidade, propaganda e todo arsenal de estratégias e conceitos já conhecidos na teoria no marketing (TORRES, 2009, p. 45). Ainda segundo Torres (2009), é possível facilitar a performance do marketing digital, segmentando-o em algumas ações, como o marketing de conteúdo, que diz respeito ao conteúdo publicado em um site ou blog, com o objetivo de torná-lo visível e atraente ao consumidor; o marketing viral, que basicamente é a retransmissão de uma mensagem, espalhando-a o máximo possível, visando ampliar a imagem da empresa; o marketing de mídias sociais, que é a ideia de propagar uma empresa em sites construídos com o intuito de gerar conteúdo aos usuários e compartilhar informações, como o YouTube, Facebook, Twitter, etc; o e-mail marketing, que consiste em divulgar uma empresa através da comunicação por correio eletrônico (e- mails); as pesquisas on-line, uma ferramenta que a empresa usa para obter dados de seus consumidores (interesses, opiniões, etc), e em seguida usar as informações colhidas para causar uma influência maior nos mesmos e também atrair novos consumidores; a publicidade online, pois a internet proporciona inúmeras oportunidades para a publicidade, sendo que o autor comenta que existem diversas maneiras de se aplicar essa ferramenta, sendo que seu começo foi dado pela utilização de banners publicados em sites, passando-se depois para as animações, interações, sons, vídeos, dentre outros; e por fim, o monitoramento, que consiste em administrar e gerenciar os resultados de todas as ferramentas e estratégias de marketing aplicadas na plataforma digital. Diante dessas possibilidades, vale referenciar Cruz (2012), que há cinco anos atrás já comentava que os consumidores estavam cada vez mais digitais, demonstrando que se o marketing for executado de 23 forma correta nessa plataforma, as chances de influenciar e atrair adequadamente o público-alvo são altas. Como comentado anteriormente, as ferramentas estratégicas de marketing são diversas, mas como é sabido, o mercado está em constante evolução, obrigando, naturalmente, que não só essas ferramentas mudem com ele, mas também outros aspectos de marketing, como as marcas, que se formam, consolidam e se desenvolvem de maneira diferente a cada tempo, se adequando às realidades. 24 3. MARCA Marca, para Sampaio (2002), é traduzida de maneira simples como uma representação simbólica, podendo fazer uso de ícone, palavras ou até mesmo um signo. Tanto o site FG Marcas e Patentes como também o estudioso Pinho (1996), definem tal termo no mesmo sentido, classificando a marca como uma identidade, algo que permita identificação imediata, podendo ser um símbolo, um sinal, um emblema, uma insígnia, utilizando-se de estudo gráfico, esquema de cores ou até mesmo slogans na representação da empresa e estes são responsáveis, como sugerido inicialmente, pela percepção visual da mesma. A marca é um nome, termo, sinal, desenho ou símbolo, ou uma combinação dos mesmos, que pretende identificar os bens e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los daqueles dos concorrentes (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION – AMA apud Pinho, 1996, p. 14). A melhor forma de diferenciar um produto dos demais existentes no mercado conforme o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia, é tornando-o único e para isso é preciso atribuir uma identidade ao mesmo, uma marca. A organização comenta que já que a maior associação a uma marca é a sua representação simbólica, é preciso que esta seja atraente, podendo conter palavras, números, letras, cores e elementos figurativos. Em concordância Simioni (2011) afirma que essa representação precisa ser fixa, atemporal, especial e única, no entanto, o significado de marca é bem mais complexo que apenas a representação gráfica, já que também se baseia no valor da empresa e na sua consolidação no mercado, e se o produto proporcionar um impacto positivo no cliente, automaticamente se cria uma responsabilidade ao produtor. Demonstrando a evolução histórica da marca, Tavares (1998) diz que antigamente, no Egito, alguns fabricantes usavam símbolos para apontarem suas mercadorias com a finalidade de diferenciá-las, mas foi somente no século XVl que surgiram as marcas registradas com os escoceses, onde os mesmos sinalizavam com fogo seus barris de uísque. O autor enfatiza a existência de registros de que em 1476, dois irmãos produziram a primeira tipografia de Veneza, que se marcou pela qualidade tipográfica, sendo que mais tarde, no século XVlll, a forma de se pensar em marca sofreu alterações e buscou-se a facilidade de recordação das mesmas como um modo 25 de distinção de seus produtos com os dos concorrentes, fazendo com que fosse agregado valor à marca. Diante disso, para Tavares (1998), as marcas já se embasavam em fundamentos com mais objetivos visando sempre a valorização, sendo neste momento que surgiram os topônimos, que significa a origem ou abrangência geográfica da marca. Conforme Nassar e Figueiredo (1995), as organizações utilizam diversas linguagens para propagar a sua comunicação empresarial, linguagens estas nem sempre relacionadas diretamente com foco em vender o produto, mas de criar nos consumidores fidelidade e simpatia, e adquirir relacionamento positivo com o quadro de funcionários. Desse modo, os autores afirmam que com objetivo de obter uma imagem institucional positiva perante o público, os profissionais das áreas de comunicação e marketing devem priorizar a comunicação empresarial competente, afinal, a mesma está diretamente correlacionada com a imagem institucional da organização. Em concordância Torquato (1992) ressalta a identidade organizacional como a personalidade perante o público, englobando-se assim, elementos tais como a linha de produção, cultura organizacional, tradição, história e seu quadro de colaboradores, ou seja, entende-se assim que a imagem corporativa e identidade devem caminhar juntas, com objetividade e clareza. Em conformidade, Strunck (1989) afirma que as marcas expressam a individualidade e a responsabilidade social e, uma vez que estas são bem definidas, traduzem aquilo que as empresas gostariam de serem lembradas pelo público, podendo ser uma lembrança positiva ou negativa. O autor diz ainda que por não se ter controle da percepção humana, tornando-se responsabilidade da organização construir uma cultura influente, definitiva e bem estabelecida com intenção de adquirir uma imagem empresarial positiva. É uma ilusão acreditar que um conceito de marca pode ser eficiente a partir de definições artificiais, criadas fora do contexto ideológico da empresa. Nenhum plano, por mais tecnicamente justificado, se sustenta sem considerar que toda marca nasce impregnadade um ideal. E ele será a essência do seu sucesso ou o mal congênito a comprometê-lo para sempre. (VIEIRA, 2002, p. 16-17). À vista disso, entende-se que apesar de o conceito de marca ser intricado, há a transmissão de cultura, valores, personalidade e outras características, sendo estes 26 os mais importantes e os definidores da essência e a partir deles a organização deve investir e construir estratégias de marca eficazes, consistentes e sólidas, necessitando de um processo planejado para isso, chamado, de acordo com Schmitt e Simonson (2002) de Branding. Os mesmos autores dizem que o princípio do conceito de Branding remete à década de 1930, estruturado por empresas como a Procter & Gamble (P&G), mas as primeiras ações do referido conceito no Brasil possuem mais de uma década, sendo que nos anos 1990, o marketing empresarial focava na construção da marca sem considerar a simbologia por trás da mesma, porém, atualmente, esse valor simbólico ganhou força e destaque, podendo ser considerado como o maior ativo da organização. Aaker (1998) vai além e afirma que a gestão da marca está se tornando cada vez mais importante para as empresas, visto que ela garante uma vantagem competitiva frente aos concorrentes. Diante do exposto, entende-se que em um mercado cheio de opções e produtos similares, as organizações têm como objetivo a criação de uma marca forte e diferenciada, capaz de ser identificada perante os produtos dos concorrentes, assim, ganha força um conceito mais contemporâneo do termo branding, que, segundo Martins (2006) está relacionado à administração das marcas, isto é, são ações que as levam além do lado econômico e passam a ser parte da cultura do público. Ries e Trout (1997) completam, dizendo que o posicionamento da marca também é um fator importante, pois é a forma em que o produto se personifica na mente do consumidor em potencial, uma vez que as marcas sempre estão passando alguma ideia ao público, sejam elas de a mais barata, a mais potente, a mais forte ou a melhor naquele segmento, tudo isso com objetivo de criar uma imagem exclusiva na mente do consumidor. “As corporações podem fabricar produtos, mas o que os consumidores compram são marcas” (KLEIN, 2002, p. 31). Dessa forma, entende-se que o branding se faz necessário às organizações, afinal, ele é responsável pela estimulação de um vínculo duradouro com o consumidor, que passa a ver a marca como uma extensão de si. “Mais que um produto, a marca vende um estilo de vida” (COBRA, 2007, p. 45). No Brasil não é diferente, pois como Martins (2006) ressalta, os consumidores brasileiros valorizam as marcas ao comprar e, independentemente do apelo feito por propagandas, há um desejo na consumição de produtos e serviços de marcas de confiança. Além disso, sobre o mesmo aspecto, segundo Reichhfeld (1996), as 27 empresas perdem anualmente 10% de seus consumidores e o custo de conseguir novos é estimado em cinco vezes mais que o de mantê-los, isto é, as estratégias e esforços com o branding, marketing e comunicação devem ser implementados de forma eficaz. De acordo com Semprini (2006), a partir do uso de ferramentas de comunicação e estratégias de marketing impactantes, uma marca pode tornar-se forte e construir com seu público-alvo um vínculo emocional e de confiança e, quanto a isso, Martins (2006) afirma que um indicador importante da força da marca está justamente em sua capacidade de permanecer imutável na memória e preferência dos consumidores. Martins (2006) vai além e para ele uma marca bem-sucedida oferece aos seus clientes produtos e serviços de qualidade excepcional, tornando o processo de compra agradável, serviços de pós-venda satisfatórios e comunica-se positivamente, de forma que a relação entre a marca e o cliente se torna de fato duradoura. E mesmo que o preço influencie na decisão de compra, conforme o autor, se a marca cumpre aquilo que ela promete ao consumidor, o mesmo paga a quantia determinada, desse modo, o estudioso sugere que as empresas conheçam seu público-alvo (com pesquisas de mercado, conforme descrito anteriormente) e através desse conhecimento criem um relacionamento, mantendo um ciclo de consumismo durável. 28 4. MARCA X CONSUMISMO Ferrari (2016) afirma que consumismo é considerado habitual na sociedade contemporânea e que o ato de consumir ou comprar coisas faz parte do cotidiano e está presente em toda e qualquer sociedade humana. A autora comenta ainda que o apego aos bens materiais se desenvolveu nas décadas passadas, com o surgimento da Revolução Industrial, e se fortaleceu na sociedade recente, tendo como ápice a atual. Veblen (1899) apresenta uma versão diferente ao consumo, tratando-o como desnecessário, podendo ser uma forma de exibição de status, já que, para ele “(…) pessoas diminuem seu conforto ou necessidades para que possam parecer bem vestidas”. E através desse fenômeno (na mesma linha da versão já antiga de Veblen (1899)), que Baudrillard (2008) denomina a atual sociedade como a “sociedade do consumo”, podendo ser definida, voltando ao aspecto histórico, brevemente dito logo acima, como um movimento pós-guerra, já que com o final dela a população sentiu extrema necessidade de integrar um novo sistema, englobado com os avanços já feitos em áreas como tecnologia e comunicação e, junto a esse período, a Revolução Industrial também causou o impacto necessário para que o consumismo se tornasse uma realidade. “Com a Revolução Industrial, a relação entre produção e consumo ganhou maior importância no mundo, encurtando a distância entre as duas pontas do relacionamento de consumo” (VOLPI, 2007, p 45). A expansão da produção capitalista, especialmente depois do impulso recebido da gerência científica e do “Fordismo‟, por volta da virada do século, necessitou da construção de novos mercados e da “educação‟ de novos públicos consumidores por meio da publicidade e da mídia (FEATHERSTONE, 1995, p. 32). Para Baudrillard (1981) a partir desse momento, o mundo foi se voltando cada vez mais a uma perspectiva econômica, criando um novo sistema de valores e um mundo capitalista avançado. As pessoas precisam dos produtos, de objetos, de status, para se sentirem melhor de alguma forma, “já não se refere a tal objeto na sua utilidade específica, mas ao conjunto de objetos na sua significação total” (BAUDRILLARD, 1981, p. 17). Santini (2012) concorda ao explanar que essa busca 29 constante por materiais cria um desejo pessoal e uma desigualdade global, o que caracteriza uma sociedade de consumo. Bauman (2004) afirma que o poder do consumo se tornou algo ligado à satisfação porque a sociedade atual busca saciar-se (desejos pessoais nem sempre urgentes) através do ato de consumir ou comprar e, naturalmente, para que isto seja possível é necessário que se tenha dinheiro. “Com o advento da cultura de massa, o significado da felicidade foi subvertido. Na sociedade de consumo, ser feliz deixou de representar um meio como se vai e passou a ser percebido como um fim a que se chega” (VOLPI, 2007, p. 90). Bauman e May (2010) ainda ressaltam que muitas vezes os consumidores são definidos por aquilo que eles compram, de forma que, se os mesmos não se manterem “em dia” com as tendências mercadológicas, podem ser alvo de exclusão social. Portanto, os autores concordam e concluem que se vive uma tendência no sentido de o homem deixar de ser valorizado por aquilo que é, para ser valorizado por aquilo que tem. Nesse século, muito já se tem visto a respeito do poder que a marca exerce sobre a decisão de compra, uma vez que, segundo Guimarães (2009), vários desses conceitos valem mais do que a própria empresa em si e isso, para o estudioso, com certeza se deve pela influência irrefutável que um símbolo traz para o mercado. “A marca, portanto,representa um estilo de vida para o consumidor, que deixa de buscar um produto pelo produto, e passa a procurar uma sensação, uma experiência” (MIRANDA; PÉPECE, 2012). Para isso, o usuário faz a associação de um símbolo com uma determinada situação desejada, afirmação está embasada por Baudrillard (1968), que diz que o valor simbólico é agregado à utilidade dos objetos de consumo e, juntos, são um reflexo da sociedade e dos seus tempos. É por meio da construção simbólica que o consumo pode ser mais bem compreendido. Nesse sentido, o objeto é algo oco que ganha atributos significativos em dinâmicas sociais. Assim, entende-se que o consumo antecede a compra, sendo guiado por uma forma de ver o mundo simbolicamente. Não existe nesse caso consumo aleatório, que não seja guiado por comportamentos coletivos que não sejam entendidos pelo prisma da cultura. Ou seja, o consumo pode ser gerado por vários fatores comuns entre pessoas do mundo inteiro sejam, sociais, culturais, pessoal e econômico. Tais fatores decorrem da interação simbólica que é estabelecida entre o bem, o indivíduo e a sociedade (MCCRACKEN, 2003, p. 3). 30 O consumo abrange uma considerável parcela do cotidiano dos indivíduos que vivem no cenário contemporâneo e isso, segundo Solomon (2011), se deve ao valor simbólico agregado à produção desenfreada. Logo, a entidade marca se faz existente, pela necessidade do consumidor em adquirir sensações que eles acreditam, através de associação de dados, símbolos e experiências serem resultantes da compra e utilização de determinados produtos ligados a marca. Desse modo, “a tendência para o futuro do capitalismo mundial, é o consumo de um conceito, de uma marca, deixando assim, a valorização do produto pelo produto” (AAKER, 1991). Sobre isso, para Kapferer (2003), a construção da imagem, reputação e confiabilidade da marca se faz por meio da percepção do consumidor, que decodifica a identidade de uma empresa. Entende-se então que a marca cria uma personalidade que fornece afinidade entre o consumidor e a empresa e, nesse aspecto, Aaker (1991) garante que essa figura pode ser responsável pela formação de um relacionamento forte, duradouro e confiável entre ambas as partes, causando ao consumidor a sensação de intensa ligação com uma determinada marca. Percebe-se que devido essa busca por sensações, muitas vezes traduzidas, como será visto, como experiências de consumo, que uma nova estratégia vem sendo construída, oferecendo ao cliente a vivência que ele procura, em um ambiente que traga a oportunidade de sentir tudo o que a simbologia da marca fornece, desse modo, as chamadas “lojas conceitos” parecem trazer resultados favoráveis para a representatividade da marca, como tratado a seguir. 4.1 Loja conceito como estratégia de marca Para Pastore (2012) as “lojas conceitos” são umas das mais recentes táticas de venda das marcas, já que o autor diz que ”a ideia é que as marcas experimentem o mercado, inaugurando um novo jeito de expor produtos. Nela, a observação da reação do consumidor é fundamental para decidir se o modelo será mantido" (PASTORE, 2012, p. 19). Segundo Schmitt (2002), as lojas conceitos seguem o modelo de experiência experimental (MEE), o qual procura causar sensações no cliente por meio de seus produtos, variando entre o uso dos sentidos e percepções humanas, a comoção 31 emotiva, os estímulos lógicos, acarretando assim, a identificação do consumidor com a marca. Já Gobé (2002) completa ao afirmar que o modelo de provedor de experiência (ProExe) se vincula com o modelo anterior, colocando em prática todos os conceitos e criando assim táticas que façam o cliente experimentarem ambientes espaciais e apropriados para que se viva e sinta a marca. Segue abaixo a tabela que, segundo Gobé (2002), relaciona os modelos e tipos de lojas existentes e como são classificadas conforme o grau de atualização em seus conceitos e estratégias. Figura 1: Relação do desenvolvimento do mercado ao longo do tempo Fonte: Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2014). 32 5. APPLE Segundo artigo publicado no site Ternamp, a história se inicia quando Steve Wozniak e Steve Jobs vislumbram a probabilidade de desenvolver e começar a vender computadores, a paixão por inovação e o interesse em informática era algo que ambos tinham em comum. O website diz também que eles continuaram amigos após o término da graduação e, por coincidência, eram funcionários de empresas localizadas no Vale do Silício, sendo que Wozniack trabalhava na Hew llet- Packard e Jobs na Atari. Jobs persistia que ambos, juntos a Ron Wayne, poderiam arriscar em vender computadores e a idealização era desenvolver um computador mais acessível e menor que os criados pela PARC, nascendo então, em 1º de abril de 1976, a Apple Computer Company. O artigo aponta que três fatores foram cruciais para a escolha do nome Apple: a letra inicial “A”, ou seja, em uma busca a empresa apareceria na frente dos concorrentes como na ordem alfabética, associar uma maçã a uma marca de computadores era algo inusitado no mercado e maçã tem ligação com vida saudável. Além disso, acreditavam que uma maçã com faixas coloridas estava ligada a marca listrada IBM e a mordida tem a ver com o pecado bíblico. De acordo com o mesmo artigo, muito mais que abater a concorrência, Jobs visava transformar a sociedade, proporcionando uma perspectiva de vida diferenciada para os consumidores. Um artigo publicado por Carlos Morimoto, no site Hardware, declara que a Apple só foi fundada por conta da rejeição do projeto Apple I pelas empresas Atari e HP. Ressalta também que o Apple I não chegou nem perto de ser um imenso sucesso de vendas, pouco mais de 200 unidades foram vendidas por US$ 666,66 cada, porém, ainda assim a empresa foi sustentada no primeiro ano pelos lucros obtidos nas vendas. O autor completa dizendo que, quem adquiriu um acabou se dando bem, pois, nos dias atuais uma máquina dessas chega a custar US$ 50.000. De acordo com artigo no endereço eletrônico Mundo das Marcas, as máquinas da empresa só prosperaram em 1977, fruto de uma apresentação do Apple II numa feira de informática, foi a primeira máquina a possuir CPU feita de plástico, designs gráficos coloridos, qualificada para rodar jogos, programas gráficos e utilitários. O endereço eletrônico ainda completa afirmando que obra foi um sucesso, independentemente de seu preço, que era de US$ 1.200, porém, os negócios da empresa dispararam em meados de 1978 através do Apple Disk II, o disquete com o 33 preço mais acessível da época. A fonte esclarece que a expansão das vendas ocasionou um crescimento considerável da marca e, em 1980, após a estreia do Apple III, a organização passou a vender suas mercadorias para clientes no exterior e, com a proposta de continuar a revolução que começou, Jobs acabou cometendo um grande erro, pediu que a ventoinha de ventilação fosse removida do projeto, fazendo com que a empresa tivesse de substituir inúmeras peças com defeito por superaquecimento. O artigo articula também que após três anos foi lançada a versão revisada do Apple III, porém, a imagem do projeto já havia sido queimada pela falha cometida no projeto precedente, contudo, a situação começou a ficar difícil em 1981, o mercado cresceu relativamente o que acabou gerando dificuldade para efetuar as vendas. A fonte também explana que em seguida Wozniack teve de se ausentar da empresa devido a um acidente que sofreu e Jobs tomou a frente assumindo o controle, para completar, a frustração do projeto Lisa (cujo nome foi dado homenageando a filha de Jobs), foi o começo de uma forte crise a ser enfrentada, o que resultaria com o afastamento de Jobs da sociedade depois de uma desavença com o CEO da Apple, John Sculley. O website asseguraque, do dia para a noite as máquinas da Apple deixaram de impressionar o consumidor, nem o Macintosh lançado em 1984 foi suficiente para controlar a crise e só em 1991 a marca da maçã deu início ao retorno no mercado e apresentou a primeira máquina portátil, o PowerBook, colaborando para o crescimento das vendas, no entanto, em 1995 a crise ainda permanecia e além de dificuldade no processo de compras e montagem dos produtos, a empresa tinha que resolver problemas com a justiça que envolvia a Microsoft e o Windows 95, que plagiou escandalosamente a interface gráfica do Mac, entretanto, nessa época de crise quase fechando as portas, a empresa foi responsável por uma das reviravoltas mais espetaculares que o mercado já viu. A fonte da mesma forma profere que com a volta do Jobs em 1996, a organização lançou uma sequência de programas e produtos que revolucionaram o mercado e colocaram a Apple de volta ao topo, alguns deles foram o iMac, iPod, iPhone e o iPad. Apresentou também ao mercado o iTunes, um player musical que serve para armazenar e organizar as músicas, podendo sincronizá-las com os aparelhos iPhone e iPod, paralelamente foi lançado o iTunes Store, uma loja que possibilita a compra de milhares de músicas online com um preço acessível. 34 O endereço eletrônico reconhece que todos esses lançamentos foram um espetáculo de vendas, revolucionando o mundo da tecnologia e da comunicação, eliminando definitivamente as crises enfrentadas pela empresa tornando-a na maior inovadora e uma das mais influentes e poderosas do mundo, afinal, Jobs utilizou a tecnologia como ninguém havia feito, influenciando culturas, satisfazendo e criando desejos em consumidores ao redor do mundo, pois, essas máquinas extraordinárias desenvolvidas pela Apple contribuíram para o estilo de vida conectado, fazendo com que as informações circulem com facilidade e rapidez, trazendo o mundo na ponta dos dedos de seus milhares de consumidores que passaram a ver a maçã mordida como símbolo de adoração, reconhecidos pelos marketeers como “evangelizadores da marca”. Por conseguinte, a fonte articula que Jobs veio a falecer em novembro de 2011 e escolheu a dedo alguns nomes para seguir seu legado, Tim Cook (CEO), Jonathan Ive (vice-presidente de design) e Phil Schiller (vice-presidente de marketing), a expectativa é de que eles tenham aprendido com Jobs como ser cauteloso, visionário, simples e detalhista, mantendo a Apple no topo, inovando, revolucionando e influenciando cada vez mais a sociedade. Baseando-se no artigo publicado por Maximiliano Meyer no site eletrônico Oficina da Net, após a morte de Jobs, a empresa continua e a marca da maçã segue seu caminho com o objetivo de dominar o mercado, com isso, a empresa adquiriu a C3 Technologies, por um valor de US$ 240 milhões, Anobit por US$ 500 milhões, a Beats Eletronics chegando na casa dos US$ 3 bilhões, entre outras. A fonte relata que os números de aquisições de empresas ultrapassaram 60 desde sua fundação, sendo 26 delas foram após a morte de Jobs e na parte de produtos, desenvolveu diversos lançamentos, dentre eles, o iPhone 5, iPhone 6, iPad Air 2, iPad mini, etc. Segundo artigo publicado em 2016 no site da Apple, Tim Cook, atual CEO, declara que a equipe proporcionou os maiores resultados já produzidos pela empresa, isso aconteceu devido ao recorde de venda dos produtos mais inovadores do mundo como o iPhone, Apple Watch e o Apple TV. O presidente executivo ressalta também que a área de serviços da empresa cresceu durante o trimestre e alcançou um número marcante de mais de um bilhão de dispositivos ativos. A fonte revela ainda que a empresa obteve recorde da receita trimestral de US$ 75,9 bilhões e uma renda liquida de US$ 18,4 bilhões, ou US$ 3,28 por ação, foram resultados superiores em relação ao mesmo trimestre de 2015, sendo eles, 35 receita de US$ 74,6 bilhões, renda líquida US$ 18 bilhões ou US$ 3,06 por ação diluída, sendo que 66% da receita do trimestre é representado por vendas internacionais. 5.1 Evolução da marca A Apple, conforme explanado brevemente acima, como qualquer outra empresa, já teve lançamentos frustrados, sendo que o Macintosh TV, Macintosh Portable e Apple III, segundo Darugna (2014) foram considerados um fracasso pelo mercado. Por outro lado, obviamente (visto a potência representa ao seu setor de atuação), de acordo com Amaral (2011), a marca também ofereceu produtos que obtiveram sucesso imediato, como o Apple I, Apple Store, iPod, iPhone, entre outros. A seguir, pode-se ver uma linha do tempo da Apple, indicando o ano de lançamento e evolução dos principais produtos da marca. 36 Figura 2: Evolução dos produtos Apple Fonte: TechTudo (2016). Ano Produto Ano Produto 1976 Apple I, primeiro computador da marca. 1977 Logotipo da marca. 1979 Impressora (silentype) e Apple II. 1983 Apple Lisa. 1984 Primeiro Macintosh. 1986 Mac Plus. 1989 Mac Portable. 1990 Macintosh Classic. 1991 Notebooks Powerbook. 1995 Macintosh Performa. 1997 PowerBook G3 e Powermac G3. 1998 iMac. 1999 iBook. 2002 eMac. 2003 iTunes Music Store. 2004 iPod Mini. 2006 MacBook Pro. 2007 iPhone e iPod Touch. 2008 MacBook Air, iPhone 3G e App Store. 2009 iPhone 3GS. 2010 iPad; MacBook Air e iPhone 4. 2011 iPhone 4S. 2012 Terceira geração do iPad e iPad mini. 2013 iPhone 5S; iPhone 5C; Mac Pro e iPad Air. 2014 iPhone 6 e 6 Plus; Apple Watch; iPad Air 2 e iPad Mini 3. 2015 Novo MacBook; iPhone 6S e 6S Plus. 2016 iPhone SE; iPhone 7 e 7 Plus. 37 5.1.1 Inovação x produtos: a característica Apple Para Michaelis (2017), a inovação consiste em produzir algo novo, original, que instigue o interesse de quem se informa da novidade, além disso, seu significado está estreitamente conexo com a palavra “diferenciação”, que se sintetiza em adquirir outros formatos e funções diversas. Quanto a isso, com o endosso de Siqueira (2013), pode-se afirmar que a inovação, a busca na otimização dos produtos e o rompimento dos padrões antigos de tecnologia são alguns fatores que fazem com que a Apple esteja sempre na vanguarda em relação aos seus concorrentes. O autor ressalta ainda que a capacidade de fidelizar clientes também é fator preponderante para o sucesso das características construídas pela marca. No filme de Danny Boyle (2015), Steve Jobs afirma com eloquência que as características de inovação, diferenciação e novidade, não estão no âmbito de lucro, investimentos empresariais ou rentabilidade econômica, mas sim em uma motivação coletiva para gerar inspiração, acarretando no alinhamento de meta na criação, melhoria de processos e, por fim, otimização da situação da empresa. Tal afirmativa, de certa forma, está em consonância com as colocações de Locke (2002), que diz que no caminho para a inovação, é imprescindível que haja a transferência de valores junto ao relacionamento com o cliente para gerar afinidade com a marca de tal modo que o consumidor a escolha. Ainda quanto à inovação, há quatro anos Siqueira (2013) já observava que a tendência de mercado era de criar aparelhos informáticos e ferramentas de comunicação com tamanho reduzido, unindo a praticidade cotidiana oferecida por tais características à necessidade crescente do acesso continuo à informação, sendo que, em resposta a isso, nos últimos anos foi possível ver o crescimento massivo de aparelhos móveis comparados à computadores de mão, processo esse que, conforme o autor, a Apple foi pioneira na execução com alta qualidade. Siqueira (2013) vai além e diz que em se tratar de integração dos processos multimídia, a Apple também foi vanguardista, contando com inúmeros pontos positivos nesse sentido e, apesar de possuir preços elevados, seus produtos atingem os interesses de seus consumidores, que compram pela facilidade emter devices que “conversam” facilmente, pela diferenciação dos itens e ainda pela realização pessoal. Sendo assim, entende-se que criatividade, inovação e comunicação são sinônimos da Apple, o que possibilita afirmar que a partir da era digital 38 As tecnologias numéricas permitem que a criatividade do artista acione a linguagem simbólica de processos computacionais gerados a partir de cálculo numérico: o abstrato da matemática gera cenas. O processo ganha também a magia própria dos sistemas interativos para a aquisição e comunicação de sinais por interfaces que conectam informações do mundo exterior: ruídos, gestos, voz, calor, movimento, entre outros sinais, devolvendo-os em paradigmas computacionais que geram cenas em tempo real. Além destes resultados, os produtos da Apple são reconhecidos pela excelência no design, nas cores e formatos. Propiciar uma experiência inovadora ao cliente e o conceito de tecnologia de ponta são proposições de valor da marca (DOMINGUES, 2004, p. 7). Durante as últimas décadas, a empresa conquistou alguns avanços consideráveis em suas ferramentas, dentre eles, Lima (2010) cita a capacidade no armazenamento, transferências e processamentos de dados. Na imagem abaixo é possível conferir a comparação (energia, peso, RAM – Random Access Memory, espaço e preço) dos produtos iniciais até o iPhone 4, que embora não seja um produto atual, deixa nítida a evolução dos produtos da marca. Figura 3: Comparação dos produtos Apple Fonte: CorujaDeTi (2010). 39 Tais avanços, unidos a fortes investimentos em redes de dados, internet e completas base de dados, levaram a marca a ser considerada, de um modo geral, a mais relevante no globo, o será explicado nos próximos capítulos. 5.1.2 Posicionamento e processo de construção da marca Sander (2012) afirma que o Steve Jobs e a Apple não excogitaram diversas tecnologias, dentre elas de smartphones e tablets, mas foi a genialidade de Jobs que aperfeiçoou todas elas e ainda conquistou os consumidores, criando, inclusive, necessidades ainda desconhecidas ao consumidor, como a de um computador em casa. Segundo Gallo (2010) a marca sempre investiu dinheiro somente em alguns produtos, mas com o compromisso de oferecer o melhor, de maneira excepcional e, em conformidade, Segall (2012) ressalta que de modo simplista, a Apple aposta em poucos produtos, mas o diferencial está na excelência e na experiência que os mesmos trazem aos seus clientes. Kolter, Kartajaya e Setiawan (2010) destacam que líderes visionários como Steve Jobs, não precisam necessariamente ser inovadores e pioneiros, mas sim causar a diferença, desse modo, os autores continuam dizendo que Jobs entendia que todos os produtos deviam ser uma experiência única, desde detalhes mínimos como embalagem e visual até a funcionalidade, sendo, provavelmente, graças a tal imaginação criativa baseada no marketing de emoções, (investindo para causar sentimentos nos consumidores) que a marca se diferenciou das demais. Na mesma vertente, de acordo com Atkin (2007), a Apple alcançou a consolidação como melhor marca no ramo tecnológico com base em um “modo único de pensar”, o que é complementado por Segall (2012) ao afirmar que essa veneração à simpleza resulta em um elo extremamente poderoso entre a marca e seus clientes, a ponto de os mesmos provarem sua lealdade ao indicarem a Apple a amigos, colegas e familiares, tornando-a assim mais valiosa. O site G1 aponta uma pesquisa feita pela revista Forbes, em 2016, onde a Apple foi avaliada como a marca com maior valor do mundo, estimado em US$ 151,1 bilhões, estando 87% à frente do segundo colocado, o Google, avaliado em US$ 82,5 40 bilhões pela revista. O detalhe está na quantidade de vezes que ela ficou em primeiro lugar, seis vezes seguidas, desde 2010, quando a Forbes começou a listagem. O site afirma que as três empresas mais valiosas de 2016 são todas do ramo de tecnologia, respectivamente Apple, Google e Microsoft (avaliada em US$ 75,2 bilhões). Como já dito anteriormente, a Apple se mantem simples, mesmo com toda a atenção voltada para si e essa simplicidade vai muito além de seus produtos e site, as Apple Store, por exemplo, são pensadas totalmente nos produtos e nos clientes, dentre elas, a elegância das lojas, a forma como são organizadas, iluminadas e o diferencial principal, uma equipe de funcionários treinados e capacitados para atender qualquer tipo de cliente e sanar as dúvidas apresentadas pelos mesmos (SANDER, 2012). Gallo (2013) diz que são as pequenas características que fazem da marca a pioneira em atendimento ao cliente, ressaltando que a equipe de funcionários da Apple Store, principalmente, por serem treinados a oferecer aos clientes uma experiência memorável e única, trazem diferenciais como “ser atendido por um funcionário somente, não precisar de caixas para pagamento e ao final da experiência ser acompanhado até a porta da loja com um convite para retornar”, fatores que causam nos consumidores o sentimento de ser especial, o que aumenta a chance de ser fiel à marca , afirma o autor. O exemplo de fidelidade dos clientes está no próprio iPhone, que se tornou referência através de um poderoso status de marca, sendo que os próprios consumidores se referem ao aparelho apenas como iPhone, independentemente do modelo (SEGALL, 2012). Elliot (2011) vai além e de modo mais genérico sugere que o sucesso da marca foi devido a excelência de Jobs como líder empresarial, sua concentração em detalhes e a forma como ele acertava em toda particularidade dos produtos, afirmando que característica Apple está em criar produtos que falem por si só, entregando aos clientes uma experiência desde o momento de abrir a embalagem do produto até o manuseio do mesmo. Em suma, o diferencial principal da Apple está em causar experiências únicas e incríveis nos consumidores, criando nos mesmos uma sensação de admiração pela marca, sendo que para Batey (2010) as características de facilidade e simpleza formam o maior diferencial da marca, afinal, para o autor, não é comum ver esses 41 quesitos em uma área como a tecnológica, onde a inovação e exibicionismo são bastante valorizados. 5.1.3 Estratégia de marketing da Apple Kotler (1998) afirma que a base do marketing é conhecer o cliente e proporcionar o que eles necessitam e desejam, sendo assim, a maioria das empresas de sucesso sempre realizou pesquisas para escolher que produto lançar, já a Apple, desde o início, projetava necessidades que o mercado nem sequer havia cogitado, criando produtos inovadores e só depois realizando pesquisas de mercado, apenas para verificação de aceitação e para ajustes. Segundo o endereço eletrônico Postcron, as estratégias de marketing que a Apple usou para o seu sucesso, desde sua fundação, foi de “criar um grande produto, vender sonhos (e não apenas mercadorias), focar na experiência, transformação dos consumidores em defensores da marca, domínio da comunicação, tomada de decisões em equipe (e não por um conselho), ter parâmetros adversários, design altamente inovador e constante desenvolvimento de benefícios e/ou novos produtos”. O site ainda afirma que desde 1981 até os dias de hoje, pode-se notar um legado de sucesso, inspiração e inovação, já que poucos empresários fizeram o que Steve Jobs fez, ou seja, “criar um grande produto”, considerando a performance, características físicas, design e embalagem, sendo que cada vez que o consumidor compra um produto Apple, espera um produto de excelência (na sua totalidade), o que só é possível, conforme a fonte, considerando o ponto de vista da tecnologia e o dos clientes, sendo imprescindível a existência de ambos. A afirmação acima mostra-se em consonância com Kotler e Keller (2006), que dizem que o marketing é umaciência que consiste em escolher alvos e conquistá-los, mantê- los e multiplicá-los por meio de criações, inovações e valores, o que visivelmente é praticado de modo eficiente pela Apple. Houaiss (2009) diz que a criatividade pode ser definida como inventividade, inteligência e talento para criar, inventar e inovar, características estas aplicadas aos produtos e ao modo de gestão da empresa, que contava com produtos de qualidade e inovadores, planejamentos estratégicos, a presença icônica de um líder com grande poder persuasivo e campanhas de comunicação memoráveis. 42 A Apple conquistou o Santo Graal da publicidade, desenvolvendo uma linha de produtos que constitui a verdadeira personificação de sua marca. Dia após dia, a Apple vende seus produtos ao mesmo tempo que cada venda reforça sua marca – dando a seus clientes ainda mais razões para acreditar que a Apple é a empresa que mais se importa com o design, com a tecnologia avançada e com a simplicidade (SEGALL, 2012, p. 102). Segundo Albrecht (2006), prestar serviço é estar atento as necessidades e desejos do seu consumidor, colocando-o em primeiro lugar e trazendo um bem-estar a ele, o que é exatamente o conceito que a Apple queria implantar. A fonte explica que Jobs entendia que o fundamento está em concentrar-se na experiência do cliente, notando (e até, como já dito, antevendo) a sua necessidade, analisando de “fora para dentro” e, a partir disso, apresentar serviços e produtos para atender essas necessidades, seguido da construção der uma comunicação capaz de demonstrar claramente ao público os valores e possibilidades experimentais que os produtos possibilitam, uma vez que nos anúncios da marca não são projetados apenas atributos e especificações dos produtos, mas sim como o mesmo pode mudar uma vida, tornando-a melhor. Diante do exposto, facilmente se percebe que a Apple tem como ponto fundamental os pressupostos básicos do marketing, pois, para Kotler (2000, p. 28) “a tarefa do marketing é encontrar meios de ligar os benefícios do produto às necessidades e aos interesses naturais das pessoas”, sendo que, de acordo com o site O Mundo do Marketing, a Apple emprega estratégias simples ao seu plano de marketing e organizacional, mas que certamente ajudaram a empresa a se tornar o que ela é hoje, como por exemplo, a empatia, o foco e a identidade. Para a publicação, empatia no sentido de se colocar no lugar do cliente e descobrir o que ele quer e precisa, criando uma conexão íntima que não só cria um elo, como faz com que os mesmos se sintam à vontade, tornando-se fiéis à marca; foco, determinação, segurança e confiança para alcançar o sucesso a partir de um objetivo claro, o que fica evidente quando Steve Jobs retorna à Apple em 1997 e elimina os produtos que não eram fundamentais para a empresa, focando no iPod e, por fim, uma forte identidade corporativa, tanto na empresa quanto nos produtos., sendo que, como Steve Jobs criou algo novo, com identidade definida, aderiu a uma forte estratégia de branding, que no caso da Apple tem o sustento no design e na inovação, utilizando o marketing de forma positiva e impactante, de modo a criar uma identidade à marca, fácil de se reconhecer. 43 “Todas as empresas lutam para estabelecer uma marca sólida – ou seja, uma imagem de marca forte e favorável” (KOTLER, 2000, p.33). Para Deming (2003), a conquista dos negócios vem dos usuários repetitivos, aqueles que se expressam sobre seu produto e serviço e trazem junto com eles amigos, colegas e familiares, ou seja, novos clientes, tarefa que torna-se mais fácil quando a empresa tem uma marca consolidada. Diante disso, o endereço eletrônico Postcron afirma que uma das estratégias mais marcantes da Apple é fazer com que o cliente queira indicar a marca sem que este seja pago por isso, o que acontece, pois, de acordo com a fonte, grande parte dos clientes e consumidores da Apple são apoiadores, defensores apaixonados pela marca, um grupo que muitas vezes são como parte dos colaboradores da empresa, tendo o mesmo olhar desta empresa, o que permite sugerir que a companhia alcançou a fidelidade de seus consumidores de forma rentável, transformando muitos deles em advogados da marca. 5.2 Incertezas relacionadas à marca De acordo com matéria divulgada por Marcos Bedendo no website da Exame, mesmo para os críticos da Apple e de seus produtos, é fato que a marca é a empresa mais bem-sucedida dos últimos 20 anos, pois desde o lançamento de seu primeiro produto o iMac, em 1998, ela foi responsável pela criação de novos mercados até se tornar a primeira empresa a valer mais de US$ 700 bilhões na bolsa de valores. A fonte ainda explana que no período de setembro de 2012 a abril de 2013, a empresa perdeu mais de um terço de seu valor de mercado, o que, apesar de ter apresentado lucro elevado, representou queda de 18% (se comparado com o trimestre anterior), o que sugere que o cenário tornou-se pouco propício para a marca que ganhou o título de mais inovadora e lucrativa do mundo. Para a fonte, tal cenário negativo deve-se à falta de inovação apresentada pelos produtos fabricados mais recentemente pela Apple e o resultado disso reflete, respectivamente, nos lucros da empresa. O site aponta que a companhia executou diversos erros que cooperaram para certa decadência de sua imagem perante o público, sendo um dos mais evidentes o Apple Maps (aplicativo similar ao Google Maps), que foi lançado em 2012, antes de estar pronto para o uso, e apresentou falhas, o que, para Bedendo, foi motivo de vergonha para a marca, a ponto de o CEO (Chief Executive Officer) Tim Cook se 44 desculpar publicamente e pedir aos consumidores que usassem os aplicativos da concorrência. De acordo com a mesma fonte, no início de 2013, foi divulgada uma pesquisa feita pelo Buzz Marketing Group, onde a Apple já não aparecia como favorita entre os adolescentes e jovens, público-alvo da marca e, segundo essa pesquisa, o fator de diferenciação e característica de descontração trazidas pelos produtos, deixou de encantar esses seguidores. É sabido que há seis anos o mundo perdia Steve Jobs, um dos maiores ícones na área tecnológica e tido por muitos como “a cara” da Apple. Atualmente a marca, que ainda está sob o comando de Tim Cook, desperta a preocupação de parte do mercado para o fato de que ele não consiga acompanhar o mesmo ritmo que o ilustre antecessor. Um artigo publicado pelo analista de mercado Gabriel Ribeiro, no endereço eletrônico TechTudo, defende que um dos principais problemas na gestão do atual CEO da marca está nos “designs duvidosos”, em falhas (na visão do profissional), como a ausência da entrada do fone de ouvido no iPhone 7 e na pouca inovação entre um lançamento e outro da companhia. Matéria publicada pelo website da G1 concorda, ao divulgar que Vivek Wadhwa, professor da Universidade de Carnegie Mellon e ex-empresário no Vale do Silício, aponta a marca como atualmente atrasada em suas invenções e sem agregação de características inovadoras e, coincidência ou não, esse fato vem acontecendo desde o final da “Era Jobs”, onde os produtos, de acordo com o docente, só mudam o nome e tamanho, praticamente mantendo o mesmo design. Por outro lado, a publicação apresenta também o ponto de vista do analista Jan Dawson, da Jackdaw Research, que acredita que Cook manteve o nível de preços, qualidade e experiência propostos por seu antecessor, além da mesma ideia de esperar o momento certo para fazer uma contribuição importante, lançando-se e melhorando a experiência dos consumidores, porém, como o mercado está em constante mudança, torna-se difícil de saber se a marca estaria em melhores condições na administração de Cook ou Jobs. Apesar disso, o jornalista France Presse, em matéria para o site do G1, aponta incerteza em relação ao futuro da companhia em termos de velocidade
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