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O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE GUARDA COMPARTILHADA

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 
SERVIÇO SOCIAL 
 
POLIANA DA SILVA SANTOS 
 
 
 
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA GUARDA 
COMPARTILHADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brumado-Ba 
2017 
 
 
POLIANA DA SILVA SANTOS 
 
 
 
 
 
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA GUARDA 
COMPARTILHADA 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Pitágoras 
Unopar, como requisito parcial para o 
título de Bacharel em Serviço Social. 
 
Orientador: Maria Angela Santini. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brumado – Ba 
2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha 
família pelo apoio e confiança 
depositados em mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS. 
 
Agradeço a Deus pelo dom da vida e do conhecimento, pela sua 
presença real em todos os momentos da minha vida e por ter me ajudado na 
elaboração desse projeto, pelas lutas, conquistas e vitórias. 
Aos meus familiares pelo apoio e confiança em me dedicada. 
Ao meu orientador por toda paciência e dedicação em me ensinar o 
percurso. 
A todos que me ajudaram direta e indiretamente para que eu chegasse 
até aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior. A sabedoria 
inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe e a superior é dada pelo 
quanto ela tem consciência de que não sabe.” 
 
 Augusto Cury. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa proporciona uma análise e reflexão a respeito da 
atuação teórica e prática do assistente social durante o processo da guarda 
compartilhada. Diante desse contexto, o problema que fundamenta a presente 
pesquisa é como o assistente social pode atuar para resguardar o direito da 
criança e do adolescente no processo da guarda compartilhada. Diante da 
problemática citada e considerando a atuação do assistente social, a 
dissolução da família, a guarda compartilhada e os direitos da criança e do 
adolescente, tem-se como objetivo principal reconhecer e mostrar a 
importância da presença do assistente social durante o processo da guarda 
compartilhada. Os objetivos específicos foram traçados de modo que se 
possa compreender a guarda compartilhada nos seus aspectos jurídicos e 
sociais, identificar as leis que norteiam e embasam as ações e intervenções 
do assistente social na viabilização dos direitos das partes interessadas. A 
vigente pesquisa foi desenvolvida por meio de uma abordagem metodológica 
qualitativa em um viés de revisão bibliográfica acerca das temáticas 
explicitadas e propostas, neste viés, foram consideradas livros, artigos, sites 
específicos e teses monográficas e especializadas publicados e 
disponibilizados em território brasileiro e em concordância com o alvo deste 
estudo. Os resultados obtidos a partir da análise realizada por meio da 
revisão de literatura reafirmam a importância do assistente social durante o 
processo da guarda compartilhada efetivando suas ações na viabilização dos 
direitos da criança e do adolescente neste contexto. 
 
 
Palavras-chave: Guarda Compartilhada, Família e Assistente Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present research provides an analysis and reflection on the theoretical 
and practical work of the social worker during the shared custody process. 
Given this context, the problem that underlies this research is how the social 
worker can act to safeguard the right of the child and the adolescent in the 
process of shared custody. In view of the aforementioned problem and 
considering the social worker, the dissolution of the family, shared custody and 
the rights of children and adolescents, the main objective is to recognize and 
show the importance of the presence of the social worker during the custody 
process shared. The specific objectives were designed so as to understand 
the shared guard in its legal and social aspects, to identify the laws that guide 
and support the actions and interventions of the social worker in the realization 
of the rights of the interested parties. The current research was developed 
through a qualitative methodological approach in a bibliographic review bias 
about the topics explicited and proposed, in this bias, were considered books, 
articles, specific sites and monographic and specialized theses published and 
made available in Brazilian territory and in agreement with the aim of this 
study. The results obtained from the literature review reaffirm the importance 
of the social worker during the shared custody process, effectively enforcing 
their actions in making child and adolescent rights feasible in this context. 
 
 
 
Keywords: Shared Guard, Family and Social Worker. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO..............................................................................................12 
METODOLOGIA............................................................................................14 
I. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA GUARDA COMPARTILHADA: 
UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA FAMÍLIA E DO ASSISTENTE 
SOCIAL.......................................................................................................16 
1.1 ESBOÇO HISTÓRICO............................................................................16 
1.2 HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA..........................................................16 
1.2.1 A HISTÓRIA DA PROTEÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE NO MUNDO........................................................................17 
1.2.2 A HISTÓRIA DA PROTEÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO 
BRASIL..........................................................................................................18 
1.3 CONCEITO E DEFINIÇÃO DE FAMÍLIA.................................................20 
1.3.1 A HISTÓRIA DA FUNÇÃO SOCIAL DAS DIVERSAS FORMAS DA 
ESTRUTURA FAMILIAR...............................................................................21 
1.4 O SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL.........26 
1.4.1 O ASPECTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL................................26 
1.4.2 O ASSISTENTE SOCIAL E SEU FAZER PROFISSIONAL...................28 
II. DA DISSOLUÇÃ DA FAMÍLIA À GUARDA COMPARTILHADA...............31 
2.1 DO CASAMENTO AO DIVÓRCIO: NOVA ORDEM FAMILIAR.................31 
2.2 DA GUARDA UNILATERAL À GUARDA COMPARTILHADA: ORIGEM, 
CONCEITO E EVOLUÇÃO.............................................................................36 
III. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂMBITO FAMILIAR 
DURANTE O PROCESSO DA GUARDA COMPARTILHADA......................40 
3.1 DEFINIÇÕES, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
COM RELAÇÃO À FAMÍLIA..........................................................................40 
IV. A IMPORTÂNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DA 
GUARDA COMPARTILHADA.......................................................................42 
4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS..............42 
CONCLUSÃO............................................................................................. ..45 
REFERÊNCIAS.......................................................................................... ..46 
12 
 
 
1. Introdução 
A vigente pesquisa propõe a discussão e reflexão a respeito do tema 
“O papel do Assistente Social na Guarda Compartilhada, tendo em vista sua 
principal função que é mediar e viabilizar direitos. 
A guarda compartilhada tem sido muito discutida no país por 
profissionaisde diversas áreas desde que a mesma tornou-se regra geral 
independente se há ou não consenso entre os genitores. 
A escolha que justifica esse tema é por tratar de algo imprescindível e 
enriquecedor para toda categoria na tentativa de satisfazer os anseios 
pessoais e profissionais, e, na obtenção de novos conhecimentos sobre as 
questões supracitadas cuja finalidade é discutir os resultados na esfera 
acadêmica. 
Atualmente, cada vez mais, cresce o número de rupturas das relações 
conjugais, fazendo com que a estrutura familiar sofra mudanças que podem 
ou não prejudicar seus componentes. Diante das primícias apresentadas 
surge a relevante problemática que levanta o questionamento – como o 
assistente social pode atuar para resguardar o direito da criança e do 
adolescente no processo da guarda compartilhada? 
Nesse sentido o objetivo principal é reconhecer e vislumbrar a 
importância da presença do assistente social durante o processo da guarda 
compartilhada. Para se chegar a este fim, os objetivos específicos foram 
traçados de modo que se possa compreender a guarda compartilhada nos 
seus aspectos jurídicos e sociais, identificar as leis que norteiam e embasam 
as ações e intervenções do profissional de Serviço Social na viabilização dos 
direitos das partes interessadas. 
A abordagem metodológica elegida para dar concretude e 
materialidade à pesquisa é a qualitativa que consiste na interpretação e 
compreensão do arcabouço teórico por meio da pesquisa bibliográfica e 
documentais que abrangem obras literárias, artigos, teses científicas, entre 
outros, delimitando a localização da temática ao próprio contexto brasileiro, 
13 
 
utilizando dos recursos de levantamento de dados teóricos relevantes e 
imprescindíveis para a vigente pesquisa que se caracteriza como um esforço 
cuidadoso para a descoberta de novas informações ou relações e para a 
verificação e ampliação do conhecimento existente dando-se a análise crítica 
de todo corpo utilizado como referência. 
A revisão de literatura da vigente pesquisa se encontra estruturada na 
intencionalidade de abranger de forma totalitária as principais temáticas 
abordadas, em primeiro momento analisando a historicidade e evolução da 
legislação que dispõe sobre a proteção da criança e do adolescente, da teoria 
e prática do assistente social, em segundo momento dos conflitos e 
dissolução da família e da guarda compartilha mediante legislação brasileira 
tornou-se regra no país e por fim, correlacionando as ações do profissional de 
Serviço Social à segurança do viabilização e cumprimento dos direitos das 
partes envolvidas e interessadas no processo da guarda compartilhada. 
Por fim as conclusões obtidas por meio de um estudo analítico e 
crítico que comprovam e reafirmam a importância da discussão respondendo 
assim os problemas e hipótese previamente formulados, portanto, o papel do 
assistente social no processo da guarda compartilhada não só é importante, 
como viabiliza toda a ação para cumprimento dos direitos daqueles que 
encontram inseridos no referido processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
2. METODOLOGIA 
Pesquisar significa de forma bem simples procurar respostas para 
indagações propostas. Minayo (1994, p. 23) assim a define: “atividade básica 
das ciências na sua indagação e descoberta da realidade”. Em busca de uma 
maior visibilidade e com o intuito de aprofundar e fundamentar a pesquisa 
definida como bibliográfica, segue como trajetória metodológica a abordagem 
qualitativa que conforme Minayo: 
 
A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, 
motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que 
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos 
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à 
operacionalização de variáveis [...] não se preocupam em 
quantificar, mas, sim, em compreender e explicar a dinâmica das 
relações sociais que, por sua vez, são depositárias de crenças, 
valores, atitudes e hábitos. Trabalham com a vivência, com a 
experiência, com a cotidianidade e também com a compreensão 
das estruturas e instituições como resultados da ação humana 
objetivada. (MINAYO, 1994, p.21). 
 
Através da pesquisa qualitativa pode-se analisar a realidade que 
permeia as ações profissionais do assistente social além de nos permitir um 
olhar mais abrangente, uma interpretação e compreensão crítica e totalitária 
sobre o tema. 
Especificamente foi utilizada nessa pesquisa a bibliográfica ou de 
fontes secundárias que tem a finalidade de colocar o pesquisador em contato 
com o que já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa e de buscar 
aportes teóricos relevantes e contributivos para a discussão do tema – O 
Papel do Assistente Social na Guarda Compartilhada, valendo dos discursos 
de Philippe Ariès, Barbosa, Damazio, Freitas, Fontes, Grisards, Motta, Maion, 
assim como o Código Civil e o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente e 
das reflexões de Acosta e Vitale (organizadoras) 6ª edição de Família – 
Redes, Laços e Políticas Públicas, (cf. referência bibliográfica), entre outros, 
perfazendo um total de quinze obras literárias e quatro artigos, dissertações, 
trabalhos de conclusão de cursos, tais amostras de materiais científicos e 
documentais argumentativos. 
15 
 
Portanto, com o intuito de alcançar os objetivos determinados para 
este estudo, o corpo teórico e, por fim a efetivação e concretização da 
pesquisa foram necessárias uma gama de técnicas, informações teóricas, e 
procedimentos relevantes com embasamento lógicos para uma organização 
crítica, reflexiva, argumentativa e científica, acerca da temática na totalidade 
de sua abrangência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
I – ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA GUARDA 
COMPARTILHADA: UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA FAMÍLIA E DO 
PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL 
 
1.1 ESBOÇO HISTÓRICO 
1.2 A História Social da Criança 
Na velha sociedade tradicional via-se mal a criança, e pior ainda o 
adolescente, pois a duração da infância era reduzida a seu período mais frágil 
tendo em vista que a criança mal adquiria algum desembaraço físico, era logo 
misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos. De criancinha pequena, 
ela transformava imediatamente em homem ou mulher jovem sem passar 
pelas etapas da juventude, etapa essa que se tornaria aspecto essencial das 
sociedades evoluídas de hoje. 
A infância era muito insignificante naquela época, uma vez que a 
passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve, pois a 
convivência da criança e do adolescente no meio adulto acontecia 
precocemente mediante a necessidade de os mesmos serem obrigados a 
aprender a trabalhar para ajudar os adultos no sustento da família. 
Na sociedade medieval, o sentimento da infância não existia – o que 
não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou 
desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição 
pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa 
particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo 
jovem. Essa consciência não existia. Por essa razão, assim que a criança 
tinha condições de viver sem a solicitude constante de sua mãe ou de sua 
ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais 
destes. (ARIÈS, 1981, p. 156). 
O historiador Philippe Ariès, História Social da Infância e da Família, 
traça uma evolução histórica das concepções de infância a partir das formas 
de falar e sentir dos adultos em relação do que fazer com as crianças. Para 
Ariès (1981, p. 157) houve um período da história em que não havia 
sentimento pela infância. 
17 
 
Para Damazio (1991, p. 8,9) a criança passa por limitações impostas 
pelos adultos que as impedem de ser o que realmente são. “Fico sempre com 
a sensação de que algo se perde pelo caminho. Seja o brilho dos olhos,o 
sorriso e a palavra espontânea ou a criatividade fácil e corriqueira” (p. 8). Para 
ele, a criança precisa ser respeitada e esse respeito pela criança começa 
quando reconhecemos sua autonomia que se traduz em: “apreender o 
mundo, sentir seus limites, seus potenciais, seus desejos e fantasias. Nós só 
podemos reconhecer essa autonomia se tentarmos entender como funciona 
esse sujeito chamado (por nós) de criança” (p.9). É preciso acabar com a 
visão que as pessoas têm da criança ser um ser indefeso e dependente. A 
criança não é melhor ou pior que o adulto, ela é diferente porque pensa e 
sente diferente. Subestimar as crianças e os adolescentes, ignorar seus 
anseios e menosprezar sua maturidade e condição de escolha são coisas que 
não procedem mais na atualidade, pois, as mesmas já conquistaram um 
espaço de direitos amparado por leis. 
1.2.1 A História da Proteção Social da Criança e do Adolescente no 
Mundo 
Em 1979, a Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas, 
após examinar a proposta da Polônia, criou um Grupo de Trabalho para, a 
partir dela, produzir um texto definitivo. Durante os dez anos seguintes, o 
texto foi intensamente debatido pela comunidade internacional. Para participar 
desse esforço, um grupo de organizações não governamentais criou um 
Grupo ad hoc de ONGs, para auxiliar o Grupo de Trabalho encarregado pelas 
Nações Unidas de elaborar uma proposta de texto final. 
Em 1989, o Grupo de Trabalho apresentou a redação definitiva do 
Projeto de Conversão à Comissão dos Direitos Humanos da ONU. Em 20 de 
novembro desse mesmo ano, a Assembleia Geral aprovou, por unanimidade, 
o texto da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Nesse dia, o 
mundo comemorava a passagem do trigésimo aniversário da Declaração 
Universal de 1959 e o décimo aniversário do Ano Internacional da Criança. 
18 
 
• A Convenção é um instrumento de direito mais forte que a Declaração. 
A Declaração sugere princípios pelo quais os povos deve guiar-se, no 
que diz respeito aos direitos da criança. A Convenção vai além: 
estabelece normas, isto é, deveres e obrigações a serem observados 
pelos países que a ela formalizarem sua adesão. Ela confere a esses, 
direitos à força de lei internacional. 
• A Convenção trata de um amplo e consistente conjunto de direitos, 
fazendo das crianças titulares de direitos individuais, como a vida, a 
liberdade e a dignidade, assim como os direitos coletivos: econômicos, 
sociais e culturais. 
No dia 2 de setembro de 1990 havendo sido ratificada por vinte 
países, a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, finalmente estava 
em vigor. Nascia ali o gérmen de uma rede de legislação nacionais voltada 
para a proteção de crianças. 
Tudo isso fez da Convenção um poderoso instrumento para a 
modificação das maneiras de entender e agir de indivíduos e comunidades, 
produzindo mudança no panorama legal, suscitando o reordenamento das 
instituições e promovendo as melhorias das formas de atenção direta. Isso 
ocorre porque a Convenção é um tratado de Direitos Humanos que, ao ser 
ratificado pelos governos, implica o compromisso formal das respectivas 
nações de aceitar o que está enunciado em seu conteúdo, assumindo ainda 
os deveres e obrigações que o novo instrumento lhes impõe. 
• A regra básica é que a criança e o adolescente devem ter todos os 
direitos que têm os adultos e que sejam aplicáveis à sua idade. E, além 
disso, devem, ainda, ser-lhes garantidos direitos especiais decorrente 
de sua caracterização como pessoa em condição peculiar de 
desenvolvimento pessoal e social. 
1.2.2 A História da Proteção Social da Criança e do Adolescente no 
Brasil 
O reconhecimento de uma política pública direcionada a infância e 
adolescência no Brasil, somente foi possível com a promulgação do Estatuto 
19 
 
da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, lei nº 8.069 pois é a partir dai 
que se instaura um reconhecimento constitucional de criança e adolescente 
como sujeito de direitos. A doutrina da Proteção Integral, inaugurada pelo 
estatuto, afirma o valor da criança e do adolescente, como seres humanos; a 
necessidade de especial direito á sua condição de pessoa em 
desenvolvimento; o reconhecimento de sua vulnerabilidade, o que torna as 
crianças e os adolescentes merecedores de proteção integral por parte da 
família, da sociedade e do estado, o qual deverá atuar através de políticas 
específicas para o atendimento, a promoção e a defesa de seus direitos 
(COSTA, 1993). 
A promulgação da Constituição Federal de 1988, também conhecida 
como Constituição Cidadã consagra a luta de vários segmentos da sociedade 
e marcou um novo direcionamento político e social tendo dois grandes 
princípios sobre os quais se assenta o novo enfoque dos direitos da criança e 
do adolescente: 
• O interesse superior da criança e do adolescente; 
• O reconhecimento, à criança e ao adolescente, do direito de expressar-
se à medida que vão crescendo em idade e em maturidade, sobre o 
modo como se aplicam os seus direitos na prática, estabelecendo o 
interesse maior de todos pela infância e juventude. 
O interesse superior das crianças e dos adolescentes, a partir da 
Convenção, passa a construir-se num critério essencial para o processo 
decisório em qualquer assunto capaz de afetar a população infanto-juvenil. 
Vale a pena ressaltar que, no Brasil, um ano antes de a Convenção ser 
aprovada pela ONU, nós aprovamos, em nossa Carta Constitucional de 1988, 
um artigo que anunciava ao mundo nossa determinação para a instalação da 
Doutrina da Proteção Integral, evidenciando a rede de responsáveis e o 
conjunto dos direitos: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e 
à convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de 
20 
 
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
 
Em 1990, esse artigo da Constituição foi regulamentado por meio do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que reproduz esse artigo e inclui 
os deveres da comunidade, ou seja, a parte da sociedade mais próxima da 
criança. 
O artigo 227 da Constituição, normatizou preceitos que possibilitaram 
a regulamentação do Estatuto da Criança e do Adolescente ao determinar 
como dever da família, da sociedade e do Estado a responsabilidade pelo 
desenvolvimento integral da criança e do adolescente. 
Embasado na Constituição Federal e no ECA, a comunidade infanto-
juvenil no Brasil têm seus direitos garantidos. O ECA é uma legislação 
brasileira digna de ser copiada pelos demais países, por representar um 
grande avanço na democracia garantindo os direitos ao segmento infanto-
juvenil, e por representar a garantia de uma existência na dignidade humana, 
pois as crianças e adolescentes, sujeitos de direitos, em situação peculiar de 
desenvolvimento, têm na família, Estado e Sociedade os ícones da promoção 
e não ícones da violação de seus direitos. O ECA institui medidas gerais e 
especiais de proteção contra a ameaça ou violação dos direitos das crianças 
e dos adolescentes. 
1.3 Conceito e Definição de Família 
Qual definição temos de família? 
Nos séculos passados, as famílias constituíam-se através de 
casamento, e esses eram arranjados de acordo com os interesses dos pais 
dos noivos, o modelo de família era patriarcal, ou seja, o homem como 
provedor e chefe absoluto da casa, sendo destinado a mulher apenas o 
processo de reprodução, não existindo nem mesmo o direito ao “prazer 
sexual”. Os filhos nesta época não eram tratados e considerados como 
crianças, mas vistos como pequenos adultos que deveriam comportar-se 
como tal. 
21 
 
Atualmente ao tentarmos definir família devemos pensar este termo 
no plural, poisas famílias atuais são constituídas de diversas formas, 
deixando de ser o casamento o principal ato que as define. 
Segundo Mioto (1997, p.120), a família pode ser definida em um 
núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de 
tempo, mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços 
consanguíneos. 
Coutinho e Ribeiro (2002, p. 274), a define como grupo de pessoas 
ligadas por laço de casamento ou parentesco, pai, mãe e filhos. 
Simões (2012, p. 194), a família constitui a instância básica, na qual o 
sentimento de pertencimento e identidade social é desenvolvido e mantido e, 
também, são transmitidos os valores e condutas pessoais. Apresenta certa 
pluralidade de relações interpessoais e diversidades culturais, que devem ser 
reconhecidas e respeitadas, em uma rede de vínculos comunitários, segundo 
o grupo social em que está inserida. 
A família é o núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, 
sustentabilidade e protagonismo social, constituindo se no lócus preferencial 
de sustento, guarda e educação das crianças e adolescentes, mostrando-se 
como um dos lugares privilegiados da construção social da realidade, é 
através dela que iniciamos a nossa socialização. Esta instituição foi 
modificando sua estrutura ao longo de tempo e assim surgiram arranjos 
diferentes de família. 
Para o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069 de 1990, Art. 
25) a família pode ser natural ou extensa ou ampliada, nessas concepções, 
entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer 
deles e seus descendentes e por família extensa ou ampliada aquela que se 
estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal formada 
por parentes próximos com os quais a criança e o adolescente mantém 
vínculo de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009). 
Posto isto, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 
define família como “um conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco 
22 
 
ou dependência doméstica que vivessem no mesmo domicílio, ou, pessoa 
que vivesse só em domicílio particular” (GOLDANI, 1993, p.78). 
Entre as relações familiares, é sem dúvida a que ocorre entre pais e 
filhos que estabelece o vínculo mais forte. Embora a família continue sendo 
objetos de profundas idealizações, a realidade das mudanças em curso abala 
de tal maneira o modelo idealizado que se torna difícil sustentar um modelo 
“adequado” e um conceito definido de família. Não se sabe mais, de antemão, 
o que é adequado ou inadequado relativamente à família. No que se referem 
às relações conjugais, quem são os parceiros? Que famílias criaram? Como 
delimitar a família se as relações entre pais e filhos cada vez menos se 
resumem ao núcleo conjugal? Como se dão as relações entre os irmãos, 
filhos de casamentos, divórcios, recasamentos de casais em situações tão 
diferenciadas? Enfim, a família contemporânea comporta uma enorme 
elasticidade e várias definições, mas faz-se necessário conhecermos 
resumidamente a história das diversas formas da estrutura familiar e sua 
importante função social. 
1.3.1 História da Função Social Das Diversas Formas da Estrutura 
Familiar 
A socióloga italiana Chiara Saraceno nos mostra que a família é um 
dos lugares privilegiados de construção social da realidade, ela constitui o 
material de que se constroem os arquétipos sociais, os mitos. A família é 
também um dos atores sociais que contribuem para definir as formas e 
sentidos da própria mudança social. De acordo com a autora, devemos 
considerar a “família como o espaço histórico e simbólico no qual e a partir do 
qual se desenvolve a divisão do trabalho, dos espaços, das competências, 
dos valores, dos destinos pessoais de homens e mulheres, ainda que isso 
assuma formas diversas nas várias sociedades” (SARACENO, 1997, p.14). 
A família antiga tinha por missão, sentida por todos a conservação 
dos bens, à prática comum de um ofício, a proliferação na pessoa dos filhos 
da honra e da vida principalmente nos casos de crises. A família não tinha 
função afetiva, isso não quer dizer que o amor estivesse ausente, ao 
contrário, ele é muitas vezes reconhecível, em alguns casos desde o noivado, 
23 
 
mais geralmente depois do casamento, criado e alimentado pela vida em 
comum. O sentimento entre os cônjuges, entre os pais e os filhos, não era 
necessário à existência nem ao equilíbrio da família: se ele existisse, tanto 
melhor. As trocas afetivas e as comunicações sociais eram realizadas, 
portanto, fora da família em um "meio” muito denso, composto de vizinhos, 
amigos, amos e criados, crianças e velhos, mulheres e homens, em que a 
inclinação se podia manifestar mais livremente. As famílias conjugais se 
diluíam nesse meio. Assim foram vistas nossas velhas sociedades diferentes 
ao mesmo tempo das que hoje nos descrevem os etnólogos e das nossas 
sociedades industriais. 
Nas formações pré-capitalistas, em que predominava a economia 
agrária, eram as relações de parentesco que organizavam as relações de 
trabalho, distribuindo as tarefas sociais e os bens econômicos (Simões, 2012 
apud Schusky, 1973, p. 23 e 39), segundo diversos graus e vínculos 
familiares. Em uma fazenda brasileira até os meados do século XIX, eram 
ainda as relações familiares que organizavam as relações de produção, 
distribuídas segundo obrigações organizadas do grau de parentesco, idade, 
sexo, religiosidade e outras determinações. 
Ao longo do processo histórico, a estrutura familiar passou por muitas 
transformações sociais, culturais e políticas. 
No Brasil durante todo período colonial, compatível com a ética 
religiosa e social da colônia, os casamentos aconteciam sob razões ou 
interesses familiares. O casamento nessa época era considerado uma 
engrenagem essencial para manutenção e transmissão do patrimônio. 
Agregavam-se nesse período colonial, formas parentais costumeiras ou 
fictícias, em relações extensivas e de solidariedade, como o de compadrio 
(Simões, 2012 apud Cândido, 1971; Arantes Neto 1975, p. 195). Por isso, a 
função de reprodução predominava, de modo intensivo, na medida em que 
implicava mais força de trabalho e a extensão de vínculo e respectivos 
compromissos morais, como o compadrio e o apadrinhamento. A agregação 
familiar, além disso, também assentava na submissão religiosa, instituída pelo 
Estado e viabilizava inexistência de grandes cidades e metrópoles. 
Com a revolução burguesa e o desenvolvimento do capitalismo 
industrial, a família foi, aos poucos, desvinculando-se da ordenação dessas 
24 
 
antigas relações de produção. A movimentação migratória das populações 
também impossibilitou a assistência e a vigilância pessoal e contínua dos 
religiosos junto às famílias. 
Embora as primeiras manufaturas fossem familiares, em geral, a 
organização fabril adotou, aos poucos, relações impessoais, excluindo delas 
qualquer vínculo familiar. As relações de parentesco ficaram à margem das 
relações de produção, a partir da linha fordiana de trabalho; embora, no 
influência do nepotismo. 
A maioria da população, sobretudo nas famílias operárias, passou, 
assim, a restringir os vínculos familiares aos limites do foro da vida doméstica 
afetiva e de procriação, restrita a família nuclear. 
Segundo Ana Maria Goldani (1993, p. 78), o modelo de família 
brasileira, que é a que nos interessa neste estudo, está associado à presença 
de parentes a um sistema hierárquico e de valores no qual se destacaria a 
autoridade paterna e do homem sobre a mulher, a monogamia, e a 
legitimidade da prole. 
Colocado essas características de família tida como ideais, 
encontramos alguns diferentes arranjos familiares, que tendem a aumentar e 
se modificar, pois temos em andamento uma crescente variedade de formas 
de família e de convivência. Um desdobramento familiar disseminado e mais 
conhecido é o desdobramento nuclear. Estetipo de família é composto por 
um homem e uma mulher e se baseia no casamento (união estável e 
econômica, socialmente sancionada, e presumivelmente de longa duração, 
entre um homem e uma mulher). Este desdobramento nuclear possui um 
subtipo, que é o desdobramento nuclear tradicional, no qual a esposa trabalha 
em casa sem ser remunerada, enquanto o marido trabalha fora de casa por 
um salário e dessa união há a existência de filhos (BRYM, 2006, p.358). 
Devido às antigas normas tradicionais a independência da mulher-
esposa não podia passar os limites da casa e do consumo de bens, como 
também da imagem da mulher-mãe; e, para cumprir o dever de pai, o homem 
recebeu a autorização para ser macho. 
No desdobramento nuclear tanto o homem quanto a mulher 
possuem perspectivas que são previamente já postas pela 
sociedade. O homem deve responsabilizar-se por sustentar a 
família economicamente, além de ser a autoridade principal na 
educação dos filhos. Já a mulher possui as tarefas reprodutivas, 
25 
 
como a reprodução biológica (gravidez), reprodução cotidiana 
(tarefas domésticas) e a reprodução social (socialização dos filhos). 
Tomada como o normal pelas instituições educativas e de saúde, 
esta família nuclear possui uma ideologia “familista”, que aponta que 
os critérios básicos para se ter responsabilidades e obrigações com 
os outros membros é possuir um parentesco e mesmo sangue 
(JELIN, 1998, p.91). 
 
Para Rampazzo (2014 apud COSTA, 1989, p. 251) “[...] ao homem 
cabe à função de casar para ter filhos, trabalhar para manter os filhos; ser 
honesto para dar bom exemplo aos filhos; investir na saúde e educação dos 
filhos; poupar para o futuro dos filhos; submeter-se a todo tipo de opressão 
pelo amor dos filhos; enfim ser acusado e aceitar a acusação, ser 
culpabilizado e aceitar a culpa, por todo tipo de mal físico, moral ou emocional 
que ocorresse aos filhos”. 
Na família nuclear tradicional, o chefe de família é quem concentra o 
poder, e os outros membros da família são subordinados a ele. Esse tipo de 
família provém do modelo patriarcal. O modelo de família patriarcal é baseado 
na hierarquia. A figura principal é a do “pater famílias”, ao qual todos devem 
respeito e obediência. Assim, a mulher é subordinada ao poder do seu marido 
e os filhos subordinados ao poder do pai. Neste ponto, as principais 
obrigações da mulher é atender as necessidades do marido e dos filhos, ou 
seja, necessidades domésticas, sexuais e afetivas. No entanto, o processo de 
individuação das últimas décadas, como o trabalho assalariado individual e a 
expansão da escolaridade, relacionado às transformações econômicas, 
comprometeu a autoridade patriarcal. Desse modo, esse modelo começa a 
declinar quando a unidade importante torna-se o indivíduo e não mais a 
família. Ou seja, quando a base de subsistência não decorre mais da 
propriedade da terra e sim da venda de força de trabalho. Dessa forma, essa 
dominação patriarcal também entra em declínio com os processos de 
urbanização e com a mudança da posição social da mulher. (JELIN, 1998, 
p.29). 
Nas sociedades urbanas ocidentais, inclusive no Brasil, as 
capacidades femininas para o trabalho fora do âmbito doméstico somada às 
necessidades de sobrevivência ditadas pelas circunstâncias iniciaram uma 
reviravolta nas expectativas sociais, familiares e pessoais acerca do sexo que 
até então estivera confinado nos resguardo do espaço doméstico e no 
26 
 
cumprimento da função reprodutiva. A dominação do homem sobre a mulher 
começa a diminuir com a participação da mulher na produção e sua 
progressiva emancipação. Novos valores surgem para orientar as relações 
nas famílias. 
Vinculada à família nuclear, encontra-se a família extensa, a qual 
expande a primeira verticalmente ao acrescentar membros de outras 
gerações, podendo ter composições diversas. Podemos citar também a 
poligamia, que irá expandir horizontalmente a unidade nuclear ao acrescentar 
um ou mais cônjuges. Diferentemente das anteriores, a família intitulada 
monoparental é composta por um dos pais e os filhos. No caso do Brasil o 
caso mais comum é o de família monoparental constituída por mulheres. 
Outro caso de enorme relevância sociológica são as famílias homoparentais, 
que são aquelas cujos adultos se autodesignam como homossexuais e são, 
não necessariamente, pai ou mãe de uma criança. (BRYM, 2006) 
Alguns aspectos como a participação crescente da mulher na força de 
trabalho remunerada e no sistema de educação superior e controle crescente 
sobre a reprodução transformaram áreas da vida familiar. No entanto, para 
que possa existir maior igualdade entre homens e mulheres no desempenho 
de tarefas domésticas é primordial uma maior igualdade de renda entre estes 
e maior aceitação cultural da necessidade de igualdade entre gêneros. O 
trabalho remunerado também aumenta a capacidade das mulheres de 
abandonar casamentos infelizes e escolher se e quando querem ter filhos, 
provocando mudanças significativas no âmbito familiar, a partir da redefinição 
do poder autoritário na relação entre o homem e a mulher. A época moderna 
levou a ruptura desses papéis, levando às mudanças nas relações afetivas e 
consequentemente em toda estrutura conjugal e familiar. 
Por reconhecer essas mudanças e os conflitos que surgem no âmbito 
familiar o art. 226 da Constituição Federal declara a família como base da 
sociedade e lhe assegura especial proteção estatal. 
Sob tais pressupostos é que a matricialidade sociofamiliar adquire 
papel de destaque, no âmbito da política nacional da assistência social. A 
proteção social a família tem caráter preventivo, buscando sua inclusão 
social, com o objetivo de assegurar direitos e propiciar-lhe a autonomia de 
27 
 
convivência, neste contexto torna-se de suma importância o papel do 
assistente social em áreas do âmbito familiar. 
 
1.4 O SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL 
 
1.4.1 Aspectos do Serviço Social no Brasil 
 
Com suas origens assistencialistas, o Serviço Social no Brasil, surge 
na primeira metade do século XX, em resposta a evolução do capitalismo, sob 
a influência europeia, como fruto direto de vários setores particulares da 
burguesia fortemente respaldado pela igreja católica. 
O surgimento e desenvolvimento do Serviço Social está 
intrinsecamente relacionado com as transformações sociais, econômicas e 
políticas do Brasil nas décadas de 1930 e 1940, com o projeto de 
recristianização da Igreja Católica e a ação de grupos, classes e instituições 
que integraram essas transformações. Essas décadas são marcadas por uma 
sociedade capitalista industrial e urbana. A industrialização processava-se 
dentro de um modelo de modernização conservadora, pois era favorecida 
pelo Estado corporativista, centralizador e autoritário. Assim, a burguesia 
industrial aliada aos grandes proprietários rurais, buscava apoio 
principalmente no Estado para seus projetos de classe. 
O Serviço Social muitas vezes foi confundido fora do âmbito da 
categoria profissional, como uma prática de ajuda, vocação e caridade. 
Todavia, o Serviço Social é uma profissão situada sócio-historicamente a 
partir da divisão do trabalho. Trata-se de uma especialização técnica que visa 
a responder a um conjunto de necessidades especiais, que tem em seu 
cerne, a questão social. 
A igreja fez parte desde a origem do serviço social que tinha uma 
missão de impor a paz através de prática de caridade, com o intuito muito 
claro de apaziguar os conflitos da população que sofria com todas as formas 
de desigualdade e exploração. 
Diante dessas reflexões podemos afirmar que o Serviço Social não 
pode ser compreendido como resultado de uma evolução natural, bem como 
28 
 
não tem nada a ver com a filantropia e muito menos com a intervenção estatal 
para colocar fim a pobreza. 
O Serviço Social hoje deve ser compreendido como profissão capaz 
de desenvolverproposta de trabalho inovadora e criativa, inseridos nos 
direitos sociais para o público alvo, tendo como efetivação dos direitos para o 
usuário, pois é dentro deste contexto que estamos inseridos como 
profissionais do Serviço Social, lutando por uma sociedade mais justa, com 
valores e ideais respeitados. Por isso foi através de luta que o assistente 
social, ao longo de sua trajetória, obteve muitos avanços no fazer profissional, 
esses avanços foi resultado da incorporação da teoria de Marx na análise das 
transformações que foram tomando direcionamento social, econômico, 
político, etc. 
Sobre o fazer profissional Gentilli, assim o descreve: 
O trabalho do Assistente Social se insere em espaços ocupacionais 
distintos, nos quais exerce suas atribuições profissionais, como todo 
o fazer profissional que abrange metodologias, utilização do arsenal 
técnico da profissão, diretrizes de ação, de comunicação e de 
prestação de serviço aos usuários. É, nesse âmbito, que se operam 
as condições de geração dos produtos do trabalho profissional que, 
por sua vez, estão circunscritos na esfera dos direitos. (GENTILLI, 
2006, p. 24 e 25). 
 
O Serviço Social é caracterizado como uma especialização do 
trabalho, inscrito na divisão social e técnica do trabalho coletivo, na produção 
e reprodução da vida social. 
O amadurecimento teórico-metodológico do Serviço Social deu-se a 
partir do período pós-ditadura e foi fortalecido na década de 1970 com o 
movimento de reconceituação na intenção de ruptura com o conservadorismo. 
Tendo como consequência o nosso projeto ético político que foi construído no 
contexto histórico de transição dos anos de 1970 a 1980 num processo de 
redemocratização da sociedade brasileira e que hoje esse projeto faz do 
profissional assistente social um instrumento em defesa dos princípios como o 
respeito à diversidade, a luta pela justiça e pela garantia dos direitos sociais e 
pela igualdade social. 
Podemos observar mediante estudos que o Serviço Social nasceu de 
uma necessidade desenhada pela sociedade capitalista, porém desenvolveu-
se à sombra de uma filantropia desnecessária no sentido que a profissão se 
29 
 
desenvolveu através da igreja e da burguesia através das práticas caritativas 
elaboradas por ambas. 
Atualmente o Serviço Social é visto como uma profissão investigativa 
e interventiva, portanto há uma preocupação em se obter desde a formação 
fundamentação teórico-metodológica e valores éticos políticos que lhe 
assegurem a capacidade de apreensão e proposição de ações a partir das 
particularidades presentes no cotidiano da prática profissional. 
“[...] o Assistente Social exerce suas atividades em diversos 
espaços, âmbitos, áreas, segmentos populacionais (crianças e 
adolescentes, idosos, pessoas com necessidades especiais, família) 
e em diferentes setores (seguridade social: educação, judiciário, 
habitação, saúde, previdência social, assistência social, trabalho, 
questão agrária, cultura, empresas, entre outros). Dessa 
multiplicidade de possibilidades de atuação advém também uma 
variedade de processos de trabalhos, o que exige desse profissional 
um arsenal de conhecimentos variados”. (FRAGA, 2010, p. 46). 
 
Analisando as informações percebemos que há um vasto campo de 
atuação do profissional de Serviço Social, visto que uma gama de 
possibilidades lhe é aberta dentro de uma demanda e atribuições 
diferenciadas desde que haja conhecimento, formação e planejamento 
adequados. 
 
1.4.2 O Assistente Social e Seu Fazer Profissional 
Sendo o Serviço Social uma profissão inscrita na divisão social do 
trabalho, todo e qualquer novo contexto do mundo do trabalho repercute 
diretamente no exercício profissional, seja pela ampliação da demanda, seja 
pela redução dos recursos destinados ao exercício dessa profissão. 
O Serviço Social vem se constituindo, ao longo dos últimos 70 anos, 
no Brasil, como profissão reconhecida em decorrência de sua natureza 
analítica e interventiva. Nesse sentido, reconhecer essa profissão pressupõe 
inseri-la no contexto das relações do mundo do trabalho. 
A profissão do Assistente Social é regulamentada pela Lei n. 8.662 de 
07 de junho de 1993 e tem como objeto de trabalho a questão social com 
suas diversas expressões, formulando e também, implementando propostas 
para seu enfrentamento, por meio das políticas sociais, públicas, 
empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. 
30 
 
Para Neto (1992, p.71), “a questão social, como matéria de trabalho, 
não esgota as reflexões”. Sem sombra de dúvidas, ela serve para pensar os 
processos de trabalho nos quais os assistentes sociais, em uma perspectiva 
conservadora, eram “executores terminais de políticas sociais”, emanadas do 
Estado ou das instituições privadas que os emprega. 
Atualmente, os assistentes sociais não têm como função tratar 
apenas de operacionalizar as políticas sociais, embora importante, mas faz-se 
necessário conhecer as contradições da sociedade capitalista, da questão 
social e suas expressões que os desafiam cotidianamente. 
Diante dessas expressões sociais cabem aos assistentes sociais 
pensar as políticas sociais como respostas a situações indignas de vida da 
população pobre e com isso compreender a mediação que as políticas sociais 
representam no processo de trabalho do profissional, ao deparar-se com as 
demandas da população. 
Todavia a atuação dos assistentes sociais não se limitam nem se 
restringem a camada social pobre, indo muito mais além, realizando sua 
atuação em organizações públicas e privadas e em diferentes áreas e 
temáticas, como: proteção social, educação, programas socioeducativos e de 
comunidade, habitação, gestão de pessoas, segurança pública, justiça e 
direitos humanos, gerenciamento participativo, direitos sociais, movimentos 
sociais, comunicação, responsabilidade social, marketing social, meio 
ambiente, assessoria e consultoria, que variam de acordo com o lugar que o 
profissional ocupa no mercado de trabalho, exigindo deste um conhecimento 
teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo. 
A partir das diversas ideias exploradas, é possível perceber a 
necessidade do assistente social nos mais variados ambientes que atendem a 
população em geral independente da classe social e do contexto social em 
que está inserido, ainda que, faz-se necessário ressaltar que a sua principal 
função, mas não única, é a execução de programas de políticas sociais 
vinculadas às organizações governamentais e não governamentais 
normalmente destinadas a uma específica camada da população, ou seja, 
voltada para os mais pobres. Cotidianamente, o assistente social atua com 
singularidades vivenciadas por indivíduo, famílias, grupos ou determinados 
segmentos da população. 
31 
 
Nas organizações públicas o assistente social é inserido nas três 
instâncias (federal, estadual, municipal), desenvolvendo atividades nas áreas 
de saúde pública, assistência social, previdência social, trabalho, reabilitação 
profissional, habitação, educação, programas vinculados à área da infância e 
adolescência, pessoa com deficiência, saúde mental, educação ambiental, 
saneamento básico, educação sanitária, entre outros. 
Nessa perspectiva destacaremos a importância do papel do 
assistente social no âmbito familiar mais precisamente na área da infância e 
da adolescência durante o processo da dissolução conjugal e da guarda 
compartilhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
II – DA DISSOLUÇÃO DA FAMÍLIA À GUARDA COMPARTILHADA 
 
2.1 DO CASAMENTO AO DIVÓRCIO: NOVA ORDEM FAMILIAR 
No debate contemporâneo, entendemos por família a célula do 
organismo social que fundamenta uma sociedade. É a instância predominante 
responsável pela sobrevivência de seus componentes; lugar de 
pertencimento, de questionamentos; instituição responsável pela socialização, 
pela introjeçãode valores e pela formação de identidade. 
O art.226 da Constituição Federal de 1988 declara a família como 
base da sociedade e o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 
reconhece a existência de três espécie de família: a natural, a extensa ou 
ampliada e a substituta. Entendendo-se por família natural a comunidade 
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes; por família 
extensa ou ampliada (art.25, parágrafo único), aquela que se estende para 
além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formadas por parentes 
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos 
de afinidade e afetividade; a colocação da criança ou adolescente em família 
substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção. 
A família como instituição social conhecida atualmente, sofreu diversas 
modificações ao longo dos séculos, passando pelas mais variadas formas de 
constituição e organização. Partindo da família patriarcal, em que o homem, 
chefe da família, se encarregava de tomar as decisões sobre o rumo de cada 
membro dessa constituição, passando pela “fragmentação” do convívio 
familiar, onde avós, pais, netos, tios, primos e etc, passaram a ocupar 
habitações distintas, cada um com seu respectivo “núcleo” de convivência, até 
se chegar as diversas formas de organização familiar na contemporaneidade: 
famílias monoparentais, famílias reconstituídas, famílias extensas e famílias 
homoparentais. 
Na atualidade, a família deixa de ser aquela constituída unicamente 
por casamento formal. Hoje, diversifica-se e abrange as unidades familiares 
formadas seja pelo casamento civil ou religioso, seja pela união estável. Mas, 
nem sempre foi assim, no Brasil colonial ou imperial, somente era válido o 
33 
 
casamento celebrado segundo o rito católico, regidos pelos direitos 
canônicos. Com a Lei n. 1.144, de 11/09/1861, o Estado passou a admitir o 
casamento segundo o rito religioso dos próprios nubentes. 
Proclamada a República e o Estado laico, a Constituição de 1891 
reconheceu, apenas, o casamento civil, celebrado perante a autoridade leiga, 
tal como regulado pelo Código Civil de 1916. No código de 1916, “família 
legítima” era definida apenas pelo casamento oficial, embora este tenha 
mantido grande influência do direito canônico. A partir da constituição de 1934 
até a atual, passou a ser permitido o casamento religioso com efeitos civis, 
mediante prévia habilitação. 
A Constituição de 1967-1969 declarava expressamente que a família 
se constituía pelo casamento, não prevendo outros modos. No Brasil durante 
década foi constituída o modelo de família nuclear que é composto por o pai, 
à mãe e os filhos e se baseava no casamento. Este arranjo nuclear possui um 
subtipo, que é o nuclear tradicional, no qual a esposa trabalha em casa sem 
ser remunerada, enquanto o marido trabalha fora de casa por um salário e 
dessa união há a existência de filhos (BRYM, 2006, p.358). 
No arranjo nuclear tradicional tanto o homem quanto a mulher 
possuem perspectivas que são previamente já postas pela 
sociedade. O homem deve responsabilizar-se por sustentar a 
família economicamente, além de ser a autoridade principal na 
educação dos filhos. Já a mulher possui as tarefas reprodutivas, 
como a reprodução biológica (gravidez), reprodução cotidiana 
(tarefas domésticas) e a reprodução social (socialização dos filhos). 
(JELIN, 1998, p.91). 
 
Na família nuclear tradicional, o chefe da família é quem concentra o 
poder, e os outros membros da família são subordinados a ele. Esse tipo de 
família provém do modelo patriarcal. O modelo de família patriarcal é baseado 
na hierarquia ao qual todos devem respeito e obediência à figura paterna. A 
mulher é subordinada ao poder do seu marido e os filhos subordinados ao 
poder do pai. Neste ponto, as principais obrigações da mulher é atender as 
necessidades do marido e dos filhos, ou seja, necessidades domésticas, 
sexuais e afetivas. 
Com as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais ocorridas 
ao longo dos tempos, a sociedade está sendo obrigada a reorganizar regras 
básicas para amparar a nova ordem ou arranjo familiar, pois temos em 
34 
 
andamento uma crescente variedade de formas de família e de convivência 
desde que o divórcio foi instituído no Brasil. Com a Lei nº 11.441, de 05 de 
janeiro de 2007, tornou possível a realização da separação, divórcio e 
inventário por escritura pública. O divórcio apresenta-se como uma 
necessidade ou uma saída para os cônjuges que se encontram atravessando 
por uma crise conjugal e por algum motivo não consegue superá-la. Contudo, 
acredita-se ser o divórcio, a solução mais adequada e viável para a resolução 
dos prováveis problemas que surgirão com essas crises, que atingirão não só 
o casal que está se divorciando, mas, também todos os envolvidos de forma 
direta ou indiretamente. Portanto, este momento e esta decisão devam ser 
motivo de reflexão uma vez que muitos casais ao pensarem em se divorciar, 
só se lembram do bem-estar deles e esquecem daqueles que os rodeiam, e 
não são apenas os filhos, mas, outros parentes também. 
Os motivos que levam ao divórcio são os mais variados, bem como as 
suas consequências podem ser jurídicas e sociais, mas, a busca por essa 
solução tornou-se muito comum nos dias atuais, com efeito, mais vasto, haja 
vista que sendo ele judicial ou extrajudicial pela via administrativa, litigioso ou 
consensual extingue completamente o vínculo conjugal. Resultado disso é a 
permissão de um novo matrimônio e uma nova formação familiar, todavia não 
extingue as obrigações e os deveres com os filhos. 
Nova concepção de família se constrói na atualidade baseadas mais 
nos interesses pessoais e individuais do que nas relações de coletividade, 
consanguinidade, parentesco ou casamento. Recebendo o impacto dessa 
transformação na nova concepção, somos obrigados a desenvolver uma 
capacidade para aceitar a família tal como ela se constitui em face dos 
desafios que vem enfrentando, em lugar de procurar nela o modelo perfeito 
de representação, tendo em vista a vulnerabilidade que atingem as famílias 
demandando novos papéis, novas exigências e novos olhares para essa 
instituição que está em declínio. 
Com a separação judicial instituída no Brasil pela Lei n. 6.515, de 
26/12/1977, até então concebida como desquite, aliada a diminuição da 
dominação do homem sobre a mulher, à inserção da mulher no mercado de 
trabalho, o controle da taxa de natalidade, novos laços conjugais e novos 
35 
 
arranjos familiares, entre outros fatores, a dinâmica da instituição familiar é 
totalmente modificada. O modelo familiar tradicional começa a dividir espaço 
com novas formações e modelos de famílias dentre elas a monoparental que 
é composta por um dos pais e os filhos, sendo que no Brasil a mais comum é 
a constituída por mulheres; as famílias homoparentais, que são aquelas cujos 
adultos se autodesignam como homossexuais e são, não necessariamente, 
pai ou mãe de uma criança. Todavia, a Constituição Federal e o Código Civil 
não conceitua como família a união homoafetiva, visto que no parágrafo 5º do 
art.226 expõe que os direitos e deveres, referente à sociedade conjugal, são 
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. A união estável no 
dispositivo do Código Civil no art. 1.723, é reconhecida como entidade familiar 
tão somente entre um homem e uma mulher. 
Independente do modelo familiar constituído seja por vias do 
casamento ou da união estável, a sociedade conjugal conforme dito 
anteriormente vem passando por um declínio, uma desestruturação e uma 
crise que tem provocado à dissolução da família. É notório que as famílias 
estão se transformando e as novas famílias integram a realidade brasileira 
impondo aos pais separados ou divorciados novas regras de criação para os 
filhos baseados em novas leis que valorizam outros conceitos de famílias 
dentre elas a famíliaestendida onde os filhos são criados pelos avós paternos 
ou maternos, tios e tias ou por guarda compartilhada. 
Mesmo mediante a dissolução conjugal, conforme o art. 4º e 5º da Lei 
n. 8.069 de 13/07/1990, nenhuma criança ou adolescente será objeto de 
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado por ação ou 
omissão, aos seus direitos fundamentais, portanto, é dever da família, da 
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com 
absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à liberdade e a convivência familiar e comunitária. Assim sendo, a família é 
responsável pelo bem-estar da criança e do adolescente ainda que os pais 
tenham deixado de conviver sob o mesmo teto e não compartilham mais uma 
vida conjugal comum. 
36 
 
Uma crença comum é que uma necessidade importante para toda 
criança ou adolescente é estarem inseridos naquilo que tem sido descrito 
como um núcleo familiar: uma estrutura na qual há pai, mãe e filhos. Acredita-
se que é nesse contexto que há chances para o bom desenvolvimento da 
criança e do adolescente. Ao considerar as dissoluções conjugais e a forma 
como muitas vezes acontece, devemos questionar essa ideia, já que é 
justamente no núcleo familiar que existe a maior probabilidade das crianças e 
dos adolescentes presenciarem conflitos, seguidos de maus tratos, abandono 
material ou emocional, violência física ou simbólica entre os pais que acabam 
desencadeando em separação ou divórcio. 
Pesquisas revelam que os conflitos e instabilidades familiares na 
maioria das vezes provocam nas crianças e nos adolescentes uma 
insegurança e um estado emocional totalmente fragilizado, mediante essa 
situação devemos nos perguntar se neste contexto familiar é o melhor lugar 
para a criança e o adolescente? Nosso intuito imediato é o de dizer que é na 
família que eles recebem o calor e o afeto de que necessitam para sentir-se 
acolhidos. No entanto a situação é muito mais complexa do que isso, 
dependendo da situação dos conflitos conjugais a dinâmica familiar pode se 
mostrar e significar um problema, pois o ambiente familiar em que a criança 
ou o adolescente deva está inserido de acordo com a lei, é justamente aquela 
que lhes garanta um desenvolvimento integral e sadio. O ECA – Estatuto da 
Criança e do Adolescente declara: 
É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio 
de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, 
assegurada a convivência familiar e comunitária em ambiente que 
garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei nº 
13.257, de 2016). 
 
Ainda segundo o referido estatuto no seu art.18 é dever de todos velar 
pela dignidade da criança e do adolescente pondo-os a salvo de qualquer 
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. 
Durante o processo da separação, o risco da criança ou do 
adolescente sofrer danos socioemocionais tem se mostrado maior em lares 
nos quais há ausência de cuidados, valores e preservação moral. Faz-se 
então necessário que os filhos sendo eles crianças ou adolescentes sejam 
resguardados dos conflitos onde muitas vezes são usados por um dos 
37 
 
cônjuges para fins de vingança, benefícios próprios ou mágoa de um contra o 
outro, cabendo a todos a incumbência de velar e garantir o cumprimento 
desses direitos e a preservação da dignidade. 
O casamento implica a formação da sociedade conjugal, que é o 
complexo de direitos e obrigações, inclusive e de especial modo com relação 
aos filhos, uma vez desfeita essa sociedade é válido ressaltar que a 
obrigação com a educação, a guarda e o sustento dos filhos continua sob a 
responsabilidade de ambos os pais. 
Os divorciandos têm uma grande batalha a enfrentar que é superar a 
crise pós-divórcio para não afetar mais ainda o desempenho da prole diante 
dessa circunstância. Aos filhos devem ser esclarecidas todas as nuances 
legais, como por exemplo, quem ficará responsável pela a guarda, sendo 
difundida atualmente àquela exercida plenamente pelos dois progenitores – a 
guarda compartilhada, competindo a cada um deles desempenharem as 
mesmas obrigações e garantindo a presença constante nas atividades que 
compõem suas vidas, auxiliando-os financeiro, moral e emocionalmente. 
De acordo com o Código Civil no art.1.632, a separação judicial, o 
divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e 
filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua 
companhia os segundos, compete a ambos os pais, qualquer que seja a 
situação conjugal o pleno exercício do poder familiar conforme o art.1.634 e 
enquanto menores, os filhos estão sujeitados ao poder familiar. 
 
2.2 DA GUARDA UNILATERAL A GUARDA COMPARTILHADA: ORIGEM, 
CONCEITO E EVOLUÇÃO. 
Dissolvendo-se os laços conjugais outra situação delicada e 
conflitante é a decisão da guarda dos filhos, sendo eles criança ou 
adolescente. A guarda consiste em uma obrigação para os pais, onde esses 
detêm a responsabilidade sobre os delitos praticados pela prole, e também o 
dever de zelar pelas necessidades e vicissitudes do menor, como: 
alimentação, saúde, segurança, educação entre outros. Aos genitores é 
atribuído o ônus de permanecerem como guardiões, ao passo que terão a 
incumbência de zelar pelos filhos. 
38 
 
José Antônio de Paula Neto define a guarda como o: “direito 
consistente na posse de menor oponível a terceiros e que acarreta deveres 
de vigilância em relação a este” (NETO, apud FONTES, 2009, p. 35). 
Temos também o entendimento de Waldyr Grisard Filho, que define a 
guarda como: “um dever natural e originário dos pais que consiste na 
convivência com seus filhos, prevista no art. 1.634, II, do CC e é o 
pressuposto que possibilita o exercício de todas as funções paternas” 
(GRISARD FILHO, apud FONTES, 2009, p. 36). 
Ana Maria Milano Silva delimita a abrangência da guarda, fazendo à 
seguinte ressalva: “O ato ou efeito de guardar e resguardar o filho enquanto 
menor, de manter vigilância no exercício de sua custódia e de representá-lo 
quando impúbere ou, se púbere, de assisti-lo, agir conjuntamente com ele em 
situações ocorrentes”. (SILVA, 2008. p. 39). 
A separação dos pais não pode isentá-los da responsabilidade de 
estarem juntos com os filhos suprindo todas as suas necessidades em todos 
os âmbitos do processo desencadeador da formação da criança ou do 
adolescente. 
No Brasil há algumas modalidades de guarda respaldadas pela 
Legislação Federal dentre elas a guarda unilateral e a guarda compartilhada, 
porém qual a modalidade de guarda que melhor atende aos interesses da 
prole? 
Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos 
genitores ou a alguém que o substitua e, por guarda compartilhada 
a responsabilização conjunta e o exercício de direito e deveres do 
pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernente ao 
poder familiar dos filhos comuns. (BRASIL, Código Civil, 2002, 
p.364). 
 
A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores 
condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos 
filhos os seguintes fatores: afeto nas relações com o genitor e com o grupo 
familiar; saúde e segurança e educação. 
39 
 
De acordo com o § 3º (Lei nº 11.698,13/07/2008), “guarda unilateral 
obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos 
filhos”. Porém, com a alteração do Código Civil, a guarda compartilhada torna 
regra no país, mesmo se não houver acordo entre os pais e a mesma não 
poderá ser confundida com a convivência alternada. 
Maria Berenice Dias é bem clara e direta em seu livro, Manual de 
Direito das Famílias, 6ª edição, quando faz a seguinte citação sobre a Guarda 
Compartilhada: 
“[...] É omodo de garantir, de forma efetiva, a corresponsabilidade 
parental, a permanência da vinculação mais estrita e a ampla 
participação destes na formação e educação do filho, a que a 
simples visitação não dá espaço. O compartilhar da guarda dos 
filhos é o reflexo mais fiel do que se entende por poder familiar”. 
(DIAS, 2010, p. 436). 
Pelo texto da nova lei, o objetivo da guarda compartilhada é que o 
tempo de convivência com os filhos seja dividido de forma “equilibrada” entre 
mãe e pai. Eles serão responsáveis por decidir em conjunto, por exemplo, 
forma de criação e educação da criança, autorização de viagem ao exterior e 
mudança de residência par outra cidade. Caberá ao juiz estabelecer que o 
local de moradia dos filhos deva ser a cidade que melhor atenda aos 
interesses da criança. 
A Guarda Compartilhada teve origem na Inglaterra, por volta da 
década de 60, onde o sistema rompeu com a guarda única. Logo 
após, meados da década de 70, foi também aprovada pela Court 
d’Appel inglesa, se espalhando assim, pela jurisprudência 
canadense da common law, e por toda a América do Norte. No 
Canadá, apesar da utilização da guarda compartilhada, tem como 
regra a guarda exclusiva, só vindo a aplicar a guarda compartilhada 
quando existir acordo entre os genitores. (FONTES, 2009, p. 24). 
 
No Brasil essa modalidade de guarda, foi instituída pela Lei nº 11.698, 
de 13 de junho de 2008, que alterou a redação dos artigos 1.583 e 1.584 do 
Código Civil conforme dito anteriormente. 
Esse modelo de guarda, denominado guarda compartilhada prioriza 
melhor os interesses dos filhos ao mesmo tempo em que garanta de forma 
efetiva a corresponsabilidade dos pais na vida, na formação e na educação 
dos filhos, dando continuidade afetiva mesmo com a família dissociada. 
40 
 
Nem sempre as decisões pós-divórcio são pacíficas, na maioria dos 
casos as divergências e os conflitos entre os genitores obrigam a intervenção 
de profissionais aptos para intervir no processo. Diante dos conflitos 
provenientes da separação é determinado institucionalmente todo suporte 
assistencial à criança e ao adolescente, bem como aos pais para esclarecer 
qualquer dúvida concernente aos direitos de ambas às partes interessadas. 
Baseando-se no art. 21 do ECA, o poder familiar será exercido em igualdade 
de condições pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, 
assegurando a qualquer deles o direito de, em caso de discordância recorrer 
à autoridade judiciária competente para solução da divergência. (BRASIL, 
Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990, p. 1.029). 
Todavia, caso haja incapacidade para o exercício da guarda e 
limitação da convivência, uma equipe multidisciplinar composta por 
profissionais competentes como juízes, promotores, advogados, psicólogos e 
assistentes sociais estarão aptos para intervir e solucionar as divergências 
ocorridas, sempre preservando os interesses e os direitos das crianças e dos 
adolescentes. 
A guarda compartilhada só não será aplicada em ocasiões que um 
dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor ou 
naqueles casos onde um dos genitores pudesse trazer risco à vida do menor, 
ou nos casos onde o conflito entre o antigo casal seja constante e de forma 
desenfreada. (FONTES, 2009, p. 90), porém as orientações técnico-
profissionais de uma equipe multidisciplinar serão levadas em consideração 
durante o processo, pois a assistência à criança está assegurada pela família, 
pela sociedade e pelo Estado que criará mecanismo para coibir a violência, 
negligência, discriminação, exploração, crueldade e opressão (art. 226, § 8º 
da Constituição Federal), dentre esses mecanismo ressaltamos a importância 
da assistência social que tem como objetivo à proteção á família, a infância e 
a adolescência. 
 
 
 
41 
 
 
 
 
III – A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂMBITO 
FAMILIAR DURANTE O PROCESSO DA GUARDA COMPARTILHADA 
3.1 DEFINIÇÕES, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
COM RELAÇÃO À FAMÍLIA. 
De acordo com a Lei nº 8.742 de 7 de dezembro de 1993 a 
assistência social é direito do cidadão e visa garantir proteção social à família, 
à infância e a adolescência, assim como, amparar à criança e aos 
adolescentes tendo como princípio velar pela boa convivência familiar. 
A família contemporânea brasileira atingida pelas transformações 
socioculturais tem sido pensada em um sentido mais abrangente. Com o 
início da industrialização, a difusão da pílula anticoncepcional, o controle da 
taxa de natalidade, o trabalho remunerado da mulher, os alicerces familiares 
foram abalados. A vulnerabilidade da família ajuda a explicar a frequência das 
rupturas conjugais e a crise que se instalou no âmbito familiar. 
Essas rupturas conjugais seguidas de crises familiares nem sempre 
são pacíficas, na maioria das vezes acontecem de forma muito agressiva, 
muito impactante para todos os envolvidos principalmente quando, entre as 
partes há criança ou adolescente. 
Com o intuito de coibir ações de violência, negligência, discriminação, 
exploração, crueldade, opressão e até mesmo alienação parental cometidas 
contra a criança e/ou adolescente é determinado institucionalmente todo 
suporte assistencial, tendo em vista que a preocupação com o presente e o 
futuro dos filhos aumenta consideravelmente. Essa preocupação acompanha 
a família com maior ou menor intensidade dependendo dos casos, pois os 
pais terão que decidir todos os aspectos relacionados às condições de vida e 
bem-estar da criança e do adolescente. 
42 
 
Diante das premissas apresentadas se origina a importância da 
atuação do assistente social no processo da guarda compartilhada com a 
finalidade de resguardar e viabilizar os direitos da criança e do adolescente, 
tendo em vista que o assistente social é um profissional solicitado para atuar 
em diversas áreas, onde se apresenta as expressões da questão social, tais 
como: Conselhos Tutelares, CRAS (Centro de Referência da Assistência 
Social), CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) 
Empresas, Prefeituras (Secretaria de Assistência Social), INSS (Instituto 
Nacional da Seguridade Social), Escolas, Área Judiciária, APAE (Associação 
de Pais e Amigos dos Excepcionais), PSF (Programa Saúde da Família), 
Programa Sentinela, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Unidades 
Hospitalares, dentre outras. Em todas essas áreas, o Assistente Social 
reporta grande parte da sua intervenção ao trabalho com famílias e durante o 
processo da guarda compartilhada não seria diferente, pois, conforme fora 
dito o que está em evidência é a viabilização do bem estar da criança e do 
adolescente que muitas vezes é negligenciado pelos pais. Demandas 
apresentadas pela família exige-se um profissional que, nos dizeres de 
IAMAMOTO (2007), seja: 
Um profissional qualificado, que reforce e amplie a sua competência 
crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e 
decifra a realidade. Alimentado por uma atitude investigativa, o 
exercício profissional cotidiano tem ampliadas as possibilidades de 
vislumbrar novas alternativas de trabalho nesse momento de 
profundas alterações na vida em sociedade. O novo perfil que se 
busca construir é de um profissional afinado com a análise dos 
processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto 
em suas manifestações quotidianas; um profissional criativo e 
inventivo, capaz de entender “o tempo presente, os homens 
presentes, a vida presente” e nela atuar, contribuindo, também para 
moldar os rumos de sua história” (IAMAMOTO, 2007. p. 49). 
 
Em síntese, trabalhar com família na superação dos conflitos 
conjugais, atuando de forma que contribua com a preservação do bem estar 
da criança e do adolescente, mantendo-os fora de qualquer atitude vexatória 
ou de negligência, recriando nova história familiar para os envolvidos, faz do 
assistente social o profissional relevante e aptopara essas intervenções, com 
a sua formação profissional e ética, busca trabalhar na perspectiva da 
garantia dos direitos das pessoas em questão e, principalmente, na realização 
de um estudo social que revele situações que lhe permita apresentar fatos 
43 
 
daquela realidade social, que embasem sugestões de possibilidades de um 
melhor desfecho garantindo o apoio assistencial à família ajudando-a com 
melhores resultados a repensar o processo de convivência entre pais e filhos. 
IV – A IMPORTÂNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO 
DA GUARDA COMPARTILHADA 
4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS 
A pesquisa realizada teve por intuito tecer a importância da atuação 
do assistente social durante o processo da guarda compartilhada tendo em 
vista sua principal função que é mediar e viabilizar direitos, planejar, executar 
e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e 
para subsidiar ações profissionais dentre elas as ações jurídicas relacionadas 
à família. 
As informações e os dados coletados foram analisados com uma 
abordagem qualitativa e explicativa, pois não foram feitas análises numéricas. 
A pesquisa qualitativa é basicamente aquela que busca entender um 
fenômeno específico em profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e 
outras generalizações, ela trabalha com descrições, comparações, 
interpretações e atribuição de significados possibilitando investigar valores, 
crenças, hábitos, atitudes e opiniões de indivíduos ou grupos. Permite que o 
pesquisador se aprofunde no estudo do fenômeno ao mesmo tempo em que 
tem o ambiente natural como a fonte direta para coleta de dados. 
As pesquisas qualitativas “[...] pedem descrições, compreensões e 
análise de informações, fatos, ocorrências que naturalmente não são 
expressas por números” (MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p.135). 
Os procedimentos metodológicos na pesquisa qualitativa são de 
grande importância, para o desenvolvimento de qualquer trabalho, essas 
informações servem para esclarecer os procedimentos utilizados, seguindo 
suas devidas normas. 
A partir da problemática observada, dos objetivos estabelecidos ao 
longo da construção dessa pesquisa, torna-se nítida e bem acentuada a 
44 
 
importância do assistente social durante o processo da guarda compartilhada. 
Todavia, as literaturas disponíveis para realização da pesquisa foram de certa 
enriquecedoras apesar do pouco número de autores que se propõem a 
debater um tema que tem despertado interesse nos estudantes das áreas de 
serviço social e de direito. 
Porém, todos os artigos e teses virtuais consultados havia um 
discurso repetitivo tendo em vista, que o tema guarda compartilhada é muito 
recente no país e discutido mais acirradamente no âmbito jurídico, e muitos 
ainda desconhecem ou não se interessam em aplicá-la, com exceção das 
famílias de classe minoritária, as de maiores poderes econômicos. É notório 
que nas famílias de baixa renda quando há dissolução conjugal os filhos ficam 
sob responsabilidade das mães que acabam assumindo sozinhas a árdua 
tarefa de educar os filhos ou das avós no âmbito da família extensa. 
Na cena contemporânea do âmbito familiar várias são as intervenções 
necessárias do profissional de Serviço Social mediante aos conflitos que 
antecedem a dissolução conjugal, tendo em vista que o tempo de convivência 
com os filhos seja dividido de forma equilibrada, e na maioria das vezes esse 
equilíbrio não acontece se não houver uma intervenção de profissionais 
multidisciplinar dente eles o assistente social. 
O modelo de guarda compartilhada prioriza mais os interesses e os 
direitos dos filhos ao mesmo tempo em que garanta de forma efetiva a 
corresponsabilidade dos pais na vida, na formação e na educação dos filhos, 
dando continuidade afetiva mesmo com a família dissociada. Esse discurso é 
mais acentuado nas famílias com mais elevado nível sociocultural, mas todos 
os autores que debatem sobre esse tema são unânimes em afirmar que a 
guarda compartilha é a melhor opção, pois cabe a todos a incumbência de 
velar e garantir o cumprimento dos direitos da criança e do adolescente e a 
preservação da dignidade dos mesmo. A atuação do assistente social durante 
o processo da guarda compartilhada torna-se uma medida evitativas e 
preventiva contra o risco da criança ou do adolescente sofrer danos 
socioemocionais, ausência de cuidados, valores e preservação moral, 
garantido que filhos sendo eles crianças ou adolescentes sejam resguardados 
45 
 
dos conflitos onde muitas vezes são usados por um dos cônjuges para fins de 
vingança, benefícios próprios ou mágoa de um contra o outro. 
Diante destes riscos e da vulnerabilidade em que as crianças e os 
adolescentes são expostos consciente ou inconscientemente pelos pais e até 
por alguns adultos envolvidos no contexto familiar é que se faz necessário e 
de suma importância à atuação do assistente social durante o período de 
decisões da guarda compartilhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
CONCLUSÃO 
Ao longo dos anos, as estruturas familiares sofreram grandes 
mudanças, dessa forma, novos arranjos e novos modelos de família foram 
surgindo e ganhando espaço. A ruptura conjugal alcançou na era atual uma 
proporção nunca vista na história da humanidade. 
A facilidade de se conseguir judicialmente um divórcio fez da 
dissolução familiar algo corriqueiro e constante na vida dos casais. Estamos 
vivendo em tempos em que, formar uma família e acreditar nas frases: felizes 
para sempre ou até que a morte vos separe, tornou-se algo obsoleto, arcaico 
para muitos. 
A família deixou de ser considerada lugar de pertencimento, os 
conflitos conjugais, o declínio moral, afetivo e social tem provocado toda 
desestruturação familiar e aumentado o número de divorciados no país. 
Nova concepção de família se constrói na atualidade baseadas mais 
nos interesses pessoais e individuais do que nas relações de coletividade, 
consanguinidade e parentesco e diante dessas primícias um grande eixo de 
discussão nos chamam a atenção na ruptura conjugal: qual o tipo de guarda 
será a melhor para a convivência dos pais com os filhos? 
O Código Civil torna a guarda compartilhada regra no país, mesmo se 
não houver acordo entre os pais, pelo texto da nova lei, o objetivo da guarda 
compartilhada é claro e coerente, pois busca equilibrar o tempo de 
convivência entre os pais e os filhos. 
A guarda compartilhada, enquanto nova maneira de vivenciar o poder 
parental, é a alternativa que possui uma intenção de rompimento com o 
modelo tradicional cujas características eram unilaterais e na qual, em 
especial, a mãe, na maioria das vezes, era quem se responsabilizava pelos 
filhos 
 
47 
 
A guarda compartilhada, enquanto nova maneira de vivenciar o poder 
paternal, é a alternativa que possuí a intenção de rompimento com o modelo 
tradicional cujas características eram unilaterais e na qual, em especial, a 
mãe, na maioria das vezes, era quem se responsabilizava pelos filhos. Ao 
estudar essa modalidade de guarda percebemos que a guarda compartilha é 
a melhor opção para a boa convivência entre as partes interessadas e só será 
descartada em casos excepcionais como, por exemplo, se um dos genitores 
abrir mão da convivência compartilhada, para os especialistas e o assistente 
social que foi designado para acompanhar o caso, é um indicio de que o pai 
ou a mãe não vai tratar bem a criança ou o adolescente, portanto, na guarda 
compartilhada é essencial que a família assegure como rege a lei no art. 227 
da Constituição Federal, à criança e ao adolescente, o respeito, a dignidade, 
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma 
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
no cumprimento dessa lei que a atuação do assistente social em todo o 
processo é importante e imprescindível.

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