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Relatório do filme _O dia que durou 21 anos_ - História da Política Externa Brasileira

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Com enfoque nas intersecções entre a Política Externa Independente e o Golpe
Civil-Militar de 1964, realize um relatório sobre o documentário "O dia que durou 21
anos".
“O dia que durou 21 anos” se concentra em mostrar os moldes nos quais
se deu o golpe civil-militar e, sobretudo, de que forma os Estados Unidos tiveram
imensa participação na tomada de poder dos militares. Desse modo, o
documentário perpassa por três governos essenciais para entender o cerne da
instauração e continuidade do regime militar: João Goulart, Castello Branco e Costa
e Silva. No entanto, apesar de não ter sido eleito indiretamente mas, ascendido ao
cargo pela linha sucessória, Jango foi o presidente que mais causou preocupações
à Casa Branca.
“Os EUA conheceram Cuba, em 1959, quando um barbudo tomou o
poder. E descobriram o Brasil, quando um homem de bigodes renunciou em agosto
de 1961”. A renúncia de Jânio Quadros e a viagem de Jango para a China,
evidenciava a continuidade de uma Política Externa Independente (PEI), uma vez
que a ideia da ida para o continente asiático era buscar por novos mercados para os
produtos brasileiros, sobrepondo-se às barreiras ideológicas. Tal fato alertou o
governo estadunidense, que interpretava essa exploração ao máximo de todas as
possibilidades de negociação como um desalinhamento aos interesses dos Estados
Unidos e do Ocidente. Nesse sentido, o negociamento pragmático de Goulart não
se voltava, somente, para a ampliação do mercado externo, mas, também, mitigava
uma formulação autônoma dos planos de desenvolvimento econômico, sendo esses
princípios da PEI, os quais eram associados pelos EUA como políticas anti
imperialistas e opostas à hegemonia norte americana.
Nessa perspectiva, a PEI foi além da equidistância pragmática varguista,
haja vista que se estabeleceu um projeto de diversificação das relações do Brasil,
fundamentado no pragmatismo e no desvencilhamento dos moldes criados pela
Guerra Fria. Essa estratégia desenvolvimentista era vista pelos EUA como uma
ameaça aos interesses econômicos estadunidenses, e, por meio das conclusões do
embaixador Lincoln Gordon, o governo norte-americano se convenceu de que
Jango implementaria uma república sindicalista e que depois perderia o controle
para os comunistas.
As operações secretas e de propaganda da CIA no Brasil exacerbam a
premeditação do golpe de 1964, e a enorme valia em encontrar um sucessor mais
alinhado aos interesses e valores norte-americanos. O IPES (Instituto de Pesquisas
e Estudos Sociais) contava com o financiamento estadunidense para criar
propaganda política, associando as propostas do governo ao comunismo, com o
intuito de convencer a população brasileira a aceitar o golpe militar. Já o IBAD
(Instituto Brasileiro de Ação Democrática), era subsidiado, principalmente, por
empresas americanas, e tinha como função direcionar capital e financiar os
candidatos contrários a João Goulart. Além disso, os EUA passaram a enviar
grandes quantias de dinheiro para governadores, que faziam oposição ao governo
de Jango. Dessa maneira, é indubitável que por meio desses aparatos, o governo
estadunidense estava sustentando campanhas de enfraquecimento do presidente
brasileiro, o que culminou, diretamente, na iminência do golpe civil-militar de 1964.
Ademais, as reformas de base eram elementos centrais das propostas
políticas de Goulart e da PEI, ao passo em que buscavam desenvolvimento
econômico e justiça social. Todavia, para tanto, Jango aceitou apoio do partido
comunista, o que reforçou a interpretação de que o presidente brasileiro
representava uma ameaça aos interesses norte-americanos. À esse ponto, o então
presidente dos EUA, Lyndon Johnson, estava disposto a colocar em prática o Plano
de Contingência para realizar uma invasão armada ao Brasil e apoiar o golpe militar.
Essa operação, denominada como “Brother Sam”, contou com o apoio da Força
Naval estadunidense aos militares brasileiros, mas não foi necessária dada a
rapidez com que o golpe de Estado foi executado.
Com um reconhecimento oficial tão ágil do governo de Castello Branco,
os EUA ignoraram a ausência da renúncia de Jango, deixando visível o
envolvimento norte-americano na organização do golpe militar no Brasil. Ainda
assim, Gordon defendia a permanência do marechal no poder, tendo como
justificativa o argumento de que, caso, contrário, a “linha dura” assumiria à frente do
país. Desse modo, o governo estadunidense legitimou a ditadura militar brasileira e
a política de repressão, que se deu por meio dos atos institucionais, violando,
completamente, a democracia do Brasil.
Dado o exposto, portanto, é evidente que a PEI foi um dos elementos
catalisadores do desejo norte-americano em derrubar João Goulart, já que a busca
por um desenvolvimento econômico longe dos moldes ditados pela Guerra Fria, era
interpretada como uma ameaça aos interesses dos EUA. Com o intuito de forçar o
alinhamento brasileiro, os americanos apoiaram e organizaram o golpe civil-militar
que colocou Castello Branco na presidência. Assim, uma revolução que deveria
durar um dia, perdurou por 21 anos condenando o Brasil à um intenso período de
constantes repressões e violações políticas, em razão da ambição hegemônica,
ideológica e imperialista dos EUA, já que um governo desenvolvimentista causava
mais incômodos do que um regime opressor e anti-democrático.

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