Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. José Leonardo Vanderlei de Carvalho SISTEMA DE SANEAMENTO BÁSICO Esgoto em áreas urbanas, periurbanas e no meio rural UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias Esgotos São todos os refugos líquidos decorrentes das diversas atividades do homem, seja na habitação, na indústria, no campo ou no comércio. O tratamento dos esgotos é uma etapa fundamental nas diversas práticas do saneamento, permitindo a recuperação de parte da qualidade da água, minimizando os prejuízos das coleções hídricas. O lançamento de efluentes deve obedecer à Resolução CONAMA 430/11. Classificação dos Esgotos (origem) Esgoto sanitário ou doméstico: originário das diversas atividades do homem na habitação. Esgoto industrial: compreende os refugos líquidos d atividade industrial. Esgoto agroindustrial: corresponde aos refugos líquidos originários de indústrias de processamento de produtos agropecuários. Esgoto comercial: originário das atividades do homem no comércio, escritórios, repartições públicas, etc. Tem, praticamente, as mesmas características do esgoto sanitário. Características dos esgotos A característica dos esgotos é função dos usos à qual a água foi submetida. Geralmente os esgotos domésticos são compostos por água de banho, urina, fezes, restos de comida, sabão, detergente, águas de lavagem e águas de infiltração. A quantidade e as características de esgoto produzido são afetadas por vários fatores: • as condições climáticas, • o número de habitantes, • as condições econômicas da população, • o grau de industrialização da área, • a medição do serviço de água, • a oferta e o custo da água tratada. Brasil - contribuição de esgoto doméstico pode variar de 80 a 200 L/hab.dia Características dos esgotos Sob o aspecto sanitário, o destino adequado dos dejetos humanos visa, fundamentalmente, ao controle e à prevenção de doenças a eles relacionadas. As soluções a serem adotadas terão os seguintes objetivos: ➢ evitar a poluição do solo e dos mananciais de abastecimento de água; ➢ evitar o contato de vetores com as fezes; ➢ propiciar a promoção de novos hábitos higiênicos na população; ➢ promover o conforto e atender ao senso estético. É grande o número de doenças cujo controle está relacionado com o destino inadequado. Entre as principais: ancilostomíase - ascaridíase - amebíase - cólera - diarreia infecciosa - disenteria bacilar - esquistossomose - estrongiloidíase - febre tifóide - febre paratifóide - salmonelose - teníase e cisticercose. Doenças relacionadas com os esgotos EFLUENTES NA ZONA URBANA SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS (SES) FINALIDADES Aspecto higiênico: prevenção, controle e erradicação de doenças de veiculação hídrica; Aspecto social: melhoria da qualidade de vida da população, pela eliminação de odores desagradáveis que prejudicam o aspecto visual, a estética e a recuperação das coleções de águas naturais; Aspecto econômico: aumento da produtividade industrial e agropecuária e ainda dos trabalhadores, devido à melhoria ambiental, tanto urbana como rural. SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO Fonte:IBGE/PNSB, 2010 Esgotamento Sanitário Solução Individual Solução Coletiva Sistema Unitário Sistema Separador Sistema Convencional Sistema Condominial Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Soluções para o esgotamento sanitário ELEMENTOS DE UM SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS SEMELHANTES ÀS DA ÁGUA 99,9% ÁGUA 0,1% SÓLIDOS ÁGUAS RESIDUÁRIAS 70 a 80% da água utilizada é transformada em esgoto. Esgoto Doméstico Inorgânicos (30%) Detritos (areia) Sais Metais Gorduras (10%)Carboidratos (25%) Proteínas (65%) Água (99,9%) Sólidos (0,1%) Orgânicos (70%) Processos de tratamento de esgoto - mecanismos de separação dos sólidos da água. O tratamento do esgoto processa-se através de fenômenos físicos, químicos e biológicos. Desta forma, o tratamento é classificado pelos níveis: preliminar, primário, secundário ou terciário. Tratamento de esgotos Tratamento preliminar Os processos a serem utilizados são fundamentalmente físicos, com rendimento entre 30 e 40%. Os componentes depurados constituem-se de sólidos grosseiros, areia e sólidos em suspensão. Tratamento primário Processo de tratamento no qual predominam mecanismos biológicos para a remoção do material orgânico. Tratamento secundário (biológico) Tratamento secundário (biológico) LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DISPOSIÇÃO NO SOLO SISTEMAS ANAERÓBIOS LODOS ATIVADOS REATORES AERÓBIOS Esgoto na zona rural ESGOTO ESTÁTICO Constitui o tipo mais comum na zona rural. Quando bem construído e bem orientado, desempenha suas finalidades satisfatoriamente. Neste tipo de esgoto os dejetos não sofrem veiculação através de canalizações. São várias as modalidades: Esgoto na zona rural Quando não existe água encanada na residência (o que é comum na zona rural), as fezes são lançadas diretamente num buraco escavado no solo. Esgoto na zona rural Fossa seca O fundo da fossa seca ou "casinha" como é chamada, deve ficar, pelo menos, 1,5m acima do lençol freático. possível. O piso deve ser construído em concreto armado dotado de um orifício; Pode conter um assento improvisado de madeira ou não; Deve ter um suspiro para reduzir o mal cheiro, o que se consegue, também, com o lançamento esporádico de cal e até pó de café; Deve ficar afastada 30 m do poço e num nível abaixo. Fossa seca Esgoto na zona rural A escavação frequentemente atinge o lençol freático ou se aproxima muito dele. Embora constitua perigo permanente à saúde pública, é solução viável para o ambiente rural, desde que se tomem todas as precauções. A penetração de bactérias vai até 0,60 m em solos úmidos, então a escavação deve ser limitada a 0,60 m acima do lençol. Fossa negra Esgoto na zona rural Fossa negra A distância mínima de localização em relação às fontes de suprimento de água deve ser de 45 metros. Deve-se proteger sua superfície contra a penetração de águas pluviais. Esgoto na zona rural Privada seca Semelhante à fossa negra, só que a escavação deve distanciar-se mais do lençol freático, melhorando a oxidação da matéria orgânica e diminuindo a possibilidade de contaminação do lençol subterrâneo. Esgoto na zona rural Privada tubular Profunda em relação ao lençol subterrâneo, é geralmente usada em terrenos frouxos. Têm, geralmente, diâmetro de 40 cm. Apresenta como vantagens a facilidade de construção e o bom controle de insetos, enquanto a grande possibilidade de contaminação do lençol subterrâneo e a pequena capacidade constituem as desvantagens. Esgoto na zona rural ESGOTO SEMIDINÂMICO Necessita de transporte hídrico, ainda que pequeno. É considerado ideal para a zona rural, sendo pouco aplicado em virtude da inexistência de água encanada. É um tratamento primário sem separação preliminar. Pertencem a esse tipo a fossa séptica ou tanque séptico, com largo emprego na solução do destino dos despejos das habitações sendo de fácil construção. Esgoto na zona rural Tanque séptico A fossa séptica é um tanque impermeável onde os esgotos brutos permanecem por algumas horas, antes de serem lançados no solo ou numa rede de coleta. Nele, micro-organismos existentes naturalmente nos esgotos, mineralizam parte da matéria orgânica, gerando lodo (que deve ser retirado, pelo menos, uma vez ao ano), gases, escuma e efluente. Esgoto na zona rural Tanque séptico Esgoto na zona rural Tanque séptico - Constituição É constituído de caixa estanque para retenção dos esgotos por um período médio de 24 horas. Pode ser construído em concreto ou de alvenaria revestida de cimento com adição de um impermeabilizante. Esgoto na zona rural Tanque séptico - Capacidade Vai depender da quota de água per capita e da capacidade prevista para armazenamento do lodo. É conveniente adotar 100 L hab-1 dia-1 de efluentee 45 L hab-1 ano-1 para o armazenamento do lodo. Esta quota deve ser usada para até dez pessoas. Esgoto na zona rural Tanque séptico - Funcionamento O tanque recebe os esgotos e, devido à ação de bactérias, os sólidos em suspensão sofrem digestão parcial ou total, transformando-se em lodo. Forma-se três zonas nitidamente diferenciadas: Uma superior de espuma (escuma), uma zona clarificada e uma zona inferior, onde o lodo se deposita, devendo ser removido de tempos em tempos. Nas grandes instalações o lodo é conduzido para leitos de secagem e nas pequenas, o lodo é retirado com bombas ou baldes e enterrado. Não apresenta mau cheiro. Esgoto na zona rural Fossa séptica - Localização Devem ser localizadas em pontos menos elevados que as fontes de suprimento de água, à distância mínima de 15 metros e em cota que permita o esgotamento total. Precisa ser instalada em ponto que permita facilidade para inspeção, o que se fará dois anos após entrar em funcionamento e, periodicamente, uma vez por ano. O tubo efluente deve sair à profundidade inferior a 0,60 m da superfície do solo. Esgoto na zona rural Tanque séptico - Uso Antes de iniciar o funcionamento deve-se semear a flora bacteriana. Todo o esgoto doméstico pode ser encaminhado para o tanque, devendo-se, porém, impedir a intromissão de águas pluviais e detergentes fortes que matariam as bactérias. Deve-se inspecionar o efluente e o próprio tanque, para verificar se o tratamento está se processando. TRATAMENTO DE EFLUENTES EM ZONAS PERIURBANAS E RURAIS Instalação de fossas Instalação de fossa e filtro anaeróbio Sistema enterrado Sistema em fase de aterramento TRATAMENTO DE EFLUENTES EM ZONAS PERIURBANAS E RURAIS Esgoto na zona rural Tanque séptico - Efluente O efluente do tanque séptico é um líquido claro, com grande teor de matéria orgânica, altamente putrescível, de cheiro desagradável. É um líquido contaminado e perigoso, não sendo solução sanitária seu lançamento a céu aberto. Um segundo tratamento deve ser previsto para oxidar a matéria orgânica, tornando-a inofensiva, sendo obtido através de três sistemas principais: poços absorventes, campos de adsorção (irrigação sub- superficial) e trincheiras filtrantes. Esgoto na zona rural Fossa de pedra Quando o solo é impermeável, uma solução é a construção de uma fossa de pedra que é uma cova cheia de pedras de mão tipo seixo rolado. Os esgotos devem, antes, passar por um tanque séptico. Uma grande limitação dessa solução, é o pouco espaço ocupado pelo efluente, que vai se infiltrando aos poucos (muito lentamente) no solo em volta. Microrganismos que se desenvolvem na superfície das pedras e se alimentam do esgoto, é a justificativa para a sua presença. Esgoto na zona rural Fossa de pedra Esgoto na zona rural SUMIDOURO Esgoto na zona rural Sumidouro Também conhecidos como poços absorventes ou fossas absorventes, são escavações feitas no terreno para disposição final do efluente de tanque séptico, que se infiltram no solo pela área vertical (parede). Seu uso é favorável somente nas áreas onde o aquífero é profundo, onde possa garantir a distância mínima de 1,50m entre o seu fundo e o nível aquífero máximo”. Esgoto na zona rural Campo de absorção Uma solução para os solos permeáveis é o campo de absorção que pode se constituir num excelente projeto de irrigação sub-superficial. O esgoto deve passar, antes, por uma fossa séptica e por uma caixa de distribuição. Esgoto na zona rural Esgoto na zona rural Trincheira filtrante A trincheira filtrante ou campo de infiltração é uma solução individual para o lançamento dos esgotos domésticos nos terrenos impermeáveis ou pouco permeáveis. Assim como no campo de absorção as manilhas utilizadas nos coletores não devem se tocar nas extremidades, ou seja, devem ficar afastadas uma da outra da ordem de 6 mm, a fim de facilitar a passagem dos esgotos para o solo. Esgoto na zona rural Dimensionamento de Fossas As fossas deverão ser dimensionadas de maneira que seus efluentes atendam às seguintes condições: a) Não prejudiquem as condições próprias à vida nas águas receptoras. b)Não prejudiquem as condições de balneabilidade de praias e outros locais de recreio e esporte. c) Não propiciem a poluição de águas subterrâneas. d)Não propiciem a poluição de águas localizadas ou que atravessem núcleos de população ou daquelas utilizadas na dessedentação de rebanhos e na horticultura. e) Não provoquem odores desagradáveis, presença de insetos e outros incovenientes A Norma NB-41 permite o cálculo do Volume Útil das fossas sépticas através da seguinte expressão : Vu = 1000 + N x ( C x T + K x Lf), Onde, N= nº de contribuintes C = contribuição de despejos em litros/pessoa dia (Tabela 01) T = período de detenção, em dias (Tabela 02) K = Taxa de acumulação de lodo digerido (em dias) Lf = contribuição de lodo fresco em litros/pessoa (Tabela 01) Exercício 1: Em um alojamento, que vai se instalar próximo ao canteiro de obra de uma barragem, vão se hospedar 60 funcionários. Neste alojamento, vai haver ainda um restaurante que pode servir até 130 refeições por dia. Para solucionar o problema de disposição de esgotos optou-se pela construção de uma fossa séptica. Diante desta situação, determine o seu volume útil;
Compartilhar