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Espermatogênese O aparelho reprodutor masculino é composto pelos testículos, ductos genitais, glândulas acessórias e pênis. O testículo é responsável por produzir os hormônios sexuais masculinos e espermatozoides. Os ductos genitais e as glândulas acessórias produzem secreções que transportam os espermatozoides para o exterior. O espermatozoide e a secreção compõem o sêmen. Testículos Os testículos situam-se no escroto, uma estrutura semelhante a uma bolsa, derivada da cútis. Eles se localizam dentro do processo vaginal, uma extensão separada do peritônio, o qual atravessa a parede abdominal pelo canal inguinal. Os espermatozoides deixam o testículo pelos ductos eferentes e vão em direção ao ducto espiralado do epidídimo, que continua como ducto deferente. Representação do sistema tubular do touro cab. e: cabeça do epidídimo; caud. e: cauda do epidídimo; corp. e: corpo do epidídimo; dd: ducto deferente; de: ducto do epidídimo; def: ductúlo eferente; lb: lóbulo com túbulos seminíferos; rt: rete restis; tr: túbulo reto; t: testículo Cada testículo é envolvido por uma grossa cápsula de tecido conjuntivo denso, a túnica albugínea. Ele é dividido em lóbulos e cada lóbulo é ocupado por um a quatro túbulos seminíferos que se alojam como novelos envolvidos por um tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e células intersticiais (células de Leydig). Túbulos Seminíferos Os túbulos seminíferos estão dispostos em alças, e suas extremidades se continuam nos túbulos retos. Os túbulos retos conectam os túbulos seminíferos a uma rede testicular. Em continuação, os ductos eferentes conectam a rede testicular ao ducto epididimário (ducto do epidídimo). A parede dos túbulos seminíferos é formada pelo epitélio germinativo (epitélio seminífero), por uma lâmina basal e por uma bainha de tecido conjuntivo. As células de Leydig se situam no tecido conjuntivo, ocupando a maior parte do espaço entre os túbulos seminíferos. O epitélio seminífero é formado pelas células de Sertoli, que são as células de sustentação e pelas células que constituem a linhagem espermatogênica (que produzem os espermatozoides). Por volta do 5º mês da vida fetal, as células germinativas primordiais migram do saco vitelino para a gônada masculina, produzindo os gonócitos. Antes da puberdade, os gonócitos se diferenciam em espermatogônias. A proliferação das espermatogônias e as divisões meióticas são conhecidas como espermatocitogênese. As células haploides resultantes (as espermátides) vão se modificar estruturalmente para formar os espermatozoides pelo processo de espermiogênese. Ambos os processos fazem parte da espermatogênese. Espermatocitogênese Na puberdade, as espermatogônias iniciam divisões mitóticas para formar dois tipos de células: as espermatogônias A e B. As espermatogônias A têm a função de células- tronco, restabelecendo a população dessas células. As espermatogônias B dividem-se para formar os espermatócitos primários (maiores células da linhagem espermatogênica). Os espermatócitos primários duplicam seu DNA (ficando com 46 cromossomos) e, na primeira divisão meiótica, originam os espermatócitos secundários (com 23 cromossomos). Os espermatócitos secundários entram na segunda divisão da meiose para originar as espermátides (com 23 cromossomos). A espermatocitogênese dura 45 dias no touro. Componentes do epitélio germinativo (HE. Grande aumento) Espermiogênese Durante a espermiogênese, as espermátides arredondadas se transformam em espermatozoides sem que ocorra nenhuma divisão celular. Essa etapa pode ser dividida em quatro fases: Golgi, capuchão, acrossomo e maturação. A fase de Golgi caracteriza-se pela formação de grânulos pró-acrossômicos dentro do aparelho de Golgi, com a coalescência destes para formar um único grânulo acrossomático e a aderência deste a uma vesícula acrossômica. Há também o desenvolvimento inicial da cauda e a migração do centríolo para perto da superfície da célula, o qual forma o axonema (microtúbulos que formam o eixo central do flagelo). A fase do capuchão caracteriza-se pela distribuição dos grânulos acrossomáticos sobre os núcleos e pelo alongamento dos componentes da cauda axonema. Na fase do acrossomo, a vesícula e o grânulo acrossômico formam o capuz acrossômico e depois o acrossomo. O acrossomo contém enzimas hidrolíticas capazes de dissociar as células da corona radiata e de digerir a zona pelúcida dos ovócitos, se assemelhando a um lisossomo. O núcleo da espermátide passa a se achatar e alongar e voltar-se a base do túbulo seminífero. O citoplasma se desloca caudal ao núcleo. O flagelo cresce a partir de um dos centríolos e as mitocôndrias se acumulam ao redor da parte proximal do flagelo (peça intermediária). Na etapa de maturação grande parte do citoplasma é perdido na forma de corpos residuais, os quais são fagocitados pelas células de Sertoli e os espermatozoides são liberados no lúmen do túbulo e transportados ao epidídimo pelo fluido testicular (produzido pelas células de Sertoli e composto de esteroides, proteínas, íons e uma proteína ligante de andrógeno). Representação esquemática da espermiogênese Espermiação A liberação de células germinativas formadas para dentro do lúmen dos túbulos seminíferos é conhecida como espermiação. A extrusão dos componentes espermáticos continua até que apenas um delgado tronco de citoplasma ligue o colo da espermátide a corpo residual. A ruptura do tronco forma a gota citoplasmática ou protoplasmática no colo do espermatozoide (gota proximal) e retém corpos residuais. Se a gota for formada na região do annulus (região do espermatozoide semelhante a um anel) é chamada de gota distal. Quando os espermatozoides são liberados, os corpos residuais são fagocitados pelas células de Sertoli. Espermatozoide bovino 1: Cabeça; 2: Acrossomo em secção sagital; 3: Colo; 4: Peça intermediária; 5: Annulus; 6: Peça principal; 7: Peça terminal. Barreira Hematotesticular Os túbulos seminíferos não são penetrados por vasos, protegendo as células germinativas das modificações químicas do sangue. Essa proteção se dá pela barreira hematotesticular ou sanguíneo-testicular. A barreira hematotesticular tem dois componentes principais: a barreira incompleta das células mióides que permite uma certa permeabilidade e as junções oclusivas entre as células de Sertoli que dividem os túbulos seminíferos em dois compartimentos: o compartimento basal e o adluminal. Barreira hematotesticular 1: Células mioides; 2: Lâmina basal; 3: Espermatogônia; 4: Espermatócito; 5: Espermátide inicial; 6: Espermátides avançadas. Em amarelo está o compartimento basal e em azul está o compartimento adluminal 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 O compartimento basal é livremente acessível aos componentes que penetram na camada mioide, estando abaixo da barreira hematotesticular e sendo composta de espermatogônias. As espermatogônias se dividem e os espermatócitos atravessam esse compartimento para atingir o adluminal. O compartimento adluminal é composto de espermatócitos e espermátides e possui uma grande variação de permeabilidade graças as junções das células de Sertoli. Células de Sertoli Além de formar a barreira hematotesticular e fagocitar os corpos residuais das espermátides, as células de Sertoli possuem diversas outras funções: → Secretam ABP (androgen-binding protein), uma proteína ligante de andrógeno que serve para concentrar testosterona nos túbulos seminíferos para estimular a espermatogênese por estímulo de FSH; → Convertem testosterona em estradiol e secretam inibina (peptídeo que suprime a síntese e liberação de FSH); → Produzem o hormônio antimülleriano,o qual regride a formação dos ductos de Müller e induz o desenvolvimento dos ductos de Wolff; Controle Endócrino A espermatogênese requer estímulo hormonal das gonadotrofinas hipofisárias (FSH e LH) e estas são controladas pela secreção do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) do hipotálamo. As células de Leydig são estimuladas a secretar andrógenos por estímulos do LH. Estes andrógenos atuam nas células de Sertoli e são secretados na corrente sanguínea para atuar no próprio hipotálamo (e hipófise) para impedir a liberação de LH adicional por feedback negativo e para desenvolver as características sexuais secundárias do macho. O FSH estimula a produção de ABP e inibina pelas células de Sertoli. O ABP se liga aos andrógenos e é transportado com os espermatozoides para o epidídimo. A inibina inibe a secreção de FSH por feedback negativo. De modo contrário, a ativina estimula a secreção de FSH pela hipófise. A testosterona, nos túbulos seminíferos, é convertida em diidrotestosterona (DHT) e uma pequena quantidade em estradiol. Controle endócrino da espermatogênese Termorregulação Os testículos devem ser mantidos em uma temperatura mais baixa que a do corpo para o controle da espermatogênese. A pele escrotal é dotada de grandes glândulas sudoríparas adrenérgicas e seu componente muscular (darto) permite alterar a espessura de contato do testículo com a parede do corpo. Em condições de frio, os músculos lisos do funículo espermático e túnica albugínea se contraem, elevando o testículo e engurrando o escroto. No calor, os músculos relaxam, abaixando o testículo para o interior do escroto. A espermatogênese só acontece a temperaturas abaixo da corporal (37 °C). A temperatura dos testículos é de 35 °C, sendo controlada por diferentes mecanismos. Os animais domésticos possuam a artéria testicular na forma de cone, estando relacionada ao plexo pampiniforme das veias testiculares. Nesse mecanismo contracorrente, o sangue arterial que está entrando no testículo é resfriado pelo sangue venoso que está partindo do testículo. Outro fator para regulação da temperatura é evaporação de suor da pele da bolsa escrotal. O músculo cremaster regula a temperatura do testículo. Ductos Intratesticulares Os ductos genitais intratesticulares, que se seguem aos túbulos seminíferos e conduzem espermatozoides e fluidos são os túbulos retos, a rede testicular e ductos eferentes. Os túbulos retos são continuações dos túbulos seminíferos, mas neles faltam as células da linhagem espermatogênica. Eles se continuam na rede testicular. Da rede testicular saem os ductos eferentes formados por grupos de células epiteliais cuboides não ciliadas com grupos de células ciliadas. As células não ciliadas absorvem fluido secretado pelos túbulos seminíferos, criando um fluxo que conduz os espermatozoides para o epidídimo. Gradualmente, os ductos eferentes se fundem para formar o ducto do epidídimo. Ductos Genitais Extratesticulares Os ductos genitais extratesticulares, que transportam os espermatozoides do testículo para o meato do pênis são o ducto do epidídimo, o ducto deferente e a uretra. O epidídimo pode ser dividido em três componentes anatômicos: a cabeça (com os ductos eferentes), o corpo e a cauda (ambas com os ductos do epidídimo). Há uma progressiva diminuição na altura do epitélio e dos estereocílios e um aumento do lúmen ao longo dos três segmentos. Os dois primeiros estão relacionados com a maturação espermática, enquanto o segmento terminal destina-se ao armazenamento do esperma. O ducto do epidídimo é formado por um epitélio colunar pseudoestratificado com estereocílios. O epitélio participa da absorção e digestão dos corpos residuais das espermátides, que são eliminados na espermatogênese. As contrações peristálticas do músculo liso ajudam a mover o fluido ao longo do tubo. O ducto deferente é uma continuação do ducto do epidídimo que termina na uretra, onde esvazia seu conteúdo. Seu lúmen é estreito com uma espessa camada de músculo liso. Sua mucosa forma dobras sendo quase toda coberta por um epitélio pseudoestratificado com estereocílios. Ele também promove contrações peristálticas para a expulsão do sêmen. O ducto deferente faz parte do cordão espermático, um conjunto de estruturas que inclui a artéria testicular, o plexo pampiniforme e nervos. Antes de entrar na próstata, o ducto se dilata e forma a ampola. Ao penetrar na próstata forma o ducto ejaculatório, para posteriormente penetrar na uretra prostática. Aparelho reprodutor masculino Transporte dos Espermatozoides Os espermatozoides testiculares são transportados pelo epidídimo. Durante o trânsito, os espermatozoides passam pelo processo de maturação no qual ganham a capacidade potencial de fertilizar os óvulos. A maturação inclui as seguintes modificações: desenvolvimento do potencial para sustentar a motilidade, perda de água progressiva, migração distal e perda da gota citoplasmática. A passagem dos espermatozoides pelo epidídimo depende de contrações na parede do ducto. O tempo de trânsito pode ser reduzido pelo aumento da frequência de ejaculação. Os espermatozoides testiculares ainda são inférteis. A falta de fertilidade permanece até a cabeça do epidídimo, estando relacionada à motilidade, pois eles possuem movimentos ativos nadando circularmente, mas ainda são incapazes do movimento unidirecional. O desenvolvimento da fertilidade ocorre durante o trânsito epididimário. O principal local de estocagem dos espermatozoides é na cauda do epidídimo. Os restantes (reserva extragonadal) ficam no ducto epididimário, da cabeça a cauda. A maior parte dos espermatozoides não ejaculados é excretada na urina e os que não são eliminados entram em senescência gradual. Pênis No pênis dos mamíferos, três corpos cavernosos são agregados ao redor da uretra peniana. O corpo esponjoso do pênis (corpo cavernoso da uretra) é amplo e se localiza ventralmente ao pênis, envolvendo a uretra e os dois corpos cavernosos do pênis estão localizados na parte dorsal do pênis. Uma cobertura espessa de tecido conjuntivo denso (a túnica albugínea) inclui os corpos cavernosos. Em ruminantes e suínos, o músculo retrator do pênis controla o comprimento efetivo do pênis. O prepúcio é uma dobra retrátil de pele que contém tecido conjuntivo e músculo liso em seu interior. A ejaculação é a passagem do sêmen resultante ao longo da uretra peniana. Durante o serviço natural, as terminações nervosas sensoriais do tegumento peniano e dos tecidos penianos profundos são essenciais no processo de ejaculação. A passagem do sêmen através dos ductos deferentes é continua até mesmo na inatividade sexual, portanto, é um processo cíclico ou casual de remoção de espermatozoides da cauda do epidídimo. Pênis nos animais domésticos A1: pênis do touro antes da introdução; A2: pênis do touro após a introdução, quando o desvio em espiral já ocorreu; B: pênis do carneiro durante a monta natural; C: pênis de cachaço durante a introdução; D: pênis de garanhão A excitação sexual e a ejaculação são acompanhadas por contrações da cauda do epidídimo e do ducto deferente, aumentando a taxa de fluxo de espermatozoides.
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