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Cardiopatias congênitas DEFINIÇÃO • Defeito estrutural ou funcional presente ao nascimento, mesmo que descoberta mais tarde. • Cerca de 90% das crianças com cardiopatia ETIOLOGIA • Fatores ambientais e genéticos contribuem para o desenvolvimento da cardiopatia congênita. • Fatores ambientais: doença materna (p. ex., diabetes, rubéola, lúpus eritematoso sistêmico) ou ingestão materna de agentes teratogênicos (p. ex., lítio, isotretinoína, anticonvulsivantes). • Fatores genéticos: Certas anormalidades cromossômicas numéricas (aneuploidias), como a trissomia do 21 (síndrome de Down), trissomia do 18, trissomia do 13 e monossomia do X (síndrome de Turner) estão fortemente associadas a cardiopatias congênitas. No entanto, essas anomalias representam apenas de 5 a 6% dos pacientes com cardiopatias congênitas. CIRCULAÇÃO FETAL E NEONATAL • A circulação fetal difere da extra-uterina anatômica e funcionalmente. CIRCULAÇÃO INTRA-UTERINA • O sangue rico em nutrientes e O2 chega da placenta através da veia umbilical para o fígado, pelo qual grande parte passa pelo ducto venoso diretamente para a veia cava inferior (outra parte flui pelos sinusoides hepáticos e posteriormente desembocarão nas veias hepáticas); • A veia cava inferior recebe sangue desoxigenado da pelve, abdome e membros inferiores, também recebendo do fígado; entretanto, o sangue oxigenado da placenta é apenas parcialmente contaminado antes de chegar ao coração; • A veia cava inferior desemboca no AD e o sangue oxigenado é dirigido principalmente para o forame oval, passando para o AE, onde se mistura com sangue desoxigenado que chega das veias pulmonares; • A veia cava superior desemboca no AD trazendo sangue desoxigenado da parte superior do corpo, que flui para o VD e para o tronco da artéria pulmonar (a maior parte desse sangue passa para a aorta por meio do ducto arterioso, apenas cerca de 10% continua); depois de nutrir o tronco, vísceras abdominais e membros inferiores, o sangue passa para as artérias umbilicais, chegando à placenta, onde será oxigenado; • O ducto arterioso protege os pulmões da sobrecarga circulatória e permite que o VD se fortaleça em preparação para a sua total capacidade funcional ao nascimento; • Aproximadamente 65% do sangue na aorta descendente retorna para a placenta através das artérias umbilicais; os 35% restantes suprem a parte inferior do corpo. CIRCULAÇÃO EXTRA-UTERINA • Após o parto, ocorre interrupção brusca do fluxo sanguíneo placentário; além disso, a compressão do tórax faz com que o líquido amniótico seja expulso dos pulmões, o que os enche de ar nas primeiras respirações; • As três estruturas mais importantes na circulação de transição são: o ducto venoso, o forame oval e o ducto arterial; • O ducto arterioso se oblitera, por vasoconstrição, de maneira que a circulação pulmonar aumenta; a partir daí, maior quantidade de sangue se dirige aos vasos pulmonares e depois ao AE, aumentado aí a pressão, que supera a existente no AD; • O aumento de pressão no AE leva ao fechamento funcional do forame oval pela junção dos septos primário e secundário; • Em 25% da população este fechamento não ocorre, sem que isso afete de modo significativo a circulação; • O fechamento do ducto arterial parece ser mediado pela bradicinina, substância liberada pelos pulmões durante sua distensão inicial; tal substância possui potentes efeitos na musculatura lisa; • Durante a vida fetal, a manutenção da abertura do ducto arterioso é controlada pelo baixo teor de oxigênio no sangue que o atravessa e pela produção de prostaglandinas endógenas que atuam no músculo liso, causando seu relaxamento; o seu fechamento, por outro lado, está relacionado ao alto teor de oxigênio resultante da aeração dos pulmões ao nascimento; • O DAP (ducto arterial persistente) é a anomalia congênita mais comum associada à infecção materna por rubéola durante o início da gravidez. • As artérias umbilicais (no cordão umbilical) se obliteram e fibrosam na sua porção distal, transformando-se nos ligamentos umbilicais mediais aos 4 meses de vida; • A veia umbilical e o ducto venoso se contraem, porém não tão rapidamente como as artérias umbilicais; a veia umbilical se fecha após algum tempo depois do nascimento e mais adiante formará o ligamento redondo do fígado (estende-se do umbigo à porta do fígado); a obliteração do ducto venoso dá origem ao ligamento venoso (estende-se do ramo esquerdo da veia porta até a veia cava inferior); • O fechamento da circulação placentária causa uma queda imediata da pressão sanguínea na VCI e no AD; • Nos primeiros dias de vida extra-uterina, pode haver curto-circuito da esquerda para a direita por meio do ducto arterioso, assim como passagem do sangue da direita para a esquerda pelo forame oval; • O fechamento anatômico do forame oval ocorre no terceiro mês e resulta da proliferação de tecido e adesão do septo primum (forma assoalho da fossa oval) ao septum secundum (forma margem da fossa oval); • A parede do VD é mais espessa em fetos e bebês recém-nascidos devido ao trabalho mais intenso do VD na vida fetal; ao final do primeiro mês, a parede do VE já é mais espessa que a do VD, que se atrofia pela menor carga de trabalho; • As mudanças anatômicas são mais lentas e ocorrem em mais ou menos 6 meses; no caso dos vasos sanguíneos destinados a se obliterarem, ocorre proliferação da túnica íntima até que a luz do vaso desapareça; • O fechamento dos vasos fetais e do forame oval é inicialmente uma alteração funcional; mais tarde, resulta da proliferação de tecidos epitelial e fibroso. • A veia umbilical permanece patente por um período considerável e pode ser usada para transfusões sanguíneas no início da infância; CARDIOPATIAS CIANÓTICAS • Quantidades variadas de sangue venoso desoxigenado são derivadas do coração esquerdo (derivação da direita para a esquerda), reduzindo a saturação de oxigênio arterial sistêmico. • A cianose aparece quando a hemoglobina (Hb) desoxigenada é >5 g/dL. TETRALOGIA DE FALLOT • É responsável por 7 a 10% das anormalidades cardíacas congênitas. • Fisiopatologia: O defeito do septo ventricular na tetralogia de Fallot é frequentemente descrito como um tipo de desalinhamento, uma vez que o septo conal é deslocado anteriormente. – Esse septo deslocado se projeta para a via de saída pulmonar, muitas vezes resultando em obstrução e hipoplasia das estruturas a jusante, incluindo a valva pulmonar, artéria pulmonar principal e ramos da artéria pulmonar. – Defeito do septo ventricular normalmente é grande; portanto, as pressões sistólicas nos ventrículos direito e esquerdo (e na aorta) são iguais. Obstrução leve pode produzir derivação da esquerda para a direita líquida – através do DSV; Obstrução grave ocasiona derivação da direita para a esquerda, – acarretando saturação arterial sistêmica baixa (cianose), que não responde à suplementação com oxigênio. • Em algumas crianças com tetralogia de Fallot não reparada, geralmente aquelas com alguns meses até 2 anos de idade, podem ocorrer episódios súbitos de cianose e hipoxia graves (crise hipercianótica), que podem ser letais. • Uma crise pode ser desencadeada por qualquer evento que diminua lentamente a saturação de oxigênio (p. ex., choro, evacuação) ou que subitamente reduza a resistência vascular sistêmica (p. ex., brincadeiras, esticar as pernas ao despertar) ou por crise súbita de taquicardia ou hipovolemia. TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS (TGA) • Ocorre quando a aorta se origina diretamente do ventrículo direito e a artéria pulmonar do ventrículo esquerdo, resultando em circulações pulmonares e sistêmicas paralelas independentes; • O sangue oxigenado não pode alcançar o corpo, exceto através de aberturas conectando os lados direito e esquerdo (ex.: forame oval aberto, defeito do septo ventricular (DSV)) • Os principais sintomas graves neonatais sãocianose e, ocasionalmente, IC, se houver associação de DSV. • Fisiopatologia: As circulações pulmonares e sistêmicas são completamente separadas na transposição das grandes artérias. – Após retornar para o coração direito, o sangue venoso sistêmico dessaturado é bombeado para a circulação sistêmica sem ter sido oxigenado nos pulmões; o sangue oxigenado entra no coração esquerdo e volta para os pulmões, em vez de ir para as outras partes do corpo. – Essa anomalia não é compatível com a vida, a não ser que o sangue dessaturado e oxigenado possa misturar-se através das aberturas em um ou mais níveis (ex: nível atrial, ventricular ou de grandes artérias). ATRESIA TRICÚSPIDE • É a ausência da valva tricúspide acompanhada por ventrículo direito hipoplásico. • Anomalias associadas são comuns e incluem defeito septal atrial, defeito septal ventricular, persistência do ducto arterioso, estenose valvar pulmonar e transposição das grandes artérias. • Os sinais iniciais incluem cianose e os sinais da insuficiência cardíaca. • A atresia tricúspide corresponde por 1 a 3% das CC. • O tipo mais comum (às vezes, chamado atresia tricúspide clássica) inclui um defeito do septo ventricular (DSV) e estenose pulmonar, que resultam em aumento do fluxo sanguíneo pulmonar, pressão elevada do átrio direito e derivação obrigatória da direita para a esquerda em nível atrial, através de um forame oval estreito ou um defeito do septo (DSA), que causa cianose. ATRESIA PULMONAR • Atresia pulmonar costuma ocorrer em conjunto com a hipoplasia da valva tricúspide e ventrículo direito. • Anormalidades arteriais coronarianas, especialmente conexões fistulosas das artérias coronárias com o ventrículo direito hipoplástico e estenoses das artérias coronárias, são comuns e têm grande impacto sobre o prognóstico e opções cirúrgicas. PERSISTÊNCIA DO TRONCO ARTERIOSO • Tronco arterioso persistente ocorre quando, durante o desenvolvimento fetal, o tronco primitivo não se divide em artéria pulmonar e aorta, resultando em um único grande tronco arterial que se sobrepõe uma grande DSV do tipo desalinhado. • Consequentemente, uma mistura de sangue oxigenado e não oxigenado entra nas circulações sistêmica, coronariana e pulmonar. • Os sintomas incluem cianose e IC, com alimentação deficiente, diaforese e taquipneia. RETORNO PULMONAR VENOSO ANÔMALO TOTAL (TAPVR) • No retorno pulmonar venoso anômalo total, a veia pulmonar não se conecta ao átrio esquerdo. • Em vez disso, todo o retorno venoso pulmonar entra na circulação venosa sistêmica através de uma ou mais conexões embriológicas persistentes. • Se não houver obstrução no retorno venoso pulmonar, a cianose é leve e os pacientes podem ser minimamente assintomáticos. • Pode ocorrer obstrução grave do retorno venoso pulmonar, resultando em cianose neonatal grave, edema pulmonar e hipertensão pulmonar. CARDIOPATIAS ACIANÓTICAS • A característica mais evidente das cardiopatias acianóticas que cursam com fluxo aumentado no pulmão é o cansaço fácil e episódios de pneumonia de repetição. Derivação da esquerda para a direita • São as derivações do sangue oxigenado, do coração esquerdo (átrio esquerdo ou ventrículo esquerdo) ou da aorta, para o coração direito (átrio direito ou ventrículo direito) ou para a artéria pulmonar, através de uma abertura ou comunicação entre os 2 lados. • Logo após o nascimento, a resistência vascular pulmonar é elevada e o fluxo através dessa comunicação pode ser mínimo ou bidirecional. • Nas primeiras 24 a 48 horas de vida, porém, a resistência vascular pulmonar cai progressivamente quando o sangue flui cada vez mais da esquerda para a direita. • O fluxo de sangue adicional do lado direito aumenta o fluxo sanguíneo pulmonar e a pressão da artéria pulmonar para variados graus. • Quanto maior o aumento, mais graves são os sintomas; em geral uma pequena derivação da esquerda para a direita não causa sinais ou sintomas. DEFEITO DO SEPTO VENTRICULAR (DSV) • DSV é uma abertura no septo interventricular, provocando derivação entre os ventrículos. • Grandes defeitos resultam em derivação significativa da esquerda para a direita, causando dispneia, com deficiências alimentar e de crescimento. • É comum sopro holossistólico alto, rude, audível na borda esternal esquerda inferior. • Podem se desenvolver infecções respiratórias recorrentes e insuficiência cardíaca. Fisiopatologia: Defeitos maiores= O sangue flui facilmente; defeitos não restritivos. A pressão se equaliza entre os ventrículos direito e esquerdo e há uma – grande derivação esquerda-direita. Se não houver estenose pulmonar, com o tempo, grande derivação causa hipertensão e aumento da resistência vascular da artéria pulmonar, sobrecarga de pressão ventricular direita e hipertrofia ventricular direita. No final, o aumento da resistência vascular pulmonar provoca reversão da direção da derivação (da direita para o ventrículo esquerdo), levando à síndrome de Eisenmenger. Defeitos menores= Defeitos do septo ventricular restritivos; limitam o fluxo de sangue e a transmissão de alta pressão ao coração direito. Esses pequenos DSVs resultam em derivação da esquerda para a direita – relativamente pequena, e a pressão na artéria pulmonar é normal ou minimamente elevada. Não se desenvolvem insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar e síndrome de Eisenmenger. DSVs moderados resultam em manifestações intermediárias. DEFEITO DO SEPTO ATRIAL (DSA) • É uma abertura no septo interatrial, provocando derivação da esquerda para a direita e sobrecarga de volume do átrio e do ventrículo direito. • As crianças são raramente sintomáticas, mas as complicações a longo prazo, após os 20 anos de idade, incluem hipertensão pulmonar, IC e arritmias atriais. • Adultos e, raramente, os adolescentes podem apresentar intolerância aos exercícios, dispneia, fadiga e arritmias atriais. • É comum o encontro de sopro mesossistólico leve na borda superior esquerda do esterno e divisão ampla e fixa do 2º sopro cardíaco (B2). • Fisiopatologia: A maioria dos pequenos DSA, como o forame oval patente, fecha-se espontaneamente durante os primeiros anos de vida. – Entretanto, moderados para grandes e persistentes DSA resultam em grandes derivações, levando à sobrecarga de volume no átrio e no ventrículo direito. – Se não reparados, essas grandes derivações podem levar à hipertensão arterial pulmonar, resistência vascular pulmonar elevada e hipertrofia ventricular direita por volta dos 30 ou 40 anos de idade. – Arritmias atriais, como taquicardia supraventricular (TSV), flutter atrial ou fibrilação atrial, também podem ocorrer. – Essencialmente, o aumento da pressão na artéria pulmonar e resistência vascular podem resultar em derivação atrial bidirecional com cianose (síndrome de Eisenmenger) durante meados e final da vida adulta. (mais comumente aos 40 anos). PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO (PDA) • É a persistência, após o nascimento, da conexão fetal (ducto arterioso) entre a aorta e a artéria pulmonar. • Na ausência de outras anormalidades cardíacas estruturais ou resistência vascular pulmonar elevada, o desvio na PDA será da esquerda para a direita (da aorta para a artéria pulmonar). • Fisiopatologia: O ducto arterioso é uma conexão normal entre a artéria pulmonar e a aorta necessária para a circulação fetal apropriada. Ao nascimento, a elevação da Pao2 e o declínio na concentração da prostaglandina causam o fechamento do ducto arterioso quase sempre nas primeiras 10 a 15 h de vida. Se esse processo normal não ocorrer, o ducto arterioso permanecerá patente; – As consequências fisiológicas dependem do tamanho do ducto. – Ductos pequenos raramente provocam sintomas. Um ducto grande (e curto) ocasiona grande derivação da esquerda para a direita. – Com o tempo, uma grande derivação resulta em alargamento do coração esquerdo, hipertensão arterial pulmonar e resistência vascular pulmonar elevada, acarretando,por fim, síndrome de Eisenmenger. DEFEITO NO SEPTO ATRIOVENTRICULAR • O defeito do septo atrioventricular (AV) consiste em defeito do septo atrial ostium primum e uma valva AV comum, com ou sem defeito do septo ventricular (DSV) associado no fluxo de entrada (do tipo septal AV). • Esses defeitos resultam do mau desenvolvimento dos coxins endocárdicos. • Pacientes sem nenhum componente de DSV ou com um pequeno DSV e boa função da valva AV podem ser assintomáticos. • Se há um componente de VSD grande ou regurgitação AV significativa, os pacientes muitas vezes apresentam sinais de insuficiência cardíaca, incluindo dispneia com a amamentação, crescimento deficiente, taquipneia e sudorese. • Sopros cardíacos, taquipneia, taquicardia e hepatomegalia são comuns. • Defeito do septo AV completo: Um defeito do septo atrioventricular completo consiste em um grande defeito do septo atrial ostium primum , localizado na face anteroinferior do septo, um DSV de entrada não restritivo e orifício valvar AV comum. – Esse defeito também é chamado defeito de canal AV comum completo. – Essas anormalidades provocam aumento de todas as 4 câmaras cardíacas. – Os achados hemodinâmicos são similares àqueles de um grande defeito do septo ventricular. Lesões Obstrutivas • O fluxo sanguíneo é obstruído, provocando gradiente pressórico através da obstrução. • O resultado é sobrecarga de pressão proximal à obstrução, que pode causar hipertrofia ventricular e insuficiência cardíaca. • A manifestação mais óbvia é sopro cardíaco, resultado da turbulência provocada pelo fluxo através do ponto obstruído (estenótico). ESTENOSE PULMONAR • A estenose pulmonar é o estreitamento da via de saída pulmonar, provocando a obstrução do fluxo sanguíneo VD para a artéria pulmonar durante a sístole. • Etiologia: A estenose pulmonar é mais frequentemente congênita e afeta predominantemente crianças; a estenose pode ser valvar ou localizar-se logo abaixo da valva na via de saída (infundibular). – Comumente é um componente da tetralogia de Fallot. ESTENOSE AÓRTICA • Estenose aórtica (EA) é o estreitamento da valva aórtica, obstruindo o fluxo sanguíneo do VE para a aorta ascendente durante a sístole. • As causas compreendem valva bicúspide congênita, esclerose degenerativa idiopática com calcificação e febre reumática. • A estenose aórtica não tratada progride e torna-se sintomática com um ou mais sintomas da tríade clássica de síncope, angina e dispneia de esforço; ela pode provocar insuficiência cardíaca e arritmias. • O sopro de ejeção crescendo-decrescendo é característico. • Fisiopatologia: O aumento da carga de pressão imposta pela estenose aórtica resulta na hipertrofia compensatória do ventrículo esquerdo (VE) sem aumento da cavidade (hipertrofia concêntrica). – Com o tempo, o ventrículo não mais pode compensar, causando aumento secundário da cavidade do VE, fração de ejeção (FE) reduzida, diminuição do débito cardíaco e um gradiente enganosamente baixo ao longo da valva aórtica (EA grave de baixo gradiente). COARCTAÇÃO DA AORTA • É um estreitamento localizado na luz da aorta, que provoca hipertensão das extremidades superiores, hipertrofia do ventrículo esquerdo e má perfusão de órgãos abdominais e extremidades inferiores. • Os sintomas variam com a gravidade da anomalia e vão desde cefaleia, dor torácica, extremidades frias, fadiga e claudicação das pernas até IC fulminante e choque. • Fisiopatologia: A coarctação da aorta geralmente ocorre na aorta torácica proximal quase um pouco além da artéria subclávia esquerda e quase ao longo da abertura do ducto arterioso. – Coarctação quase nunca envolve a aorta abdominal. – Assim, no útero e antes de a PDA se fechar, a maior parte do débito cardíaco desvia a coarctação via PDA. Pode acontecer isoladamente ou associada a outras anomalias congênitas As consequências fisiológicas envolvem 2 fenômenos: – Sobrecarga de pressão na circulação arterial proximal à coarctação – Hipoperfusão distal à coarctação • A sobrecarga de pressão causa hipertrofia do ventrículo esquerdo e hipertensão na parte superior do corpo, incluindo o encéfalo. • A hipoperfusão afeta os órgãos abdominais e os membros inferiores. • A má perfusão intestinal aumenta o risco de sepse causada por microrganismos entéricos. • Por fim, o gradiente de pressão aumenta a circulação colateral no abdome e membros inferiores via artérias intercostal, mamária interna, escapular e outras. SÍNDROME DO VENTRÍCULO ESQUERDO HIPOPLÁSICO • Consiste em hipoplasia do ventrículo esquerdo e da aorta ascendente, mau desenvolvimento e hipoplasia das valvas aórtica e mitral (com frequência há atresia aórtica), DSA e PDA. • Há choque cardiogênico e morte, a menos que a oclusão da PDA seja evitada com infusão da prostaglandina. B2 único hiperfonético e sopro sistólico inespecífico são frequentes. • A síndrome do coração esquerdo hipoplásico (SCEH) corresponde a 2% das anormalidades cardíacas e a segunda causa mais comum de lesão obstrutiva do coração esquerdo. • Em razão da hipoplasia de valva mitral, ventrículo esquerdo e valva aórtica (muitas vezes com atresia aórtica), o sangue oxigenado proveniente do pulmão entra no átrio esquerdo, é desviado através da comunicação atrial para o coração direito, no qual se mistura com o sangue venoso sistêmico dessaturado. • Esse sangue relativamente dessaturado sai do ventrículo direito através da artéria pulmonar para os pulmões e através do ducto arterioso para a circulação sistêmica. • O fluxo sanguíneo sistêmico é mantido apenas através da derivação da direita para a esquerda; assim a sobrevida imediata depende da PDA.
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