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1 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Anemia – Aula 2 Anemia Introdução • Mariana Galvão, 35 anos, parda, solteira; • QPD: Diarreia há quatro meses; • Está perdendo peso (8kg no período); • Mucosa descorada, +/IV. Presença de gânglios palpáveis em cadeia cervical, móveis, de consistência fibroelástica. Lembrar: • Diarreia aguda (duração <2 semanas); • Diarreia persistente (duração entre 2-4 semanas); • Diarreia crônica (duração > 4 semanas). A diarreia crônica tem várias causas. Mas o que chama atenção no quadro dessa paciente é a presença da anemia (descorada ao exame físico). Existe uma relação entre a fisiopatologia da SII e o processo o de anemia. A anemia na SII pode ser explicada pelo fato do paciente associar a alimentação com dor pós-prandial, reduzindo a ingesta de nutrientes (Ex.ferro). Anemias mais prevalentes em nosso meio: Anemia ferropriva e anemia de doença crônica. O paciente pode apresentar uma diarreia crônica que pode levar a um processo inflamatório que irá gerar repercussão medular, levando a um quadro de anemia. Na medula óssea, começa com a célula tronco hematopoiética que através de várias citocinas e marcadores vai se proliferando e evoluindo. O principal estimulador para formação de hemácias é a eritropoetina (90% é fabricada no rim e 10% é fabricada no fígado). Um dos fatores importantes para a formação da hemácia é a formação da hemoglobina que necessita de 1 anel de ferro (a protoporfirina se associa ao ferro, normalmente são 4 íons de ferro) e da cadeia de 4 globina. • Hemoglobina – Anel ferro + 4 globinas • A1 (principal) 95% - 2 cadeias alfas e 2 cadeias betas; • A2 – 3,5%; • Fetal - 1,5%. É importante saber os constituintes, já que existem alterações que modificam essas cadeias, a exemplo da anemia falciforme que modifica as cadeias beta. Quando fazemos um exame de eletroforese de hemoglobina já sabemos que essa A1 está diminuída por conta da cadeia beta e irá surgir uma hemoglobina nova que é a hemoglobina S. Existem algumas doenças intestinais que irão atuar em locais específicos e vão dificultar a absorção de alguns nutrientes (ex - ferro e vitamina B12), o que irá interferir na fabricação das hemácias. A vitamina B12 apresenta absorção no íleo distal, mas ela necessita de uma proteína que faz uma ligação que é produzida no estômago, o fator intrínseco. Por isso que doenças que peguem o íleo (diminuição da absorção da vitB12) e/ou o estômago – antro, fundo (diminuição na produção do fator intrínseco – FIG), podem cursar com deficiência de B12. Também, doenças pancreáticas (que podem também causar diarreias crônicas), vão causar a deficiência porque não vai existir o equipamento enzimático para degradar tanto o fator intrínseco quanto a vitamina B12, dificultando a absorção. O ferro tem sua absorção na segunda parte do duodeno e algumas doenças podem dificultar essa absorção do ferro. Exemplo: doença celíaca (pega o duodeno). Doença celíaca: Essa doença pode ter algumas manifestações atípicas também, como hepatites, lesões de pele etc. Para o diagnóstico é feito com sorologia para os anticorpos gliadinas ou transglutaminases, mas é necessário a biópsia duodenal através de uma endoscopia. Nessa biópsia, será avaliado uma atrofia e, depois disso é feita a retirada do glúten 2 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Anemia – Aula 2 e uma repetição do exame. Visto que essa atrofia sumiu, é confirmado o diagnóstico. Essa doença é investigada até em casos de resistência a reposição do ferro no tratamento da anemia ferropriva. Gastrite: pode gerar deficiência tanto de vitamina B12 quanto de ferro. Há a diminuição na liberação de hidrogênio (não tem a acidificação do meio) e, com isso, as proteínas específicas que dependem de um meio ácido, não conseguem agir, a exemplo do fator intrínseco. Em relação ao ferro, o meio ácido do estômago ajuda a absorção de ferro no início do duodeno, tanto que no tratamento da anemia ferropriva pede ao paciente para que faça o uso de frutas cítricas (laranja, limão – ajudam na absorção do ferro). A H. Pylori pode levar a gastrite. Inibidor da bomba de próton: pode dificultar a absorção do ferro. É um detalhe que deve ser lembrado ao tratar pacientes com anemia ferropriva e que utilize essa classe de medicamentos. AINES: inibem a cox1 e a cox2. A cox1 é fisiológica e é fator protetor tanto para o estômago quando para o rim. Então ao usar o AINE está bloqueando o fator protetor o que pode gerar úlceras, que podem sangrar levando a anemia ferropriva. OBS.: Em caso de gastrite e anemia, terminar de tratar a gastrite (3-4 semanas) e depois trata a anemia ou aumenta a dose do ferro ou ferro parenteral. Sempre avaliar risco-benefício. Na parte proximal do duodeno, os enterócitos têm um receptor (DMT1) que absorve metais, que faz o ferro entrar. Quando o corpo necessita de ferro, a ferroportina, que até então estava ligada à hepcidina (quem controla a entrada de ferro do enterócito para o vaso), fica livre e vai tirar o ferro do enterócito. O ferro então vai se ligar a transferrina e se distribuir para o corpo. Em situações normais, a hepcidina tá baixa, o que faz com que se tenha a passagem livre do ferro pela ferroportina, que se liga à transferrina, que vai distribuir o ferro para o corpo. O fígado é o principal captador do ferro. Ele também necessita da ferroportina para que o ferro entre. Depois que o ferro entra, ele é armazenado na forma de ferritina. Ferro (alimentação) → DMT1 → enterócito → ferroportina → transferrina → ferroportina → fígado → ferritina. Em situações onde o corpo não quer absorver o ferro, a hepcidina é produzida pelo fígado e com isso acaba impedindo esse transporte, pois ela vai se ligar a ferroportina. Isso acontece em processos inflamatórios, porque nessa situação o corpo entende que pode ser um processo infeccioso e o ferro em circulação pode auxiliar algumas bactérias e vírus a se multiplicarem. A anemia de doença crônica que é a anemia de inflamação, onde o corpo trava a absorção e aumenta o estoque de ferro no fígado. Isso gera umas mudanças na cinética do ferro. • Anemia de doença crônica: hepcidina alta, diminui absorção de ferro. • Anemia ferropriva: hepcidina baixa, aumenta absorção ferro. Alguns exames em laboratórios específicos são capazes de dosar a hepcidina. Investigação 3 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Anemia – Aula 2 Para fazer a investigação de qualquer tipo de anemia é necessário entender os sinais e sintomas do paciente (se a mucosa está descorada, se há glossite, queilite angular). Encontrou a anemia, é essencial pedir o hemograma com reticulócitos (hemácias imaturas). Quando tem o estímulo da eritropoietina, tem os percursores do eritrócito dentro da medula óssea que vão se maturando. Tem um estágio que é a maturação da medula óssea para ir para a periferia (sangue periférico), esse estágio é o reticulócito, é uma forma imatura, mas em transição pra formar hemácia. Então, toda vez que quiser saber o porquê do quadro de anemia, tem que pedir reticulócito. A destruição pode ser periférica ou um problema dentro da medula interferindo a formação dessa hemácia. O que pode interferir a formação da hemácia é a (1) falta de substrato (Ex. ferro, vitamina B12 e ácido fólico), as anemias carenciais; as (2) doenças sistêmicas (quadro de anemia de doença crônica), como doença renal, neoplasias, doenças auto imunes, endócrinas (pensar em hipo e hipertireodismo); as (3) doenças hematológicas, p. ex.: anemia falciforme, enzimopatias, talassemias, leucemias agudas, linfoma. O que irá ajudar a nortear é a história do paciente junto com o hemograma e reticulócitos. • Reticulócito normal/aumentado: anemia hiperproliferativa, Só tem emduas situações (hemorragias e na anemia hemolítica hereditário ou autoimune - destruição periférica). • Reticulócito baixo: anemia hipoproliferativa. Uma doença que altera a eritropoietina é a doença renal. Para-se de fabricar eritropoietina, então não há estímulo à medula, e se não estimula a medula não tem reticulócito, e consequentemente o reticulócito estará baixo. Em situações que tem a eritropoietina aumentada e a medula funcionando, não terá um quadro de anemia e sim um quadro de polissitemia (aumento da hemoglobina). Marcadores morfológicos Ao ver o hemograma com reticulócitos devemos focar na morfologia. Há 3 marcadores que são usados para definir a morfologia: ❖ VCM: volume corpuscular médio, ver o tamanho da hemácia – normo, micro ou macrocítica. Tamanho reduzido indica falta de conteúdo da hemoglobina, sendo o principal exemplo a anemia ferropriva. Já a macrocitose está relacionada com a deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico (anemia megaloblástica); ❖ HCM: concentração média da hemoglobina, coloração das hemácias – hipo, normo, hipercrômica. Único caso de anemia hipercrômica → esferocitose; ❖ RDW: nível de anisocitose, vê os formatos e coloração da hemácia. Quanto maior a porcentagem de anisocitose, maior a quantidade de hemácias de tamanho e coloração diferentes. • O hematócrito é 3X o valor da hemoglobina. Ex. hemoglobina de 10 → hematócrito de 30. Ajuda bastante quando se pensa em hemoconcentração (ex.dengue). A partir desses achados alterados, é possível definir esses 3 grandes grupos: • (1) anemia hipo micro - anemia ferropriva; Quem dá coloração a hemácia é o ferro. • (2) anemia normo nomo - anemia de doença crônica; • (3) anemia macrocítica - anemias megaloblásticas. 4 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Anemia – Aula 2 Anemia hipercrômica → Esferocitose Pegadinha clássica: Anemia com macrocitose e você não pediu o reticulócito, pode confundir. Pode ser um quadro tanto de anemia megaloblástica quanto de anemia hemolítica. Na maioria das vezes, anemias hiperproliferativas vão vim com macrocitose, pois vai ter muito reticulócito na periferia. Quando isso é contado na máquina, pode vim como se a hemácia fosse de tamanho maior. ➢ Hipoproliferativa → Anemia megaloblástica; ➢ Hiperproliferativa → Anemia hemolítica. Se tem diminuição da concentração de hemoglobina, vai ter uma hemácia falha, então é hipocrômica, faltando alguma coisa da hemoglobina, como o ferro (quem dá a coloração da hemácia). Se você não tem ferro, você não tem o conteúdo que vai estimular a hemácia (a hemácia é um saco cheio de hemoglobina, se não tem, esse saco fica menor e descorado). Por isso na anemia ferropriva temos um hemograma caracterizado por anemia, VCM E HCM baixo, ou seja, hemoglobina abaixo do valor de referência, volume pequeno (micro) e concentração de hemoglobina pequena (hipo). Diferente da megaloblástica, pois a B12 e o ácido fólico não atuam necessariamente na formação da hemoglobina, o defeito é na formação do DNA do precursor da hemácia, então já forma a hemácia de forma anormal, tendo uma dificuldade na sua maturação. Então, a hemácia é meio que imatura, tendo um formato maior do que deveria ser, tendo um volume maior (macro). Alguns casos, ela perde o formato de côncavo e vira meio que uma esfera. Já as anemias normocíticas e normocrômicas geralmente vem com processos inflamatórios ou DRC. Na DRC há dificuldade de liberar a EPO para estimular a medula, porém tem os 10% de EPO do fígado e tem- se todo substrato para a formação da hemácia, então ela fica com tamanho normal, normo/normo. Já no processo inflamatório apesar de você não liberar o ferro, você meio que consegue liberar as hemácias de tamanho normal. Um defeito do material genético pela falta de B12 e de ácido fólico gera uma hematopoese ineficaz, então, devido a isso, as hemácias entram em apoptose podendo lizar e liberar hemoglobina. Na degradação da hemoglobina, ela vira biliverdina que vai virar bilirrubina indireta. Então, nesses quadros de hematopoese ineficaz, tem-se o aumento da bilirrubina indireta (gerando icterícia), não é pela hemólise e sim por um problema dentro da medula que não consegue maturar adequadamente a hemácia, destruindo-a dentro da medula. Pensando no caso da paciente, então, o que pode levar a anemia dela poderiam ser 3 causas: 1. Quadro de sangramento (levando a anemia ferropriva) 2. Dificuldade de absorção (Podendo gerar tanto uma anemia ferropriva quanto megaloblástica) 3. Por uma doença crônica, processo inflamatório levando a uma doença renal. Principais causas de anemia ferropriva A principal causa de anemia ferropriva são doenças gastrointestinais. No adulto, tem que pensar sempre em sangramento do trato gastrointestinal. Por isso pensando que essa paciente venha com um hemograma com anemia hipocrômica e microcítica, ela está sangrando em algum lugar, ou ela é portadora de alguma doença que gera dificuldade para a absorção do ferro (tem-se como exemplo a doença celíaca). OBS.: as SII, retocolite e principalmente Cron que pode pegar qualquer área, gerando sangramento ou má absorção, pode levar a anemia ferropriva e na DC pode ter a B12 também. Isso é mais da pediatria. 5 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Anemia – Aula 2 Investigação de anemia ferropriva São 3 exames essenciais para diagnóstico de anemia ferropriva: 1. Dosagem do ferro sérico; 2. Ferritina (proteína relacionada com o estoque de ferro). Também pode estar aumentada em processos inflamatórios, que retém principalmente a ferritina; 3. Transferrina OU TIBC (exame compatível - capacidade de ligação do ferro à transferrina) A razão ferro/transferrina vai dá a saturação de transferrina que também indica a deficiência de ferro. *TRANSFERRINA É O VAGÃO (aquilo que vai carrear o ferro no sangue). JÁ A FERRITINA É O GALPÃO (aquilo que guarda o ferro). Diagnóstico da anemia ferropriva: Ferro sério baixo, saturação de transferrina baixa e ferritina baixa. No organograma, viu uma saturação de transferrina < 16%. Se ver uma ferritina baixa, tem o diagnóstico de anemia ferropriva. Só que tem algumas situações, que aquela anemia inflamatória de doença crônica também pode ter um componente hipo/micro. Na anemia por def. de ferro tem um hemograma hipo/micro - ausência de ferro levando à anemia ferropriva, com ferro sérico baixo, TIBC ou a transferrina vai estar elevado, pois o corpo está ávido a ferro, então ele aumenta o transportador para ver se consegue pegar qualquer ferro circulante, mas a saturação/relação vai estar baixa e o estoque é baixo. O galpão está vazio e liberou vários vagões para ver se pega ferro em algum lugar. Para fazer o diagnóstico diferencial de anemia ferropriva, sempre pensar em 3 situações: Processo inflamatório: O grande problema para diferenciar a hipo/micro é quando ela acontece por processo inflamatório. Normalmente essa anemia é normo/normo, mas em 30% ela pode vim hipo/micro. Para diferenciar da ferropriva, pense: Na inflamatória o corpo não quer disponibilizar ferro, ele estoca mais do que libera, então o TIBC e a tranferrina vão estar menor e a ferritina vai estar aumentada. Aí consegue diferenciar da ferropriva. Situação particular: paciente dom DRC (paciente inflamado): teoricamente a ferritina dele vai estar aumentada. Nestes pacientes, quando eles começam fazer diálise, tem perda sanguínea crônica, que a longo de várias sessões, vai consumindo ferro, podendo piorar a anemia por deficiência de ferro. Quando é só inflamação, a transferrina vai estar baixa. Quando começa a surgir o componente de deficiência de ferro, a transferrina começa a aumentar. Talassemia: Paciente sem anemia, mas com microcitose ehipocromia (hipomicro). Diferenciar através da cinética do ferro, pois o problema é na globina e não no ferro. Então o nível sérico do ferro vai estar 6 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Anemia – Aula 2 normal, TIBC normal, saturação normal e ferritina normal. Doença genética – pode manifestar lá na infância e mais raramente dar o diagnóstico na fase adulta. Na talassemia o problema não é o ferro, é a parte da globina. A talassemia tem duas formas: Alfa e Beta. Quando tem ausência dessa proteína, não tem a globina, consequentemente não consegue ligar com heme, então também tem diminuição da hemoglobina, sendo também uma anemia hipomicro. Quando a pessoa tem o traço talasssêmico, o hemograma não apresenta anemia, porém apresenta os marcadores VCM, HCM baixos. Na pediatria, a principal causa de anemia hipo/micro é a anemia ferropriva. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com talassemia. Anemia sideroblástica: É bem raro. É uma anemia que pode ser congênita ou adquirida. E adquirida pode ser por intoxicação de metais pesados, o mais comum é o chumbo. Aqui o ferro não consegue se ligar a protoporfirina. Logo não há formação do grupo HEME, e com isso não tem hemoglobina, por isso que são anemias hipo micro. Qualquer patologia que interfira na síntese de hemoglobina vamos ter uma anemia hipo micro. O ferro vai se ligar a protoporfirina que faz o anel heme e se junta com as 4 globinas para fazer a hemoglobina (1,2 e fetal). Essa tabela é explicando porque o processo inflamatório vai atuar na hepcitina dificultando a liberação do ferro. Então, o processo inflamatório crônico vai atuar no sistema imunológico produzindo citocinas, essas citocinas vão ativar o fígado (existe o processo inflamatório, o fígado produz várias proteínas que estimulam proteínas agudas da inflamação, dentre elas a hepcitina), então a hepcitina vai atuar no intestino interferindo a absorção do ferro pela ferroportina e ela também não vai disponibilizar o ferro dentro do fígado para ser transferida para o corpo, e por isso que o ferro sérico na doença crônica é baixo e a ferritina elevada, porque a ferritina está estocando e não está liberando (isso tudo é pelo processos inflamatório crônico). Quando se tem um processo inflamatório, as citocinas vão atuar no fígado e o fígado entende que essas citocinas elevadas vão estar em um processo 7 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Anemia – Aula 2 inflamatório, então faz síntese de proteínas agudas inflamatórias. O exame laboratorial chamado de PCR é uma prova inflamatória e aqui no caso a hepcidina é uma proteína inflamatória. O VHS está aumentado por essas proteínas inflamatórias, que tem uma carga negativa e vai compactar mais as hemácias. Exame do VHS: Você tem um tubinho, vai centrifugar a hemácia e vai deixar ali parado por uma hora; você vai ver quantos cm se formou... por isso que no exame você encontra por exemplo 20ml/hora porque naquela uma hora em repouso decantou essa quantidade de hemácias. Quando você tem essas espécies de proteínas inflamatórias, as hemácias vão ficar mais compactas, e o que acontece? Quando você tem um processo inflamatório, as hemácias estarão mais compactas, então essa coluna aumenta e por isso que o VHS aumenta. A paciente do caso tem uma condição crônica, uma diarreia crônica e ela está descorada, então provavelmente ela tem um quadro de anemia associada. Pode ser que anemia se deva a um sangramento no TGI, pode então encontrar um hemograma com hipocromia e microcitose. Mas pode também ter um processo inflamatório que está dificultando a absorção de vitaminas, principalmente a B12, então também podemos encontrar um hemograma com MACROCITOSE, ou devido SOMENTE a condição crônica dela, ela tenha desenvolvido uma anemia ... crônica que é uma anemia normo/normo. EXPLICANDO NOVAMENTE O VHS: Coloca-se o sangue em um tubo, vai centrifugar ele, então a parte mais pesada que são as hemácias e as outras células ficam aqui embaixo, e aqui em cima fica o plasma (imagem). Depois da centrifugação você vai deixar esse tubo em pé durante uma hora; isso aqui pode decantar mais, e então você vai ver o quanto ele decantou nessa uma hora e ver o tamanho dessa coluna; por isso que esse exame a gente mede em mm por hora. O que acontece em um processo inflamatório? Vai surgir mais proteínas aqui no plasma que não tinha antes, ai a hemácia depois de centrifugada e passada uma hora, elas vão ficar mais juntas porque você alterou a carga dessa plasma, então ela vai ficar aqui em baixo, e essa coluna aumenta, por isso que o VHS é aumentado em processos inflamatórios.
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