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1 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3 2. INTERVENÇÕES RESTRITIVAS OU BRANDAS: ............................... 4 2.1. SERVIDÃO:........................................................................................ 4 2.2. REQUISIÇÃO:.................................................................................... 7 2.3. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA/PROVISÓRIA: ................................ 11 2.4. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA: ................................................ 13 2.5. TOMBAMENTO (IMPORTANTÍSSIMO): .................................... 14 2.5.1. CLASSIFICAÇÕES: .................................................................... 18 2.5.2. EFEITOS DO TOMBAMENTO: ................................................. 20 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .................................................................. 21 LEGISLAÇÃO CORRELATA .......................................................................... 24 Este Caderno foi elaborado com base nas aulas do professor RAFAEL OLIVEIRA disponibilizada pelo curso fórum. Este caderno será, posteriormente, ampliado com o Manual do referido professor. Siga a página e fique atento para as atualizações. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 3 1. INTRODUÇÃO Dentro do estudo da intervenção do Estado na propriedade, temos basicamente 2 grandes modalidades de intervenções: a) INTERVENÇÕES RESTRITIVAS OU BRANDAS: Hipóteses em que o Estado estabelece algum tipo de restrição, condições à propriedade, mas ela permanece com seu titular. Como exemplo temos: Servidão, Requisição, Ocupação Temporária, Limitações e Tombamento; e b) INTERVENÇÕES SUPRESSIVAS OU DRÁSTICAS: Hipótese de intervenção mais forte do Estado em que ele retira a propriedade de alguém. Como exemplo temos: Desapropriação. Em relação ao primeiro grupo, não há consenso na doutrina em relação às modalidades, muito em razão de não haver uma lei definindo todas as intervenções brandas e seu regime jurídico. Temos, na verdade, normas esparsas (vez ou outra uma lei) sobre essas modalidades. Como exemplo da dificuldade doutrinária, cite-se que o professor CELSO ANTÔNIO apresenta apenas 2 modalidades de intervenção branda: requisição (aqui ele inclui a ocupação temporária) e servidão (aqui se incluiria o tombamento). Na visão deste professor, a limitação administrativa não seria uma intervenção, mas a própria definição da função social da propriedade. Mas esta abordagem do professor CELSO bem como de outros autores é minoritária e vamos adotar a classificação que a doutrina majoritária aponta como sendo a mais adequada. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 4 ATENÇÃO: Em qualquer intervenção do Estado na propriedade, temos pelo menos 2 grandes fundamentos: a) O exercício do poder de polícia do Estado (atenção para o fato de que o Direito Fundamental à propriedade, assim como os demais, não é absoluto); e b) Interesse público (que pauta qualquer atuação do Estado – para efetivar direitos fundamentais, conforme já visto no caderno de princípios). Vamos a cada uma das modalidades de intervenção, começando com o grupo das intervenções brandas... #VenceOsono. 2. INTERVENÇÕES RESTRITIVAS OU BRANDAS: Vamos detalhar cada uma das intervenções que compõem este grupo: 2.1. SERVIDÃO: A servidão administrativa é direito real público que permite a utilização da propriedade alheia pelo Estado ou por seus delegatários com o objetivo de atender o interesse público. Meus caros, não temos nenhuma lei específica falando exclusivamente da servidão, mas podemos apontar um fundamento legal. O que temos são normas esparsas que mencionam a possibilidade da servidão. Conforme o Art. 40 do Decreto-lei 3.365/41: Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 5 ATENÇÃO: Mesmo não havendo uma lei exclusiva do tema, podemos dizer que a servidão tem um núcleo muito parecido (não idêntico) com a servidão instituída no Direito privado (Art. 1.378, CC) Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis O núcleo básico apontado pelo Código Civil e que pode aqui ser estudado é o fato de que em toda servidão teremos a existência de 2 prédios: o prédio dominante e o prédio serviente. Estes prédios pertencem a donos diversos. Dominante é o que se beneficia com a servidão (em favor de quem é instituída). Serviente é o que sofre a restrição. No caso das servidões administrativas, o prédio dominante será a Administração pública, concessionárias etc. e o serviente, em regra será o particular (embora se admita servidão em face de bem público). O exemplo clássico de servidão é a servidão de passagem, como servidão de oleoduto, hastes para cabeamento, placas com informações etc. CUIDADO: Malgrado tenha o mesmo fundamento, a servidão administrativa e a servidão privada não se confundem, tendo pelo menos 3 grandes diferenças: a) A presença, na servidão administrativa, do poder público ou concessionária; b) Se pauta pelo interesse público; e c) Regime jurídico diverso da privada (aplica-se as normas do direito público). Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 6 • FORMAS DE INSTITUIÇÃO DA SERVIDÃO: As duas principais formas de instituição (não são as únicas) são o acordo e a sentença judicial. A doutrina aponta que antes do acordo com o proprietário ou antes da sentença judicial, o poder público tem que editar um DECRETO no qual se declarará o interesse em instituir determinada servidão sobre determinado bem IMÓVEL. A doutrina e a jurisprudência aplicam o procedimento da desapropriação para a servidão, se fazendo necessário, portanto, a prévia edição de decreto (lembre do Art. 40 já mencionado). Assim, temos que são formas de instituição: a) ACORDO; b) SENTENÇA JUDICIAL; c) USUCAPIÃO; #ATENÇÃO: INSTITUIÇÃO LEGAL DE SERVIDÃO: Há uma polêmica sobre este tema, ou seja, se poderia a servidão ser ou não instituída por lei. Essa polêmica passa por uma dificuldade da diferenciação entre a servidão e a limitação administrativa. A doutrina diz que a limitação é uma intervenção fixada por norma geral e abstrata (geralmente por lei). Assim, a dificuldade é que se se admite a servidão por lei, ficaria difícil diferenciar da limitação administrativa que sempre é instituída por lei. Há 2 correntes: 1ªC: Não pode haver servidão legal. Tese do professor CARVALHO FILHO e RAFAEL OLIVEIRA. Se o Estado estabelece uma restrição por lei, será caracterizada uma limitação administrativa. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 7 2ªC: Admite servidão legal. Esta é a posição da professora DI PIETRO. Cita-se os exemplos dos aeroportos, em que as leis estabelecem restrições aos imóveis que ficam perto do aeroporto. Outro exemplo é o tombamento de um bem. A lei que trata do tombamento diz que depois que o bem é tombado, os proprietários vizinhos ao bem não podem fazer construções que dificultem a visibilidade do bem. Enquanto a servidão legal tem por objetivo atender um interesse público corporificado em determinado bem, a limitação tenderia interesses públicos genéricos, difusos (limitações ao meio ambiente etc.) 2.2. REQUISIÇÃO: A requisição administrativa é a intervenção autoexecutóriana qual o Estado utiliza-se de bens imóveis, móveis e de serviços particulares no caso de iminente perigo público. Conforme o Art. 5º, XXV da CF: XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; Antes de entrar mais detalhadamente no conceito, destaque-se que o Art. 22, III, CF diz que compete privativamente à União legislar sobre a requisição administrativa. Algumas normas infraconstitucionais que tratam da requisição: a) Decreto-Lei 4.812/42; b) Lei delegada nº 4/62; Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 8 c) Lei 8.080/90 no Art. 15, II. Conforme a Constituição, a requisição se dará num estado de emergência, de necessidade pública. Isto é importante para entender a característica da AUTOEXECUTORIEDADE. Como é uma situação de perigo, o poder público tem a autoexecutoriedade para tomar as medidas necessárias imediatamente e usar a requisição para afastar o perigo público e, cessado o perigo, cessará também a requisição. Assim, temos 2 características a serem destacadas: a) Autoexecutoriedade; e b) Temporária. Observe que são características contrárias à servidão. Assim vamos fazer uma tabela: REQUISIÇÃO SERVIDÃO Autoexecutória Por acordo ou sentença judicial, precedidos de decreto Temporária (enquanto houver ameaça, perigo) Perpétua (enquanto houver interesse público) Bem imóvel, móvel e serviços. Bens imóveis BIZU DAS DISCURSIVAS: PROVA PRA DELEGADO DO RJ: Norma estadual ao tratar de requisição, exigiu que a requisição tivesse indenização prévia. A norma é constitucional? Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 9 Pelo que foi exposto, já percebemos que a norma é inconstitucional por pelo menos 2 motivos: A União somente pode legislar sobre o assunto. O segundo vício diz respeito ao fato de que a CF dispõe ser a indenização POSTERIOR. A indenização não pode ser prévia pelo fato de que não é possível quantificar previamente o valor do dano causado ao particular. • OBJETO: É amplo e abarca bens, móveis e imóveis, bem como serviços PARTICULARES. Assim, conforme a CF, os bens devem ser particulares, pelo menos em REGRA. ATENÇÃO: A CF admite, excepcionalmente, que ocorra requisição de bens e serviços públicos. Vejamos o Art. 136, §1º, II e Art. 139, VI e VII (Estado de defesa e Estado de sítio). Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: II - Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 10 Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: VI - Intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens A exigência é a decretação formal de Estado de defesa ou Estado de Sítio. Esta é a posição do professor REAFAEL OLIVEIRA. Neste sentido o STF em raro julgamento sobre o tema: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. UNIÃO FEDERAL. DECRETAÇÃO DE ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. REQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS MUNICIPAIS. DECRETO 5.392/2005 DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. Mandado de segurança, impetrado pelo município, em que se impugna o art. 2º, V e VI (requisição dos hospitais municipais Souza Aguiar e Miguel Couto) e § 1º e § 2º (delegação ao ministro de Estado da Saúde da competência para requisição de outros serviços de saúde e recursos financeiros afetos à gestão de serviços e ações relacionados aos hospitais requisitados) do Decreto 5.392/2005, do presidente da República. Ordem deferida, por unanimidade. Fundamentos predominantes: (i) a requisição de bens e serviços do município do Rio de Janeiro, já afetados à prestação de serviços de saúde, não tem amparo no inciso XIII do art. 15 da Lei 8.080/1990, a despeito da invocação desse dispositivo no ato atacado; (ii) nesse sentido, as determinações impugnadas do decreto presidencial Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 11 configuram-se efetiva intervenção da União no município, vedada pela Constituição; (iii) inadmissibilidade da requisição de bens municipais pela União em situação de normalidade institucional, sem a decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio. Suscitada também a ofensa à autonomia municipal e ao pacto federativo. Ressalva do ministro presidente e do relator quanto à admissibilidade, em tese, da requisição, pela União, de bens e serviços municipais para o atendimento a situações de comprovada calamidade e perigo públicos. Ressalvas do relator quanto ao fundamento do deferimento da ordem: (i) ato sem expressa motivação e fixação de prazo para as medidas adotadas pelo governo federal; (ii) reajuste, nesse último ponto, do voto do relator, que inicialmente indicava a possibilidade de saneamento excepcional do vício, em consideração à gravidade dos fatos demonstrados relativos ao estado da prestação de serviços de saúde no município do Rio de Janeiro e das controvérsias entre União e município sobre o cumprimento de convênios de municipalização de hospitais federais; (iii) nulidade do § 1º do art. 2º do decreto atacado, por inconstitucionalidade da delegação, pelo presidente da República ao ministro da Saúde, das atribuições ali fixadas; (iv) nulidade do § 2º do art. 2º do decreto impugnado, por ofensa à autonomia municipal e em virtude da impossibilidade de delegação (STF, pleno. MS 25.295/DF. Rel. Min. Joaquim Barbosa). 2.3. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA/PROVISÓRIA: A ocupação temporária é a intervenção branda por meio da qual o Estado ocupa, por prazo determinado e em situação de normalidade, a propriedade privada para execução de obra pública ou a prestação de serviços públicos. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 12 A grande diferença entre ela a requisição é o fato de que na ocupação não há o perigo público. Conforme o Art. 36 do Decreto-Lei 3.365/41: Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. O expropriante prestará caução, quando exigida. • OBJETO: A expressão “terrenos não edificados” apontam o objeto. Mas, indaga- se na doutrina apenas estes terrenos realmente poderiam ser objeto de ocupação. Temos algumas correntes: 1ªC: É a corrente do professor CARVALHO FILHO, que sustenta que a ocupação tem por objeto tão somente bens IMÓVEIS. O problema dessa interpretação é o exemplo, pois o exemplo clássico de ocupação temporária é uma escola em época de eleição. 2ªC: É a corrente do professor RAFAEL e da professora DI PIETRO. O objeto é semelhante o da requisição (amplo), incluindo até mesmo serviços. Adota-se uma interpretação sistemática que leva em conta outras normas que tratam da ocupação (a exemplo do Art. 58, V da Lei 8.666/93que trata das cláusulas exorbitantes – ocupação de bens móveis, imóveis, serviços). Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 13 2.4. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA: As limitações administrativas são restrições estatais impostas por atos normativos (atos gerais e abstratos) à propriedade (também à liberdade), que acarretam obrigações negativas e positivas aos respectivos proprietários, com o objetivo de atender a função social da propriedade. Sempre se exige ato normativo abstrato (lei principalmente) Quanto às obrigações, a doutrina discute se podem ser de natureza positiva ou apenas negativa. Para a corrente tradicional, seria sempre obrigações negativas (ex: gabaritos de prédios – a Lei estabelece que em determinada área os prédios não podem passar de determinada altura). Todavia, muitas leis começaram a trazer obrigações de fazer para os particulares o que levou os autores (a exemplo do professor RAFAEL e CARVALHO SANTOS) a se posicionarem que é possível obrigação positiva (ex: O Estatuto da Cidade impõe obrigações positivas, como edificar, parcelar o imóvel etc.; outro exemplo é a presença de extintores de incêndio nos prédios.) • OBJETO: É o mais amplo possível, tendo o legislador ampla liberdade para limitar qualquer bem ou até mesmo a liberdade do particular. • INDENIZAÇÃO: Como regra geral, em qualquer intervenção o Estado tem o dever de indenizar o proprietário caso haja prejuízo. A limitação administrativa é uma exceção a essa regra, não havendo, portanto, indenização. Isso decorre da premissa de que a limitação se estabelece por lei. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 14 Lembre-se que a regra quanto aos atos normativos é a ausência de responsabilidade do Estado, pois se os atos são atos genéricos e abstratos, as leis geram consequências genéricas e abstratas (ônus e bônus). Não há, portanto, dano concreto. Lembre-se, também, que existem exceções como exemplo de ser o ato concreto (lei de efeitos concretos) ou ainda a responsabilidade quando a lei é declarada inconstitucional. #APROFUNDAMENTO PARA DISCURSIVAS (DEFENSORIA PÚBLICA DO RJ): Uma lei estabelece o fechamento de várias vias da cidade e não poderiam mais passar veículos e seriam destinadas para os pedestres, área de lazer. Uma limitação administrativa. Numa dessas vias, havia um posto de gasolina. Haveria responsabilidade do Estado perante o posto? SIM! Um dos fundamentos é o fato de que apesar de ser uma limitação administrativa, ela se revela de efeitos concretos de forma desproporcional para determinados indivíduos. Trata-se de uma verdadeira DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA (não observa o devido processo legal). Outro argumento pode ser o da responsabilidade civil do Estado por ato lícito, quando apesar de lícito, gera efeitos desproporcionais para aquele que não tinha o dever de suportar. 2.5. TOMBAMENTO (IMPORTANTÍSSIMO): O tombamento é a intervenção estatal restritiva que tem por objetivo proteger o patrimônio cultural brasileiro. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 15 Conforme o Art. 216 da CF: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - As formas de expressão; II - Os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. (Vide Lei nº 12.527, de 2011) § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. § 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 16 I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - Serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. Temos também o Decreto-Lei 25/37 (Faça uma leitura desta lei) No Art. 4º do decreto temos a previsão dos chamados LIVROS DO TOMBO. Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber: 1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º. 2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica; 3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira; 4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras. Um bem será considerado tombado definitivamente quando colocado no livro do tombo. No âmbito federal temos a Autarquia IPHAN que é competente para tombamento de bens. Cada Estado terá sua estrutura, observando o decreto. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 17 ATENÇÃO: COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR: Art. 24, VII da CF prevê uma competência legislativa concorrente entre a União, Estados e DF para legislarem sobre a proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico e paisagístico. Assim, pergunta-se: O Município pode legislar sobre o tombamento? Alguns autores fazem interpretação literal do dispositivo (DI PIETRO e GASPARINI). Tem prevalecido uma outra corrente defendendo a possibilidade de os municípios legislarem, ainda que o Art. 24 não mencionem os municípios, devendo ser interpretado em conjunto com o Art. 30, I da CF. No mesmo Art. 30, II e IX que autorizam os municípios a legislarem para promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadorafederal e estadual. • OBJETO: Qualquer bem, em tese, pode ser tombado. No caso do bem móvel, o proprietário não poderá sair do país sem autorização expressa com esse bem. Além dos bens materiais, a doutrina aponta que é possível tombamento de bens imateriais. Todavia, tecnicamente, o meio para proteção de bens imateriais é o REGISTRO, conforme o Art. 216, §1º, CF. No âmbito infraconstitucional, o decreto 3.551/2000 trata do registro e tem por objetivo proteger bens imateriais. como exemplo de tombamento de bem imaterial temos: o frevo, o modo de preparo do acarajé, torcida do flamengo. ATENÇÃO: TOMBAMENTO DE BENS PÚBLICOS Quanto aos bens públicos, é possível (chamado de tombamento de ofício). Todavia, indaga-se se os municípios podem tombar bens dos Estados e da União e os Estados quanto aos bens da União. Temos 2 correntes: Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 18 1ªC: Não! CARVALHO FILHO. O professor faz uma analogia com a Lei de desapropriação (Art. 2º, §2º), que ao tratar da desapropriação diz que só pode haver da União para os demais (“de cima pra baixo”). 2ªC: SIM! Neste sentido o professor RAFAEL e o STJ (INFO 244, 2ªT). O STJ argumentou no sentido de que não pode aplicar por analogia a lei de desapropriação neste caso, pois modalidade drástica de intervenção (devendo ser interpretada restritivamente). Conforme o professor Rafael, temos o princípio da máxima efetividade das normas constitucionais. Quando um ente federado que intervir em bem de outro ente temos uma norma em risco que é o Art. 18 da CF (que trata da autonomia dos entes federados). Assim, temos um conflito com o Art. 216 da CF. Se adotada o a primeira corrente, garante-se a aplicação total de uma norma em detrimento da outra. Adotando-se a segunda, por tratar-se de tombamento, não se aniquila completamente a propriedade e assim não se afasta completamente o Art. 18 e aplica integralmente o Art. 216. 2.5.1. CLASSIFICAÇÕES: Quanto ao procedimento: A) De ofício (Art. 5º da lei do tombamento): Tombamento de bem público. Se dá mediante o envio de um ofício de um ente para outro. B) Voluntário (Art. 7º): Não tem oposição do proprietário. Tem concordância expressa ou implícita do proprietário. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 19 Assim, o próprio particular pode solicitar o tombamento ou o poder público toma a iniciativa e notificará o proprietário para se manifestar em 15 dias. C) Compulsório (Art. 8º e 9º): O proprietário se opõe ao tombamento, mas o poder público impõe este tombamento ao proprietário. Assim, em âmbito federal, o IPHAN instaura o procedimento e notifica o particular para apresentar oposição em 15 dias. O poder público pode rejeitar a oposição e impor o tombamento ao particular. Uma outra classificação: A) Provisório: Os efeitos que só ocorreriam no final do tombamento são antecipados para o momento da notificação do particular. Assim, desde a notificação, o bem considerado provisoriamente tombado. B) Definitivo: Quando inscrito no livro do tombo. Uma outra classificação: A) Individual: Em relação a um bem específico B) Geral: De vários bens localizados em uma mesma área. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 20 Uma outra classificação: A) Total: Todo o bem é tombado. B) Parcial: Não o bem todo, mas apenas partes. 2.5.2. EFEITOS DO TOMBAMENTO: São gerados para o poder público, para o proprietário e também para terceiros. O poder público tem o dever de fiscalizar o bem tombado (dever específico), bem como conservar o bem no caso de o particular não tiver condições. O proprietário tem o dever de conservar, de pedir autorização prévia para realização de obra ou intervenção. ATENÇÃO: Tradicionalmente havia o dever de dar preferência ao poder público quando da alienação do bem. Devemos levar em consideração que a lei do tombamento é de 1937 e dava prioridade total à União. O CPC revogou a preferência para alienações em geral de bem tombado, mas trouxe a preferência para alienações judiciais de bens tombados. O professor RAFAEL OLIVEIRA sustenta a inconstitucionalidade desta regra. Quanto aos terceiros, a Lei diz que os terrenos vizinhos não podem fazer construções que dificultem a visibilidade do bem tombado. É isso, pessoal, espero que tenham gostado do Caderno. Bons estudos. Divulguem e compartilhem Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 21 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA Agravo em ação cível originária. 2. Administrativo e Constitucional. 3. Tombamento de bem público da União por Estado. Conflito Federativo. Competência desta Corte. 4. Hierarquia verticalizada, prevista na Lei de Desapropriação (Decreto-Lei 3.365/41). Inaplicabilidade no tombamento. Regramento específico. Decreto-Lei 25/1937 (arts. 2º, 5º e 11). Interpretação histórica, teleológica, sistemática e/ou literal. Possibilidade de o Estado tombar bem da União. Doutrina. 5. Lei do Estado de Mato Grosso do Sul 1.526/1994. Devido processo legal observado. 6. Competências concorrentes material (art. 23, III e IV, c/c art. 216, § 1º, da CF) e legislativa (art. 24, VII, da CF). Ausência de previsão expressa na Constituição Estadual quanto à competência legislativa. Desnecessidade. Rol exemplificativo do art. 62 da CE. Proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico regional. Interesse estadual. 7. Ilegalidade. Vício de procedimento por ser implementado apenas por ato administrativo. Rejeição. Possibilidade de lei realizar tombamento de bem. Fase provisória. Efeito meramente declaratório. Necessidade de implementação de procedimentos ulteriores pelo Poder Executivo. 8. Notificação prévia. Tombamento de ofício (art. 5º do Decreto-Lei 25/1937). Cientificação do proprietário postergada para a fase definitiva. Condição de eficácia e não de validade. Doutrina. 9. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 10. Agravo desprovido. 11. Honorários advocatícios majorados para 20% do valor atualizado da causa à época de decisão recorrida (§ 11 do art. 85 do CPC). (ACO 1208 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-278 DIVULG 01-12-2017 PUBLIC 04- 12-2017) PROCESSUAL. ADMINISTRATIVO. IMÓVEL TOMBADO. REPARAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRA DO PROPRIETÁRIO NÃO DEMONSTRADA. REVISÃO. SÚMULA 07/STJ. 1. A responsabilidade de reparar e conservar o imóvel tombado é, em princípio, do proprietário. Tal responsabilidade Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 22 é elidida quando ficar demonstrado que o proprietário não dispõe de recurso para proceder à reparação. Precedentes. 2. O acórdão recorrido concluiu pela inexistência de comprovação da incapacidade econômico-financeira da ora agravante para a realização das obras emergenciais indicadas pelo Iphan, a fim de evitar o desabamento do imóvel após o incêndio ocorrido em 29/4/2003. 3. No caso, acolher-se a tese da recorrente acerca da sua incapacidade arcar com os custos econômico-financeiros de reparar o imóvel tombado em questão exige análise de fatos e provas. 4. Não cabe ao STJ, no recurso especial, rever a orientação adotada pelo aresto recorrido quando tal procedimento exige perquirir o conjunto fático probatório dos autos. Inteligência da Súmula 07/STJ. 5. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 176.140/BA, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2012, DJe 26/10/2012) TOMBAMENTO. MUNICÍPIO. BEM. ESTADO. Ao município também é atribuída a competência para o tombamento de bens (art. 23, III, da CF/1988). Note-se que o tombamentonão importa transferência de propriedade a ponto de incidir a limitação constante do art. 2º, § 2º, do DL n. 3.365/1941 quanto à desapropriação de bens do estado pela municipalidade. RMS 18.952-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 26/4/2005. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ – INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE 1) O ato de tombamento geral não precisa individualizar os bens abarcados pelo tombo, pois as restrições impostas pelo Decreto-Lei n. 25/1937 se estendem à totalidade dos imóveis pertencentes à área tombada. 3) O tombamento do Plano Piloto de Brasília abrange o seu singular conceito urbanístico e paisagístico, que expressa e forma a própria identidade da capital federal. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 23 4) A indenização pela limitação administrativa ao direito de edificar, advinda da criação de área non aedificandi, somente é devida se imposta sobre imóvel urbano e desde que fique demonstrado o prejuízo causado ao proprietário da área. 5) É indevido o direito à indenização se o imóvel expropriado foi adquirido após a imposição de limitação administrativa, porque se supõe que as restrições de uso e gozo da propriedade já foram consideradas na fixação do preço do imóvel. 6) As restrições relativas à exploração da mata atlântica estabelecidas pelo Decreto n. 750/1993 constituem mera limitação administrativa, e não desapropriação indireta, sujeitando-se, portanto, à prescrição quinquenal. 7) A indenização referente à cobertura vegetal deve ser calculada em separado do valor da terra nua quando comprovada a exploração dos recursos vegetais de forma lícita e anterior ao processo interventivo na propriedade. 8) Nas hipóteses em que ficar demonstrado que a servidão de passagem abrange área superior àquela prevista na escritura pública, impõe-se o dever de indenizar, sob pena de violação do princípio do justo preço. 9) Os juros compensatórios incidem pela simples perda antecipada da posse, no caso de desapropriação, e pela limitação da propriedade, no caso de servidão administrativa nos termos da Súmula n. 56/STJ. 10) Não incide imposto de renda sobre os valores indenizatórios recebidos pelo particular em razão de servidão administrativa instituída pelo Poder Público. 11) Admite-se a possibilidade de construções que não afetem a prestação de serviço público na faixa de servidão (art. 3º do Decreto n. 35.851/1954). Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 24 LEGISLAÇÃO CORRELATA Meus caros, vou colacionar aqui para a sua leitura integral o decreto que trata do tombamento, pois importante para as provas de primeira fase. CAPÍTULO I DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. § 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei. § 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana. Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessoas naturais, bem como às pessoas jurídicas de direito privado e de direito público interno. Art. 3º Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de origem estrangeira: 1) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país; 2) que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que façam carreira no país; 3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução do Código Civil, e que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário; Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 25 4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos; 5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais: 6) que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos respectivos estabelecimentos. Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5 terão guia de licença para livre trânsito, fornecida pelo Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. CAPÍTULO II DO TOMBAMENTO Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber: 1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º. 2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica; 3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira; 4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras. § 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes. § 2º Os bens, que se incluem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para execução da presente lei. Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 26 pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos. Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica de direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente. Art. 7º Proceder-se-á ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo. Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa. Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acordo com o seguinte processo: 1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, ou para si o quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua impugnação. 2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por simples despacho que se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo. 3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento, afim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc27 proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso. Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo. Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório se equiparará ao definitivo. CAPÍTULO III DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades. Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conhecimento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade de pessoas naturais ou jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes da presente lei. Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do domínio. § 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo, deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sobre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis. § 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem sido deslocados. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 28 § 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do mesmo prazo e sob a mesma pena. Art. 14. A. coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora do país, da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que se encontrar. § 1º Apurada a responsabilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de cinquenta por cento do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do pagamento, e até que este se faça. § 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao dobro. § 3º A pessoa que tentar a exportação de coisa tombada, além de incidir na multa a que se referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal para o crime de contrabando. Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objeto tombado, o respectivo proprietário deverá dar conhecimento do fato ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento sobre o valor da coisa. Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cinquenta por cento do dano causado. Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes à União, aos Estados ou aos municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 29 Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto. Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa. § 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará executá- las, a expensas da União, devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa. § 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa. (Vide Lei nº 6.292, de 1975) § 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União, independentemente da comunicação a que alude este artigo, por parte do proprietário. Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dobro em caso de reincidência. Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6292.htm#art1p Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 30 CAPÍTULO IV DO DIREITO DE PREFERÊNCIA Art. 22. Em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessôas naturais ou a pessôas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os municípios terão, nesta ordem, o direito de preferência. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) § 1º Tal alienação não será permitida, sem que prèviamente sejam os bens oferecidos, pelo mesmo preço, à União, bem como ao Estado e ao município em que se encontrarem. O proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-lo, dentro de trinta dias, sob pena de perdê-lo. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) § 2º É nula alienação realizada com violação do disposto no parágrafo anterior, ficando qualquer dos titulares do direito de preferência habilitado a sequestrar a coisa e a impôr a multa de vinte por cento do seu valor ao transmitente e ao adquirente, que serão por ela solidariamente responsáveis. A nulidade será pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o sequestro, o qual só será levantado depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de preferência não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta dias. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) § 3º O direito de preferência não inibe o proprietário de gravar livremente a coisa tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) § 4º Nenhuma venda judicial de bens tombados se poderá realizar sem que, prèviamente, os titulares do direito de preferência sejam disso notificados judicialmente, não podendo os editais de praça ser expedidos, sob pena de nulidade, antes de feita a notificação. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)§ 5º Aos titulares do direito de preferência assistirá o direito de remissão, se dela não lançarem mão, até a assinatura do auto de arrematação ou até a sentença de adjudicação, as pessôas que, na forma da lei, tiverem a faculdade de remir. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) § 6º O direito de remissão por parte da União, bem como do Estado e do município em que os bens se encontrarem, poderá ser exercido, dentro de cinco dias a partir da assinatura do auto do arrematação ou da sentença de adjudicação, não se podendo extraír a carta, enquanto não se esgotar êste prazo, salvo se o arrematante ou o adjudicante for qualquer dos titulares do direito de preferência. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 23. O Poder Executivo providenciará a realização de acordos entre a União e os Estados, para melhor coordenação e desenvolvimento das atividades relativas à proteção do patrimônio histórico e artístico nacional e para a uniformização da legislação estadual complementar sobre o mesmo assunto. Art. 24. A União manterá, para a conservação e a exposição de obras históricas e artísticas de sua propriedade, além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional de Belas Artes, tantos outros museus nacionais quantos se tornarem necessários, devendo outrossim providenciar no sentido de favorecer a instituição de museus estaduais e municipais, com finalidades similares. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 31 Art. 25. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional procurará entendimentos com as autoridades eclesiásticas, instituições científicas, históricas ou artísticas e pessôas naturais o jurídicas, com o objetivo de obter a cooperação das mesmas em benefício do patrimônio histórico e artístico nacional. Art. 26. Os negociantes de antiguidades, de obras de arte de qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes outrossim apresentar semestralmente ao mesmo relações completas das coisas históricas e artísticas que possuírem. Art. 27. Sempre que os agentes de leilões tiverem de vender objetos de natureza idêntica à dos mencionados no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva relação ao órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sob pena de incidirem na multa de cinquenta por cento sobre o valor dos objetos vendidos. Art. 28. Nenhum objeto de natureza idêntica à dos referidos no art. 26 desta lei poderá ser posto à venda pelos comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha sido previamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de cinquenta por cento sobre o valor atribuído ao objeto. Parágrafo único. A. autenticação do mencionado objeto será feita mediante o pagamento de uma taxa de peritagem de cinco por cento sobre o valor da coisa, se êste for inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco mil réis por conto de réis ou fração, que exceder. Art. 29. O titular do direito de preferência goza de privilégio especial sobre o valor produzido em praça por bens tombados, quanto ao pagamento de multas impostas em virtude de infrações da presente lei. Parágrafo único. Só terão prioridade sobre o privilégio a que se refere êste artigo os créditos inscritos no registro competente, antes do tombamento da coisa pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 32 Art. 30. Revogam-se as disposições em contrário.
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