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Fibrose Cística: Definição: A Fibrose Cística ( FC) ou mucoviscidose é uma doença genética autossômica recessiva, decorrente da ausência, deficiência da produção ou defeito na função de um polipeptídeo regulador da condutância transmembrana ( CFTR), que funciona na regulação da permeabilidade do íon cloro através de células de órgãos epiteliais. A produção dessa proteína é codificada por um gene localizador no braço longo do cromossomo. Epidemiologia: O diagnóstico, no Brasil, situada em torno dos 4 anos, diferentemente daqueles países, em que 60% dos casos novos são diagnosticados no 1° ano de vida. Esse perfil sofreu uma mudança brusca em 3 estados ( MG, PR, SC) que implantaram a origem neonatal, pois o diagnostico definitivo recuou cerca de 6 semanas de vida. Fisiopatologia: Há vários tipos de mutações no gene da CFTR, que, diferentemente do indivíduo normal, conferem 5 situações das células epiteliais pulmonares quanto à CFTR: - Ausência total da síntese na regulação; - Bloqueio no processamento; - Bloqueio na regulação; - Condutância alterada alterada; - Síntese reduzida. OBS: As 3 primeiras condições conferem manifestantes fenotípicas com manifestações graves, enquanto as 2 ultimas resultam em fenótipos com manifestações mais leves. As consequências diretas desta ampla variabilidade genotípica são diferentes níveis de expressão fenotípica, ou seja, condições clínicas que variam desde uma doença muito grave até doenças que vão se manifestar apenas na adolescência. Nos pulmões, a falta ou defeito na produção do canal de cloro causa alteração no liquido de superfície das vias aéreas, com perda de sódio e água para o interstício do epitélio e desidratação das camadas gel e sol das vias aéreas. Altera-se a reologia das secreções das vias aéreas por diminuição do batimento ciliar e impacto de muco, que favorecem a inflamação e a instalação de bactérias com S. Burkholderia capacia (CBc) e micobactérias atípicas. Como se instalam a colonização e a infecção? O que acontece nas vias aéreas dos pacientes com FC? Inicialmente, as vias aéreas mostram bactérias da microbiota normal. Com o passar do tempo, os pacientes passam a ser infectadas na seguinte ordem: Haemophilus influenzae e parainfluenzae, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosas não mucoide, Pseudomonas aeruginosas mucoide e Burkholderia cepacea. A colonização por Pseudomonas aeruginosa ocorre entre o 5° e o 6° ano de vida nos países desenvolvidos. No Brasil, infelizmente, a colonização é mais precoce. A evolução dos pacientes após a colonização é variável: alguns apresentam pequeno declínio da função pulmonar, em outros, a função piora rapidamente. Infecção precoce não diminui as chances de colonização.. Outros fatores determinam déficits espirométricos, a saber: desnutrição, infecção, por CBc, diabetes melito, exacerbação pulmonares frequentes, insuficiência pancreática e algumas mutações. Manifestações: - A maioria dos pacientes tem diagnóstico firmado antes dos 2 anos de idade. N o Brasil, cerca de 80% dos doentes apresentam sintomas sugestivos da doença antes de completarem 12 meses de vida, mas cerca de 50% dos casos são diagnosticados apenas após 3 anos de idade. - Deve-se suspeitar de FC: - História familiar sugestiva ( cloretos alterados, óbitos por doenças respiratórias crônicas); - Pneumopatias crônicas e/ou de repetição; - Diarréia crônica; - Desnutrição; - Déficits de crescimento; * Manifestações respirarias: - A mais comum é a tosse persistente, às vezes coqueluchoide, que pode instalar-se nas primeiras semanas de vida, perturbando o sono e a alimentação. - Muitas crianças apresentam-se com história de bronquiolite de repetição, sibilância sem pronta resposta aos broncodilatadores ou pneumonia de repetição. - A doença pulmonar evolui para cor pumonale em praticamente 100% fibrocístos. - Nas fases avançadas, os pacientes tem tórax em barril, expectoração purulenta, principalmente matinal, frequência respiratória aumentada, dificuldade espiratória, cianose periungueal e baqueteamento digital acentuado. Nessa fase, queixam-se de falta de ar durante exercícios e fisioterapia e, posteriormente em repouso. * Manifestações digestivas: - Cerca de 20% das crianças com fibrose cística apresentam obstrução intestinal ao nascimento por íleo meconial ( mecônio espesso). - Alguns podem apresentar perfuração intestinal intraútero e desenvolver um quadro de peritonite meconial detectado após o nascimento pela presenca de calcificações peritoniais e de escroto visíveis na radiografia abdominal.; - 85% das crianças evoluem com uma síndrome disabsortiva por disfunção enzimática do pâncreas exócrino, manifestaram por fezes gordurosas, flatulências, distensão abdominal, desnutrição, ou dificuldade de ganho ponderal e deficiência da vitaminas hipossolúveis ( A, D, E, K); - Por volta da segunda década de vida, sintomas de disfunção do pâncreas endocrino também podem ser verificadas, como hiperglicemia, glicosúria e poliúria; - 30% dos pacientes em torno de 15 anos manifestam sintomas de disfunção hepática; - Prolapso retal ( ate 20% das crianças entre 6 e 36 meses, acredita-se que esteja relacionado com a diarreia crônica, fezes volumosas tônus diminuído, desnutricao e tosse intensa. - A dor abdominal é uma manifestação clinica muito prevalente nos fibrocísticos. * Trato geniturinário: - Atraso puberal em aproximadamente 2 anos; - Há uma diminuição da fertilidade feminina * Glândulas sudoríparas : - Excessiva perda de sal através da pele ( os pais podem referir que o sal “brota” da pele das crianças e que estas têm suor salgado) Diagnósticos: TESTE DO SUOR- Possui elevada sensibilidade e especificidade (> 95%), sendo também simples e de baixo custo; - Consiste na dosagem do Cloreto no suor ( mínimo 75g); - O teste é considerado positivo quando a concentração de cloreto for maior que 60 mEq/L - Os níveis inferiores a 40 mEq/L são normais; - Valores intermediários 40-60 mEq/L são considerados duvidosos e deverão ser repetidos. TESTE DE TRIAGEM NEONATAL- Consiste na dosagem sérica do tripsinogênio, uma enzima pancreático que é refletida para a circulação em função da obstrução dos ductos pancreáticos; - Quando superior a 70 ng/ ml deverá ser repetida em 30 dias. Caso persista positiva, o bebê deverá realizar teste do suor. DIAGNÓSTICO DA FIBROSE CÍSTICA- É feito com dois testes de suor positivos (> 60 mEq/ L) em que dias separados em conjunção com uma ou mais das seguintes condições: Sintomas clínicos compatíveis, OU História familiar compatível, OU teste de triagem positivo.
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