Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clovis Torquato Jr Teologia do batismo no Espírito Santo: descubra o poder sobrenatural de Deus 2ª edição ampliada São Paulo, 2019 Copyright © Editora Recriar, 2019. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora. Editor: Iago Freitas Gonçalves Capa, Diagramação e Projeto Gráfico: Carol Palomo Revisor: Noé P. Campos Conselho editorial: Dr. Claiton Pommerening (REFIDIM-SC) Dr. David Mesquiati de Oliveira (Unida-ES) Dr. Edin Sued Abumanssur (PUC-SP) Dr. Fernando Albano (REFIDIM-SC) Dr. Gedeon Freire de Alencar (FTB-SP) Dr. Maxwell Fajardo (UniCEU- SP) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Para contato envie um e-mail para: faleconosco@editorarecriar.com Acesse a nossa loja virtual e conheça outras obras. www.editorarecriar.com mailto:faleconosco@editorarecriar.com http://www.editorarecriar.com/ “Ἡ ἀγάπη οὐδέποτε πίπτει·” Apóstolo São Paulo À Eunice, minha esposa, Neto e Mattheus, meus filhos, Pela experiência de lar que me proporcionam: “–Na terra um pedaço do céu!” “...e mais, muito mais... ...não há palavras...” (Curitiba, dezembro de 2008) SUMÁRIO APRESENTAÇÃO PREFÁCIO 1 PREFÁCIO 2 INTRODUÇÃO 1ª PARTE: O COROLÁRIO DA EFUSÃO DO ESPÍRITO 1. GRAÇA SOBRE GRAÇA: PORQUE BUSCAR MAIS DE DEUS 1.1. A medida da estatura da plenitude de Cristo 1.1.1. Os três elementos básicos que constituíam a plenitude de Cristo 1.1.1.1. Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo 1.1.1.2. Jesus era a perfeita imagem de Deus 1.1.1.3. Jesus tornou-se obediente até à morte de cruz 1.2. Alcançar a plenitude da estatura de maturidade é um processo 1.3. Alcançar a plenitude do Espírito é um processo 1.4. Vinhos e odres: essências e aparências na obra do Espírito Santo 1.4.1. Falando de vinhos 1.4.2. Falando de odres 1.4.3. Falando de vinhos e odres 2. SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO: PEDINDO O ESPÍRITO TODOS OS DIAS E SUBMETENDO-SE A ELE 2.1. O enchimento do Espírito em Lc 11.13: a tríade de requerimentos (pedidos) 2.1.1. Primeiro requerimento: pedir o Espírito 2.1.2. Segundo requerimento: buscar os dons espirituais 2.1.3. Terceiro requerimento: bater com insistência 2.2. O enchimento do Espírito em Efésios 5.18: enchimento pelo Espírito 2.2.1. Encher-se do Espírito: o Espírito como agente do enchimento 2.2.1.1. O contraste entre estar embriagado e viver cheio do Espírito 2.2.1.2. A interpretação da expressão grega “πληροῦσθε ἐν πνεύματι” “pleroûsthe en pneúmati” 2.2.2. Os resultados de uma vida que caminha para a plenitude de Deus 3. A ORAÇÃO EM LÍNGUAS: EDIFICANDO-SE A SI MESMO E DANDO GRAÇAS A DEUS 3.1. A oração em línguas como “dom” 3.2. A oração em línguas para edificação do crente 3.3. Oração em línguas para dar graças a Deus 3.4. O dom de línguas tem sua origem no Espírito Santo 3.5. Como obter o dom de línguas: recebendo ou pedindo 3.6. As questões da importância e da imprescindibilidade do dom de línguas 3.7. O dom de línguas em Atos e em 1 Coríntios' 4. AS IGREJAS DOS APÓSTOLOS: OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO E O PENTECOSTE 2ª PARTE: AS BASES DA EFUSÃO DO ESPÍRITO SANTO 5. AS PROFECIAS ACERCA DA EFUSÃO DO ESPÍRITO SANTO 5.1. Antiga e Nova Alianças 5.2. As profecias 5.2.1. Isaías 5.2.2. Ezequiel 5.2.3. Joel 5.2.4. João Batista e Jesus 5.2.4.1. João Batista 5.2.4.1.1. O significado de “batizar com o Espírito Santo” para João Batista 5.2.4.1.2. Cinco pontos que explicam porque João queria ser batizado por Jesus 5.2.4.1.2.1. João deseja ser batizado por Jesus com o Espírito Santo 5.2.4.1.2.1.1. Dois aspectos deste desejo 5.2.4.1.2.2. Jesus não precisava do batismo nas águas 5.2.4.1.2.3. Será que é possível abandonar o batismo com água? 5.2.4.1.2.4. João sabia que Jesus cumpriria a promessa de batizar no Espírito 5.2.4.1.2.5. João não conhecia o plano de Deus para o batismo com o Espírito 5.2.4.2. Jesus 5.2.4.2.1. A presença do Espírito Santo nas pessoas durante o ministério terreno de Jesus 5.2.4.2.2. As onze profecias de Jesus acerca da “efusão do Espírito” 5.3. O primeiro e o último encontros de Jesus com os discípulos: o “assopro do Espírito” e a “promessa do Pai” 5.3.1. O encontro do primeiro dia 5.3.2. O encontro do último dia 6. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “ANTIGA ALIANÇA” 6.1. A criação 6.2. Israel 6.3. José 6.4. Moisés 6.5 Os setenta anciãos alistados por Moisés 6.6. Bezalel e os trabalhadores do tabernáculo e do templo pós-exílico 6.7. Josué 6.8. Os juízes de Israel e outros que profetizaram 6.9. As escolas de profetas e os mensageiros de Saul 6.10. Samuel 6.11. Elias e Eliseu 6.12. Ezequiel 6.13. Miquéias 6.14. Daniel 6.15. Micaías e o homem de Deus “anônimo” 6.16. Ageu, Zacarias, os profetas escritores e não-escritores 6.17. Saul e Davi 6.18. Balaão: um caso desafiador 6.19. Dois padrões da presença do Espírito: visitação e permanência 6.20. Zacarias 6.21. Isabel 6.22. Simeão 6.23. Ana 6.24. Maria, a mãe de Jesus 6.25. João Batista 6.26. Jesus 6.27. Os discípulos de Jesus e os “quase cento e vinte” do Pentecoste 3ª PARTE: A EFUSÃO DO ESPÍRITO VISTA A PARTIR DE ATOS 7. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “NOVA ALIANÇA”: JERUSALÉM – ATOS 1 A 7 7.1. Jerusalém – Atos 1 a 7 7.1.1. A profecia de Joel tem múltiplos cumprimentos 7.1.2. O derramamento do Espírito marca o início do ministério do Espírito 7.1.3. A Festa do Pentecoste 7.1.4. Os quatro fenômenos 7.1.4.1. O som como de vento forte 7.1.4.2. Línguas como de fogo 7.1.4.2.1. O “som como de vento forte” e as “línguas como de fogo” cotejados com o “ser cheio do Espírito Santo” e o “falar em línguas” 7.1.4.3. Ser cheio do Espírito Santo 7.1.4.4. Falar em outras línguas 7.1.4.4.1. Falar em línguas não é evidência inicial do enchimento do Espírito 7.2. A expressão: “batizar com o Espírito Santo” 7.2.1. O uso das partículas gregas “μέν” “mén” e “δέ” “dé” 7.2.1.1. Três interpretações possíveis do uso destas partículas 7.3. Expressões equivalentes em Atos 1 e 2, quanto à concessão e presença do Espírito; e expressões de consequência que geraram a “efusão do Espírito” 7.3.1. Expressões equivalentes 7.3.1.1. “Os fenômenos” equivalente de batizar com o Espírito 7.3.1.2. ‘Receber poder ao descer o Espírito equivalente de “os fenômenos” 7.3.1.3. Receber poder ao descer o Espírito equivalente de ser batizado no Espírito 7.3.1.4. Derramar o Espírito equivalente de “os fenômenos” 7.3.1.5. Derramar o Espírito equivalente de receber o dom do Espírito 7.3.1.6. Receber o dom do Espírito equivalente de receber poder ao descer o Espírito 7.3.1.7. Receber o dom do Espírito equivalente de “os fenômenos” 7.3.2. Expressões de consequência que há em Lucas 24.49, Atos 1.4 e 2.33 (abrindo um parêntesis no estudo das expressões de equivalência) 7.3.2.1. A promessa de Jesus em Lucas 24.49 (Jesus e Pedro falaram da mesma promessa em Atos 1.4 e 2.33) 7.3.2.2. A “promessa do meu Pai” (“promessa do Espírito”) como a base da “efusão do Espírito” 7.3.2.3. A promessa do Pai como base do batismo no Espírito 7.3.2.4. A promessa do Pai como base da descida do Espírito 7.3.2.5. A promessa do Pai implicava em que o Pai deveria enviar o Espírito 7.3.2.6. Jesus também deveria enviar o Espírito 7.3.2.7. O Pai e Jesus, ambos enviam o Espírito 7.3.3. Expressões de equivalência (fechando o parêntesis) 7.3.3.1. Derramou isto que vedes e ouvis equivalente de “os fenômenos” 7.3.4. Das promessas ao cumprimento: identificando a origem dos fenômenos 7.3.5. As seis expressões equivalentes que descrevem o que foi o Pentecoste 7.3.6. A internalização do Espírito ocorreu no Pentecoste e só a partir daí o Espírito passou a habitar nos crentes na “Nova Aliança” 7.4. Resumo das 8 expressões encontradas em Atos 1 e 2 7.5. Os verbos que são usados em Atos 1 e 2 7.6. A “efusãodo Espírito” chegou 7.7. Diferenças e semelhanças entre as Alianças 7.7.1. Diferenças entre as Alianças 7.7.2. Semelhanças entre as Alianças 7.8. O sermão de Pedro 7.8.1. As três partes do sermão 7.8.1.1. Explicação do fenômeno de falar em outras línguas 7.8.1.2. Convite à salvação 7.8.1.3. Os passos para receber o Espírito Santo 7.8.1.3.1. Três passos para receber o Espírito Santo 7.9. O “dom do Espírito Santo” é o batismo no Espírito 7.9.1. As duas implicações de que o “dom do Espírito Santo” é o “batismo no Espírito” 7.10. Por que o autor de Atos não registra os fenômenos de “ser cheio do Espírito Santo” e “falar em outras línguas” para os “quase três mil”? 7.10.1. Três considerações preliminares 7.10.2. Não é a intenção do texto fazer do registro dos fenômenos um padrão para indicar que alguém foi batizado no Espírito 7.11. Oito pontos que indicam que “os quase três mil” e demais crentes foram cheios do Espírito Santo 7.11.1. Dois aspectos sobre o enchimento do Espírito em Atos 1-7 7.12. Onze pontos que indicam que “os quase três mil” e demais crentes falavam em outras línguas 7.13. Os dois blocos em Atos 1 a 7 7.14. Saindo de Jerusalém – Atos 8 a 12 8. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “NOVA ALIANÇA”: SAMARIA – ATOS 8 8.1. Samaria – Atos 8 8.1.1. Os sinais: autenticação do ministério 8.1.1.1. Sinais: a marca de Deus no Antigo Testamento 8.1.1.2. Jesus também operou sinais, e sua ressurreição é o maior dos sinais 8.1.1.3. Os apóstolos e demais crentes também operavam sinais 8.1.1.4. ministério de Filipe autenticado por sinais 8.1.2. O resultado da pregação e dos sinais: conversão 8.1.3. Os samaritanos recebem o Espírito Santo através da oração de Pedro e João 8.1.3.1. Pedro e João em Samaria oraram para que os samaritanos recebessem o Espírito 8.1.3.2. O Espírito não havia descido sobre os samaritanos 8.2. Expressões equivalentes em Atos 8 8.2.1. Receber o Espírito equivalente de descer o Espírito sobre 8.2.2. Receber o Espírito equivalente de ser concedido o Espírito 8.2.3. Descer o Espírito equivalente de ser concedido o Espírito 8.2.4. As quatro expressões são equivalentes entre si: receber o Espírito, descer o Espírito e ser concedido o Espírito 8.2.5. Descer o Espírito em Atos 8.16 equivalente de descer o Espírito em Atos 1.8 8.2.6. Descer o Espírito Santo em Atos 8.16 equivalente de ser batizado com o Espírito Santo em Atos 1.5 8.2.7. Receber o Espírito equivalente de ser batizado no Espírito 8.2.8. Três expressões equivalentes: receber o Espírito, descer o Espírito e ser batizado no Espírito 8.2.9. Receber o Espírito equivalente de receber o dom do Espírito Santo e de receber poder (ao descer o Espírito) 8.3. A oração e imposição de mãos para concessão do Espírito aos samaritanos 8.3.1. Os samaritanos foram cheios do Espírito e falaram em línguas? 8.3.1.1. Foram cheios do Espírito 8.3.1.2. Falaram em outras línguas 8.3.2. Os samaritanos receberam o Espírito à semelhança dos “quase cento e vinte” 8.4. O eunuco de Candace e o ministério de Filipe – Atos 8 9. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “NOVA ALIANÇA”: DAMASCO – ATOS 9 9.1. A conversão de Saulo no caminho para Damasco – Atos 9, 22, 26 9.1.1. Os cinco pontos da visita de Ananias a Paulo, na casa de Simão, o curtidor 9.1.1.1. Quem era Ananias 9.1.1.2. O milagre da restauração da visão a Paulo 9.1.1.2.1. A imposição de mãos como instrumento de milagre 9.1.1.2.2. Ananias revela a mesma autoridade espiritual da Igreja dos Apóstolos 9.1.1.3. Paulo recebeu o Espírito Santo durante a visita de Ananias 9.1.1.3.1. Seis razões que evidenciam que a conversão de Paulo se deu na visita de Ananias, ocasião em que foi cheio do Espírito 9.1.1.3.1.1. O texto não afirma que Paulo se converteu no caminho de Damasco 9.1.1.3.1.2. As causas das mudanças de comportamento de Paulo durante a viagem: a luz que brilhou e a voz que soou 9.1.1.3.1.3. O texto não menciona a palavra “conversão” 9.1.1.3.1.4. O conceito de “conversão” ainda no caminho de Damasco é um conceito estranho ao texto 9.1.1.3.1.5. A palavra “irmão” usada por Ananias 9.1.1.3.1.6. A conversão de Paulo só se deu com a visita de Ananias 9.1.1.3.2. Paulo recebeu o Espírito Santo e foi cheio no mesmo momento da sua cura 9.1.1.3.3. Ficar cheio do Espírito foi o momento da internalização do Espírito para Paulo 9.1.1.3.4. Duas evidências a mais de que Paulo foi cheio do Espírito 9.1.1.3.5. Paulo falou em línguas durante a visita de Ananias? 9.1.1.3.6. Três implicações sobre o recebimento do Espírito 9.1.1.4. A missão de Paulo 9.1.1.5. A conversão de Paulo 9.2. A pregação de Paulo: Jesus é o Cristo 10. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “NOVA ALIANÇA”: O CRESCIMENTO DA IGREJA – ATOS 9.31 11. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “NOVA ALIANÇA”: CESARÉIA E A CASA DE CORNÉLIO – ATOS 10, 11 E 15 11.1. O derramamento do Espírito sobre os gentios 11.2. Quem era Cornélio 11.3. O centro do relato: “caiu o Espírito Santo sobre todos” 11.4. Expressões equivalentes em Atos 10, 11, 15 e comparações com Atos 1 e 2 11.4.1. Cair o Espírito (At 10) equivalente de derramar o Espírito (At 2) 11.4.2. Cair o Espírito (At 10) equivalente de ser cheio do Espírito (At 2) 11.4.3. Cair o Espírito equivalente de derramar o dom do Espírito (At 10) 11.4.4. Derramar o dom do Espírito (At 10) equivalente de derramar o Espírito (At 2) 11.4.5. Derramar o dom do Espírito (At 10) equivalente de receber o dom do Espírito (At 2) 11.4.6. Derramar o dom do Espírito (At 10) equivalente de ser cheio do Espírito (At 2) 11.4.7. Receber o Espírito (At 10) equivalente de receber o dom do Espírito (At 2) 11.4.8. Cair o Espírito equivalente de receber o Espírito (At 10) 11.4.9. As três expressões equivalentes próprias em Atos 10 11.4.10. Cair o Espírito equivalente de ser batizado no Espírito (At 11) 11.4.10.1 Seis implicações decorrentes da forma como Pedro explica, em Jerusalém, sua ida à casa de Cornélio 11.4.11. Cair o Espírito equivalente de conceder o dom do Espírito (concedido a nós – At 11) e conceder o Espírito (como também a nós – At 15) 11.4.12. As sete expressões equivalentes próprias de Atos 11 e 15 11.4.13. As dez expressões equivalentes de Atos 10, 11 e 15 11.4.14. Porque o fenômeno de “falar em línguas” não está listado entre as expressões equivalentes 11.5. Seis correspondências que Pedro fez entre o Pentecoste e a casa de Cornélio 11.5.1. Deus derramou o “dom” do Espírito sobre ambos 11.5.2. Ambos receberam o Espírito Santo 11.5.3. Sobre ambos caiu o Espírito 11.5.4. Deus concedeu o Espírito a ambos 11.6. A exegese de Atos 11.17 e 19.2: como recebemos o Espírito Santo 11.6.1. Atos 11.17 11.6.2. Atos 19.2 11.6.3. Crer é o modo como se recebe o Espírito 11.7. “Os da casa de Cornélio” creram em Jesus e receberam o Espírito 11.8. “Os da casa de Cornélio” receberam o batismo no Espírito antes de serem batizados com água 11.9. Todos recebem o Espírito na “Nova Aliança” 11.9.1. Duas implicações de o Espírito ser derramado sobre todos 11.10. O fenômeno de falar em outras línguas manifestou-se na casa de Cornélio 11.11. Deus concedeu “arrependimento para a vida” aos “da casa de Cornélio” 12. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “NOVA ALIANÇA”: ANTIOQUIA E A VISITA DE BARNABÉ – ATOS 11 13. O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS DA “NOVA ALIANÇA”: A VISITA DE PAULO A ÉFESO – ATOS 19 (ATOS 13 EM DIANTE) 13.1. Dois passos para compreender a atuação e o impacto de Apolo em Éfeso 13.1.1. Quem era Apolo e como era sua pregação quando estava em Éfeso 13.1.1.1. Quem era Apolo 13.1.1.2. A pregação e o batismo de Apolo eram oriundos do ministério de João Batista 13.1.1.3. Quatro elementos da pregação cristã que faltavam a Apolo 13.1.2. Áquila e Priscila expõem a Apolo a doutrina cristã do batismo no Espírito 13.2. A visita de Paulo a Éfeso 13.2.1. Como o grupo de Éfeso foi designado de “discípulos”, se não eram batizados em nome de Jesus? 13.2.1.1. Três pontos que respondem como elesforam designados de “discípulos”, se não eram batizados em nome de Jesus 13.2.2. Paulo quer saber como é possível estes “discípulos” ainda não terem recebido o Espírito, se conheciam quem era Jesus 13.2.3. O tipo de batismo que a pessoa tem identifica que tipo de fé professa 13.2.3.1. Eles eram batizados no “batismo de João”, portanto não eram cristãos, mas possivelmente essênios 13.2.4. Paulo passa pura e simplesmente a pregar a mensagem cristã 13.2.4.1. Os quatro pontos da pregação paulina nas sinagogas de Éfeso e de Antioquia da Pisídia – Atos 19 cotejado com Atos 13 13.2.5. Os “discípulos” creem em Jesus e são batizados com água: o re- batismo 13.2.6. O Espírito Santo caiu sobre todos eles 13.3. Expressões equivalentes em Atos 19 13.4. Os “discípulos” foram batizados com água e depois receberam o Espírito Santo 13.5. Os fenômenos recorrentes de falar em outras línguas e profetizar 13.5.1. O fenômeno de falar em outras línguas 13.5.2. O fenômeno de profetizar 13.6. A prática de Paulo: levar os crentes a receberem o Espírito Santo 14. O FLUXOGRAMA 14.1. Conjunto A 14.2. Conjunto B 14.3. Conjunto C 14.4. Conjunto D 14.5. Conjunto E 14.6. Conjunto F 4ª PARTE: A EFUSÃO DO ESPÍRITO VISTA A PARTIR DAS EPÍSTOLAS 15. O QUE É O PENTECOSTE? 15.1. Evitando o reducionismo 15.2. O Pentecoste visto como mosaico, composto pelas expressões equivalentes de Atos 15.3. As expressões equivalentes encontradas em Atos 15.3.1. As expressões equivalentes de Atos 1 e 2 14.3.2. As expressões equivalentes de Atos 8 15.3.3. A expressão de Atos 9 15.3.4. As expressões equivalentes de Atos 10 15.3.5. As expressões equivalentes de Atos 11 e 15 15.3.6. As expressões equivalentes de Atos 19 15.3.7. As vinte e cinco expressões equivalentes que encontramos em Atos 15.4. Os gráficos de equivalência 15.5. As fórmulas de equivalência 15.6. O Pentecoste é um mosaico representado pela soma das expressões equivalentes de Atos 16. O QUE É O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO? 16.1. Isaías: derramamento abundante 16.2. Ezequiel, Joel e Zacarias: derramamento como dádiva e internalização do Espírito 16.3. Pentecoste: Deus cumpriu todas as promessas derramando seu Espírito 17. O QUE É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? 17.1. Jesus é quem batiza com o Espírito Santo 17.2. A analogia do mergulho: sentido incerto 17.3. A tradução da preposição grega “ἐν” “en” não responde a questão 17.4. As partículas “μέν” “mén” e “δέ” “dé” também não respondem a questão 17.5. O “enchimento do Espírito” é um dos resultados do batismo no Espírito, mas não pode interpretá-lo; isto é um reducionismo a ser evitado 17.6. O batismo no Espírito é o “rito de iniciação à obra do Espírito Santo” 18. O QUE É RECEBER O ESPÍRITO SANTO? 18.1. Doze pontos para saber o que é Deus dar seu Espírito 18.1.1. Deus deu seu Espírito a Jesus 18.1.2. Deus dá seu Espírito como quem batiza com o Espírito Santo 18.1.3. Deus dá seu Espírito a todos os crentes 18.1.4. Deus dá seu Espírito como garantia da salvação 18.1.5. Deus dá seu Espírito através do ato de crer 18.1.6. Deus dá seu Espírito com dupla função na vida do crente 18.1.7. Deus dá seu Espírito para permanecermos n’Ele e Ele em nós 18.1.8. Deus dá seu Espírito para ficar para sempre com o crente 18.1.9. Deus dá seu Espírito como suprimento diário para a vida espiritual 18.1.10. Deus dá seu Espírito através da obediência 16.3.1. Deus dá seu Espírito como quem concede a salvação 18.1.11. Deus dá seu Espírito como quem concede poder 18.2. Sete pontos sobre o que é receber o Espírito 18.2.1. Recebemos o Espírito porque Jesus recebeu do Pai a promessa do Espírito 18.2.2. Recebemos o Espírito como quem é batizado com o Espírito Santo 18.2.3. Recebemos o Espírito de forma absoluta 18.2.4. Recebemos o Espírito através do ato de crer em Jesus 18.2.4.1. Os discípulos receberam o Espírito no Pentecoste 18.2.4.2. As três ocasiões propostas em que os discípulos poderiam ter recebido o Espírito 18.2.4.3. Pedro e Paulo também condicionaram o recebimento do Espírito Santo ao ato de crer 18.2.4.4. Jesus, Pedro, João e Paulo condicionaram o recebimento do Espírito Santo ao ato de crer 18.2.5. Vários momentos em que se recebe o Espírito Santo 18.2.5.1. Primeira ocasião: recebe-se o Espírito depois do batismo com água. O recebimento do Espírito é posterior ao ato de crer 18.2.5.2. Segunda ocasião: recebe-se o Espírito antes do batismo com água. O recebimento do Espírito é concomitante ao ato de crer 18.2.5.3. Terceira ocasião: recebe-se o Espírito sem indicação de quandoisto ocorreu 18.2.5.4. Quarta ocasião: trata-se daqueles que estão na igreja, mas ainda não creram e por isso também ainda não receberam o Espírito 18.2.5.5. A ordem dos batismos com água e com o Espírito varia 18.2.5.6. A forma de receber-se o Espírito também varia 18.2.5.7. O momento de se receber o Espírito também varia 18.2.5.8. A manifestação dos fenômenos recorrentes também varia 18.2.6. Recebemos o Espírito para capacitação 18.2.6.1. Cinco etapas para conhecer o poder de Deus (capacitação) que está em nós 18.2.6.1.1. Deus é poderoso 18.2.6.1.2. Jesus é poderoso 18.2.6.1.3. O Espírito Santo é poderoso 18.2.6.1.4. Deus no sentido da Santíssima Trindade é poderoso 18.2.6.1.5. O poder que Deus tem vem ao crente pela presença do Espírito 18.2.7. Recebemos o Espírito porque somos filhos de Deus 18.3. O recebimento do Espírito na “Antiga Aliança” 19. O QUE É TER O ESPÍRITO? 20. O QUE É SER SELADO COM O ESPÍRITO SANTO DA PROMESSA? 20.1. O selo do Espírito Santo é a presença do Espírito na vida do crente 20.2. A finalidade de sermos selados com o Espírito: para o dia da redenção 20.3. A unção do Espírito: a capacitação do Espírito na vida do crente 20.4. Selo e unção do Espírito 21. O QUE É O ESPÍRITO DESCER SOBRE O CRENTE? 22. O QUE É DEUS HABITAR NO CRENTE? 23. COMO INTERPRETAR 1 CORÍNTIOS 12.13? 23.1. Dois passos na exegese de 1 Coríntios 12.13 23.1.1. O contexto geral e particular de 1 Coríntios 12.13 23.1.1.1. O contexto geral da carta 23.1.1.2. O contexto particular do capítulo 12 23.2. O texto grego de 1 Coríntios 12.13 23.2.1. As cinco partes que compõem o texto 23.2.4. Quadro comparativo das opções e das traduções 23.2.5. Não é possível identificar a estrutura de 1 Coríntios 23.3. 1 Coríntios 12.13 enfatiza que o batismo torna-nos um só corpo em Cristo Jesus CONSIDERAÇÕES FINAIS POSFÁCIO O DOM DO ESPÍRITO MANIFESTO NA IGREJA I. O Espírito Santo, dom escatológico II. Analogias pneumatológicas em Lucas III. A nova criação e o mistério da Igreja IV. Instância da graça e instância da experiência V. Batismo no Espírito Santo e suas ênfases eclesiais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO POSFÁCIO NOTAS BIBLIOGRÁFICAS DAS PARTES NOTAS BIBLIOGRÁFICAS DA INTRODUÇÃO NOTAS BIBLIOGRÁFICAS DA PARTE I NOTAS BIBLIOGRÁFICAS DA PARTE II NOTAS BIBLIOGRÁFICAS DA PARTE III NOTAS BIBLIOGRÁFICAS DA PARTE IV REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APRESENTAÇÃO Foi com muito prazer que recebi esta obra produzida por Clovis Torquato Junior para fazer uma leitura e dar uma opinião a respeito de seu conteúdo. Certamente, aqueles que trabalham com a teologia, em especial com a teologia bíblica, como é o meu caso, perceberão logo o valor acadêmico que se encontra neste compêndio que o autor chamou de “Teologia do batismo no Espírito Santo”. Seu valor acadêmico nada deve àqueles que procurarem nele, também, aspectos devocionais, pois quando se trata da busca do significado dos textos bíblicos, o esclarecimen-to das passagens dirige o leitor naturalmente para uma devoção mais esclarecida. O produto final das pesquisas de Torquato é apresentado aqui como uma obra de fôlego. São quatro partes maiores, divididas em vinte e três capítulos, os quais se subdividem em muitas outras porções, procurando abordar todos os aspectos possíveis da questão, em mais de quinhentas e cinquenta páginas escritas. Sim, o autor vai fundo em suas investigações! Pode-se dizer que ele produziuuma obra de Teologia Sistemática com profundas raízes na Exegese de Textos. Ou seja, sis-tematizou o assunto, procurando apresentar os aspectos gerais que a Bíblia trata a respeito do tema e, ao mesmo tempo, ocupou-se detalhadamente com o esclareci-mento dos significados dos textos utilizados como base para esta sistematização. De forma muito especial, lançou mão de seu conhecimento do Grego do Novo Testamento ao tratar das passagens, o que deve interessar em muito aos estudantes desta língua, pois ele mostra, na prática, como é que esta ferramenta pode ser utilizada na interpretação de textos bíblicos. Um dos pontos de destaque na obra é a atitude honesta do autor ao abordar o tema. Como o assunto é polêmico e já causou muitas divisões entre igrejas, e ge-rou muitos debates entre teólogos de origem histórica e dos originários do pentecostalismo, é relativamente comum, ao abordar o assunto, assumir um posicionamento apologético. Contudo, o autor não agiu assim. Ele procurou ao máximo ser fiel ao que os textos dizem. Ainda que a preocupação com a fé esteja presente no texto, ele mesmo afirma, e isso é perceptível durante a leitura, que se posicionou como um cientista em busca da verdade. Talvez isso leve alguns leitores que pertencem a uma destas duas linhas teológicas a se desagradarem do resultado apresentado em alguns pontos, mas, por outro lado, outros aproveitarão as colocações de Torquato para, à luz do que ele defende com bons argumentos, reavaliarem com maior clareza as suas posições próprias. Está claro que uma obra como esta, que trata de um assunto discutido e entendido de formas tão diferentes por vários teólogos, não terá todas as suas afirmações endossadas por todos os seus leitores. Também, certamente ela não foi escrita para isso. Mas, por outro lado, ela é muito bem-vinda. Estava faltando no mercado brasileiro uma obra como esta: profunda, ao mesmo tempo clara e, den-tro daquilo que é possível, escrita de forma imparcial, com base na compreensão das análises feitas pelo autor. Li, gostei e indico. Tenham todos uma ótima leitura! Prof. Dr. Antônio Renato Gusso Pró-Reitor do Mestrado Faculdades Batista do Paraná – FABAPAR PREFÁCIO 1 O público da área de Teologia recebe mais uma obra importante, que é escrita com muita seriedade e vivacidade: TEOLOGIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO: descubra o poder sobrenatural de Deus. O livro é o resultado de profunda pesquisa do autor sobre o tema e é aceito com muito respeito pelo mun-do acadêmico. Nesta obra Torquato procura, com dinamismo e agudez de espírito, levar os leitores das mais variadas posições cristãs sobre o assunto a repensar a questão do batismo no Espírito Santo, tema este que causou celeumas e divisões nas igrejas em certo período do século passado. O autor sempre busca aplicar os princípios e ensinamentos exarados nas Escrituras sobre o Espírito Santo, procurando levar seus leitores a uma reflexão profunda sobre a questão. A intenção deste livro é esclarecer que todos os cristãos já são batizados com o Espírito Santo, e por isso têm o poder do Espírito de Deus em suas vidas. De acordo com o autor, não seria necessário escrever este volume, não fosse a doutrina da “segunda bênção” referente ao “batismo com o Espírito Santo”, ou a sua contrapartida, que nega que o “batismo com o Espírito Santo” seja para nos-sos dias. Entretanto, Torquato, em bom estilo e linguagem, apresenta argumenta-ções suficientes para afirmar a presença do Espírito Santo nos cristãos e seu consequente poder na nossa vida. O livro é assaz interessante, haja vista resgatar alguns textos controversos dentro das Escrituras, que exigirão uma aproximação maior pelo leitor, fei-ta com cuidado e aprofundamento que se fazem necessários a uma boa explanação dos textos bíblicos. O autor procura fazer um trabalho crítico, que leva o leitor a repensar algumas interpretações que precisam e são revisitadas pelo autor. Esta obra motiva seus leitores, estudantes, mestres e doutores em Teologia, bem como agentes do discurso e da pregação eclesiástica, pelo fato de apresentar uma reflexão absolutamente séria e honesta, que pode embasar os leitores para futuras pesquisas. Como o tema é assaz controverso, e por existirem vários outros posicionamentos sobre o assunto, jamais se deveria concordar com tudo o que Torquato assevera. A concordância com todas as teses do autor seria algo praticamente impossível, haja vista que em certo momento ele parece derribar as teses dos tradicionais e, em outro, as teses dos chamados pentecostais. Aqui está o fascínio do livro, que não se importa com as teorias e dogmas já estruturados pelas várias denominações cristãs. Poder-se-ia lembrar o fato de que possa parecer mais popular do que acadêmico pelo número resumido de notas de rodapé ou poucas citações de autores acadêmicos. No entanto, o livro dá ênfase total à exposição bíblica do tema, não se preocupando com relato de experiências pessoais. Destarte, é uma alegria indizível receber em mãos este livro e poder estu-dá-lo, analisá-lo e discuti-lo. Obviamente, o desafio de prosseguir nessa linha é grandioso e, sem desmerecer os estudos feitos nessa questão, o autor procura defender a linha mestra de sua argumentação. Como esse tema é em si quase ines-gotável, e os debates sobre o Batismo no Espírito Santo são cada vez mais inter- mináveis, vale a pena procurar as pérolas escondidas no conteúdo deste livro, ainda mais que se trata de um assunto muito estudado e discutido pela igreja cris-tã em toda a sua jornada de fé e de compreensão. Uma boa leitura! Prof. Dr. Jaziel Guerreiro Martins Pró-Reitor dos Cursos de Pós- graduação Stricto Sensu Docente e Diretor- Geral Faculdades Batista do Paraná – FABAPAR PREFÁCIO 2 Apraz-me apresentar a obra do Pastor Clovis Torquato Junior – doutoran-do em Teologia na PUCPR – com o título: “TEOLOGIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO: descubra o poder sobrenatural de Deus”. Tem-se consciência da ação do Espírito na vida do cristão. O Espírito Santo de Deus ilumina, fortalece e, sobretudo, derrama seus dons. O livro destaca Pentecostes como o even-to por excelência da efusão do Espírito sobre toda a Igreja, sobre a vida dos cristãos de todos os tempos! O Espírito Santo, destaca o autor, é prometido no Antigo Testamento e tal promessa se realiza em Pentecostes. Dali em diante, todos recebemos graça sobre graça! Porque o Espírito Santo, conforme os Atos dos Apóstolos, é “a promessa do Pai” (At 1.4), e a promessa de Jesus: “sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias” (At 1.5, cf. Lc 3.16). Na Ascensão de Je-sus aos céus, esta promessa é repetida: “recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós” (At 1.8). Pois bem. O autor procura responder a pergunta: “O que significa batizar no Espírito Santo?”. Seu objetivo foi “expor a doutrina do Batismo no Espírito Santo e fornecer toda a base bíblica para conhecer a Deus”, conclui. O conteúdo da obra é denso ao abordar a teologia bíblica, desde o Antigo Testamento, até a concretiza-ção da Nova Aliança com a vinda de Cristo e a efusão do Espírito Santo em Pentecostes. Trata-se de uma abordagem do evento salvífico que tem sua plenitude no derramamento do Espírito, chamado batismo no Espírito. O autor apresenta os fundamentos teológicos, alargando a compreensão do Batismo no Espírito à luz da ação do Espírito no Antigo Testamento, na vida de Jesus, e na vida do cristão. O livro se divide em quatro partes: I – Corolário da efusão do Espírito; II – As bases da efusão do Espírito; III – A efusão do Espírito vista a partir de Atos; IV – A efusão do Espírito vista a partir das Epístolas. Esses temas dão a ideia da abrangência do assunto do livro e seu alcance teológico. O tratado teológico do Espírito Santo nas tradições cristãs no Ocidente recebera pouca atenção dos teólogos. No século passado e nos inícios deste sécu-lo despertou-se novo interesse devido a movimentos pentecostais nas Igrejas de tradição Evangélica e na Igreja Católica. O autor menciona váriasobras consistentes sobre a teologia do batismo no Espírito. A peculiaridade do livro do Clovis é destacar a “presença” e o “poder do Espírito” na vida do cristão. Viver segundo o Espírito é viver na graça, que tudo renova. A obra pode ser melhorada em futuras edições com obras exegéticas mais apuradas dos textos bíblicos referentes ao Espírito Santo e ao Pentecostes. Uma obra do renomado estudioso James G. Dunn, traduzida do Inglês para o Espanhol (El Bautismo del Espíritu Santo. Buenos Aires, Editorial La Aurora, 1977), poderia ser útil para a compreensão da relação entre Pentecostes em Atos, após a ascensão, e o envio do Espírito Santo em João 20.22, no mesmo dia da ressurreição. Trata-se de um autor não pentecostal que apresenta a compreensão do batismo no Espírito de forma crítica. Ele enfrenta também a questão do contraste histórico entre Pentecostes de João e dos Atos. A presente obra interpreta a vinda do Espírito em João não como realização, mas como promessa que se concretiza num só Pentecostes após a glorificação. O autor destaca a separação entre ressurreição de Jesus e sua glorificação; as duas não se confundem na sua interpretação. No entanto, o Evangelho de João apresenta a glorificação num só momento inseparável da morte de cruz e ressurreição. São duas formas de apresentar a vinda do Espírito. Lucas é o teólogo da história da salvação e situa a vinda do Espírito separada do evento da ressurreição para marcar a inauguração da Igreja novo povo de Deus, da mesma forma que no Antigo Testamento o dom da lei foi situado no Pentecostes para marcar a constituição do povo de Deus como nação santa, povo eleito. Para finalizar, a obra do Pastor Clovis sobre a teologia do batismo no Espí- rito Santo é um empreendimento corajoso e demandou anos de estudo e reflexão. O tema é complexo e nisso tem seu mérito, uma vez que poucos o enfrentam, com competência e investigação acurada com base no texto grego. Fazer livros é obra sem fim, diz o autor do Eclesiastes (Ec 12.12). Com efeito, “quanto mais se abrem as fronteiras do desconhecido tanto mais se alarga o campo a explorar” (Pontifí-cia Comissão Bíblica. A Interpretação da Bíblia na Igreja, p.19-20). Por este mo-tivo, quem pesquisa sente-se desafiado a avançar. Aspectos relevantes da obra são notórios para a teologia do Espírito Santo e especificamente para a espiritualidade e vivência cristã. A Lei inscrita nos corações (Jr 31.34) é o conhecimento d’Ele mesmo, do próprio Deus, destaca o autor. “A lei inscrita nos corações é a presença internalizada do Espírito Santo. Assim todos conhecem o Senhor. “Quando o Espírito foi internalizado nos crentes, no Pentecostes, foi concluída a implantação da Nova Aliança”. Com razão o autor alarga o conceito de Pentecostes, enquanto experiência de vida no Espírito: “O poder do Espírito faz da pessoa fraca e débil um crente forte em atos miraculosos e em testemunho eficaz”. Que o leitor faça bom proveito da leitura desta obra, tanto para o conhecimento da teologia do Espírito Santo quanto para seu crescimento na vida espiritual em Cristo. Prof. Dr. Vicente Artuso Professor do Programa de Pós- Graduação, Mestrado e Doutorado em Teologia da PUCPR INTRODUÇÃO Começo explicando o título do livro. Teologia é um termo amplo e modernamente usado pelos escritores cristãos com uma gama relativamente grande de sentidos. Em sentido estrito seria o discurso acerca de Deus e suas obras. Talvez seja esse o significado mais comum do termo nos compêndios de Teologia Dogmática. O sentido que quero dar ao termo Teologia é sinônimo de sistematização de passagens bíblicas, com o objetivo de formar um corpo de doutrina coerente, correspondente e compreensível. O tríplice objetivo dessa sistematização pode ser expresso assim: o objetivo primário é selecionar, ordenar, coordenar e cotejar as referências bíblicas acerca do tema do batismo no Espírito Santo; o objetivo secundário é o de gerar uma explicação ou ex-planação compreensível, ampla e canônica do tema, tentando ao máximo possível afastar-se da defesa doutrinária ora do conservadorismo ou tradicionalismo, ora do pentecostalismo ou da renovação carismática, esforçando-se para analisar o tema do ponto de vista da independência destas duas posições, além de evitar também as abordagens confessional e devocional, visando ao ulterior propósito, de tornar compreensível e vivenciável a dimensão do poder sobrenatural de Deus representado pela presença viva e poderosa do Espírito Santo na vida do crente. Parece faltar no ambiente da discussão teológica acerca do tema do batismo no Espírito uma contribuição com as seguintes características. Primeira, uma abordagem sistemática do tema. A bibliografia existente fa-lha no quesito da sistematização rigorosa, temática e crítica dos textos bíblicos, apresentando, via de regra, uma visão unilateral dos textos, dos assuntos e principalmente das abordagens do tema, que visam quase sempre à defesa de uma ou outra posição: ora do conservadorismo, ora do pentecostalismo. Segunda, uma abordagem canônica do tema. Por “canônica” quero referir- -me ao conjunto total dos textos referentes ao tema no “cânon bíblico”, na Bíblia inteira, e não apenas selecionando uma parte conveniente dos textos que serve à defesa de uma ou outra posição. Terceira, uma abordagem sem a paixão das posições conservadora e renovada-pentecostal. Esta é, talvez, a mais difícil missão representada pelo trabalho e a razão mais forte para empreender o presente esforço sistemático, exegético e hermenêutico. A quase totalidade das abordagens existentes sempre traz o calor e ardor da posição doutrinária, seja de um lado ou do outro. Esforcei-me ao máxi-mo para manter-me longe da defesa de uma ou outra posição, e para isto recebi a ajuda de colaboradores, cujos nomes seguem abaixo, para alertar e ajudar a direcionar a pesquisa sem escolher uma das duas estradas e para assim manter- se fiel às verdades mais caras do cristianismo, da fé cristã, das confissões de fé da Igreja Primitiva e da Teologia Dogmática. Quarta, uma abordagem crítico-metodológica sistemática do tema, diferente da abordagem confessional e devocional, ou ainda histórico crítica. É claro que o corpo doutrinário de uma religião é sempre composto por uma “declaração de fé” e nunca por uma fórmula matemática num sistema cartesiano, e a religião cris-tã não foge a esta regra. O discurso teológico não é ciência como, por exemplo, a ciência astronômica, matemática, física e outras semelhantes. Mas, embora não sendo possível criar fórmulas matemáticas para equacionar as questões religiosas, podemos ter uma abordagem metodológica que credencie os resultados, que os controle e que permita a verificação dos mesmos, e além disso, que permita uma discussão mais profunda sobre a própria metodologia aplicada e seus resultados. De uma forma singela espero contribuir para a discussão desses aspectos. Explicado o título, agora seria bom explanar sobre o subtítulo, que consiste em descobrir o poder sobrenatural de Deus através da presença viva do Espírito Santo na vida do crente e em viver nesta esfera. A vida cristã não pode ser concebida numa esfera de atuação meramente humana e limitada às possibilidades ou fraquezas humanas. É preciso avançar para viver numa esfera da manifestação do poder de Deus, como a lemos nas páginas da Bíblia. O “sobrenatural” é real. Quando lemos as histórias da Bíblia, descobrimos que o “sobrenatural” existe e que podemos viver nesta dimensão. Não há, a rigor, nenhuma história bíblica que não traga algo de sobrenatural. Todas, de algu-ma forma, estão seladas pelo sobrenatural. Desde a história da criação, até aquelas que mostram como será o céu, tudo está envolto numa esfera de poder divino, que contagia o leitor da Palavra Santa. Se o sobrenatural existe ou não, esta não é a minha discussão, pois assu-mo que a Bíblia o apresenta como uma realidade advinda de Deus. A questão é: “como nós, seres humanos normais, podemos viver na mesma dimensão das histórias que lemos naBíblia?” Como eu e você podemos viver experimentando este nível diferente de realidade que existe nas Páginas Sagradas? Temos que ser honestos com uma pergunta que surge quando nos deparamos com as Sagradas Letras: “Ou tudo escrito na Bíblia é uma grande mentira ou algo está errado conosco, por não vivermos na mesma dimensão do que lemos?” Pois, quando olhamos para nossas vidas, estamos muito longe de tudo que lemos naquelas páginas. O sobrenatural, no entanto, não está longe de nós, pois é a manifestação de Deus. Todas as vezes que vemos o sobrenatural nas Sagradas Escrituras, estamos vendo Deus agindo. Nunca o sobrenatural é produzido pelo homem, pela sua for-ça, inteligência, dinheiro, habilidade, sagacidade... O sobrenatural esconde-se em Deus e se revela quando Ele se manifesta. Viver no sobrenatural é experimentar os milagres de Deus na própria história. Foi assim com Enoque, que andou com Deus, e Deus o arrebatou... assim com Abraão e Sara, que não podiam mais ter filhos, e Deus os fez fecundos... assim com Moisés, e todos aqueles milagres do deserto... assim com Daniel, que teve o sonho do rei revelado por Deus... assim com Pedro, que ressuscitou a Dorcas... assim com João, que foi arrebatado e viu a Nova Jerusalém... Qualquer pessoa, na Bíblia, que teve sua história marcada pelo sobrenatural foi tocada por Deus. Todas estas pessoas tiveram uma mesma marca: O AGIR DO ESPÍRITO DE DEUS EM SUAS VIDAS. Este talvez seja o grande segredo do sobrenatural: O ESPÍRITO DE DEUS AGINDO NA VIDA DA PESSOA. Este segredo já está revelado logo em Gênesis 1.2, quando anuncia que o Espírito de Deus entrou em ação para transformar o caos. Fiz então uma pergunta para mim mesmo: “O que preciso fazer para que Deus opere em minha vida? Como posso atrair o Espírito de Deus para que Ele opere tam-bém em mim, vencendo o meu caos particular, gerando o sobrenatural?” Foi estudando o tema do “batismo no Espírito Santo” que encontrei as respostas para uma vida no sobrenatural. Através do “batismo no Espírito Santo” recebemos o Espírito de Deus para estar internalizado em nós e operar todo o poder de Deus, trazendo o sobrenatural para a nossa vida. Sem o “batismo no Espírito Santo” não existe vida sobrenatural, e toda a pessoa “batizada no Espírito” pode viver no sobrenatural, se deixar o Espírito Santo realizar sua obra completa. Qualquer pessoa pode viver no sobrenatural. Está ao seu alcance uma vida diferente, numa esfera espiritual superior, numa dimensão sobrenatural. Você precisa do “batismo no Espírito Santo” e também precisa dar ao Espírito de Deus toda a sua vida, para Ele completar a sua obra em você. Não se entregue pela me-tade, ou quase tudo, sempre retendo uma parte. Entregue-se como as pessoas da Bíblia, por inteiro e totalmente. Nestas páginas, procurei mostrar como o Espírito de Deus agiu na vida das pessoas e como as pessoas responderam ao Espírito de Deus, abrindo totalmente seus corações e deixando que o Espírito as guiasse em tudo. O segredo do sobrenatural é simples: ter o Espírito em si manifestando todo o seu poder e ter a vida dirigida por Ele. Hoje em dia, como vivemos no tempo da “Nova Aliança” no sangue de Cristo Jesus, o Espírito de Deus age em nós com base nos termos desta Aliança. Assim, exponho a doutrina do “batismo no Espírito Santo”, para que você pos-sa ter um relacionamento sadio, real e bíblico com o Espírito de Deus, de acor-do com o seu agir neste tempo. Às vezes queremos viver como Moisés vivia, ou como Davi vivia, mas isto não é possível, pois eles estavam na “Antiga Aliança” (2Co 3.14). Lá havia uma forma própria de o Espírito de Deus agir. Vivemos no tempo do “derramamento do Espírito”, na “Nova Aliança”, no “batismo do Espírito”; este é o nosso tempo. O Espírito de Deus agirá em nós segundo esta Aliança. A intenção deste livro é esclarecer que todos os crentes são batizados com o Espírito Santo e por isso têm o poder do Espírito de Deus em suas vidas. Não seria necessário escrever este volume não fosse a doutrina da “segunda bênção” referente ao “batismo com o Espírito Santo” ou a sua contrapartida, que nega que o “batismo com o Espírito Santo” é para nossos dias. Se alguém afirma que o “batismo com o Espírito Santo” não é para hoje ou que é uma segunda bênção que nem todos os crentes têm, isto compromete o poder com o qual Deus opera em nós e também através das nossas orações. É preciso afirmar a presença do Espírito Santo em nós e seu consequente poder na nossa vida. A minha tese é de que o “batismo com o Espírito Santo” é para hoje e alcança indistintamente a “TODOS” os crentes no Senhor Jesus Cristo. A expressão “batismo com o Espírito Santo” é a forma mais direta e comum para fazer referência ao “derramamento do Espírito” que ocorreu no Pentecoste, e que ocorre a cada novo crente quando recebe o Espírito Santo. Geralmente o Pentecoste é entendido como um monólito sob o epíteto do “batismo no Espírito Santo”. Para mim isto consiste em equívoco exegético. Assim, a sub- tese é de que o Pentecoste deve ser visto como um mosaico (desenho feito com embutidos de pedras de várias cores) e não como um monólito (obra ou monumento de uma só pedra). Com isto quero dizer que o Pentecoste deve ser interpretado e entendido como uma coleção de expressões que se referem à “efusão do Espírito” e não apenas como o “batismo com o Espírito Santo”. Elegi o termo “efusão do Espírito” para fazer referência ao conjunto total do que Deus fez no Pentecoste e depois deste ao que se refere à OBRA DO ESPÍRITO SANTO na vida do crente. “Efusão” é uma palavra de origem latina, “effusio-ne”. Ela deriva do verbo latino “effundere”, que significa “derramar”, “entornar”, “verter”, “transmitir”, “propagar”, “exalar”, “difundir-se”, “espalhar-se”, “tirar para fora”. “Effusione”, “efusão”, pode ser traduzida por “derramamento”, “escoa—mento”, e figuradamente “expansão”, “fervor”, “ímpeto”, “veemência”. “Efusão” é uma palavra rica de significado e para mim representa, de um lado, a soma de to-dos estes sentidos que podem ser depreendidos do latim, língua de onde descende o vocábulo; e, do outro lado, refere-se a tudo que a Santíssima Trindade realiza com respeito ao crente no tocante ao Espírito Santo. Neste segundo sentido a expressão efusão do Espírito resume todas as “expressões equivalentes” que encontramos nas Escrituras referentes à “concessão, vinda e presença do Espírito no crente”. O livro está dividido em quatro partes. Na PRIMEIRA PARTE, O COROLÁRIO DA EFUSÃO DO ESPÍRITO, apresento os resultados da vinda e da presença do Espírito Santo na vida das pessoas. Estes resultados podem ser resumidos basicamente em três pontos: primeiro, o Espírito Santo enche os crentes da sua presença; segundo, concede dons espirituais (dos quais estudo apenas o dom de línguas); terceiro, os autores do Novo Testamento são crentes umbilicalmente ligados ao Pentecoste, a festa em que Deus derramou seu Espírito. Pode parecer estranho começar por aquilo que naturalmente deveria ser o término, mas faço isto com o objetivo de mostrar os efeitos da “efusão do Espírito” na vida dos crentes e, consequentemente, da Igreja, bem como desafiar os crentes a buscarem estes resultados em suas próprias vidas. No Capítulo 1, GRAÇA SOBRE GRAÇA, exponho os motivos pelos quais um crente deve buscar mais de Deus, qual seja, o fato de não recebermos a plenitude do Espírito de Deus de uma só vez, como ocorreu com Jesus (Mc 1.10, Jo 1.16, 3.34, Cl 1.19, 2.9). Nós, contrariamente ao que aconteceu com Ele, vamos recebendo porções do Espírito Santo, num crescente de graça sobre graça, até também alcançarmos a mesma plenitude que Ele tinha, a plenitude de Deus (Ef 3.19). Outro aspecto desta plenitude tem a ver com a maturidade espiritual, com a estatura espiritual. A maturidade de Cristo, ao contrário da plenitude espiritual, foi um processo de crescimento constante, que culminou na total obediência, evidenciada na sua morte na cruz (Mt 26.39-45, Fp 2.8, Hb 5.8). Esta maturidade, que foi um processo para Jesus, serátambém para nós, segundo afirma Paulo, esperando que também alcancemos a estatura de Cristo (Ef 4.13). No Capítulo 2, SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO, mostro que Jesus nos ensinou a pedir o Espírito como o filho pede pão (Lc 11.13), para ser-mos cada vez mais plenos do Espírito Santo. Neste sentido, a promessa de Lu-cas 11.13 não diz respeito ao “batismo com o Espírito”, mas sim ao enchimento diário com o Espírito. Nesta mesma direção, Paulo orienta os crentes a buscarem o enchimento do Espírito (Ef 5.18), até chegarem à plenitude de Deus (Ef 3.19). No Capítulo 3, A ORAÇÃO EM LÍNGUAS, mostro que todos os crentes podem orar em línguas, para sua edificação pessoal. Considerando que falar so-bre a “oração em línguas” remete à discussão relativa ao “dom de línguas”, mos-tro que o “nome do dom” é o mesmo em Atos e na Epístola aos Coríntios. Com isto, advogo que o mesmo dom que se manifestou em Atos manifestou-se tam-bém nas Igrejas dos Apóstolos, e em todo o Novo Testamento. No Capítulo 4, AS IGREJAS DOS APÓSTOLOS, analiso a relação que há entre os autores do Novo Testamento e o Pentecoste, reconhecendo que estavam marcados e influenciados por ele e pela doutrina do “batismo com o Espírito Santo”, e não esqueceram isto em seus ministérios. Até Paulo, que não esteve no Pentecoste, vive e conhece suas doutrinas. Geralmente isolamos o Pentecoste do restante da produção literária do Novo Testamento. Diferentemente desta prática mais comum de estudo do Pentecoste, procuro ligar a produção literária neotestamentária ao Pentecoste. Reconheço, entretanto, que apenas dei os primeiros passos nesta direção. Na SEGUNDA PARTE, AS BASES DA EFUSÃO DO ESPÍRITO, mostro quais profecias foram cumpridas no Pentecoste e como o Espírito Santo esta-va presente na vida das pessoas na “Antiga Aliança”. No Capítulo 5, AS PROFECIAS ACERCA DA EFUSÃO DO ESPÍRITO SANTO, faço um estudo mais abrangente sobre as profecias acerca do “derramamento do Espírito”. São cinco os profetas que anunciaram a vinda do Espírito Santo: Isaías (Is 11.1-2, 61.1, 32.15, 44.3, 59.21), Ezequiel (Ez 11.19, 36,26-27, 37.14, 39.29), Joel (2.28ss – seguintes), João Batista (Mt 3.11 e par.) e Jesus (Lc 24.49, Jo 7.37-39, 14.16-17,26, 15.26, 16.7,13, 20.22, At 1.4-5,8); além de Jeremias, que anunciou a Nova Aliança (Jr 31.31-34). Para compreendermos o que foi o Pentecoste é preciso ter uma visão completa de todo este quadro profético. De uma visão restringida apenas a Joel resulta uma série de equívocos interpre-tativos do Pentecoste que, à luz de todas as profecias, podem ser evitados. Neste conjunto podemos formar o quadro profético amplo que Deus cumpriu no Pentecoste e continua a realizar nos crentes. No Capítulo 6, O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DAS PESSOAS NA “ANTIGA ALIANÇA”, apresento como o Espírito Santo era concedido na “An-tiga Aliança” a algumas pessoas específicas, e não a todo o povo (Nm 11.29). Também mostro que havia dois modos de ser concedido: um em que o Espírito visitava a pessoa (mais comum, Jz 11.29) e outro em que o Espírito habitava na pessoa (mais raro, Is 63.11 e Ex 31.3). Aqui analiso a presença do Espírito nos personagens do Antigo Testamento e em alguns do Novo Testamento, como João Batista, Isabel, Zacarias e Ana, que ainda pertencem à “Antiga Aliança”. As segunda e terceira partes são o coração da minha tese sobre a presença do Espírito Santo na vida do crente. Nelas apresento o que para mim é o cerne da questão do “batismo no Espírito”, cujo elemento caracterizador se divide em dois pontos (como dois lados de uma moeda): primeiro, na diferença da forma como Deus concede o Espírito Santo aos crentes na “Nova Aliança” (Mt 26.28) e O concedia aos judeus na “Antiga Aliança” (Ex 19.5). Esta diferença básica consiste em que na “Antiga” o Espírito era concedido a “alguns judeus”, e na “Nova” a “todos os crentes”. Segundo, nas diferentes expressões que o livro de Atos emprega para referir-se à vinda, concessão e presença do Espírito na vida do crente – vinte e cin-co expressões diferentes –, captadas em Atos 1, 2, 8, 9, 10, 11, 15 e 19. Diante des-tas expressões – classificadas por mim como “expressões equivalentes” – o “Pentecoste” não pode ser reduzido à expressão “batismo no Espírito Santo” (At 1.5), mas precisa ser interpretado como a soma de todas elas. Cito outros exemplos des-tas “expressões equivalentes” (além de At 1.5) como Atos 2.38: “recebereis o dom do Espírito Santo”; e 8.17: “recebiam estes o Espírito Santo”. Quando o Pentecoste é interpretado como um mosaico composto destas “expressões equivalentes en-tre si” compreende-se por que “todos” os crentes são “batizados no Espírito”. A TERCEIRA PARTE, A EFUSÃO DO ESPÍRITO VISTA A PARTIR DE ATOS, é quase um comentário do Livro de Atos sob o prisma da concessão e da presença do Espírito Santo no crente. Nela, repito, mostro que o Espírito é concedido a todos os crentes na “Nova Aliança”. Esta exposição é feita a partir da análise das expressões que há em Atos sobre a vinda e concessão do Espírito, retiradas dos textos supracitados (Atos 1, 2, 8, 9, 10, 11, 15 e 19), identificando como os Apóstolos classificaram e interpretaram a presença do Espírito na vida dos novos crentes. Com esta análise, proponho que o Pentecoste deve ser visto como um mosaico de expressões que se referem à vinda e à concessão do Espírito Santo, devendo- -se evitar o reducionismo de classificar o “Pentecoste” como apenas “batismo com o Espírito Santo”. Desta forma, proponho uma visão sobre o Pentecoste bastante diferente daquela que temos tido historicamente, que tem sido ver o Pentecoste como “enchimento do Espírito” e “dom de línguas”, para alguns; ou como apenas “cumprimento profético” de Joel, para outros. Também procuro demonstrar que o “batismo com o Espírito” coincide com o momento em que o Espírito é concedido para salvação, ao mesmo tempo em que confere o poder prometido em Atos 1.8. Esclareço ainda que, com referência aos capítulos clássicos para o tema do “batismo com o Espírito Santo” em Atos: 2, 8, 9, 10, eu estudo todos os capítulos de 1 a 12. E, quanto a Atos 19 acrescento ao seu estudo o capítulo 13. Isto resulta numa interpretação nova acerca dos capítulos tradicionalmente estudados. A novidade desta interpretação está na identificação de dois padrões descritos no Livro de Atos para aferir a presença do Espírito Santo na vida do crente: um, que é através do registro histórico do momento em que o Espírito passa a habitar no crente (capítulos clássicos). E outro, quando no texto não encontramos nenhuma referência à presença do Espírito na vida do crente, embora haja o reconhecimento de que inexoravelmente o Espírito habita a vida destes crentes (mas, observe, nada se fala explícita e diretamente desta presença). Ela é geralmente reconhecida através de duas informações que o texto pode fazer acerca dos novos crentes: uma de que foram “batizados com água”, e outra de que creram em Jesus. No Livro de Atos, as expressões “ser batizado com água” e “crer em Jesus” são locuções para referir-se à presença do Espírito Santo na vida do crente e portanto, do “batismo com o Espírito Santo”. Nos Capítulos 7 a 13 apresento um estudo detalhado dos quatro fenômenos ocorridos no Pentecoste e analiso que dois deles repetir-se- ão, quais sejam, falar em outras línguas e ser cheio do Espírito, e nomeio estes fenômenos como fenômenos recorrentes. Também apresento as vinte e cinco expressões que se referem à “efusão do Espírito” em Atos. Analiso ainda a presença do Espírito na vida dos que se converteram depois do Pentecoste e estudo a manifestação dos fenômenos recorrentes nestes crentes. No Capítulo 14 apresento um FLUXOGRAMA das referidas expressões para visualizarmos como a vinda e a concessão do Espírito foram interpretadas ricamente no Livro de Atos. Na QUARTA PARTE, A EFUSÃO DO ESPÍRITO VISTA A PARTIR DAS EPÍSTOLAS, comparo a narrativa de Atos com a doutrina das Epístolas, para propor que juntas formam o arcabouço da doutrina da vinda, concessão e presença do Espíritona vida do crente. De um lado, geralmente se interpreta o Livro de Atos como “história” e não como fonte de doutrina, e do outro lado as Epístolas como desvinculadas da história e dos temas narrados em Atos. Mostro que os te-mas da “história” narrados em Atos são os mesmos das doutrinas que lemos nas Epístolas. Para isto proponho resposta a nove questões, que correspondem aos Capítulos 15 a 23: “O que é o ‘Pentecoste’?”; “O que é o ‘derramamento do Espírito’?”; “O que é o ‘batismo com o Espírito Santo’?”; “O que é ‘receber o Espírito Santo’ e Deus ‘conceder/dar o Espírito Santo’?”; “O que é ‘ter o Espírito Santo’?”; “O que é a ‘selagem com o Espírito Santo’?”; “O que é ‘cair o Espírito Santo’ ou o que é ‘vir o Espírito Santo sobre’ ou ‘descer o Espírito Santo so-bre’?”; “O que é ‘Deus habitar no crente’ e ‘o crente ser santuário do Espírito’?”; e finalmente trato de um texto que tem gerado muita polêmica, respondendo à pergunta: “Como interpretar 1Co 12.13?” Há em anexo 19 Gráficos que podem ser também acessados e baixados gra-tuitamente em PDF pelo site da Editora no endereço eletrônico: https://www.editorarecriar.com/produto/98750/teologiado- batismono-espiritosanto-clovistorquato; ou também através do QR Code impresso no final desta Introdução. Convém alertar acerca de alguns aspectos deste livro. Estes se referem especialmente ao uso dos termos “pentecostal”, “crente” e “Apóstolos de Jerusalém”, e também à tradução dos textos bíblicos que servem de base para nosso estudo. Uso o termo “pentecostal” sempre em referência à Festa de Pentecoste, especificamente aquela na qual Deus derramou seu Espírito sobre os “quase cen-to e vinte” que estavam no Cenáculo e oravam, conforme relato em Atos 2.1-47. Ser “pentecostal”, no contexto do livro, significa ter participado historicamente do “derramamento do Espírito” ocorrido na Festa do Pentecoste relatado em Atos 2.1-4 ou participar espiritualmente dele, tendo também recebido o mesmo “derramamento” na sua vida. Ao afirmar, por exemplo, que os apóstolos são pentecostais, ou que o Novo Testamento é um livro pentecostal, estou com isto sugerindo que há uma ligação umbilical entre os apóstolos e o evento do Pentecoste, ou en-tre o Novo Testamento e o evento do Pentecoste. Não uso o termo “pentecostal” no sentido de “renovação espiritual”, ou dos “renovados”, ou ainda da “renovação carismática”, sob aspecto algum. Uso consistentemente o termo “crente” para referir-me àquele que crê em Deus e por isso é salvo. O “crente” é tradução literal do grego “ὁ πιστεύων” “ho pisteúon” “aquele que crê” (Jo 3.36), e também de “ὁ πιστός” “ho pistós” “o cren-te” (Gl 3.9). O “crente” é aquele que crê em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, que crê na Santíssima Trindade segundo a Doutrina da Igreja Cristã dos primeiros séculos. Também crê na Bíblia como Jesus ordenou em Marcos 1.15: “e crede no evangelho”. Crê segundo a doutrina estabelecida no Credo dos Apóstolos (Século IV), nos Concílios da Igreja em Nicéia (325 d.C.), em Constantinopla (381 d.C.), em Éfeso (431 d.C.) e Calcedônia (351 d.C.), e também no Credo de Ataná-sio (Século V). Uma tradução destes textos pode ser encontrada em português em W. GRUDEM, Teologia Sistemática, páginas 996-998. O vocábulo “crente”, no Brasil, é geralmente usado para designar o “evangélico”, diferenciando-o do “católico”. Esta é uma convenção geral no Brasil. Não uso o termo “crente” neste sentido, sob qualquer aspecto possível ou imaginável. Enfatizo que o termo “crente”, no corpo do Livro, é sinônimo de “cristão”, conforme os discípulos foram chamados em Antioquia (At 11.26), designando aquele que crê em Jesus. Os “Apóstolos de Jerusalém” são os discípulos de Jesus e outros que de-pois do Pentecoste foram reconhecidos como apóstolos, os quais estiveram na Palestina nos dias de Jesus, conheceram-nO e com Ele conviveram. Isto ocorreu a Matias, eleito no lugar de Judas Iscariotes. É muito provável que os irmãos de Jesus também foram eleitos apóstolos em Jerusalém. Ao referir-me a Paulo, não o considero apóstolo de Jerusalém, embora ele tenha sido reconhecido apóstolo por aqueles que estavam em Jerusalém (Gl 2.9). A tradução do texto bíblico usada neste trabalho foi a Edição Revista e Atualizada de Almeida, da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), edição de 1993. Os tex-tos foram copiados da Bíblia Online, BOL 3.0, também da SBB. Algumas vezes uso a versão Revista e Corrigida de Almeida, também da SBB. Quando uso outras versões também indico a versão no próprio texto. As versões originais foram tomadas em hebraico do texto da BOL 3.0 BHS, o mesmo da Bíblia Hebraica Stuttgartensia, mas sem as vogais, e em grego de NESTLE- ALAND, 27ª Ed, também da SBB, Libronix; estes textos foram copiados das versões eletrônicas destes softwares. De um lado, o Livro pode ser considerado uma “versão popular”, em contraste com uma “versão acadêmica”, pelo número resumido de “notas bibliográfi-cas”. Devo esclarecer que uso o Método Sistemático na interpretação dos textos, ou seja, interpreto os textos com o mesmo método com que se interpreta em Teologia Sistemática. Isto faz com que, por exemplo, eu considere apenas um único Pentecoste no Novo Testamento, o de Atos 2; diferentemente dos estudiosos que usam o Método Histórico Crítico, os quais defendem que há dois Pentecostes: o primeiro, o “Pentecoste Lucano” em Atos 2, e o segundo, o “Pentecoste Joanino” em João 201. Usando o Método Sistemático defendo que a vinda do Espírito e sua concessão deu-se em Atos 2 para todos os crentes do Novo Testamento, inclusive para os crentes da comunidade joanina. Também utilizo o princípio matemático da equivalência2 para cotejar as expressões referentes à vinda, concessão e presença do Espírito Santo na vida do crente no livro de Atos. Do outro lado, o Livro é uma exposição bíblica. Não relato experiências, nem minhas nem de outrem, não porque as experiências não sejam importantes, mas porque a nossa fé deve estar baseada na Bíblia. Desta forma nossas experiências são interpretadas pela Bíblia e não ao contrário, nossas experiências interpretarem a Palavra. Muitos dos nossos equívocos teológicos decorrem desta inversão hermenêutica: a experiência particular interpretar a Bíblia. Procuro evitar esta hermenéia. Espero que a verdade da Palavra de Deus seja aplicada à sua vida, e esta verdade fará uma explosão espiritual, uma efusão espiritual que nada mais pode-rá conter ou impedir. Isto será uma onda cíclica que alcançará todos ao seu redor e àqueles que estão ao redor destes e ao redor daqueles, e assim o mundo conhecerá e aceitará Jesus, como foi em Atos e na Igreja dos Apóstolos. Agradeço à minha querida família, Eunice, minha esposa, Neto e Mattheus, meus filhos, pela compreensão no tempo gasto para completar esta obra. Mais que isto, pela experiência de lar que me proporcionam, na terra um peda-ço do céu... e mais... muito mais... não há palavras... eu os amo. Esta é a razão pela qual pude escrever este material, pois encontro na minha casa toda evidência possível da obra do Espírito Santo. Meu mais profundo muito obrigado tam-bém à Pamela, que se tornou minha filha do coração. À Helena, Pequena Fofuri-nha, minha neta querida, ainda não inventaram as palavras para expressar tanto amor, obrigado por sua parousía. Agradeço também àqueles que leram o material e deram suas valiosas sugestões no tocante ao conteúdo do livro num primeiro momento de correções: ora sugerindo supressões, ora indicando pontos que careciam de maior clareza. São eles o Ap. Silas Quirino (de Campos dos Goitacazes – RJ) e o Pr. Aparecido Rodrigues (de Curitiba – PR). Também agradeço a meu tio Prof. Olindo Torquato, pela revisão gramatical inicial da obra. Agradeço também à minha irmã Profa. Dra. Clóris Porto Torquato, por uma revisão posterior. Uma menção especial devo fazer ao meu amigo Noé P. Campos, editor, tradutor e revisor de exímia habilidade, que fez as últimas revisões do texto, inclusive a desta edição. É incalculável a contribuição destes amados irmãos para o resultadofinal da obra. Que Deus galardoe cada um por este imenso auxílio que prestaram! Devo também reconhecer que outras pessoas com quem discuti os temas aqui tratados deram valiosas sugestões e contribuições; citar o nome de todos parece impossível, mas meu muito obrigado a esses queridos irmãos. Também agradeço aos meus professores, Dr. Antônio Renato Gusso (orientador do Mestrado em Teologia na FABAPAR) e Dr. Vicente Artuso (orientador do Doutorado em Teologia na PUCPR) não somente pela leitura nesta fase final de publicação da obra e por suas oportunas observações, mas também por acei-tarem gentil e solicitamente contribuírem com suas observações: o Dr. Gusso escrevendo a Apresentação e o Dr. Vicente um dos Prefácios. Ainda agradeço pela mesma gentileza e solicitude aos meus professores, Dr. Jaziel Guerreiro Martins (FABAPAR) por escrever o outro Prefácio, e ao Dr. Marcial Maçaneiro (PUCPR) por escrever o Posfácio. Devo ainda agradecer ao Prof. Dr. Fernando Albano (Faculdade REFIDIM) pela indicação de vasta bibliografia sobre o pentecostalismo. Essas contribuições enriqueceram imensuravelmente o material. É claro que a responsabilidade pelo conteúdo é integralmente minha, e possíveis deficiências não podem ser atribuídas a outrem, senão a mim mesmo. Assim, assumo a responsabilidade pelo conteúdo expresso e pelas interpretações e posições assumidas ao longo do livro, esclarecendo que não tenho a pretensão de oferecer a solução final sobre um assunto tão debatido como este – do batismo no Espírito Santo –; pelo contrário, com este trabalho espero contribuir para uma melhor compreensão do tema e suscitar novas discussões que permitam que a questão se torne mais compreendida e vivencial pela igreja atual. Se este esforço colaborar para que o assunto alcance maior clareza e maior proximidade da Palavra de Deus e da experiência dos nossos primeiros irmãos, terei logrado êxito com meu trabalho. Nenhuma abordagem pode esgotar um assunto – qualquer que seja ele –, porque o conhecimento é um edifício que jamais terminamos de construir, precisando de reformas constantes; assim, é um canteiro de obras permanente. Ter esta consciência nos faz mais modestos nas posições que temos e nas propostas epis-temológicas que apresentamos; e, deste modo, espero que este trabalho possibilite outras abordagens que ampliem o tema do batismo no Espírito. Agradeço à Igreja que hoje pastoreio, Comunhão Cristã Ictus, pelas orações, pelo apoio constante, pela amizade, pela graça de serem ovelhas de Jesus, pelo amor manifestado a mim e minha família, muito obrigado. Agradeço a você, querido(a) leitor(a), que é a razão maior de todo este empreendimento, como bem afirmou São Paulo: “Porque todas as coisas existem por amor de vós...” (1Co 4.15), e também: “Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso...” (1Co 3.21-22); assim, foi mirando na sua vida – embora para mim, muito provavelmente anônima – que me dediquei a este trabalho, “por amor de vocês”, “porque tudo é de vocês”. QR Code: 1ª PARTE: O COROLÁRIO DA EFUSÃO DO ESPÍRITO 1. GRAÇA SOBRE GRAÇA: PORQUE BUSCAR MAIS DE DEUS Resumo: São analisados os três elementos que constituíam a “medida da estatura da plenitude de Cristo”, quais sejam: a plenitude do Espírito, a imagem perfeita do Pai nele e a obediência absoluta de Jesus manifestada na crucificação; e como os crentes po-dem alcançar tal plenitude. Por que devemos buscar algo a mais de Deus? Por que não nos conformar-mos com aquilo que já temos d’Ele? Existe algo a mais que ainda não temos e não conhecemos? Deus é infinito e é também uma fonte infinita (Jr 2.13,17, 17.13, Sl 36.8,9, Jo 4.10,14, 7.37,38, Ap 7.17, 21.6, 22.1,17). Há algo a mais de Deus? A resposta é: sim, sempre haverá algo a mais. Jamais O esgotaremos, jamais O conheceremos plenamente nesta vida (1Co 13.12). Tudo que alcançarmos d’Ele e n’Ele ainda será muito menor do que aquilo que Ele tem a oferecer e a fazer em nós. Precisamos atingir níveis cada vez mais elevados em Deus, almejando ser como Jesus, alcançando a medida da estatura da sua plenitude. 1.1. A medida da estatura da plenitude de Cristo A igreja de Jesus precisa alcançar a MEDIDA DA ESTATURA DA PLENITUDE DE CRISTO (Ef 4.13). O que é isto? Como e quando alcançamos tal estatura? Paulo falou da estatura de Cristo quando listou os dons ministeriais (do latim ministerium, serviço, ofício, mister, trabalho, sacerdócio) dados por Jesus à sua igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, com o fim de aperfeiçoar os santos, para alcançar um alvo ainda maior, qual seja, a maturidade de Cristo nos crentes: “11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, ou-tros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13 Até que todos cheguemos À UNIDADE DA FÉ E DO PLENO CONHECIMENTO DO FILHO DE DEUS, À PERFEITA VARONILIDADE, À MEDIDA DA ESTATURA DA PLENITUDE DE CRISTO” (Ef 4.11-13). O alvo de Jesus ao conceder ministros para a igreja é claro: aperfeiçoar os santos. Este aperfeiçoamento tem dois objetivos: primeiro, que os crentes sejam eficientes no serviço prestado como igreja de Jesus e, segundo, que o corpo de Cristo seja edificado1. Com estes dois objetivos realizados, Jesus tem um alvo ain-da maior a ser alcançado, representado sob três aspectos: primeiro, que os crentes cheguem a uma unidade de fé, que é o conhecimento pleno de Jesus; segundo, a uma perfeita maturidade; e, terceiro, à estatura completa de Cristo. É apenas um alvo com três nuanças distintas: fé, conhecimento e maturidade: Todas as três frases no verso 12 descrevem o processo que ocorre na vida da igreja. Mas o apóstolo jamais poderia pensar em um processo sem fi-xar os olhos no alvo. O verbo empregado no princípio do versículo (katan-tao) é usado nove vezes em Atos com referência aos viajantes que chegam a um destino. (At 26.7 e Fp 3.11 para uso semelhante ao daqui). E o pon-to de chegada da jornada da Igreja é descrito de três modos. O primeiro é a unidade da fé. Quando a fé é corretamente participada, pessoas com diferentes origens de erro e ignorância chegam a uma compreensão crescente da única “esperança”, a uma dependência também crescente do único “Se-nhor”, e, assim sendo, a uma apreciação progressiva do único “corpo”. O alvo, portanto, deve ser a unidade da fé. Segundo, embora já se tenha dito o suficiente para tornar isto evidente, enfatiza-se que a fé não é apenas aceitar-se uma coleção de dogmas, e obter- -se assim a unidade. É algo mais profundo e mais pessoal. É a unidade no pleno conhecimento do Filho de Deus. Jamais conheceremos uma pessoa apenas com a mente; e o conhecimento de tal Pessoa deve envolver a mais profunda comunhão. Pois esta Pessoa é o Filho de Deus, e esta é uma das raras vezes, em todas as epístolas paulinas, que este título aparece (Rm 1.4, Gl 2.20, 1Ts 1.10). Quando Paulo fala da relação do Senhor com Sua Igre-ja e com o propósito do Pai, em geral usa o título “Cristo”, mas “quando O descreve como o objeto daquela fé e conhecimento em que nossa unidade será finalmente compreendida” (Robinson), fala dEle em Sua posição úni-ca como o Filho de Deus. Mas esse conhecimento, que é comunhão com o Filho de Deus, envolve a experiência plena de vida “em Cristo”, e, portanto, de desenvolvimento até a perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo. Todas as diferentes expressões aqui falam de maturidade. A palavra traduzida por perfeita (teleios) possui a conotação de desenvolvimento pleno em 1 Coríntios 2.6 e Hebreus 5.14. Varonilidade significa aqui o estado de ser adulto, como em 1 Coríntios 13.11, onde a palavra também é contrastada com nêpios, que é usada no próximo versículo aqui para designar crianças. O singular, além do mais, expressa novamenteo pensamento de que maturidade envolve unidade; os “muitos” devem se tornar um “novo homem” (2.15). Então a palavra usada para estatura, que pode ter o sentido de ida-de (Jo 9.21,23) ou de estatura física (Lc 19.3), fala figuradamente da maturidade, cujo padrão é nada menos que a plenitude de Cristo. Tal como em 1.23, alguns interpretam esta expressão como “a medida do Cristo perfei- to”, perfeição esta que Ele atinge ao preencher-se da Sua Igreja. Outros entendem a expressão como aquilo que Cristo preenche. Parece-nos que a melhor interpretação é a mesma que de 1.23, isto é, como posse completa dos dons e graça de Cristo, os quais Ele procura dar aos homens. Ele mes-mo possui a própria plenitude de Deus (Cl 1.19, 2.9); Ele quer que o cristão seja preenchido de tudo que Ele possa comunicar. É irrelevante que este alvo possa ou não ser alcançado nesta vida. O importante é que o cristão deve marchar firme para a frente levado por esta ambição.2 Os ministros têm, naturalmente, um papel importante neste processo, principalmente no tocante aos dois primeiros aspectos. O terceiro aspecto é mais dependente da atuação direta de Deus na vida do crente. Para o tema abordado neste livro, basta estudar o terceiro aspecto: a medida da estatura da plenitude de Cristo. A plenitude de Cristo, representada sem sombra de dúvidas pela sua maturidade máxima, foi o momento em que Jesus atingiu o ápice de fé, de conhecimento e de porte espiritual que era possível alcançar. Houve um momento na vida de Jesus em que ele chegou ao nível máximo e intransponível de crescimento que é possível chegar. Este nível máximo que Jesus atingiu nós também devemos atingir, ou melhor, Ele quer comunicar-nos da sua plenitude, para que cheguemos à medida da sua estatura. Como vamos alcançar um alvo tão elevado: chegar a ter a medida da estatura da plenitude de Cristo? Através da comunicação da sua plenitude a nós. Por outras palavras, Cristo precisa dar-nos da sua plenitude para que cheguemos à medida da sua estatura. Quanto mais recebermos de Jesus aquilo que Ele pode comunicar- nos (que pode dar-nos), mais nos aproximamos do alvo de termos a medida da estatura da plenitude de Cristo. Sem esta comunicação jamais chegaremos à sua estatura. 1.1.1. Os três elementos básicos que constituíam a plenitude de Cristo Perguntamos então: “Quais elementos presentes em Cristo precisam ser comunicados aos crentes, para que alcancem a medida da estatura da plenitude de Cristo?” Para respondermos esta pergunta precisamos responder outra pergunta anterior: “Quais elementos representaram, em Jesus, a medida da sua estatura de plenitude?” Respondendo a segunda, teremos então os elementos que deverão ser comunicados aos crentes, para que cheguemos ao padrão de Cristo Jesus. Três elementos básicos representaram a estatura plena de Cristo: primeiro, a plenitude do Espírito de Deus em Jesus (Jo 1.16, 3.34, Cl 1.19, 2.9); segundo, a imagem perfeita do Pai n’Ele (Jo 1.14,18, 12.45, 14.9,10, 15.24, 2Co 4.4, Fp 2.6, Cl 1.15, Hb 1.3, 1Co 15.45-48); e, terceiro, a obediência absoluta mani- festada na crucificação (Mt 26.39,42,44-45, Fp 2.8, ver Hb 5.7-9, Jo 4.34, 6.38, 8.18). Estes são os três elementos que, consequentemente, precisam ser comunicados aos crentes. Vejamos estes três elementos em Cristo. 1.1.1.1. Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo O primeiro, Cristo tinha a plenitude do Espírito de Deus (veremos isto detalhadamente no próximo Capítulo, pelo que seremos breve aqui). Esta plenitude pode ser vista nos textos abaixo: “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.” (Jo 1.16) “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida.” (Jo 3.34) “porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1.19) “porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.” (Cl 2.9) Como esta plenitude do Espírito nos é comunicada? Ou, como Deus nos dá da plenitude de Cristo? A resposta é fornecida por João: “graça sobre graça”. João explica que temos recebido da plenitude de Jesus; da porção do Espírito que estava sobre Ele Deus tem derramado sobre nós. “Graça sobre graça” representa o fato de que Deus vai acrescentando uma porção nova à porção já anteriormente dada ao crente. No acúmulo das muitas vezes que Deus dá parte da porção do Espírito que estava em Jesus – “graça sobre graça” – é que o crente alcança a plenitude que Jesus tinha. Jesus foi pleno do Espírito no dia do seu batismo nas águas, de súbito; nós vamos alcançando a plenitude através de um processo que João chamou de “graça sobre graça”. Paulo deseja ver os crentes plenos de Deus e ora para que esta plenitude seja real (Ef 3.14,19). 1.1.1.2. Jesus era a perfeita imagem de Deus O segundo, Cristo era a imagem perfeita de Deus na terra. Dentre os textos referenciados acima, destacamos quatro: “E quem me vê a mim vê aquele que me enviou.” (Jo 12.45) “9 Disselhe Jesus: (...) Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.9) “nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2Co 4.4) “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;” (Cl 1.15) Jesus é a imagem perfeita de Deus. Esta imagem de Deus em Cristo representava, de um lado, o caráter de Cristo, que era santo, assim como Deus é santo. O comportamento de Jesus era o comportamento do Pai (Jo 5.19-20, 7.16, 8.15-16,28,38, 12.49-50, 14.10). Tudo que Jesus fazia e falava era aquilo que o Pai primeiramente havia feito e falado. Olhar para Jesus era ver o Pai. João disse que era possível ver a glória de Jesus como a glória do Unigênito de Deus (Jo 1.14). A imagem de Deus refletida por Cristo transmitia a glória de Deus àqueles que cir-cundavam Jesus. Também representava, do outro lado, a original imagem que Deus comu-nicou ao homem, na criação, antes do pecado (Gn 1.26). Independentemente da definição do que venha a ser tal “imagem e semelhança de Deus no homem”3, Je-sus era esta imagem original. É certo também que o homem não perdeu a imagem de Deus por causa do pecado4, como vemos em Gênesis 9.6, em que o homicídio é proibido porque o homem é a imagem de Deus (e neste tempo o homem já es-tava debaixo do pecado). Esta imagem foi deformada, mas não extinta pelo peca-do. Uma vez que Jesus não tinha pecado, a imagem de Deus n’Ele não estava deformada, antes, preservava seu estado original. O homem antes do pecado tinha a mesma exata imagem que Jesus veio apresentar à humanidade marcada pelo pe- cado. A encarnação de Jesus foi também uma apoteose de como seria o homem caso não tivesse cometido o pecado. Um ponto que quero destacar desta imagem diz respeito ao aspecto ético, comportamental, da estatura da plenitude de Cristo. Era o aspecto perceptível, visível, palpável, da estatura de Cristo. A plenitude de Deus não era algo mensurá-vel sob o prisma da evidência comportamental. A plenitude do Espírito de Deus era algo espiritual, interno, intrapessoal; já a imagem de Deus era algo comportamental, externo, interpessoal. Estes dois elementos são como os dois lados de uma moeda: um inexiste sem o outro e um completa o outro. São os aspectos espiritual e comportamental da estatura plena de Cristo. Cristo era pleno em Deus tanto sob o aspecto da presença do Espírito Santo quanto sob o aspecto do seu comportamento santo e imaculado (Jo 14.30). Como esta imagem nos é comunicada? Como chegamos a ter a imagem de Cristo ou como podemos refleti-la? Paulo fala que somos transformados “de gló- ria em glória” na imagem de Jesus (2Co 3.18), que é imagem de Deus (2Co 4.4); por fim, somos transformados na própria imagem de Deus: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2Co 3.18) A resposta, portanto, é oferecida por Paulo: “de glória em glória”. A ima-gem
Compartilhar