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Educação Integral em Tempos de Crise

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Relatório do Vídeo: O Papel da Educação Integral em Tempos de Crise (com Natacha Costa).
Fabio André
RA:
São Paulo
2021
Centro de Referências em Educação Integral foi criado em 2013 com o objetivo de sistematizar o conhecimento produzido em diferentes redes e escolas brasileiras que teriam como práticas as políticas alinhadas com este conceito de educação integral.  O Centro vem fazendo uma reflexão sobre como é possível estruturar respostas a esta crise que observem os princípios da Educação Integral na efetivação do direito à educação no Brasil durante e após este período. Estes princípios versam sobre quatro aspectos:
· Equidade: reconhecimento do direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diversificadas, a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes e agentes. 
· Inclusão: reconhecimento da singularidade e diversidade dos sujeitos, a partir da construção de projetos educativos pertinentes para todos e todas. 
· Sustentabilidade: compromisso com processos educativos contextualizados, sustentáveis no tempo e no espaço e que integram permanentemente o que se aprende e o que se pratica. 
· Contemporaneidade: compromisso com as demandas do século XXI, com foco na formação de sujeitos críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo. 
A concepção de Educação integral visa a qualidade da aprendizagem e desenvolvimento integral do aluno envolvendo todos os aspectos físico, social, cultural e emocional do aluno, isso significa que é uma educação que pode acontecer em todas as escolas e períodos tanto em jornada regular, integral, integral ampliada com parcerias ou sem parcerias. Este tipo de escolarização escolhe como objetivo o além do processo de educação tradicional mas sim um processo mais global contextualizado conectado aos desafios e realidade mais próxima do estudante, levando a superação do modelo de uma escola mais transmissiva (passiva) onde os estudantes são mais passivos (realizam testes, provas, trabalhos) passando para uma educação que constrói conhecimento na prática transformando a sua realidade e preparando o aluno para a realidade fora de sala de aula.
O desenvolvimento de competências é fundamental para estes estudantes (oratória, matemático, raciocínio lógico e principalmente a realidade) não somente dos alunos mas os professores precisam ter um posicionamento de não ser um profissional que segue um currículo fundamental preconizado pelas diretrizes e sim um profissional que pesquisa, reflete e produz conhecimento e conhece seus estudantes e sua realidade, sendo assim um profissional mais ativo que participa de suas atividades cotidianas e apresenta uma maior conexão com os alunos.
Quando pensamos na Educação Integral como Política Pública, precisamos ter a visão de uma política para toda a rede de ensino que garanta condições para que as escolas implementem a educação integral, com a construção de um currículo integrador, processos diferenciados de avaliação coerentes com esta concepção educacional, projetos de formação alinhado dentro das escolas e secretarias fazendo um diálogo permanente visando os princípios de equidade, inclusão , sustentabilidade e contemporaneidade.
No contexto de hoje em dia devido a pandemia foi necessário pensar em estratégias para seguir com os planos educacionais, garantindo todos os quesitos da educação integral em frente a dificuldades imposta por esse período. Foi observado que mesmo com materiais online, impressos e aulas remotas sendo desenvolvidas, não está sendo o suficiente a transposição da escola para a casa, porque a escola tem que ser observada como um espaço para interação social muito importante para o desenvolvimento da criança, não sendo possível transmitir toda esta complexidade para dentro da casa do aluno.
O senário atual apresentamos alguns contextos de suspensão de atividade econômica, onde um quarto da população vive com menos de R$420,00 per capta por mês, há um agravamento das desigualdades: segurança alimentar com a falta de acesso ao alimento na escola, acesso a moradia e saúde. A fragilização da rede de proteção social onde metade das nossas crianças e adolescentes vivem sobre múltiplas privações antes da pandemia e irá agravar no pós-pandemia, o acesso a inclusão digital é uma grande dificuldade antes e durante a pandemia onde ou os alunos não apresentam acesso à internet e computadores ou qualquer outro dispositivo que o conecte com o ambiente da internet para conseguir frequentar as aulas. Hoje em dia o sentimento de incertezas e insegurança é a rotina de todos na área de educação afetando o desenvolvimento e o comprometimento na experiência.
Com o isolamento social foram necessárias algumas mudanças nos objetivos educacionais, visando manter um ensino mais focado com a nova realidade, com pequenas mudanças para conceder um melhor desenvolvimento da educação e mais assertivo neste período. Foram necessários muita clareza nos objetivos educacionais, que foram colocados em prática durante a pandemia. Observando problemas rotineiros da educação a distância sobre as avaliações e a garantia de presenças nas aulas diariamente para chegar nesta forma de aprovação do conhecimento e certeza da absorção do mesmo.
Fica evidente neste cenário a urgência de pensarmos a educação para além do processo de escolarização. Se, como nos ensinou John Dewey, “educação é processo, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, mas a própria vida”, torna-se fundamental reconhecer com clareza o contexto em que estamos trabalhando como educadores para ampliar o alcance de nossa intervenção e minimizar os efeitos desta crise.
No entanto, como uma atividade essencialmente presencial, a educação se vê em um momento de muita pressão. Por toda a parte surgem soluções para o trabalho educacional remoto, mas a realidade é que gestores e professores ainda estão lidando com uma série de dúvidas, além de se verem exigidos a reorganizar o calendário escolar diante da imprevisibilidade em relação a duração e aos efeitos do isolamento social.
Apoio aos gestores e professores para a produção da proposta educacional foi um desafio grande para garantir a adequação das aulas e conseguir transpassar assuntos e temas que seriam benéficos, reais e pertinentes para os alunos para assim manter uma aderência nas aulas remotas. Quanto às famílias, foi necessário abrir pautas para uma escuta ativa e instrutiva para oferecer uma ajuda para estes familiares auxiliarem a vida dos estudantes e garantir que este aluno tenha acesso ao ensino diário.
No meio da crise foi observado que não era eficaz transferir a escola para dentro da casa do aluno e sim manter a criança em um contexto de aprendizagem constante e apoiar a família da criança neste momento desafiador, não somente na realização de atividades pedagógicas e sim na criação de uma rotina entre pais e filhos lidando com as questões que surgem no decorrer do ensino e colaborar com a aprendizagem. Esta problemática tem muito fatores deflatores para o sucesso, ainda mais com famílias com porcentagem grande de analfabetos funcionais, ou famílias sem acesso à internet ou com pouco tempo disponível para realizar estas tarefas e auxiliar seus filhos.
Claro que a ideia de manter, em alguma medida, os estudantes engajados em atividades propostas pelas escolas é desejável e relevante. Entretanto, é fundamental aprofundarmos coletivamente nossa reflexão a respeito dos objetivos que estas atividades não presenciais devem ter nesse momento, considerando todos os aspectos que impactam as redes, escolas, profissionais da educação, famílias e estudantes.
Para aliviar o processo e chegar 100 % dos estudantes foi necessário desenvolvimento de estratégias colaborativas entre professores e famílias, garantindo assim, o acesso ao auxílio nesta nova jornada educacional, com a criação de grupos colaborativos onde 1 familiar é responsável por seu filho e por outro colega de sala, para assimgarantir que todas as informações seriam duplamente checadas e aumentando a garantia que a informação chegou ao interlocutor. Isso foi um método de busca ativa que todas as escolas desenvolveram para se conectar com as famílias, estreitando vínculos, modelando as necessidades individuais de cada indivíduo do grupo visando a criação de trabalhos intra escolares para atender o processo educativo estratégico dentro das casas.
Em questão sobre os materiais dados em sala ou impressos, a colaboração e construção coletiva entre escola e as famílias foi fundamental para o desenvolvimento de um conteúdo considerado essencial e mais adaptado a realidade dos pais para proporcionar a educação e garantia de que o ensino está sendo efetuado durante a pandemia. 
No ponto de vista das práticas pedagógicas e exploração de diferentes linguagens (vídeos, áudios, desenhos, cards, redes sociais, plataformas digitais tanto para computadores como celulares, materiais impressos) foram necessários para atender todos os perfis de famílias e suas particularidades para garantir o acesso ao conteúdo programático. Garantindo assim uma diversificação do material para auxiliar as famílias conseguir praticar o desenvolvimento educacional.
	Mobilização social com campanhas de engajamento de outros setores, com envolvimento das prefeituras e secretários nos canais de comunicação, criando uma agenda para o desenvolvimento de propostas e manter a comunicação entre escola e estado. Intersetorialidade e trabalho em rede, criando condições melhorada nas condições de vida e na interdiciplinaridade entre outros profissionais da saúde, assistência social para garantir a segurança e a saúde dos familiares e assim conseguirem praticar a educação dentro de casa.
	Neste aspecto pandêmico, e este período atual tem a necessidade de pensar sobre o pós-pandemia com o retorno da comunidade escolar pós crise sanitária. Como será o pós-pandemia? O retorno precisa ser observado para garantir a continuidade na educação dos jovens e dos profissionais das escolas. Discussões de visão de escola como um espaço coletivo onde quando retornar o presencial terá que lidar com questões pessoais e traumas entre outras situações adversas que geraram traumas e necessitam de maiores cuidados nesta comunidade.
	No pós-pandemia com todos os desafios impostos foram necessárias algumas transformações benéficas na didática e na prática do ensino, que será necessário a discussão de um novo formato educacional para atender as novas demandas de ensinamento dentro de sala de aula. Novas oportunidades surgirão nesse contexto para garantir a formação integral para todos da comunidade. Observamos que haverá a necessidade de continuar estreitando mais ainda os laços entre a escola e a família para garantir a aderência do ensino e a sua continuidade.
REFERÊNCIAS
1. Vídeo Canal Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=fL8JAx8LkWw , acesso em 13/05/2021.
2. COSTA, Natacha: O papel da Educação Integral em tempos de crise. Centro de Referências em Educação Integral; 14/04/2020; acesso: https://educacaointegral.org.br/reportagens/o-papel-da-educacao-integral-em-tempos-de-crise-por-natacha-costa/ Acessado em 13/05/2021.

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