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ANATOMIA ▪ glândula endócrina em forma de borboleta (ou pêra) localizada abaixo e anterior à laringe, logo abaixo da cartilagem tireóide. ▪ 2 lobos conectados por um istmo, o direito ligeiramente maior. Cada lobo mede cerca de 4,0 x 2,0 x 2,0 cm. Peso aproximado 20 gramas. ▪ relação anatômica posterior com a traqueia (abraça a traqueia), esôfago e nervos laringeos recorrentes. As paratireoides (2+2) situam-se na porção posterior dos lobos. ANATOMIA Macroscopia Superfície lobulada, brilhante, pardo acastanhada Aos cortes, tecido com aspecto esponjoso, macio, pardo acinzentado HISTOLOGIA DA TIREÓIDE Microscopia Divisão em lóbulos Cada lóbulo: 20 a 40 folículos ou ácinos (esferas) separados por septos fibrosos finos Revestimento por células cuboidais achatadas Folículos repletos de colóide (tireoglobulina) PAS + Células C (calcitonina) no estroma TIREOIDITES Desordens caracterizadas por alguma forma de inflamação na tireoide, causadas por trauma, radiação, medicação, desconhecido doença aguda ou subaguda – dor localizada, sinais flogísticos doença crônica: pouca inflamação, manifestada por disfunções glandulares A tireoidite pode ter origem infecciosa (rara) aguda piogênica (S. aureus, S. pyogenes. H. influenzae) geralmente unilateral disseminação hematogênica colonização direta – fístula tireoglossa, fístula faríngea diagnóstico por punção do abscesso, tto com antibióticos crônica imunodeprimidos – micobactérias, fungos, Pneumocystis geralmente bilateral na AIDS: P. jiroveci TIREOIDITES MAIS IMPORTANTES Tireoidite de Hashimoto Tireoidite granulomatosa subaguda Tireoidite linfocítica subaguda Tireoidite pós-parto Tireoidite infecciosa Tireoidite medicamentosa Alfainterferon, interleucina 2, amiodarona Tireoidite actínica Tireoidite fibrosante de Riedel TIREOIDITE DE HASHIMOTO Tireoidite linfocítica crônica autoimune Causa mais comum de hipotireoidismo em áreas com níveis adequados de iodo (90%) Insuficiência tireoidiana gradual por destruição auto-imune da glândula 1912 – Hashimoto – bócio + struma lymphomatosa HASHIMOTO 45 – 65 anos (mais velhas), pode ser em qualquer idade Mulheres 10 : 1 a 20 : 1 homens Causa de bócio não endêmico em crianças Componente genético comprovado Taxa concordância gêmeos homozigóticos de 30% a 60% Anticorpos antitireoidianos circulantes em 50% dos parentes assintomáticos primeiro grau Anormalidades cromossômicas associadas: Turner; Down HASHIMOTO - PATOGENIA Associação de fatores genéticos e adquiridos (infecções virais e consumo de Iodo) Reação imunológica voltada para vários antígenos tireoidianos, utilizando a via celular (citotoxicidade pelos linfócitos CD8) e via humoral (autoanticorpos) Formação de imunocomplexos e complemento na membrana basal das células foliculares, causando reação linfocitária e hiperplasia Há uma redução gradual de tireocitos e substituição por infiltrado de células inflamatórias mononucleares e fibrose Os principais autoanticorpos são Antitireoperoxidade (TPO) em 95-100% dos casos (jovens podem ser negativos) títulos 1:1600 Antitireoglobulina (anti-Tg) (95-100%) Antirreceptor de TSH (15-20%) Glândula atrófica por inibição da recepção No Graves, o anticorpo é do tipo estimulante Antitransportador de Iodo (15-20%) Alguns pacientes com TH tem os dois tipos de Ac anti-TSH HASHIMOTO - MORFOLOGIA Aumento difuso, cápsula intacta Glândula bem delimitada em relação às estruturas vizinhas Superfície de corte vagamente nodular, pálida e firme HASHIMOTO - MICROSCOPIA Infiltrado inflamatório mononuclear extenso Linfócitos pequenos, plasmócitos, centros germinativos bem desenvolvidos Folículos atróficos com células de Hürthle (metaplasia) Na variante fibrosa, a fibrose se assemelha a quelóide, mas não ultrapassa a cápsula MICROSCOPIA HASHIMOTO HASHIMOTO - CLÍNICA Aumento indolor da glândula Hipotireoidismo em grau variável, gradual Pode haver “ hashitoxicose” Risco de outras doenças auto-imunes e linfoma não Hodgkin de células B (vitiligo, anemia perniciosa, diabete melito, Addison) Diagnóstico pela clínica e laboratório PAAF para excluir tumores Tratamento hormonal BÓCIOS - DIFUSO E MULTINODULAR Manifestação mais comum de doença tireoidiana Alteração na síntese hormonal por deficiência de iodo Aumento na glândula provocado por hipertrofia e hiperplasia folicular Hipotireoidismo bociogênico: quando as respostas compensatórias não superam a deficiência da síntese hormonal BÓCIO DIFUSO NÃO-TÓXICO Envolvimento difuso da glândula, sem formação de nódulos Chamado de bócio colóide BÓCIO DIFUSO NÃO-TÓXICO Endêmico: mais de 10% da população acometida Comum em áreas montanhosas (Alpes, Andes, Himalaia) Falta de iodo ou excesso de alimentos bociogênicos como: vegetais das famílias Brassica e Cruciferae (couve-flor, repolho, couve de bruxelas); mandioca (tiocianato) BÓCIO DIFUSO NÃO-TÓXICO Esporádico Menos freqüente que o endêmico Maior incidência em mulheres Puberdade e adultos jovens Causado por interferência na síntese hormonal Defeitos enzimáticos ou ingesta de substâncias Na maioria dos casos, a causa não é aparente BÓCIO DIFUSO NÃO-TÓXICO: CLÍNICA Maioria clinicamente eutireoideos Manifestações devidas aos efeitos da massa glandular aumentada T3 e T4 normais; TSH aumentado ou no limite superior Nos defeitos genéticos, pode induzir ao cretinismo BÓCIO DIFUSO NÃO-TÓXICO BÓCIO DIFUSO NÃO-TÓXICO : MORFOLOGIA Fase hiperplásica Aumento difuso e simétrico ( entre 100 e 150 gramas) Folículos revestidos por excesso de células colunares, não uniforme Fase de involução Demanda de hormônio reduzida Epitélio estimulado involui Glândula aumentada rica em colóide (bócio colóide) Epitélio cuboidal BÓCIO MULTINODULAR Derivado do bócio simples Aumento irregular da glândula por episódios recorrentes de hiperplasia e involução folicular Não-tóxico ou tóxico O aumento pode ser extremo e confundir com neoplasia Pode mascarar uma neoplasia BÓCIO MULTINODULAR - MORFOLOGIA Glândulas multilobuladas Crescimento assimétrico e imprevisível Compressão estruturas adjacentes, pode ser intratorácico (mergulhante) Pode haver nódulo dominante e confundir com nódulo solitário BÓCIO MULTINODULAR - MACROSCOPIA Glândula com aspecto multinodular, assimétrica, tamanho variável BÓCIO MULTINODULAR - MACROSCOPIA ▪ Vários nódulos irregulares, contendo colóide gelatinoso marrom ▪ Áreas hemorrágicas, císticas e necróticas ▪ Focos calcificados (textura arenosa) ▪ Pode pesar até 2,0 kg BÓCIO MULTINODULAR - MICROSCOPIA Folículos com tamanho e formas variadas cheios de colóide, revestidos por células achatadas Áreas de hiperplasia e hipertrofia epiteliais com áreas de degeneração BÓCIO MULTINODULAR - CLÍNICA Geralmente assintomático, paciente eutireoideo Pode cursar com hipotireoidismo: hipotireoidismo bociogêncio Pode ser bócio funcionante (bócio tóxico): hipertireoidismo Efeitos provocados pelo volume da glândula Efeito cosmético óbvio Obstrução de vias aéreas, grandes vasos cervicais e região superior do tórax Disfagia Dor local quando hemorragia em nódulo Cirurgia Indicações: ▪ PAAF suspeita ou categórica de carcinoma ▪ Bócio refratário ao tratamento NÓDULOS TIREOIDIANOS Principal preocupação é a possibilidade de carcinoma (menos de 1% dos nódulos solitários) 15.000 casos novos de carcinoma /ano A maioria dos carcinomas tireoidianos têm comportamento indolente e a taxa média de sobrevivência é cerca de 90% em 20 anos PISTAS PARA AUXILIAR NO DIAGNÓSTICO Nódulo solitário é mais provavelmente neoplásico que nódulos múltiplos Nódulo solitário em jovem tem mais risco de ser neoplásico que em idosos Nódulos em homem é mais provavelmente neoplásico que em mulher Radiação cabeça e pescoço no passado aumenta o risco de malignidade Nódulos quentes à cintilografia são mais provavelmente benignos PAAF : incomum resultados falso-positivos. ADENOMAS TIREOIDIANOS Massas discretas, solitárias Derivados do epitélio folicular: adenomas foliculares Necessário diferenciar de Carcinoma Folicular. Devido ao risco de Neoplasia, uma vez diagnosticado o Adenoma, a indicação é cirúrgica (RESSECÇÃO). Classificados conforme o tamanho dos folículos; tipo e grau de celularidade: Macrofoliculares, microfoliculares; Padrões mistos são comuns; Maioria não funcionante. ADENOMAS - MORFOLOGIA Lesão solitária, esférica, bem delimitada, capsulada Tamanho variável (1,0 cm a 10,0 cm) Branco-acinzentado a castanho- avermelhado Áreas de degeneração nas lesões maiores Cápsula intacta, bem definida Compressão do tecido normal ADENOMA FOLICULAR ADENOMAS - MICROSCOPIA Folículos de aparência uniforme, diferente do tecido normal adjacente Pouca variação na morfologia celular e nuclear Figuras de mitoses são raras, papilas não muito alteradas Pode exibir alteração oxifílica (Hürthle) Existem variações que confundem com carcinoma O exame meticuloso da cápsula é de extrema importância na diferenciação adenoma x carcinoma ADENOMA - MICROSCOPIA ADENOMA - MICROSCOPIA Folículos bem formados, homogêneos Ausência de atipias, mitoses e necrose ADENOMAS - CLÍNICA Massa unilateral indolor, geralmente descoberta em exame clínico de rotina Massas maiores provocam sintomas locais Cintilografia: nódulos “frios”em relação ao tecido adjacente 10% dos nódulos frios podem ser malignos Pode haver adenoma hiperfuncionante ADENOMAS - DIAGNÓSTICO Cintilografia Ultra-sonografia PAAF Somente a análise patológica pode confirmar Têm bom prognóstico, sem metástases ou recorrências 20% têm mutação na família RAS, como em 30 – 40% dos carcinomas CARCINOMAS DA TIREÓIDE São tumores relativamente raros 1,5% de todos os carcinomas Principal fator de risco: radiação ionizante (papilífero) 80% crianças com carcinoma foram expostas previamente Tratamento no passado para aumento das amígdalas; tinea capitis; acne; outras lesões inflamatórias, tumores 6,7% japoneses expostos à bomba Ilhas Marshall Chernobyl (Ucrânia) – 1986 Bócio de longa duração CARCINOMAS DA TIREOIDE Carcinoma papilífero ( 75 a 85% dos casos) Carcinoma folicular ( 10 a 20% dos casos) Carcinoma medular ( 5% dos casos) Carcinoma anaplásico ( < 5% dos casos) A maioria deriva do epitélio folicular O medular deriva das células C CARCINOMA PAPILÍFERO Responsável pela maioria dos tumores associados à radiação prévia Qualquer idade, mais freqüente dos 20 – 40 anos Mulheres 3 : 1 homem Assintomático, crescimento lento Bom prognóstico (98% em 10 anos); baixa mortalidade CARCINOMA PAPILÍFERO Geralmente solitários; podem ser multifocais Duas apresentações clínicas: Bem circunscritos, encapsulados; ou Mal delimitados, infiltrando o parênquima adjacente Tamanho variável: microcarcinoma = < 1,0 cm Também pode metastatizar para linfonodo 10 a 20%: manifestação inicial = nódulo cervical CARCINOMA PAPILÍFERO CARCINOMA PAPILÍFERO - MICROSCOPIA Arquitetura Papilas com eixo fibrovascular e células cuboidais CARCINOMA PAPILÍFERO - MICROSCOPIA Variante bem delimitada Variante infiltrativa CARCINOMA PAPILÍFERO As características nucleares conferem o diagnóstico, sendo mais importantes que a arquitetura Núcleos opticamente vazios Grooves nucleares Pseudoinclusões nucleares Nucléolos evidentes e excêntricos Sobreposição nuclear Corpos psamomatosos CARACTERÍSTICAS NUCLEARES Núcleos opticamente vazios ou núcleos claros ou em vidro despolido “Orphan Annie eye nuclei” CARACTERÍSTICAS NUCLEARES CARACTERÍSTICAS NUCLEARES Pseudo-inclusões nucleares eosinofílicas Corpos psamomatosos Fibrose densa com calcoesferitas Em 50% dos casos CARCINOMA PAPILÍFERO – CLÍNICA Nódulo assintomático Livre, se move durante a deglutição Não se diferencia de um nódulo benigno Linfonodo cervical como primeira manifestação Casos avançados provocam disfagia, tosse e dispnéia Metástases hematogênicas mais para pulmão DIAGNÓSTICO Cintilografia : nódulo frio PAAF: alterações nucleares Nódulo quente: hiperfuncionante Nódulo frio: hipofuncionante PROGNÓSTICO Ótimo, taxa de sobrevida em 10 anos de 95% 5 a 20% recorrências locais ou regionais 10 a 15% metástases à distância Fatores de mau prognóstico Masculino / > 45 anos / tumor > 5,0 cm / extensão extratireoidiana / histologia desfavorável / metástases à distância CARCINOMA FOLICULAR Segundo mais comum 10 a 20% dos tumores tireoidianos malignos Mulheres de 40-50 anos Áreas de deficiência de Iodo Mais agressivo que o papilífero CARCINOMA FOLICULAR Duas apresentações: Nódulos isolados bem circunscritos ou Massa nodular extensamente infiltrativa; Os bem demarcados assemelham-se a adenomas; Pode haver invasão capsular e infiltração dos tecidos vizinhos. CARCINOMA FOLICULAR - MORFOLOGIA Coloração acinzentada, bege, rosada. Porém, quando há muito colóide, são translúcidos! Alterações degenerativas presentes: Fibrose central, focos de calcificação CARCINOMA FOLICULAR-MORFOLOGIA Minimamente invasivo Semelhante a adenoma Bem delimitado Deve ser examinada toda a cápsula para procurar invasão CARCINOMA FOLICULAR-MORFOLOGIA Francamente invasivo Não encapsulado ou com marcada invasão capsular Massa infiltrativa Deformação glandular Invasão tecidos moles Pior prognóstico! CARCINOMA FOLICULAR-MICROSCOPIA Padrão arquitetural Folicular Trabecular Sólido Células oxifílicas Células claras Pode produzir mucina CARCINOMA FOLICULAR-MICROSCOPIA O padrão arquitetural pode ser semelhante a um adenoma folicular. O grau de diferenciação do tumor não corresponde ao comportamento do mesmo. INVASÃO CAPSULAR Invasão capsular em bomba atômica! PADRÃO TRABECULAR, PADRÃO FOLICULAR CARCINOMA FOLICULAR - CLÍNICA Nódulos de crescimento lento, indolor Frios na cintilografia Os bem diferenciados podem ser funcionantes Disseminação vascular Ossos (cintura escapular e pélvica, esterno e crânio); pulmões; fígado A primeira manifestação pode ser fratura patológica ou lesão pulmonar Invasão linfática não comum METÁSTASES METÁSTASES Quando há invasão macroscópica da cápsula ou de vasos, 50% chance de metástases à distância Carcinoma minimamente invasivo: 5% chance de metástases à distância CARCINOMA FOLICULAR-PROGNÓSTICO Depende da invasão capsular e da época do diagnóstico (estágio de apresentação) Minimamente invasivo Taxa de sobrevida em 10 anos maior que 90% Invasão franca 50% morrem em 10 anos
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