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De maneira geral a fisiopatologia da desnutrição inicia-se como uma forma de adaptação para tentar minimizar os danos causados pela privação alimentar, podendo ou não estar associado a inflamação. FISIOPATOLOGIA DA DESNUTRIÇÃO As alterações primárias que ocorrem no início do jejum são similares aos processos que acontecem no estágio pós-absortivo entre as refeições. Utilização da glicose como fonte de energia no período pós-prandial, alterando progressivamente para o uso de ácidos graxos. O cérebro, entretanto, depende obrigatoriamente da glicose sendo os níveis circulantes mantidos inicialmente pela quebra de glicogênio armazenado no fígado (Rosa; Hermsdorff, 2021) Mecanismos associados à desnutrição relacionados a fome : Mileidy Rocha Quando a glicose se esgota há a gliconeogênese no fígado e rins, principalmente. Posteriormente, com a progressão do jejum inicia-se a produção de corpos cetônicos (que o cérebro é capaz de utilizar) e depois a utilização dos triglicerídeos armazenados no tecido adiposo. À medida que o jejum progride, a taxa metabólica, os níveis de catecolaminas e as reações de gliconeogênese são reduzidas. As principais alterações hormonais do jejum prolongado são a redução da secreção de insulina e o aumento do hormônio de crescimento e do cortisol. Ocorre também a redução nos níveis de albulmina --> diminuição da pressão oncótica --> aumento da água extracelular e edema. (Rosa; Hermsdorff, 2021)Mileidy Rocha Mecanismos associados ao traumatismo e à doença: A resposta inflamatória observada em doenças ou traumatismos como, por exemplo, acidentes ou cirurgias implica maior gasto energético de repouso, aumento da excreção de nitrogênio urinário, e consequentemente, maior necessidade de energia e proteínas. A resposta ao estresse é caracterizada por balanço nitrogenado negativo e rápida degradação muscular, atribuída ao intenso catabolismo. O organismo busca formas de amenizar os danos ---> Resposta inflamatória estruturada por mediadores celulares e hormônios; mobilização de proteínas para resposta imune; gliconeogênese; formação de cetonas; aumento da circulação de ácidos graxos. A inflamação pode limitar a efetividade das intervenções nutricionais, e a desnutrição associada é capaz de comprometer a resposta clínica aos tratamentos médicos. Sua identificação é fundamental para a classificação precisa da etiologia e da gravidade da desnutrição no momento da avaliação. Dependendo do período e da intensidade, as consequências são graves e podem ser causa de óbito. (Rosa; Hermsdorff, 2021)Mileidy Rocha CONSEQÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO Muscular Ossos Sistema digestório (Rosa; Hermsdorff, 2021) Função, massa e força muscular Massa óssea, principalmente quando há ingestão reduzida de cálcio, magnésio e vitamina D Risco de fraturas - Alterações na função pancreática exócrina , no fluxo sanguíneo intestinal, na estrutura das vilosidades e na permeabilidade intestinal - Restrição de energia e nutrientes = síntese de enzimas digestivas: lactase = intolerância à lactose secundária ( risco de diarreia) Secreção de HCL = ambiente mais propício para proliferação bacteriana Peristaltismo intestinal e da absorção de nutrientes Redução da capacidade de reabsorção de água e eletrólitos pelo cólon ( risco de diarreia) - Alterações da microbiota intestinal Mileidy Rocha CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO Sistema nervoso Coração, pulmão e rins Função imuneSistema endócrino (Rosa; Hermsdorff, 2021) Função endócrina: níveis de T3, T4 e hormônios sexuais; os níveis de testosterona, estrogênio/progesterona caem - amenorreia é comum Secreção de insulina, mas sensibilidade nos tecidos aumenta, mantendo os níveis de glicose sanguínea normais ou baixos - A hipoglicemia ocorre de forma tardia e também pode indicar sepse - Alterações anatômicas e bioquímicas do cérebro: atraso na mielinização, síntese de neurotransmissores - Efeitos psicológicos: depressão, ansiedade, apatia e autonegligência Função imunológica = risco de infecções bacterianas e parasitárias - Dificuldade de cicatrização - Febre e marcadores de inflamação aguda (leucócitos e PC-R) podem estar suprimidos Massa muscular e alterações cardíacas Débito cardíaco = da perfusão renal e da taxa de filtração glomerular Resposta cardiovascular Força muscular respiratória e diafragmática Pressão de tosse = dificuldade de expectoração de secreções e retardo na recuperação de infecções respiratórias Mileidy Rocha Características: alteração da concentração de glicose, eletrólitos, minerais, vitaminas e fluidos corporais, associada a anormalidades metabólicas que cursam com complicações de intensidade variável em diversos sistemas. Após o longo período de privação alimentar, o início da nutrição provoca retorno súbto e intenso à glicose como fonte de energia. Manifestação clínica complexa, potencialmente letal, que ocorre em consequência da realimentação em indivíduos gravemente desnutridos ou em jejum prolongado. Síndrome de realimentação: (Rosa; Hermsdorff, 2021)Mileidy Rocha A retenção de sódio e expansão do volume extracelular podem provocar sobrecarga de fluídos, edema pulmonar e descompensação cardíaca. (Rosa; Hermsdorff, 2021) O aumento da secreção de insulina --> entrada rápida de glicose, potássio, magnésio e fósforo --> agrava os níveis séricos dos eletrólitos. Por ser cofator essencial para o metabolismo de carboidratos, a tiamina tem sua demanda aumentada e exacerba os níveis já baixos pelo jejum. Mileidy Rocha (Rosa; Hermsdorff, 2021) Aumento da glicose e redução da gliconeogênese, podem levar a hiperglicemia, maior risco de infecções e cetoacidose. Excesso de glicose pode levar a alterações da função hepática, hipertrigliceridemia e insuficiência respiratória. Mileidy Rocha REFERÊNCIAS ROSA, C. DE O. B.; HERMSDORFF, H. H. M. (EDS.). Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2021.
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