Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 028 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉTICO Elaboração: Drª Fernanda de Castro Monti Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 1/7 Assinatura: CONCEITO O estado de mal epiléptico (EME) é uma emergência médica, com possibilidade de complicações significativas e risco de morte. É imperativo o reconhecimento rápido desta condição clínica. Na definição histórica, o EME é uma crise epiléptica com duração igual ou superior a 30 minutos ou uma série de crises sem recuperação de consciência entre elas. Durante os primeiros cinco minutos não é possível definir se a crise evoluirá ou não para EME. Portanto, o tratamento deve ser iniciado nos primeiros 5 a 10 minutos de uma crise. Nos casos que duram mais de 60 minutos, há falhas nos mecanismos de compensação, levando à complicações relacionadas a hipóxia cerebral, à lesão neuronal direta e alterações sistêmicas como hipóxia, hipotensão, hipoperfusão, acidose metabólica, hipertermia, hipoglicemia e rabdomiólise. CLASSIFICAÇÃO: a) Com crises tônico-clônica generalizadas – reconhecimento pelo médico com mais frequência. b) Crise mioclônica – generalizada c) Com crises parciais contínua d) Estado de mal não convulsivo (são documentadas no EEG, mas não apresentam sinal clínico aparente) – ausência atípica (longos períodos de Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 028 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉTICO Elaboração: Drª Fernanda de Castro Monti Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 2/7 Assinatura: desligamento), coma e pacientes que não recuperam consciência após tratamento do EME, após controle da crise clínica. CAUSAS O EME pode ser resultante de um evento agudo ou remoto: a) Agudo: distúrbios metabólicos, infecções, intoxicações, doenças cerebrovasculares, traumatismo craniano e baixo nível sérico de fármacos antiepilépticos em indivíduos com epilepsia. b) Remoto: lesões do sistema nervoso central (SNC) – lesões de anóxia, por trauma, acidente vascular cerebral e malformações congênitas do SNC DIAGNÓSTICO – EXAMES LABORATORIAIS Devemos fazer em todas as crianças: Glicemia – Eletrólitos – Uréia - Creatinina- Enzimas Hepáticas - Hemograma Completo – Gasometria. - Dependendo da sintomatologia: Liquor lombar após fundoscopia . Triagem toxicológica, nível sérico de anticonvulsivantes. TRATAMENTO a) Garantir adequadamente a oxigenação cerebral e a atividade cardiorespiratória, com posicionamento de maneira a evitar aspiração estabelecimento de acesso venoso seguro, fornecimento de oxigênio, Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 028 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉTICO Elaboração: Drª Fernanda de Castro Monti Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 3/7 Assinatura: passagem de cânula orofaríngea se necessário, acompanhamento nível de consciência e da freqüência das convulsões. b) Monitorização: saturação de oxigênio, pressão arterial não invasiva e monitorização cardíaca. c) Interromper a atividade convulsiva elétrica e clínica. d) Evitar recidiva da convulsão. e) Tratar a etiologia. TRATAMENTO GERAL: a) Dos distúrbios metabólicos quando presente : Hipoglicemia, acidose metabólica, hiponatremia, hipernatremia, hipocalcemia, etc. b) Edema cerebral – Dexametasona 0,5 – 1mg/Kg/dia ESTADO DE MAL EPILÉTICO a) Tratamento de primeira linha: Diazepam- 0,3 mg/Kg IV, podendo ser repetido após 15 min, até no máximo 10mg – Não deve ser usado intramuscular. Midazolan - 0,2 a 0,3 mg/Kg IV s/n, repetir em 5 minutos a mesma dose. Fenitoina - 15-20 mg/Kg IV, uma segunda dose de 10 mg/Kg – lembrar: a velocidade de infusão é de 50 mg/min Se persistir a crise convulsiva Fenobarbital Sódico- 15 a 20mg/Kg IV, diluído em soro fisiológico. Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 028 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉTICO Elaboração: Drª Fernanda de Castro Monti Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 4/7 Assinatura: b) Tratamento de segunda linha: Midazolam contínuo – dose de 0,05 a 2 mg/Kg/h, devendo ser titulada. Propofol – em bolus 3 a 5 mg/Kg IV, seguido de infusão contínua de 1 a 15mg/Kg/h Tiopental – em bolus 3 a 5mg/Kg IV, seguido de infusão contínua de 3 a 5mg/Kg/h até obter padrão do EEG com surtossupressão Algumas considerações sobre o MIDAZOLAM: a) É um derivado benzodiazepínico que tem menos efeitos adversos que o diazepam; b) Menor risco de parada respiratória; c) Tem uma curta duração de ação, com meia-vida menor no SNC d) Eliminação mais rápida, podendo ser usado em doses altas de até 15mcg/kg/min contínuo; e) Quando existe um acesso venoso difícil, o Midazolam pode ser usado intramuscular e intranasal usando 0,10 mg/kg, em cada narina na seringa de insulina). Efeitos colaterais: Fenobarbital: depressão respiratória, hipotensão,meia vida prolongada. Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 028 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉTICO Elaboração: Drª Fernanda de Castro Monti Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 5/7 Assinatura: Fenitoina: bradicardia, arritmias, hipotensão, monitorizar o ECG e a pressão arterial durante a infusão. Diazepam: sedação profunda, hipotensão, depressão respiratória, sendo este efeito mais acentuado quando utilizado o Fenobarbital anteriormente. Midazolam: sedação, depressão respiratória, principalmente quando utilizado acima de 5 mg/Kg/min. Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 028 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉTICO Elaboração: Drª Fernanda de Castro Monti Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 6/7 Assinatura: Crise epilépica > 5 minutos Crises recorrentes sem recuperação da consciência entre as crises ABC Aspiração, O2 suplementar, oximetria de pulso, monitorização cardíaca Decúbito lateral Monitorização de sinais vitais, Dextro, Acesso venoso Avaliação neurológica História e Exame geral (Atenção: Fundoscopia, déficits neurológicos focais, crises sutis, rigidez de nuca, uso de álcool e/ou drogas ilícitas,medicações, comorbidades agudas ou crônicas, história familiar ou pessoal de epilepsia) Exames laboratoriais(Glicemia, PCR, Na, Ca, Mg, P, Ureia, Creatinina, gasometria arterial, hemograma, TSH, painel toxicológico, enzimas hepáticas, CPK), ECG, nível sérico de DAEs caso as utilize) Droga de ataque IV + dose de manutenção Fenitoína 20mg/Kg IV (diluir em SF0,9%, 1-10mg/ml, infusão 50 mg/ min) (se necessário , fazer dose adicional de 10 mg/Kg) Manutenção 5 mg/Kg/dia Fenobarbital 20 mg/Kg IV Manutenção 5 mg/Kg/dia Diazepam 0,3 mg/Kg IV administrar lentamente Midazolam 0,3 mg/Kg IV Alternativas: Midazolam IM ou Diazepam VR se acesso venoso difícil Crises persistentes ou paciente não desperta IOT Iniciar droga de infusão contínua Encaminhar paciente a UTI EEG EME mantido Midazolam 0,2 mg/kg em bolus, seguido de infusão contínua de 0,05 a 2 mg/Kg/h Tiopental 3 a 5 mg/Kg em bolus, seguido de infusão contínua de 3 a 5 mg/Kg/h Propofol 3 a 5 mg/Kg em bolus, seguido de infusão contínua de 1 a 15 mg/Kg/h Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 028 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉTICO Elaboração: Drª Fernanda de Castro Monti Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 7/7 Assinatura: Bibliografia: 1. Schvartsman B, Maluf P, Neurologia Pediatria Instituto da criança Hospital das Clínicas,: P194 2. Current Opinion in Neurology 2011,24:165-170, The treatment of status epilepticus 3. Shorvon S, Ferlisi M, The treatment of super-refractory status epilepticus:a critical review of available therapies and a clinical treatment protocol, Brain 2011:134;2802-2818 4. Agertt F, Antoniuk S, Bruck I, Santos L, Tratamento do Estado de mal Epiléptico em pediatria-Revisão e Proposta de Protocolo, J Epilepsy Neurophysiol 2005;11 (4):183-188 5. Reed/Cypel/Diament, Neurologia Infantil, Estado de mal Epiléptico: P1661-1675 6. Arzimanoglou A, Outcome of status epilepticus in children,Epilepsia,48(suppl.8):91-93,2007
Compartilhar