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MedicinaIntensiva 3ª Edição - 2006 Coordenadores Milton Caldeira Filho Glauco Adrieno Westphal Manual Prático de III Manual prático de medicina intensiva / coordenadores Milton Caldeira Filho, Glauco Adrieno Westphal. -- - São Paulo: Editora Segmento, 2006. Vários autores Bibliografia. ISBN 85-89636-10-0 1. Diagnóstico 2. Medicina de urgência 3. Medicina intensiva I. Caldeira Filho, Milton. II. Westphal, Glauco Adrieno. CDD-616.075 NLM-WB 141 Manual Prático de Medicina Intensiva Copyright@ 2006 - Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal Proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio ou sistema sem prévio consentimento da ALTANA Pharma Ltda., ficando os infratores sujeitos às penas previstas em lei. Todos os direitos desta edição reservados a ALTANA Pharma Ltda Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático 1 Diagnósticos e tratamento Medicina 616.075 IMPRESSO NO BRASIL 2006 IV Mensagem dos autores Foi com grata satisfação que assistimos à receptividade do Manual Prático de Medicina Intensiva. A nossa intenção foi, não a de esgotar os assuntos discutidos, mas contribuir com a prática da Medicina Intensiva, com um material atualizado e de consulta prática. Este é um Manual elaborado de forma aberta, no qual todos os interessados podem participar. Pedimos a colaboração com o envio de tópicos que ainda não foram discutidos, atentando para a estrutura editorial de tabelas e fluxogramas, a fim de serem acrescentados à próxima edição. Agradecemos a todos os autores que contribuíram, à Altana Pharma, por acreditar neste projeto, viabilizando-o financeiramente, e à dedicação da Segmento Farma Editores, pelo incentivo para a realização deste Manual. Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal miltoncaldeira@brturbo.com.br glauco.w@brturbo.com.br V Autores e colaboradores Alexandre Luiz Longo • Especialista em Neurologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia; profes- sor da Faculdade de Medicina da Univille. Amilton Carniel Guimarães • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina; médico do Programa de Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Municipal São José de Joinville – SC. Anderson Ricardo Roman Gonçalves • Doutor em Nefrologia pela FMUSP; Médico intensivista pela AMIB; Professor das disciplinas de fisiologia e Nefrologia no curso de Medicina da Univille. André Kiss • Especialista em Neurocirurgia pelo MEC. Andréa Ribeiro Cavalcanti • Mestre em Medicina Interna pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia Anna Lecticia Ribeiro Pinto • Mestre pela UFPR; doutorada em Neurologia pela USP; professora da Faculdade de Medicina da Univille; membro da Child Neurology Society. Eduardo Hochmüller • Residente do Serviço Pré-Natal de alto risco da Maternidade Darcy Vargas, Joinville – SC. Eliézer Silva • Doutor em Medicina – Unifesp; supervisor do CTI - Hospital Albert Einstein; professor da Faculdade de Medicina – Unisa; médico pesquisador da Disciplina de Fisiologia Cardiopulmonar Aplicada; presidente da Sociedade Brasileira de Choque. Fabiano Schwingel • Especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia; professor da disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Univille; preceptor do Programa de Residência em Clínica Médica do HMSJ e Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Fernando Wagner • Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia; especialista em Ecocardiografia pelo departamento de Ecocardiografia da Sociedade Brasileira de Cardiologia; especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Glauce Lippi de Oliveira • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SC e pela AMIB; fellow em Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein. Carlito Moreira Filho • Médico obstetra responsável pelo Serviço de alto risco da Mater- nidade Darcy Vargas, Joinville – SC; professor da Faculdade de Medicina da Univille. Christiani Decker Batista • Fisioterapeuta do Centro Hospitalar Unimed; especialista em Fisioterapia Aplicada à Terapia Intensiva. Cláudio Celestino Zolinger • Especialista em Terapia Intensiva, Cirurgia Geral e Nutrologia Coordenador Técnico das Unidades de Terapia Intensiva da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia Vice Coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português Conrado Roberto Hoffmann Filho • Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia; especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira; preceptor de Cardiologia da Residência Médica do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Durval Gonçalves Rosa Neto • Responsável pelo Serviço de Endoscopia do do Hospital Português, Salvador-BA Daniela Toss • Especialista em pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SE. Glauco Adrieno Westphal • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; coordenador da UTI do Centro Hospitalar Unimed de Joinville – SC; professor da disciplina de Medicina Intensiva da Faculdade de Medicina da Univille. João Natel Machado • Professor de Neurologia da Universidade Regional de Blumenau; mestre em Medicina Interna pela UFSC. Joel de Andrade • Especialista em Terapia Intensiva pelo PRM em TI HU UFSC e pela AMIB; médico chefe da UTI do Hospital Universitário da UFSC; mestre em Ciên- cias Médicas – Universidade Federal de Santa Catarina; vice-presidente da Socati. Josiane Colvero • Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia; rotineira da UTI Coronariana do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Luiz Eduardo Faria Coura • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; preceptor do Pro- grama de Residência em Clínica Médica do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Luiz Henrique Melo • Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB; médico infectologista; pro- fessor da disciplina de infectologia da Faculdade de Medicina da Univille. VI Patrícia Silva de Andrade • Médica residente do programa de residência em medicina intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SC. Marcelo de Paiva Castro • Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB; intensivista dos hospitais Dona Helena e Centro Hospitalar Unimed. Marcelo Guimarães da Fonseca • Especialista em suporte nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; especialista em medicina intensiva pela AMIB; espe- cialista em clínica médica pela SBCM. Marcus Vinícius Roman de Alencar Barbosa • Médico residente do programa de residência em medicina intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SC. Margaret Grando • Farmacêutica Bioquímica; mestre em Ciência dos Alimentos; professora da Disciplina de Toxicologia da Universidade de Joinville – SC. Marlene Zannin • Farmacêutica Bioquímica; doutora em Ciências Médicas pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp/EPM; professora adjunta da Disciplina de Toxicologia da UFSC; coordenadora do Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina. Autores e colaboradores Paulo Lisboa Bittencourt • Doutor em Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português Pierry Otaviano Barbosa • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM; em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; intensivista dos hospitais Dona Helena e Municipal São José de Joinville – SC. Rachel Duarte Moritz • Professora do Departamento de Clínica Médica– UFSC; mestra em Ciências Médicas - UFSC; doutora em Engenharia de Produção - UFSC. Raquel Wanzuita • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; professora da disciplina de Medicina de Urgência da Faculdade de Medicina da Univille. Renate Beims • Enfermeira especialista em Terapia Intensiva pela AMIB; enfermeira-chefe da UTI do Hospital Dona Helena – Joinville – SC. Ricardo Cláudio Koch • Responsável Técnico e Coordenador do Programa de Reabilitação Pulmonar da Clinicenter (Joinville – SC); fisioterapeuta da Unidade de Terapia Inten- siva do Centro Hospitalar Unimed (Joinville – SC). Maria Alice Pires Soares • Médica Gastroenterologista da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador-BA Maura Milano Cucco • Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB; intensivista do Hospital Santa Catarina (Blumenau-SC). Milton Caldeira Filho • Especialista em Medicina Intensiva pela Amib; coordenador da UTI do Hospital Dona Helena de Joinville – SC; coordenador da UTI do Hospital Municipal São José (HMSJ) de Joinville – SC; coordenador do Programa de Residência Médica em Medicina Intensiva do HMSJ; presidente da Sociedade Catarinense de Terapia Intensiva. Norberto Luiz Cabral • Especialista em Neurologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia; mes- tre em Medicina Interna pela UFPR; professor da Faculdade de Medicina da Univille. Sérgio Alberto Wolf • Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia; professor colaborador das disciplinas de Neuroanatomia e Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da Univille. Tomio Tomita • Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB; especialista em Aneste- siologia pela SBA; coordenador da equipe de Anestesiologia do Hospital Municipal São José de Joinville – SC. Vilto Michels Júnior • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM; em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; fellow em Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein; médico da disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas. VII Sumário 28 Choque cardiogênico Josiane Colvero, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 29 Sepse Eliézer Silva e Vilto Michels Júnior 31 Drogas vasoativas Vilto Michels Júnior e Eliézer Silva Respiratório 33 Ventilação mecânica não-invasiva (VNI) Ricardo Cláudio Koch e Glauco Adrieno Westphal 34 Broncoespasmo em paciente crítico Fabiano Schwingel e Milton Caldeira Filho 36 Ventilação mecânica no pulmão inflamado Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal 39 Desmame ventilatório Christiane Decker Batista e Glauco Adrieno Westphal 40 Abordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar Glauco Adrieno Westphal e Daniela Toss 14 Morte encefálica Raquel Wanzuita 16 Manutenção do potencial doador de órgãos Raquel Wanzuita Cardiovascular 17 Ressuscitação cardiorrespiratória Joel de Andrade, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 20 Hipotermia após ressuscitação cardiopulmonar (RCP) Glauce Lippi de Oliveira e Milton Caldeira Filho 21 Síndrome isquêmica aguda (SIA) sem supra do segmento ST Conrado Roberto Hoffmann Filho 23 Abordagem inicial de IAM com supra do segmento ST Fernando Wagner 24 Emergência hipertensiva Maura Milano Cucco 25 Abordagem inicial do choque Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 27 Choque hipovolêmico Luiz Eduardo Faria Coura, Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal Informações Gerais – UTI 1 Informações mínimas para apresentação de casos em UTI Glauco Adrieno Westphal e Raquel Wanzuita Neurológico 2 Coma João Natel Machado 4 Trauma crânio-encefálico (TCE) Raquel Wanzuita 6 Acidente vascular cerebral isquêmico(AVCi) Alexandre Luiz Longo 9 Hemorragia meníngea (HM) André Kiss e Sérgio Alberto Wolf 11 Delírio em unidade de terapia intensiva Norberto Luiz Cabral 13 Estado de mal-epilético Anna Lecticia Ribeiro Pinto e Glauco Adrieno Westphal Gastroenterológico 42 Síndrome compartimental intra-abdominal Pierry Otaviano Barbosa 43 Hemorragia digestiva alta não-varicosa Paulo Lisboa Bittencourt 45 Hemorragia digestiva alta varicosa Paulo Lisboa Bittencourt 46 Pancreatite aguda Cláudio Celestino Zolinger e Paulo Lisboa Bittencourt 49 Hepatite fulminante Andréa Ribeiro Cavalcanti e Paulo Lisboa Bittencourt 52 Hemorragia digestiva baixa Maria Alice Pires Soares e Paulo Lisboa Bittencourt 53 Encefalopatia hepática Glauco Adrieno Westphal Infecção 54 Avaliação do paciente febril na UTI Glauco Adrieno Westphal VIII Anexos 90 Anexo I Fórmulas Milton Caldeira Filho e Marcelo de Paiva Castro 95 Anexo II Medicamentos Glauco Adrieno Westphal e Raquel Wanzuita Miscelânea 79 Intoxicações agudas Marlene Zannin, Magaret Grando 81 Doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) Milton Caldeira Filho, Eduardo Hochmüller e Carlito Moreira Filho 83 Atendimento ao paciente grande queimado Pierry Otaviano Barbosa 84 Manuseio de úlceras de pressão baseado em evidências Marcus Vinícius Roman de Alencar Barbosa, Patrícia Silva de Andrade e Glauco Adrieno Westphal 87 Profilaxia da trombose venosa profunda (TVP) Glauco Adrieno Westphal 88 Profilaxia da lesão aguda de mucosa gástrica (LAMG) Glauce Lippi de Oliveira e Paulo Lisboa Bittencourt 89 Dosagem de medicamentos no paciente obeso Milton Caldeira Filho 67 Distúrbios ácido-base Glauco Adrieno Westphal 69 Controle glicêmico no paciente crítico Milton Caldeira Filho 71 Cetoacidose diabética (CAD) Amilton Carniel Guimarães 72 Insuficiência adrenal secundária em UTI Glauco Adrieno Westphal 73 Avaliação nutricional do paciente crítico Marcelo Guimarães da Fonseca 75 Posicionamento pós-pilórico de cateter enteral Renate Beims Sedação e analgesia 76 Sedação e analgesia dos pacientes internados em UTI Rachel Duarte Moritz 78 Prevenção e manuseio da abstinência do uso de opióide no desmame ventilatório Tomio Tomita, Glauco Adrieno Westphal 55 Infecções relacionadas a cateteres venosos centrais Amilton Carniel Guimarães, Luiz Henrique Melo 56 Pneumonia comunitária Amilton Carniel Guimarães, Luiz Henrique Melo 59 Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Milton Caldeira Filho, Glauco Adrieno Westphal 62 Mini-lavado bronco-alveolar às cegas (Mini- LBA) no diagnóstico da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Daniela Toss, Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal Metabólico e suporte nutricional 63 Requerimento básico de hidratação e eletrólitos Anderson Ricardo Roman Gonçalves 65 Distúrbios do sódio Anderson Ricardo Roman Gonçalves 66 Distúrbios do potássio Anderson Ricardo Roman Gonçalves Sumário 1 Informações gerais UTI Informações mínimas para apresentação de casos em UTI A Avaliação subjetiva e objetiva 1. Identificação Data de internação hospitalar. Data de internação UTI. 2. Lista de problemas História mórbida pregressa (dados relevan- tes), hábitos e costumes, diagnóstico de entrada, problemas ocorridos desde o início da internação. 3. Eventos significantes ocorridos nas últimas 24 horas 4. Neurológico Nível de consciência; pupilas; escala de coma de Glasgow; déficit motor; PIC, PPC, SjO2; sedação (escalas de Ramsay/Coock), doses de sedativos; resultados de exames. 9. Endócrino Hiperglicemias? Administração de insulina; ne- cessita de dosagem de hormônios tireoidianos ou cortisol? Diabetes insipidus? SIADH? 10. Infecção Curva térmica, leucograma; culturas; uso de antibióticos (quantos, quais, quanto tempo). 11. Hematológico Hematócrito, coagulograma; medicamentos que alteram a crase sangüínea. 12. Nutricional Enteral ou parenteral; ingesta calórica; ingesta protéica, lipídica e de carboidratos; balanço nitrogenado, albumina, pré-albumina. 13. Psicossocial Depressão, delirium? Os familiares estão inteirados da situação? Há como viabilizar acompanhamento psicológico e/ou de tera- pia ocupacional? 5. Cardiovascular Ritmo, freqüênciacardíaca e bulhas cardí- acas; PAM; uso de drogas vasoativas e suas doses; PVC, Swan-Ganz; oxigenação tissular (pH, BE, lactato, CO2 gap, Ca-vO2/CO2 gap, SvO2, DO2, VO2). 6. Respiratório Sinais e sintomas; parâmetros ventilatórios; última gasometria arterial; radiografia de tórax (pneumotórax, atelectasia, infiltrado novo); pres- são do cuff e localização da cânula traqueal. 7. Gastrointestinal Exame do abdome; ingesta oral ou por cateter enteral; débito do cateter nasogástrico; diarréia ou obstipação; resultados de exames. 8. Metabólico e renal Diurese (kg/hora e total em 24 horas); balanço hídrico; diálise; creatinina, eletrólitos, estado ácido-base, função hepática). Referência bibliográfica 1. Varon J, Fromm Jr RE; Aproach to the intensive care unit. Handbook of Practical Critical Care Medicine. Springer-Verlag 2002:185-188. 14. Tubos, drenos, cateteres e medicamentos Posicionamento de tubos, drenos e cateteres; posição, fixação, data e presença de sinais de infecção na inserção de cateteres venosos e ar- teriais; checar ritmo de gotejamento das drogas e funcionamento das bombas de infusão. B Lista de problemas relevantes C Análise sistemática buscando estabelecer conexões entre os problemas encontrados a partir de justificativas fisiopatológicas D Propor condutas diagnósticas e/ou terapêuticas baseadas na análise 2 NeurológicoComa Tabela 2. Avaliação clínica do coma3 Exame geral • Pele (exemplo: rash, icterícia, cianose) • Temperatura • Cardiovascular • Hálito (cetônico, urêmico, hepático) • Abdome Função do tronco cerebral • Respostas pupilares • Movimentos espontâneos dos olhos (roving eyes, bobbing ocular) • Resposta oculocefálica ou manobra do “olho da boneca” • Resposta oculocalórica • Reflexo córneo palpebral • Reflexo da tosse Padrão respiratório • Cheyne Stokes: lesões hemisféricas-diencéfalo • Hiperventilação: Neurogênica Central: mesencéfalo • Apnêustica: ponte inferior Exame neurológico geral • Cabeça, pescoço, ouvidos (otorragia, sinal de Battle, olhos de guaxinim) • Meningismo (hemorragia subaracnóidea; meningite) • Fundoscopia (papiledema, hemorragia sub-hialóidea) • Resposta motora, tônus, reflexos tendinosos, reflexo cutâneo-plantar Definição Alteração patológica da consciência, resultante da disfunção ou lesão aguda do sistema reticular ativador ascendente e/ou do tálamo e/ou de hemisférico bilateral; o paciente mantém os olhos fechados e não pode ser despertado por quaisquer estímulos exógenos ou endógenos1. Diagnóstico No exame do paciente em coma são importantes: Tabela 1. Escala de coma de Glasgow2 Resposta motora (M) Resposta verbal (V) Abertura ocular (O) Obedece a comandos 6 Orientado 5 Espontânea 4 Localiza dor 5 Confuso 4 Estímulos verbais 3 Retirada inespecífica 4 Inapropriada 3 À dor 2 Padrão flexor 3 Incompreensível 2 Ausente 1 Padrão extensor 2 Ausente 1 Ausente 1 Pontue a melhor resposta verbal e motora. Anote como: (M) 6; (V) 5; (0) 4 = 15 (melhor escore) Traqueotomia/Entubação Endotraqueal/Trauma facial invalidam (V) Pacientes considerados em coma se (M) 4; (V) 2; (O) 2 ou menos 3 NeurológicoComa Referências bibliográfi cas 1. Plum F, Posner JB, in The diagnosis of stupor and coma. 3a ed. Philadelphia: FA Davis; 1980. 2. Teasdale G, Jennet B. Assessment of coma and impaired conciusness: a pratical scale. Lancet. 1974; 13: 81-4. 3. Bateman DE. Neurological assessment of coma. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2001; 71 (supp I) i; 13-7. 4. Ropper AH. In Neurological and Neurosurgical Intensive Care 3a ed. New York: Raven Press; 1993. 5. Bates D. The prognosis of medical coma. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2001; 71 (supp I) i; 20-3. 6. Levy DE, Caronna JJ, Singer BH et al. Predicting outcome from hypoxic ischemic coma. JAMA 1985; 253: 1420-6. Fator prognóstico Favorável Desfavorável • Etiologia • Metabólico • Estrutural • Glasgow • > 8 • < 8 • Duração (dias) • < 3 • > 3 • Refl exo tronco-cerebral • Presente • Ausente • Resposta motora • Retirada/localiza dor • Ausente/fl exora/extensora • Potencial Evocado (72h) • Presente • Ausente COMA TCE grave ou Glasgow < 8 • ABC • História clínica • Glasgow • Avaliação Clínica do Coma • Tiamina 100 mg EV + • Glicose hipertônica 50% 50 mL EV • Entubação endotraqueal • Cabeceira elevada a 30o • Cabeça em posição neutra • Manitol (0,25 a 1 g/kg) • Sedação Exame neurológico alterado Exame neurológico normal TAC DE CRÂNIO SEM CONTRASTE* • Coma metabólico? • Na+, K+, Ca++, Mg++ • Glicemia • Gasometria arterial • Função hepática, renal, • Hormônios tireoidianos. • Suspeita de intoxicação? • Exame toxicológico Eletroencefalograma5 * Repetir em 24 horas a TAC de crânio sem contraste quando há sinais focais novos ao exame neurológico e TAC inicial foi normal • UTI • Tratamento da causa do coma • Cabeceira elevada a 30º • Cabeça em posição neutra • Sedação • Profi laxia de crises convulsivas • Medidas suportivas gerais PUNÇÃO LOMBAR Hemorrágico ou infecção normal normal anormal anormal • Controle glicemia, eletrólitos • PaO2 ~ 100 mmHg • Normoventilar • Hiperventilar se sinais de herniação: PaCO2 27-30 mmHg • Se ↑ da pressão intracraniana – monitoração da PIC e tratamento Meningismo Sinais focais Diagnóstico e tratamento4 Prognóstico5,6 4 NeurológicoTrauma crânio-encefálico (TCE) Evitar lesão neurológica secundária: • Hipóxia • Hipotensão • Hipocapnia • Hipercapnia • Hipoglicemia • Hiperglicemia • Hiponatremia • Hipernatremia • Hipomagnesemia • Febre • Anemia • Convulsões Profi laxia da convulsão pós-traumática (hidantal) em paciente de alto risco: • Glasgow < 10 • Contusão cortical • Hematomas intracranianos • Afundamento craniano • Lesão penetrante • Convulsão 1as 24h do trauma TCE GRAVE GLASGOW ≤ 8 Avaliação pelo ATLS Procedimentos diagnósticos ou terapêuticos necessários Deterioração? Herniação? Hiperventilação e manitol (0,25 a 1g/kg) Tomografi a de crânio UTI Centro cirúrgico Monitorizar PIC Tratar hipertensão intracraniana Lesão cirúrgica? • Entubação Traqueal • Pré-oxigenação • Fenilanila 2 mL + midazolam 15 mg + succinilcolina 1 mg/kg • Ressuscitação volêmica (cristalóides) • Ventilação (PaCO2 ~ 35 mmHg) • 0xigenação • Sedação • Bloqueador neuromuscular (curta ação) 5 NeurológicoTrauma crânio-encefálico (TCE) Referências bibliográfi cas 1. Brain Trauma Foundation, Inc.,American Association of Neurological Surgeons. Part I: guidelines for the management of severe traumatic brain injury.New York (NY): Brain Trauma Foundation, Inc.; 2000. 2. Cruz J. Hemometabolismo Cerebral: Modulações Terapêuticas Otimizadas,in: Neurointensivismo. São Paulo, Editora Atheneu, 2002, pp.25-35. 3. Clifton GL, Miller E, Choi SC et al. Lack of effect of induction of hypothermia after acute brain injury. N Engl J Med 2001, 344:556-63. 4. Fortune JB, Feostel PJ, Graça L, et al: Effect of hyperventilation, mannitol and ventriculostomy drainage on cerebral blood fl ow after head injury, in : J Traumma.1995,39 pp. 1091-1099. 5. Haltiner AM, Newell DW, Temkin NR, et al: Side effects and mortality associated with use of phenytoin for early post-traumatic seizure prophylaxis, in: J Neurosurg. 1999, 91, pp. 588-592. 6. Marion DW, Penrod LE, Kelsey SF: Treatment of traumatic brain injury with moderate hypothermia,in: N Engl Med. 1997,336, pp. 540-546. 7. Ramalho Júnior A. et al.Protocolos de Conduta do Hospital Israelita Albert Einstein.São Paulo, Editora Atheneu, 2003, pp. 451-457. 8. Polderman KH, Joe RTJ, Peerdeman SM et al. Effects of therapeutic hypothermia on intracranial pressure and outcome in patients with severe head injury. Intensive Care Med 2002, 28:1563-73. 9. Valet R, Albanese J Thomachot L et al. Isovolemic hypertonic solutes (sodium chloride or manitol) in the treatment of refractory posttraumatic intracranial hypertension: 2 ml/kg 7,5% saline is more effective than 2 ml/kg 20% manitol. Crit Care Med 2003, 31:1683-7. PPC Pressão de perfusãocerebral PAM Pressão arterial média PIC Pressão intracraniana SjO2 Saturação de oxigênio no bulbo jugular Manter PPC > 70* Drenagem Ventricular (se possível) SjO2 > 75% Medir SjO2 SjO2 < 55% Sedação, doppler transcraniano para confi rmar hiperemia SjO2 55% - 75% Manitol 20% 0,25 a 1g/Kg Retirada cuidadosa do tratamento PIC > 20 + de 10 min. • Hiperventilação aguda (se SjO2 > 55%) • Repetir manitol (se paciente euvo lê mico e osmolaridade sérica < 320 mOsm/L) • Sedação • Bloqueio neuromuscular • Tomografi a de Crânio Lesão cirúrgica? UTI Centro cirúrgico • Manter PPC >70 (infusão volêmica + inotrópicos) • Considerar: • Coma barbitúrico • Hipotermia • Salina hipertônica * PPC =PAM - PIC Não Não Sim PIC > 20 + de 10 min. PIC > 20 + de 10 min. Sim Sim Sim Não Não 6 NeurológicoAcidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) • Hemograma • Glicemia • Eletrólitos • Função renal • Coagulograma • ECG • Utilizar escala clínica de AVC do NIH (Tab. 4) Suspeita de AVC TC de CRÂNIO Normal ou área hipodensa território vascular Mais de 180 min. do início dos sintomas ou não candidato a trombólise AAS 160 – 325mg/dia Medidas de tratamento geral (Tab. 1) Menos de 180 min. do início dos sinto- mas candidato a trombólise EV (Tab. 3) r-TPA - (Actilyser) 0,9mg/kg - EV (dose máxima 90 mg) sendo 10% em bolus e o restante em infusão durante 1 hora (Tab. 2) Medidas de tratamento geral (Tab. 1) Tabela 2. Cuidados após trombolítico EV (nível IV) 1. Não utilizar antitrombóticos, antiagregantes e heparina nas próximas 24 horas pós-trombolítico. 2. Não inserir cateter venoso central, arterial ou enteral nas primeiras 24 horas pós-trombólise. Suspeita de sangramento no SNC 1. Descontinuar r-TPA 2. TC crânio + Coagulograma + Neurocirurgia Tratamento das complicações hemorrágicas: • Crioprecipitado: 10U EV (manter fi brinogênio sérico > 100 mg%) • Plasma fresco congelado: 2 a 6U • Se TS > 9min: plaquetas 10U EV • Manter hemoglobina > 10 mg% • Ipisilon: 5 g EV 30 – 60 min. Tabela 3. Uso de trombolítico EV (nível I) Critérios de inclusão: 1. AVCi de território vértebro basilar ou circulação anterior. 2. Início dos sintomas menor do que 3 horas. Se dúvida quanto ao Δt contra-indicado. 3. À TAC de crânio: ausência de sinais de infarto recente “major”: edema, efeito de massa, sangramento. 4. Acima de 18 anos de idade. Critérios de exclusão: 1. AVCi com pouca sintomatologia (< 4 pontos na escala NIH) 2. AVCi com rápida melhora neurológica. 3. Uso de anticoagulantes orais ou RNI acima de 1,7. 4. Uso de heparina nas últimas 48 horas. 5. Plaquetas abaixo de 100.000/mm3. 6. AVC ou TCE grave nos últimos 3 meses. 7. Cirurgia de grande porte nos últimos 14 dias. 8. PAS > 185 e PAD > 110 mmHg, não-controlável 9. Glicemia < 50mg% ou > 400mg% . 10. Crise convulsiva no início dos sintomas. 11. Sangramento gastrointestinal ou urinário nos últimos 21 dias. 12. Infarto do miocárdio recente (controverso). Tabela 1. Recomendações gerais (nível IV) 1. Só reduzir PA se: PAS > 200 – 220 ou PAD > 120 2. Hipertenso prévio: manter PA ~ 180 – 100 3. Sem HAS prévia: manter PAS ~ 160 – 180 4. As drogas anti-hipertensivas recomendadas são: nitroprussiato, nitroglicerina, labetalol, captopril 5. Evitar nifedipina ou diminuição drástica da PA 6. Evitar e tratar hipotensão 7. Manter glicemia normal 8. Evitar soluções glicosadas e/ou soluções hipotônicas 9. Manter equilíbrio hidro- eletrolítico. Hemodiluição não é recomendada (nível I) 10. Não se recomenda drogas neuroprotetoras (nível I) Hemorragia, hematoma subdural, neopla- sia: tratamento específi co 7 Neurológico Tabela 4. NIH STROKE SCALE 0= Normal 1= Paralisia parcial 2= Desvio do olhar conjugado, ou paralisia total não modificada com manobra oculocefálica 0= Normal 1= Hemianopsia parcial 2= Hemianopsia completa 3= Hemianopsia bilateral (cegueira cortical, ou cegueira por outra causa) 0= Normal 1= Leve (assimetria no sorrir, apagamento sulco nasolabial) 2= Parcial (paralisia total ou quase total da porção inferior da face) 3= Completa (de um ou dois dos lados) 0= Sem queda a 45º (90º) por 10 seg 1= Queda (não total) antes de completar 10 seg 2= Queda (até a cama) antes de 10 seg, com dificuldade de vencer a gravidade 3= Discreto movimento, mas sem vencer a gravidade 4= Sem movimento 9= Amputação/fusão articular explicação:................................................................................. 5a. MSE 5b. MSD 0= Sem queda a 30º por 5 seg 1= Queda (não total) antes de completar 5 seg 2= Queda (até a cama) antes de completar 5 seg com dificuldade de vencer a gravidade 3= Discreto movimento, mas sem vencer a gravidade 4= Sem movimento 9= Amputação/fusão articular explicação:................................................................................. 6a. MIE 6b. MSD 0= Ausente 1= Presente em um membro 2= Presente em dois membros 0= Normal 1= Leve a moderado déficit da sensibilidade do lado afetado, mas o paciente tem consciência de estar sendo tocado 2= Severo ou total déficit da sensibilidade (face/ MS/MI) 1b. NC questões 1c. NC comandos 1a. Nível de consciência (NC) 0= Realiza dois comandos 1= Realiza um comando 2= Não realiza nenhum comando 2. Olhar conjugado 3. Campo visual 4. Paralisia facial 5. Resposta motora (MMSS) 6. Resposta motora (MMII) 7. Ataxia apendicular 8. Sensibilidade Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) 0= Responde as duas questões corretamente 1= Responde uma questão corretamente 2= Não responde a nenhuma questão corretamente 0= Alerta 1= Não alerta, mas acorda aos pequenos estímulos, com resposta adequada 2= Não alerta, responde somente com estímulos repetidos, ou com estímulos vigorosos (dor) para realizar movimentos (não esteriotipados) 3= Responde somente com reflexo motor ou autonômico, ou totalmente irresponsivo, flácido ou arreflexo 8 Neurológico 0= Normal 1= Afasia leve a moderada, perda da fluência ou facilidade da compreensão, sem significante limitação nas idéias expressas. Redução na fala ou compreensão 2= Afasia severa, toda a comunicação é através de expressões fragmentadas. Grande necessidade de inferir, adivinhar e questionar por parte do examinador 3= Mutismo, afasia global 9. Linguagem 0= Ausente 1= Leve a moderada (paciente pode ser compreendido com certa dificuldade) 2= Severa / Mutismo / Anartria 9= Entubado ou outra barreira à comunicação Especifique a barreira:............................................................... 10. Disartria 0= Normal 2= Visual, tátil, auditiva, espacial ou extinção aos estímulos simultâneos sensoriais, em uma das modalidades sensoriais 3= Hemi-inatenção severa ou em mais de uma modalidade 11. Extinção/Inatenção Stroke. 1994:2220-26 N Engl J Med. 1995:333:1581-87 Tabela 4. NIH STROKE SCALE Referências bibliográficas 1. Recommendations For Stroke Management EUSI 2003; European Stroke Initiative on behalf of European stroke Council (ESC), the European Neurological Society (ENS) and the European Federation of Neurological Societies (EFNS) 2. Guidelines for Trombolytic Therapy for Acute Stroke: A Supplement to the Guidelines for the Manegement of Patients with Acute Ischemic Stroke. Circulation 1996;94:1167-74 Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) 9 Neurológico Deve-se considerar que qualquer cefaléia de início súbito, associada ou não à perda de consciência, náuseas ou vômitos, rigidez de nuca ou qualquer sinal neurológico focal, pode ser manifestação de Hemorragia meníngea (HM). Se houver suspeita clínica, realizar a tomografia (TAC) de crânio nas primeiras 24 horas. A TAC de crânio é anormal em 90% dos casos de HM. Se a TAC é negativa e a suspeita clínica é grande, deve-se realizar a punção lombar, tomando-se o cuidado de diferenciar uma punção traumática da verdadeira HM (prova dos 3 tubos; xantocromia). Hemorragia meníngea (HM) Sintomas Grau • Aneurisma assintomático 0 • Cefaléia moderada ou assintomática 1 • Cefaléia moderada a intensa, rigidez de nuca, com ou sem paralisia de nervo craniano 2 • Confusão mental, letargia ou sinais focais moderados 3 • Estupor e/ou hemiplegia 4 • Coma 5 Escala clínica de Hunt e Hess OBS.: deve-se adicionar um ponto em casos de patologia sistêmica, como hipertensão arterial ou diabetes mellitus. Tomografia Grau • Não há sangue na TAC 1 • Extensão focal do sangue no espaço subaracnóideo, sem coágulos e menor que 1 mm de espessura 2 • Grande quantidade de sangue no espaço subaracnóideo (maior do que 1 mm de espessura), hematomas pequenos 3 • Presença de sangue intracerebral e intraventricular, com grande quantidade de sangue no espaço subaracnóideo 4 Escala Tomográfica de Fisher Avaliação inicial do paciente com HM • Bioquímica sangüínea completa • Coagulograma • Hemograma • Arteriografia cerebral Causas de HM • Ruptura de aneurisma (75% a 80%) • Coagulopatia • Traumática • Trombose de seio dural • Vasculites do SNC • MAV cerebral e espinhal • Tumor cerebral (raramente) • Drogas (cocaína) • Dissecção arterial • Apoplexia pituitária • Causa indefinida (até 22% dos casos) 10 Neurológico Referências bibliográficas 1. Greenberg MS. Handbook of Neurosurgery; Mark S. Greenberg, 5ª ed., 2001, Thieme, pp. 754-66. 2. Souza SEM. Tratamento das Doenças Neurológicas, 2000, Guanabara Koogan, pp. 118-23. 3. Stavale MA. Bases da Terapêutica Intensiva Neurológica, Ed. Santos, 1996, pp. 221-48. Tratamento (medidas gerais) 1. Internação em UTI com monitorização neurológica 2. Hidratação adequada com monitorização rigorosa do sódio 3. Sedação 4. Controle da dor 5. Profilaxia de crises convulsivas 6. Profilaxia do vasoespasmo (nimodipina 60 mg VO a cada 4h) 7. Doppler transcraniano diário Tratamento do vasoespasmo 1. Bloqueadores de canais de cálcio (nimodipina) 2. Indução de hipertensão arterial e expansão do volu- me intravascular 3. Hemodiluição (hemoglobina entre 10 e 12 g/dL) 4. Angioplastia transluminal percutânea Complicações mais freqüentes da HM 1. Hipovolemia e hiponatremia 2. Arritmias cardíacas 3. Ressangramento. Ocorre com mais freqüência nas primeiras 24h 4. Hidrocefalia. Deve ser tratada com ventriculostomia nos casos com deterioração do nível de consciência 5. Vasoespasmo. Ocorre em 30% dos casos de HM, iniciando entre o quarto e 12o dia da HM; tem como manifestações clínicas: confusão mental, deterio- ração do nível de consciência com ou sem sinais focais. Na suspeita diagnóstica, a confirmação deve ser feita pelo Doppler Transcraniano (DTC) Hemorragia meníngea (HM) Indicação cirúrgica Nos casos de HM por ruptura de aneurisma cerebral, indica-se tratamento cirúrgico precoce, até o tercei- ro dia de HM desde que o paciente esteja em con- dições neurológicas adequadas (Hunt e Hess ≤ 3). Deve-se evitar a cirurgia entre o quarto e o 12o dia, pelo maior risco de ocorrência de vasoespasmo. 11 NeurológicoDelírio em unidade de terapia intensiva Conceito Estado confusional agudo, causado por uma disfunção mental global, com comprometimento da consciência, da percepção do ambiente e desa- tenção. Prevalente, potencialmente reversível e com significante morbimortalidade. Diagnóstico Diferenciar de psicose, depressão, demência e trans- tornos conversivos. Pontos chaves: início súbito, curso flutuante, alteração do nível de consciência (hipo/hiperativo), ciclo sono/vigília alterado, origem multicausal. Utilizar critérios do DSM-III-R e CAM. Tabela 1. Critérios diagnósticos para Delírio - DSM-III-R Tabela 2. Método de avaliação de confusão (CAM-ICU) Achado Um Início agudo e curso flutuante do estado mental 1. Há evidência de mudança aguda no estado mental em comparação ao estado basal do paciente? 2. Este comportamento (anormal) flutua nas 24h? 3. A escala de sedação ou a escala de coma de Glasgow variam muito nas últimas 24h? Achado Dois Inatenção 1. O paciente tem dificuldade em focar a atenção? 2. A capacidade de manter a atenção está reduzida? 3. Como está o escore no Exame de Atenção? O paciente tem habilidade em prestar atenção em 10 gravuras? Achado Três Pensamento desorganizado 1. Paciente extubado: conversação lógica? 2. No ventilador, pode responder às seguintes quatro questões? a) Uma pedra irá flutuar na água? b) Existem peixes no mar? c) 1 kg pesa mais que 2 kg? d) Você pode usar um martelo para bater um prego? 3. O paciente pode obedecer as seguintes questões e comandos? a) Você tem algum pensamento confuso? b) Apresentar dois dedos do examinador na frente do paciente e solicitar que ele repita a ação. Achado Quatro Alteração do nível de consciência De um modo geral, em qual estado está o nível de consciência? Alerta (normal), hiperalerta (vigilante, ligado), letárgico ou em coma? Diagnósto de delírio: CAM-ICU Achado Um + Achado Dois + Achado (Três ou Quatro) Diagnósto: A+B+C+D+E A Redução da capacidade de manter atenção aos estímulos externos B Pensamento desorganizado, confabulatório, irrelevante. Pronúncia incoerente C No mínimo dois dos critérios que se seguem: 1. Redução do nível de consciência 2. Percepção alterada: delusões, alucinações 3. Ciclo sono/vigília alterado com insônia ou sonolência diurna 4. Hipo ou hiperatividade motora 5. Desorientacão tempo-espaço ou pessoa 6. Prejuízo da memória D Início abrupto, curso flutuante E Um dos critérios abaixo: 1. Evidência pela história, exame físico ou laboratorial de fator etiológico específico 2. Excluir causa mental não-orgânica 12 Neurológico Tabela 3. Fatores de risco para delírio Tabela 4. Medicamentos associados com delírio Abordagem inicial 1. História clínica: a. Procurar abstinência alcoólica, geralmente precedida por convulsão. Delírio de padrão hiperativo com descarga simpática b. Descartar quadro infeccioso 2. Verificar o estado cognitivo basal com o cuidador 3. Exame físico: normalmente não há déficits focais. Utilizar o CAM com o cuidador do paciente ou enfermagem (tabela 2) 4. Suspender todos os medicamentos psicoativos 5. Exames: hemograma, gasometria arterial, eletrólitos, urinálise, uréia, creatinina, TAP, AST, ALT, glicemia, radiografia de tórax, ECG 6. Causas menos comuns: hipotireoidismo, hipertireoidismo, encefalite, estado de mal epiléptico Tratamento 1. Tratar a causa de base 2. Reduzir estímulos ambientais (ruídos, luminosidade) 3. Trazer objetos familiares (fotos, objetos pessoais) 4. Orientar o paciente quanto aos equipamentos da UTI 5. Evitar contenção física Haloperidol 3 a 5 mg EV de ½ em ½ hora até sedação leve (acordado, porém, controlável). Em casos mais graves, uso prévio de neurolépticos, utilizar 10 mg EV em bolus, manter 5 mg /h EV contínuo até 60 mg/dia. Manutenção de 4/4 h a 8/8 h. Lembrar que o pico plasmático ocorre após 4h; muito idosos, usar metade da dose. Considere neurolépticos novos em pacientes com sintomas extrapiramidais. Referências bibliográficas 1. Inouye SK, Bogardus ST, Charpentier PA et al. A multicomponent intervention to prevent delirium in hospitalized elderly patients. N Engl J Med 1999. 340: 669. 2. McNicoll L. Delirium in intensive care unit: occurrence and clinical course in older patients. J Med Geriatr Soc. 2003; 51(5): 591-8. 3. Taylor D, Lewis S. Delirium. J.Neurol, Neuros and Psych. 1993 ; 56: 742-751. • Idade maior do que 65 anos, muito comum acima de 80 • Uso de quatro ou mais medicamentos • Lesão neurológica prévia • Comorbidades clínicas (ICC, DPOC, fratura de fêmur etc.) • Alteração de temperatura (infecções urinária e respiratória) • História de quedas • Dor não reconhecida • Depleção de volume, alterações metabólicas/eletrolíticas Delírioem unidade de terapia intensiva • Benzodiazepínicos • Inibidor de bomba de prótons • Antiinflamatórios • Opióides • Digitálicos • Antidepressivos • Anticolinérgicos • Antiarritmicos • Anticonvulsivantes • Biperideno • Antieméticos • Antiparkinsonianos • Anti-histamínicos 13 NeurológicoEstado de mal-epilético Defi nição Tradicionalmente defi ne-se Estado de Mal-Epiléptico (EME) como 30 minutos de convulção contínua ou série de crises sem retormar a consciência entre os episódios. Entretanto estudos indicam preocupação com convulsões que durem mais que cinco minutos. Convulsão Suporte básico: • Sinais vitais • Manter vias aéreas pérvias • Garantir ventilação • Acesso venoso/exames • Diazepam 10 mg EV em 2’ (0,2 mg/kg) máx. 30 mg • Hemoglicoteste • Tiamina 100 mg IM • Se hipoglicemia: glicose 50% 50 ml EV Crise cessou Sem condições de acesso venoso: Midazolam 15 mg IM 0 a 5’ 5’ do inícioCrise não cessou História clínica e exame físico Interrupção da medicação é o dado mais freqüente na história clínica O tipo de crise mais comum é a generalizada tônico-clônica Atentar para a possibilidade de pseudocrise Exames laboratoriais a. Hemoglicoteste, glicemia, Na+, K+, Ca++, Mg++, uréia, creatinina, gasometria arterial, CPK, hemograma b. Exame toxicológico e nível sérico da medicação anticonvulsivante em uso c. Punção lombar se suspeitar de meningite Exames específi cos a. TAC de crânio em especial nos casos sem etiologia ou de difícil controle b. Ressonância magnética fornece mais detalhes c. O EEG está indicado nos casos refratários. Importante no diagnóstico de pseudoeventos e para avaliar o término das crises. Fenitoína 20 mg/kg EV (15 mg/kg em idosos) diluído em SF 0,9% 250 mL. Infundir a 50 mg/min. Crise não cessou 7 a 8’ do início Crise cessou Repetir diazepam (máx. 40 mg) Crise cessou Fenitoína 10 mg/kg EV diluído em SF 0,9% 250 mL. Infundir a 100 mg/min. Crise cessou Fenobarbital 20 mg/kg EV diluído em SF 0,9% 250 mL. infundir a 100 mg/min. Fenobarbital 5 a 10 mg/kg EV Referências bibliográfi cas 1. Bleck Tp. Management approaches to prolonged seizures and status eplepticus. Epilepsia 40 (1), S59-66, 1999. 2. Lowenstein BH, Alldredge BK. Status epilepticus. N Eng J Med 1998, 338 (14) pp. 970-6. 3. Matos EP. Protocolos da unidade de emergência / Hospital São Rafael – 10a Ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002, pp. 123-5. 4. Willmore LJ: Epilepsy emergencies: the fi rst seizure and status epilepticus. Neurology 51: 5, S34-8, 1998. Crise não cessou Crise cessou Crise cessou Crise não cessou 10’ do início Crise não cessou 60’ do início Crise não cessou Crise não cessou 30 a 60’ do início Outras opções: Lidocaína • Ataque: 1 a 2 mg/kg em bolus • Infusão contínua: 1,5 a 3 mg/kg/hora Halotano Isofl urano Propofol Crise cessou Tiopental sódico: • Ataque: 3 a 4 mg/kg • Infusão contínua: 0,2 mg/kg/min (em salina ) • ↑ infusão em 0,1 mg/kg/min de 5/5’ até controle Crise cessou Crise não cessou Midazolam ou propofol em infusão contínua Crise cessou Crise não cessou 14 Neurológico Observação por tempo adequado e repetição de exame clínico (Resolução CFM no 1.480/97) Preencher termo de declaração de morte encefálica e comunicar ao órgão controlador estadual (Lei no 9.434/97, art. 13) Ausência de atividade ou perfusão cerebral? Confi rmada morte encefálica? Manter o tratamento Sim Sim Não Não Morte encefálica Exames: •Doppler transcraniano ou •Angiografi a cerebral ou •EEG Defi nição Perda defi nitiva da consciência e da capacidade de respirar, devido ao processo irreversível e de causa conhecida. Diagnóstico de morte encefálica Paciente em coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinhal Investigação diagnósticaEtiologia conhecida? Sim Conclusiva InconclusivaNão Manter tratamento clínico e corrigir tais distúrbios Distúrbios corrigidos? Manter o tratamento Interromper o protocolo Há condições de exceção? Choque, hipotermia, drogas depressoras do SNC, distúrbios metabólicos Exame neurológico: ausência de funções corticais e do tronco cerebral? Manter o tratamento Sim Sim Não Não Sim Não 15 NeurológicoMorte encefálica Referências bibliográficas 1. Lei número 9.434, de 04 de fevereiro de 1997. 2. Decreto número 2.268, de 30 de junho de 1997. 3. Resolução do CFM número 1.480, de 08 de agosto de 1997. 4. Matos EP. Protocolo para diagnóstico de morte encefálica, in Protocolos da Unidade de Emergência. Brasília, Editora MS, 2002 pp. 138-140. 5. Sardinha LAC, Dantas Filho VP. Morte encefálica, in Neurointensivismo. São Paulo, Editora Atheneu, 2002 pp. 285-314. 6. Silvado CES. Determinação da morte encefálica, in Condutas em Emergências Neurológicas. São Paulo,Lemos Editorial, 2001 pp. 183-200. 7. Termo de Declaração de Morte Encefálica - Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Santa Catarina. Termo de declaração de morte encefálica Identificação: nome completo, nome do pai, nome da mãe, data de nascimento, sexo, registro hospitalar. A. Causa do coma 1 Causa do coma: ............................................................... 2 Causas do coma que devem ser excluídas durante o exame: a) Hipotermia ( ) SIM ( ) NÃO b) Uso de drogas depressoras do SNC ( ) SIM ( ) NÃO Se a resposta for sim a qualquer um dos itens, interrompe-se o protocolo. B. Exame neurológico Atenção: verificar o intervalo mínimo exigível entre as avaliações clínicas constantes da tabela abaixo: Idade Intervalo 7 dias a 2 meses incompletos 48 horas 2 meses a 1 ano incompleto 24 horas 1 ano a 2 anos incompletos 12 horas Acima de 2 anos 06 horas C. Assinaturas dos exames clínicos Os exames clínicos devem ser realizados por profissionais diferentes, que não poderão ser integrantes da equipe de transplante. Nome completo, CRM, endereço, telefone, data e hora do exame. D. Exame Complementar Indicar o exame realizado e anexar laudo com identificação do médico responsável. E. Observações 3. Teste da Apnéia No paciente em coma, o nível sensorial de estímulo para desencadear a respiração é alto, necessitando-se da PaCO2 de até 55 mmHg, fenômeno que pode determinar um tempo de vários minutos entre a desconexão do ventilador e o aparecimento dos movimentos respiratórios, caso a região ponto-bulbar ainda esteja íntegra. A prova da apnéia é realizada de acordo com o seguinte protocolo: 3.1. Ventilar o paciente com FiO2 100% por 10 min. 3.2. Desconectar o ventilador 3.3. Instalar cateter traqueal de O2 com fluxo de 6 L /min. 3.4. Observar se aparecem movimentos respiratórios por 10 min. ou até PaCO2 = 55 mmHg 1. A presença de sinais de reatividade infraespinhal (atividade reflexa medular) não afasta o diagnóstico de ME. Reflexos medulares são: reflexos osteotendinosos, cutâneo-abdominais, cutâneo plantar em flexão ou extensão, cremastérico superficial ou profundo, ereção peniana reflexa, arrepio, reflexo tônico cervical. 2. Prova Calórica 2.1. Certificar-se de que não há obstrução do canal auditivo 2.2. Usar 50 mL de liquído próximo de 0ºC em cada ouvido 2.3. Manter a cabeça elevada em 30º durante a prova 2.4. Constatar a ausência de movimentos oculares. Elementos do exame neurológico – Resultados 1o exame 2o exame Coma aperceptivo ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Pupilas fixas e arreativas ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Ausência de reflexo córneo-palpebral ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Ausência de reflexos oculoencefálicos ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Ausência de resposta à prova calórica ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Ausência de reflexo de tosse ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Apnéia ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não 16 NeurológicoManutenção do potencial doador de órgãos • Hemoglobina > 10 g/dL • Pressão arterial sistólica > 100 mmHg Os familiares do paciente com suspeita de morte encefálica deverão ser esclarecidos sobre a situação crítica do paciente, o significadode morte encefálica e como é realizado o diagnóstico. Uma equipe trei- nada, independente do médico intensivista, deverá discutir com a família sobre a doação de órgãos, explicando os seus benefícios e os cuidados que serão dados ao corpo do paciente. Manutenção do potencial doador O objetivo básico na manutenção do potencial doador pode ser resumido na regra dos 10/100: Referências bibliográficas 1. Robertson KM, Cook OR. Perioperative management of the multiorgan donor. Anesth Analg, 1990; 70: p. 546. 2. Sardinha LAC, Dantas Filho VP. Morte encefálica, In Neurointensivismo. São Paulo, Editora Atheneu, 2002, pp. 306-8. 3. Soifer BE, Gelb AW. The multiple organ donor: identification and management. Ann Intern Med, 1989; 110: p. 814. Alterações Manuseio Descarga simpática: hipertensão arterial e taquicardia Expectante, nitroprussiato de sódio, esmolol Hipotensão e/ou hipovolemia, perda da função do Reposição volêmica: ringer lactato, soluções hipotônicas centro vasomotor, depressão da função miocárdica, (aquecidas), evitar colóides. Vasopressores: dopamina falência endócrina < 10 µg/kg/min. Arritmias/bradicardia Resistente à atropina. Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básico. Drogas beta-adrenérgicas/marcapasso Ventilação mecânica PaO2 > 100 mmHg PaCO2: 35-40 mmHg , FiO2 < 40% Hiperglicemia Insulina IV contínua Diabetes insipidus Reposição volêmica hiposmótica DDAVP 0,03-0,15U/kg, intranasal 8/8h Coagulopatia Plasma fresco/plaquetas/crioprecipitado Anemia Concentrado de hemácias (Hb > 10 g/dL) Hipotermia/perda da regulação central Manter temperatura central > 35°C Soluções IV aquecidas, cobertor térmico • Dopamina < 10 mg/kg/min. • PaO2 > 100 mmHg • PVC > 10 mmHg • Débito urinário > 100 mL/hora 17 CardiovascularRessuscitação cardiorrespiratória Defi nição Conjunto de manobras que objetivam reverter a cessação súbita e inesperada das funções cardíacas e respiratórias em indivíduos nos quais a morte não constitui um fato esperado. Diagnóstico diferencial A parada cardiorrespiratória pode manifestar-se de três diferentes formas, a saber: fi brilação ventricu- lar/taquicardia ventricular sem pulso, assistolia, atividade elétrica sem pulso. Fundamento Fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso são ritmos ressuscitáveis e a efetividade das manobras está diretamente ligada a brevidade do seu início. Devemos literalmente caçar este ritmo para poder tratá-lo do modo mais adequado: apli- cando a desfi brilação. Figura 1. Algoritmo universal para suporte avançado da vida em adultos Durante PCR • Checar posição e contato dos eletrodos/pás • Obtenha / verifi que via aérea segura • Pacientes com FV/TV refratária aos “choques” iniciais: - Adrenalina 1 mg EV de 3/3’a 5/5’ ou - Vasopressina 40 U EV (dose única) • Pacientes com ritmo diferente de FV/TV: - Adrenalina 1 mg EV de 3/3’a 5/5’ • Considerar: tampões, antiarrítmicos, marcapasso • Identifi que e corrija causas reversíveis • Hipovolemia • Hipóxia • Acidose • ↑ K+,↓ K+, outro distúrbio • Hipotermia • Intoxicação exógena • Tamponamento cardíaco • Pneumotórax hipertensivo • Isquemia cardíaca • TEP Tabela 1. Causas potencialmente reversíveis FV/TV Desfi brilar 3x se necessário PCR 1 minuto Assistolia ou dissociação eletromecânica Tempo de PCR > 3 min. Parada cardíaca Soco pré-cordial se apropriado Conecte desfi brilador/ cardioversor Rítmo Checar pulso +/- 18 Cardiovascular Fibrilação Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricular sem pulso (TVSP) ABCD inicial • Checar responsividade do paciente • Ativar equipe • Pedir pelo desfi brilador A: Abrir vias aéreas B: Ventilação por pressão positiva (ambu®) C: Compressões torácicas D: Desfi brilação: mais de 3 vezes (200 J, 200 a 300 J, 360 J) se necessário FV ou TVSP persistente ABCD secundário A: Cânula traqueal assim que possível B: Checar posição e fi xar o tubo B: Ventilação por pressão positiva B: Confi rmar oxigenação e ventilação C: Acesso venoso C: Identifi car o ritmo (monitor) C: Administrar drogas apropriadas D: Diagnóstico diferencial. Procurar por causas reversíveis (Tabela 1) • Adrenalina 1 mg EV. Repetir de 3/3 min. a 5/5 min. ou • Vasopressina 40 U EV, dose única. Desfi brilar 1x 360 J em 30 a 60 s • Considerar antiarrítmicos: Amiodarona, lidocaína, magnésio, procainamida. • Considerar tampão Desfi brilar 1x 360 J em 30 a 60 s Ressuscitação cardiorrespiratória 19 Cardiovascular Referências bibliográfi cas 1. Guidelines 2000 for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation: 2000; 102: 186 2. Varon J, Fromm RE: Handbook of Pratical Critical Care Medicine. 2002; pp. 20-24 Assistolia e atividade elétrica sem pulso ABCD inicial • Checar responsividade do paciente • Ativar equipe • Pedir pelo desfi brilador A: Abrir vias aéreas B: Ventilação por pressão positiva (ambu®) C: Compressões torácicas D: Desfi brilação: mais de 3 vezes (200 J, 200 a 300 J, 360 J) se necessário Atividade elétrica sem pulso Assistolia Adrenalina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.) Atropina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.), até dose total de 0,04 mg/kg Marcapasso transcutâneo: Se considerado, utilizar imediatamente Adrenalina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.) Atropina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.), até dose total de 0,04 mg/kg Ressuscitação cardiorrespiratória ABCD secundário A: Cânula traqueal assim que possível B: Checar posição e fi xar o tubo B: Ventilação por pressão positiva B: Confi rmar oxigenação e ventilação C: Acesso venoso C: Identifi car o ritmo (monitor) C: Administrar drogas apropriadas D: Diagnóstico diferencial. Procurar por causas reversíveis (Tabela 1) 20 Cardiovascular Mesmo com uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP) bem-sucedida, a recuperação é muito freqüente- mente limitada pela encefalopatia anóxica. Muitos pacientes irão desenvolver lesão neurológica grave e somente 10% a 20% deles obterão alta hospitalar sem déficits neurológicos significativos. A hipotermia oferece efeito neuroprotetor por lentificar, modificar ou reverter o metabolismo cerebral, a produção de radicais livres, a permeabilidade da barreira hematoencefálica e a formação de edema, a cascata de excitoxicidade e a resposta imune e inflamatória. Em 2002, o International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) fez a seguinte recomendação baseada em evidências publicadas: • Pacientes adultos comatosos, com estabilidade hemodinâmica depois de PCR, em fibrilação ventricular fora do ambiente hospitalar, deverão ser resfriados entre 32°C e 34°C por 12 a 24 horas. Hipotermia após ressuscitação cardiopulmonar (RCP) Indicação (recomendação grau A) Adultos • PCR, fora do ambiente hospitalar, documentada em FV ou TV • Intervalo de 5 a 15 minutos entre a PCR e o primeiro atendimento • RCP dentro de 60 minutos • Ausência de choque refratário (PAM ≤ 60 mmHg por mais de 30 minutos) ou hipóxia persistente pós-RCP • Escala de coma de Glasgow 3 (sem sedação/drogas depressoras do SNC) pós-RCP • Ausência de hipotermia (temperatura da membrana timpânica ou vesical ou esofagiana < 30°C) na admissão Indução da hipotermia • Admissão em unidade de terapia intensiva • Sedação e analgesia • Bloqueio neuromuscular (para evitar calafrios) • Induzir o mais rapidamente possível; se necessário, realizar a infusão EV de 30 mL/kg de SF ou RL a 3º C • Reduzir e manter a temperatura central entre 32°C e 34°C (timpânica, esofagiana ou vesical) por 12 a 24 horas • Resfriamento com colchão térmico, gelo em todo o corpo ou bolsas de gelo envoltas por compressas em axilas e virilha aplicadas na pele, com revezamento das bolsas para evitar queimadura pelo frio • Após 24 horas, iniciar o reaquecimento passivamente dentro de, no mínimo, oito horas (1° C a cada quatro horas) • Suspender a curarização e a sedação analgésica somente após o reaquecimento total Referências bibliográficas 1. Hein OV, Friese ST, SpiesC. Controlled therapeutic hypothermia: when is it indicated? Yearbook of Intensive Care and Emergengy Medicine, 2004:823-7. 2. Polderman KH. Use of hypothermia for neuroprotection. Yearbook of Intensive Care and Emergengy Medicine, 2004:830-41. 3. Dietrich WD, Kuluz JW. New research in the field of stroke: therapeutic hypotermia after cardiac arrest. Stroke, 2003;34:1051-3. 4. The Hypothermia after Cardi 21 Cardiovascular Defi nição Constelação de sintomas clínicos compatíveis com isquemia miocárdica aguda. Diagnóstico diferencial Pericardite; dissecção de aorta; TEP; problemas esofágicos. Síndrome isquêmica aguda (SIA) sem supra do segmento ST Sintomas sugestivos de síndrome isquêmia aguda (SIA) SIA possível ECG não-diagnosticado Marcadores cardíacos iniciais normais Sem elevação ST SIA confi rmada Elevação STSem dor recorrente Seguimento negativo Observar 4-8h com ECG + enzimas cardíacas Estudos provocativos de isquemia Negativo Diagnósticos potenciais Dor não-isquêmica ou SIA baixo risco Dor isquêmica recorrente ou seguimento positivo diagnóstico SIA confi rmado Positivo diagnóstico SIA confi rmado Alteração ST ou S, dor persistente, marcadores cardíacos (+), anormalidade hemodinâmica. Via isquêmica aguda Avaliar terapia de reperfusão. (ver página 23) Aspirina, betabloqueador, nitratos, Regime antitrombótico (inibidor IIB/IIIA) Monitoração cardíaca (ver página 22) Estratégia invasiva precoce Estratégia conservadora precoce Angiografi a 12-24h Angiografi a imediata FE<40 FE>40 Ecocardiograma Médio/alto risco Seguimento ambulatorial Baixo risco Teste de esforço Paciente estável Sintomas recorrentes (isquemia, insufi ciência cardíaca, arritmias graves) 22 Cardiovascular Referências bibliográficas 1. AAC/ AHA 1999. Guideline Update for the Management of Patients with Acute Myocardial Infarction. Circulation 1999, 100: pp. 1016-30. 2. ACC/AHA 2002. Guideline Update for Management of Patients with Unstable Angina and Non-st Segment Elevation Myocardial Infarction JAM Coll Cardiol 2002; 40: pp. 366-74. 3. Myocardial Infarction Society of Cardiology/American College of Cardiology Committee. JAM Coll Cardiol, 2000; 36: pp. 956-69. 4. Myocardial Infarction Redefined - A Consensus Document of the Joint European Society of Cardiology/American College of Cardiology Committee for the redefinition of myocardial Infarction. JAM Coll Cardiol, 2000, 36: pp. 956-69. 5. Antmann EM, Louwerenburg HW, Baars HF et al. Enoxaparin the ENTIRE-Thombolysis in myocardial infarction (TIMI) 23 Trial. Circulation 2002; 105: pp.1642-9. 6. The ASSENT-2 Investigators. Single-bólus tenecteplase in combination with frontloaded alteplase in acute myocardial infarction: the ASSENT-2 double-blind randomised trial. Lancet 1999, 354: pp. 716-22. 7. The ASSENT-3 investigators. Efficacy and safety of tenecteplease combinaton witth enoxaparin, abciximab, or unfractionated heparin: the ASSENT-2 double-blind randomised trial in acute myocardial infarction. Lancet 2001; 358: pp. 605-13. 8. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 77, Suplemento II, Outubro 2001. Medicação Síndrome isquêmica aguda (SIA) sem supra do segmento ST 1 Oxigenoterapia: recomendação A, nível de evidência 3 2 Diazepínicos, recomendação B, nível de evidência 3 3 Nitratos. Inicialmente via sublingual, 1 cp ou nitroglicerina EV na dose de 10 mg/min. com incrementos de 10 mg a cada 5 min, até melhora da dor ou se PAS < 110 mmHg, recomendação A, nível de evidência 3 4 Betabloqueadores • Metoprolol 5 mg EV (em 1-2 min.) a cada 5 min até dose máxima de 15 mg, recomendação A, nível de evidência 2 5 AAS 200 mg VO (mastigado), recomendação A, nível de evidência 1 6 Clopidogrel dose inicial de 300 mg VO, recomendação A, nível de evidência 1 7 Antagonistas de receptores II b/III a • Tirofiban, dose 0,4 mg/kg/min. Durante 30 minutos seguido de manutenção de 0,1 mg/kg/min, recomendação A, nível de evidência 1 ou • Abciximab, dose 0,25 mg/kg em bolus seguida de administração de 0,125 mg/ kg por 12 horas (sugerido quando intervenção coronária percutâncea está planejada), recomendação A, nível de evidência 1 8 Inibidores da ECA em pacientes com risco, para disfunção ventricular esquerda, recomendação A, nível de evidência 1 9 Antitrombínicos • Enoxaparina 1 mg/kg 2x/dia, recomendação A, nível de evidência 1 ou • Heparina não-fracionada bolus 5000 UI EV seguido de 1000 UI EV/h, recomendação A, nível de evidência 1 23 Cardiovascular Providenciar em 10 min. • Acesso venoso • Nitrato/ nitroglicerina SL ou spray • Monitorar (SaO2 + ECG + PA) • AAS 200 mg (mastigados) • Radiografi a de tórax • Analgesia com morfi na • Eletrólitos + coagulograma • Betabloqueador: metoprolol 5 mg IV 5/5 min. para • Marcadores (troponina, mioglobina e CK MB massa) FC ≤ 60 (até 15 mg) • O2 4 L/min ≥ 12 h evolução ≤ 12 h evolução Sintomas persistentes? sim não Tratamento clínico REPERFUSÃO MIOCÁRDICA ANGIOPLASTIA COM STENT SE: • Δt porta balão ≤ 90 min. (em centro apto é a escolha preferencial) ou • Contra-indicação para fi brinolítico ou • Choque cardiogênico TERAPIA TROMBOLÍTICA • na ausência de contra-indicação de fi brinolítico objetivar Δ t ≤ 30 min • usar uma das drogas: • Tenecteplase (TNK) 30 a 50 mg (conforme peso) IV in bolus • tpA 15 mg in bolus + 50 mg em 30’ + 35 mg em 1h IV Estreptoquinase: 1.500.000 UI em 1h IV • Associar anticoagulação plena com heparina por 48h após tpA ou TNK Enoxaparina (preferencialmente) 1 mg/kg SC 2x ao dia ENCAMINHAR À UTI • Iniciar IECA após 6h (se não houver hipotensão); manter indefi nidamente. • Iniciar vastatina precocemente e manter dosagem para LDL ≤ 100, indefi nidamente. • Recomendado uso de nitrato IV por 24-48h. • Manter O2 por aproximadamente ou se houver queda da SaO2. Manter até correção da SaO2. • Manter betabloqueador indefi nidamente. • Manter AAS 200 mg/dia indefi nidamente. • Usar clopidogrel nos implantes de stent por pelo menos um mês. Pacientes alto risco: Isquemia recorrente ou IVE ou IAM ou ACTP* ou cirurgia prévios ECG c/ supra ST ≥ 1 mm em 2 ou + derivações ou BRE novo ou presumivelmente novo CATETERISMO CARDÍACO: Conforme anatomia coronariana Optar por ACTP* ou cirurgia de revascularização Abordagem inicial de IAM com supra do segmento ST *ACTP - Angioplastia coronariana transluminal percutânea 24 CardiovascularEmergência hipertensiva Referências Bibliográfi cas 1. Almeida FA; Hypertensive emergencies: pathophysiological basis for treatment. Brazilian Journal of Hypertension 2002;9: pp. 346-52. 2. Blumenfeld JD, Laragh JH. Manegement of hypertensive crises: The scientifi c basis for treatment decisions. Am J Hypertens 2001;14: pp.1154-67. 3. Rodrigues CS; Treatment of hypertensive emergencies. Brazilian Journal of Hypertension 2002;9: pp. 353-8. Dissecção aórtica Vasos Ver página 81 Metoprolol 5 mg IV 10/10 min (até 20 mg) Esmolol 200-500 µg/kg/4 min. (bolus) e 50-300 mg/kg/min. NPS 0,25-10 µg/kg/min. Reduzir PA ao máximo, mantendo perfusão tissular Eclâmpsia Crise (adrenérgica) Feocromocitoma drogas ilícitas Alfabloqueadores IV Fentolamina Betabloqueador IV NPS 0,25 a 10 µg/kg/min. Hipertensão maligna NPS 0,25-10 µg/kg/min. NPS 0,25-10 µg/kg/min. ou Nitroglicerina (NTG) 10-200 µg/min. + Furosemida 20 a 40 mg IV Coração Edema agudo de pulmão TAC de crânio Aumento abrupto e sintomático da PA • Internação na UTI • Monitoração rigorosa da PA • Exames complementares • Tratamento específi co por patologia Cérebro Défi cit neurológico ou hemorragia retiniana ou papiledema ou visão turva *Nitroprussiato (NPS) 0,25-10 µg/kg/min. AVCi / AVCH: manter PAD ~ 120 HSA: HAS crônica – PAS ~ 180 HAS aguda – PAS ~ 160 Encefalopatia hipertensiva: ↓ 10% a 15% da PAM em 3 horas Defi niçãoQuebra dos mecanismos de auto-regulação do fl uxo sangüíneo (cérebro, coração, grandes vasos, rins, retina), cursando com sinais e sintomas de disfunção dos mesmos, normalmente com PAS > 180 mmHg e/ou PAD > 110 mmHg. Obs.: iniciar medicamentos anti-hipertensivos orais assim que possível 25 CardiovascularAbordagem inicial do choque Se TOT + VM: sedar Considerar Não Sim A: Via aérea pérvia (avaliar TOT) B: Ventilação (avaliar VM) C: Acesso venoso periférico, monitor, exames RL 1000 mL < 45 anos sem HMP de cardiopatia > 45 anos ou HMP de cardiopatia RL 1000 mLRL 500 mL Cateteres vesical, venoso central, arterial. Hb, gasoarterial e gasovenosa central Sinais sugestivos de hipóxia tissular? SvO2 < 65% ou >75% e/ou CO2 gap** > 6 e/ou Ca-vO2/CO2 gap**** > 1,4 e/ou BE < -3 e/ou Lactato > 2 e/ou DU < 0,5 mL/kg/h e/ou PAM < 65 Dúvida etiológica Nova queda da PAM Choque hipovolêmico revertido? RL 1000 mL Observar, abordar causa básica Se hipertenso prévio utilizar 80% da PAM habitual como objetivo SvO2 < 65% ΔPP > 13%* Δ neg PVC** > 1 mmHg Variação da PVC < 4 mmHg após prova de volume Provavelmente cardiogênico SvO2 < 65% ΔPP < 13%* Δ neg PVC** < 1 mmHg Variação da PVC > 4 mmHg após prova de volume Provavelmente hipovolêmico SvO2 > 75% ΔPP > 13%* Δ neg PVC** > 1 mmHg Variação da PVC < 4 mmHg após prova de volume Provavelmente hiperdinâmico 26 CardiovascularAbordagem inicial do choque Referências bibliográficas 1. LeDoux D, Astiz ME, Carpat CM. Effects of perfusion pressure on tissue perfusion in septic shock. Crit Care Med 2000; 28;2729-2732 2. Michard F, Teboul Jl. Predicting fluid responsiveness in ICU patiens. Chest 2002; 121, 2000-2008 3. Rivers E, Nguyen B, Havztad S, Ressler J, Muzzin A, Knoblich B, Peterson E, Tomlanovich M. Early goal-directed therapy in the treatment of severe sepsis and septic shock. NEJM 2001; 345:1368-1377 4. Shoemaker WC, resuscitation Algorithms in acute emrgency conditions, in: Shoemaker WC et al, Textbook of Critical Care Medicine. 4rd ed. – Philadelphia: W.B. Saunders Company 2000; 5:47-59. * Utilizável em pacientes em ventilação mecânica. Melhor que POAP para detecção de hipovolemia.(Valor preditivo positivo - VPP = 94%; e valor preditivo negativo - VPN = 96%). ** Útil em pacientes em ventilação espontânea ou que sejam desconectados do ventilador mecânico. (VPP = 84%; VPN = 93%). *** Indicador de fluxo tecidual. **** Boa correlação com lactato. Objetivo PAM Pressão arterial média > 65 mmHg SvO2 Saturação venosa obtida por cateter central > 65%-70% Δ Pp* Variação respiratória da amplitude da pressão de pulso < 13% Δ neg PVC** Oscilação negativa da PVC durante a inspiração < 1 mmHg CO2 gap*** CO2 venoso - CO2 arterial < 6 mmHg Ca-vO2/CO2 gap**** [(SaO2 x Hb x 1,34) - (SvO2 x Hb x 1,34)] / CO2 gap < 1,4 ΔPP = Variação respiratória da amplitude da pressão de pulso Inspiração Expiração PP mín PP máx PP = pressão de pulso = Psist - Pdia ΔPP(%) = {(PP máx - PP mín) / [(PP máx + PP mín) / 2]} x 100 Paciente em ventilação mecânica 27 CardiovascularChoque hipovolêmico Defi nição Queda da oferta de O2 abaixo do ponto crítico de- corrente da diminuição da volemia. Causas Sangramento digestivo, lesões viscerais, aneuris ma roto, gravidez ectópica, diarréia, vômitos, ferimen- tos exsanguinantes. Referências bibliográfi cas 1. Matos EP. Protocolos da unidade de emergência / Hospital São Rafael – 10a Ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002, p. 21. 2. Marino PL. Distúrbios do fl uxo circulatório, in: Marino PL; Compêndio de UTI. 2a ed. – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1999;7: pp.177-202. Classifi cação de hemorragia baseada na extensão da perda sangüínea Parâmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda sangüínea (%) < 15% 15% a 30% 30% a 40% > 40% FC < 100 > 100 > 120 > 140 PA Normal Normal ↓ ↓ D.U. (mL/h) > 30 20 a 30 5 a 15 < 5 Estado mental Ansioso Agitado Confuso Letárgico Tratamento Classe I Classe II Classe III Classe IV Cristalóide Sim Sim Sim Sim Colóide Não Não Controverso Controverso C de hemáceas Não Não Possível Provável Reversão? Quadro clínico ↑ FC, ↑ FR, PAM < 65 mmHg DU < 0,5 mL/kg/h ↓ Perfusão tissular ↓ Nível de consciência Manter Hb > 7 g/dL Se ICO: manter Hb > 10 g/dL Suporte básico • Manter vias aéreas pérvias • Garantir ventilação • Dois acessos PERIFÉRICOS • Exames laboratoriais RL ou SF 0,9% 1000 mL EV rápido. Repetir três vezes caso não estabilize. Hemorragia? Avaliar hemoderivados Parar infusão Sim Sim Não Não Acesso venoso central Variação da PVC > 4 mmHg após prova de volume Infundir alíquotas de cristalóide Parar infusão Reavaliar em 10 min. Correção da causa Suporte ventilatório Correção bioquímica e distúrbios de coagulação 28 Cardiovascular Referências bibliográfi cas 1. Menon V, Fincke R. Cardiogenic Shock: Sumary of the randomised SHOCK Trial, in Congest Heart Fail. 2003,9 (1) pp. 35-9. 2. Goldberg RJ, Samad NA, Yarzebski J, et al. Temporal trends in cardiogênico shock complicating acute myocardial infarction. N Engl J Med. 1999; 340: pp. 1162-68. 3. Hochman JS, Buller CE, Sleeper LA, et al. Cardiogenic shock com pli ca tio ting acute myocardial infaction- etiologies, management and outcome: a report from the SHOCK Trial Registry. J Am Coll Cardiol. 2000; 36: pp. 1063-70. Defi nição Incapacidade do coração, com sua pré-carga otimizada, em manter fl uxo sangüíneo adequado aos tecidos, resultando em defi ciência metabólica, mesmo em repouso e hipóxia tissular. Causas IAM anterior, complicações mecânicas pós-IAM, cardiomiopatias terminais, arritmias cardíacas. História HMP de doença cardíaca HDA compatível com descompensação cardíaca aguda (Palpitação, dispnéia, DPN, ortopnéia, dor torácica, síncope) Exame clínico PAS ≤ 90 ou PAM ≤ 65 mmHg, ↑ FR, ↑ FC, Diurese < 0,5 mL/kg/h, ↓ Nível de consciência A: ventilação mecânica sempre (↓ pré e pós-carga de VE, ↓ VO2 de músculo respiratório) B: acesso venoso periférico, monitor, exames Monitoração inicial Monitor cardíaco, oximetria, sinais vitais, ECG de 12 derivações, cateter urinário, acesso venoso central e arterial, gasometria arterial e venosa central, perfi l metabólico, enzimas cardíacas Taquiarritmia Bradiarritmia IAM agudo? Angioplastia primá- ria ou revasculari- zação cirúrgica de urgência (quando indicado) diminui a mortalidade (nível I) Trombolí- ticos têm menor efi cácia Suporte mecânico Balão de contrapulsação intra-aórtico deve ser usado (redução de mortalidade de 9% em 6 meses) Terapia de suporte PAS < 70 mmHg: noradrenalina, dopamina, PAS 70 – 100 mmHg: dopamina, dobutamina PAS > 100 mmHg: dobutamina, nitroglicerina, nitroprussiato Objetivo: SvO2 ~ 65% - 70% PAM ≥ 65 mmHg e/ou PAS ≥ 90 mmHg Diurese ~ 0,5 mL/kg Monitoração invasiva: cateter de artéria pulmonar IC < 2,2 / POAP < 18 mmHg expansão de volume IC > 2,2 / POAP > 18 mmHg diuréticos, vasodilatadores, inibidores da ECA IC < 2,2 / POAP > 18 mmHg inotrópicos, suporte mecânico Drogas, eletrólitos, doença isquêmica, hipertireoidismo Drogas, eletrólitos, doença isquêmica, hipotireoidismo Reperfusão Cardioversão elétrica imediata Avaliar marca- passo provisório Choque cardiogênico 29 CardiovascularSepse Sepse é definida como resposta inflamatória sistê- mica (SIRS) secundária a um processo infeccioso estabelecido. SIRS pode ser diagnosticada pela presença de, no mínimo, dois dos sinais apresenta- dos na Tabela 1. A presença de disfunção orgânica secundária à sepse define sepse grave e, por fim, instabilidade cardiovascular, requerendo vasopres- sores, define choque séptico. Tabela 1. Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica 1 Temperatura > 38,5oC ou < 36oC 2 FC > 90 bpm 3 FR > 20 mrm ou PaCO2 < 32 mmHg 4 Leucócitos > 12000 cel/μL ou < 4000 cel/μL ou >10% bastões FC, freqüência cardíaca; bpm, batimentos por minuto; FR, freqüência respiratória; mrm, movimentos respiratórios por minuto; VM – ventilação mecânica EpidemiologiaA incidência de sepse grave chega a 27% em pa- cientes de terapia intensiva com mortalidade que varia entre 20% e 60%. periférica alteradas: lactato arterial aumentado,↓ base excess. Diminuição da diferença arteriovenosa de O2 e elevação da diferença venoarterial de CO2 e hipercarbia da mucosa gástrica (tonometria). Diagnóstico diferencial Grande queimados, pancreatite necrotizante, politraumatizados, intoxicação por monóxido de carbono, nitrogênio ou cianeto, hipotensão prolon- gada (choque hipovolêmico, choque hemorrágico ou bypass cardiopulmonar), infarto agudo do mio- cárdio, choque cardiogênico prolongado, intoxica- ção por metformin, algumas doenças mitocondriais, anafilaxia, insuficiência hepática, insuficiência adrenal e, em alguns casos, parada cardíaca com atividade elétrica sem pulso. Diagnóstico Presença de SIRS secundária à infecção. Algumas das disfunções orgânicas possíveis são: alteração do nível de consciência, lesão pulmonar aguda ou síndrome do desconforto respiratório agudo, insuficiência renal, disfunção miocárdica, acidose láctica, alteração da função hepática, coagulação intravascular disseminada e choque. Diagnóstico hemodinâmico básico Após reposição volêmica vigorosa, saturação veno- sa e índice cardíaco estão elevados e a resistência vascular sistêmica está baixa. Variáveis de perfusão Tratamento O tratamento (ver Figura 1) precoce melhora o prognóstico. Antibioticoterapia empírica precoce e posterior correção de acordo com culturas. Controle do foco infeccioso como a drenagem de abcessos. Ventilação mecânica, quando indicada. Reposição volêmica. Vasoconstrictores como dopamina ou noradrenalina após reposição volêmica adequada. Dobutamina quando houver depressão miocárdica ou sinais de má perfusão tecidual a despeito de adequada reposição volêmica. Corticóides podem ser utilizados na presença de insuficiência adrenal. O controle glicêmico estrito (80 a 110 mg/dL) deve ser buscado. A proteína C ativada é o primeiro tratamento que se mostrou eficaz no controle da cascata de coagulação/inflamação desencadeada pela síndrome, reduzindo a mortalidade principal- mente em pacientes com sepse severa associada a duas ou mais disfunções orgânicas. Pacientes com alto risco de sangramento não devem receber este medicamento. 30 Cardiovascular Fluxograma para o manejo do choque séptico. (modifi cado de Dellinger RP 4) Sepse Referências bibliográfi cas 1. American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine. Consensus Conference: Defi nitions for sepsis and organ failure and guidelines for the use of innovative therapies in sepsis. Crit Care Med 2002; 20:864. 2. http://www.einstein.br/sepse (link para o Consenso Brasileiro de Sepse) 3. Vincent JL, Abraham E, Annane D, et al. Reducing mortality in sepsis: new directions. Critical Care 2002, 6(Suppl 3): S1-S18. 4. Dellinger RP. Cardiovascular management of septic shock. Crit Care Med 2003, 31(3): 946-55. Hipotensão induzida pela sepse Início da ressuscitação volêmica o mais precocemente possível (dar preferência aos cristalóides) PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg Considerar PVC ou PAPO Reavaliação periódica SimNão Continuar a ressuscitação volêmica até que haja evidência de perfusão tecidual adequada; ou PVC entre 8-14 mmHg; ou PAPO entre 14-18; ou PAS ≥ 90 mmHg; ou PAM ≥ 65 mmHg Considerar tratamento com drotreco- gina alfa ativada; e corticoesteróide (hidrocortisona 50 mg EV a cada 6h) e garantir controle glicêmico adequado (80-110 mg/dL) Iniciar drogas vasoativas, dopamina ou noradrenalina, com o objetivo de atingir PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg Índice cardíaco ≥ 3? PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg NãoSim Reavaliação periódica PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg Dobutamina com o objetivo de atingir índice cardíaco ≥ 3 • Reavaliar infusão hídrica • Adicionar 2ª droga vasoativa (conside- rar vasopressina 0,01 a 0,04 UL/min.) Reavaliação periódica e insistência no desmame a droga vasoativa NãoSim NãoSim 31 CardiovascularDrogas vasoativas I Catecolaminas As catecolaminas têm seus efeitos mediados por sua ação em diferentes receptores. A Tabela 1 faz um resumo das ações dos receptores e a Tabela 2 resume a atividade de cada catecolamina nos diferentes receptores. As doses, diluições e apresentações das catecolaminas estão resumidas na Tabela 3. a Noradrenalina Pode ser utilizada como vasopressor inicial no choque séptico. Comparada à dopamina, a noradrenalina aumenta mais consistentemente a pressão arterial com menor efeito sobre o índice cardíaco. Apresenta perfil semelhante sobre a perfusão esplâncnica e não apresenta riscos sobre a perfusão renal em pacien- tes vasodilatados (aumenta a pressão de filtração glomerular). Ao contrário da dopamina, não tem efeito no eixo hipotálamo-hipófise. A dopamina suprime a concentração de todos os hormônios da hipófise anterior, com exceção do cortisol. b Dopamina Assim como a noradrenalina, pode ser utilizada como vasopressor inicial no choque séptico. Por aumentar menos a pressão arterial e mais o débito cardíaco, pode ser utilizada também no choque cardiogênico. Seu uso pode ser limitado em pacientes taquicárdicos ou com taquiarritmias. c Adrenalina Aumenta a PAM em pacientes que não respondem a outras catecolaminas, mas diminui de maneira importante o fluxo esplâncnico e tem tendência de aumentar os níveis de lactato. Seu uso deve ser limitado aos pacientes que não respondem às terapias convencionais. Doses moderadas ou elevadas levam freqüentemente a arritmias. d Dobutamina Aumenta consistentemente o débito cardíaco em diversas condições clínicas, melhorando a perfusão periférica. Aumenta o consumo de oxigênio pelo miocárdio, o que pode limitar seu uso em pacientes com insuficiência coronariana. Apesar de melhorar agudamente o débito cardíaco, não aumenta a sobrevida em pacientes com choque cardiogênico. Deve ser sempre utilizada após reposição volêmica (assim como a outras catecolaminas), evitando assim taquicardia e hipotensão arterial. II Vasopressina Hormônio antidiurético, arginina vasopressina: Por agir também em receptores V1, exerce importante ação vasopressora. Tem sido testada em pacientes com choque séptico refratário às catecolaminas. A administração é contínua na dose de 2,4 a 6 UI/h. Como limitante de seu uso, destaca-se a possibilidade de induzir isquemia tecidual. III Vasodilatadores Normalmente indicados para pacientes com emergência/urgência hipertensiva, estes medicamentos têm a vantagem de um início de ação rápida quando administrados por via endovenosa e uma meia-vida de poucos minutos quando suspensos. Os medicamentos mais utilizados são nitroprussiato de sódio, um vasodilatador balanceado, arterial e venoso, e nitroglicerina, vasodilatador principalmente venoso. Os principais efeitos colaterais são hipotensão arterial e, no caso específico do nitroprussiato, intoxicação por cianeto. IV Inibidores da fosfodiesterase Amrinona e milrinona são inotrópicos positivos e vasodilatadores. Aumentam o débito cardíaco e diminuem a resistência vascular sistêmica. Utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca grave. Cuidado especial deve-se ter quanto à pressão arterial. As doses utilizadas e a apresentação estão resumidas na Tabela 4. 32 CardiovascularDrogas vasoativas Referências bibliográficas 1. http://www.einstein.br/sepse (link para o Consenso Brasileiro de Sepse). 2. Knobel E. Condutas no Paciente Grave. 2ª ed. Ed. Atheneu, São Paulo, 1998. Tabela 1. Receptores de catecolaminas e suas ações DA, receptor dopaminérgico Tabela 3. Catecolaminas Início da ação Meia-vida Dose habitual Diluição (minutos) (minutos) (µg/kg/min.) (SF 0,9% ou SG 5%) Noradrenalina 1 a 2 2 0,05-1 16 mg / 234 mL Adrenalina 3 a 10 2 0,1-1 2 mg / 250 mL Dopamina 5 10 10-20 250 mg / 200 mL Dobutamina 2 a 3 2 2-20 250 mg / 230 mL *As catecolaminas devem ser administradas em bomba de infusão contínua Tabela 2. Receptores ativados pelas catecolaminas
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