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Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 029 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: CRISE HIPOXÊMICA Elaboração: Dr. Eduardo Mariani dos Santos Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 1/6 Assinatura: Definição As cardiopatias cianóticas podem condicionar o aparecimento de uma situação clínica de extrema urgência, caracterizada basicamente pela acentuação súbita e crítica da Hipoxemia, a qual chamamos de Crises Hipóxicas ou Crises Anóxicas. Incidência Variável na Tetralogia de Fallot, ocorrendo 20-75% dos casos. Mais frequente - 3 meses a 2 anos. Ocorreram nas cardiopatias cianogênicas que evoluem com estenose infundibular valvar como ventrículo único com estenose pulmonar, atresia tricúspide com estenose pulmonar, transposição das grandes artérias com estenose pulmonar e atresia pulmonar com septo interventricular íntegro. Fisiopatologia Tem sua origem na diminuição súbita do fluxo pulmonar que ocorre quando há fechamento do canal arterial ou quando fluxo pulmonar diminui por uma maior restrição imposta ao nível do infundíbulo subpulmonar como na Tetralogia de Fallot. Os fatores predisponentes são: choro, defecação, agitação, exercícios físicos, anemia, infecções, calor excessivo, taquiarritmia. Quadro Clínico Caracterizado por acentuação da cianose, taquipnéia e agitação, progredindo para flacidez Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 029 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: CRISE HIPOXÊMICA Elaboração: Dr. Eduardo Mariani dos Santos Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 2/6 Assinatura: após alguns minutos. Seguem-se períodos de torpor e sonolência, nos casos de maior gravidade presença de sinais de sofrimento cerebral com convulsão, coma e inclusive a morte. Tratamento Uma vez constatada a presença de crises de cianose ou estado hipoxêmico, o tratamento visa a atuação em três diferentes aspectos: I. Tratamento de emergência e das crises prolongadas e mais graves em ambiente de UTI II. Medidas de suporte para prevenção das crises III. Tratamento cirúrgico de urgência Tratamento de Emergência Com a crise instalada, reter a criança no leito em posição genupeitoral ou lateral com os joelhos flexionados sobre o abdômen, tendo como objetivo aumentar a resistência periférica e diminuir o retorno venoso do segmento inferior para favorecer o redirecionamento do sangue para o território pulmonar e segmento cefálico. Oxigênio administrado através de máscara ou traquéia, tendo, porém, cuidado para não aumentar a irritabilidade da criança ou que, ao favorecer elevadas concentrações de oxigênio se estimule o fechamento do canal arterial. Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 029 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: CRISE HIPOXÊMICA Elaboração: Dr. Eduardo Mariani dos Santos Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 3/6 Assinatura: Sedativos sempre utilizados, pois produzem o efeito relaxante rápido e, como consequência, a redução do consumo cerebral de oxigênio, queda dos níveis de catecolaminas circulantes e relaxamento da musculatura cardíaca. - Hidrato de Cloral 10% - 30 mg/Kg via oral ou retal - Morfina – 0,1 a 0,2 mg/Kg EV Uso de beta bloqueador adrenérgico endovenoso é muito útil para promover efeito inotrópico negativo e relaxar o infundíbulo pulmonar. - Propranolol ou metoprolol - 0,1 a 0,2mg/Kg EV Detecção e tratamento de possíveis fatores desencadeantes: anemia, infecção, desidratação, etc. Tratamento de crises prolongadas e mais graves em ambiente de terapia intensiva. 1) Avaliar necessidade de se instituir a ventilação mecânica nas crianças que se apresentam com hipoxemia acentuada e manifestações de sofrimento cerebral. 2) Combate à hipoglicemia através de bolos de glicose a 10% endovenosos 3) Correção de acidose metabólica com bicarbonato de sódio, que pode ser efetuada: Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 029 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: CRISE HIPOXÊMICA Elaboração: Dr. Eduardo Mariani dos Santos Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 4/6 Assinatura: - empiricamente 1-2 mEq/kg - pela gasometria: Quantidade NaHCO3 (mEq)= 0,3 x BE x peso(kg) 4) Recém-nascidos com cardiopatias cianóticas, cuja circulação pulmonar é dependente do canal arterial, uso: Prostaglandina E1 (prostin) –0,02 a 0,1 microgramas por Kg por minuto, iniciando-se sempre com a dose menor e aumentando-se progressivamente de acordo com a necessidade. A administração deve ser feita preferencialmente por veia calibrosa ou profunda, contínua, em bomba de infusão. Principais efeitos colaterais: apnéia, taquicardia, febre, vômitos, distensão abdominal, rash cutâneo e sangramento. Obtém-se resultados favoráveis com doses 0,01 a 0,05 mcg/Kg/min. Medidas preventivas visam evitar a repetição e a severidade das crises. 1. Evitar certas condições precipitantes como: febre, choro prolongado, desidratação, constipação intestinal, exercícios físicos extenuantes; 2. Combate precoce das infecções de vias aéreas superiores e broncopneumonias; Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 029 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: CRISE HIPOXÊMICA Elaboração: Dr. Eduardo Mariani dos Santos Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. Cláudio Nunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 5/6 Assinatura: 3. Prevenção e correção da anemia: o hematócrito no grupo de cardiopatias que cursam com crises hipoxêmicas deve ser mantido em torno de 50%. 4. Combate à poliglobulia, pois a mesma aumenta a viscosidade sanguínea e piora a cianose. O método apropriado consiste na retirada de determinado volume de sangue e reposição isovolumétrica com plasma, albumina em solução com soro fiosiológico ou solução de ringer. - Fórmula utilizada para cálculo do volume de sangue a ser retirado: VOLUME(ml) = Ha – Hd x 80 ml/Kg x peso Kg Hi Ha = hematócrito atual. Hd = hematócrito desejado. Hi = hematócrito ideal. É geralmente indicada quando nível de hematócrito se situa acima 65%. Volume total a ser retirado deve ser fracionado em duas ou três vezes em dias consecutivos e não retirar mais do que 10% da volemia por vez. Autarquia Hospitalar Municipal Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio PROTOCOLO CLÍNICO Nº.: PC “PEDIATRIA/PSI” 029 Revisão Nº: 02 Data: 02/03/2017 Título: CRISE HIPOXÊMICA Elaboração: Dr. Eduardo Mariani dos Santos Aprovação: Dr. Soraia Sekkar de Pádua Dr. Anthony William Dubois-Köhne Jackson Dr. CláudioNunes Dr. Flávio Campaña Inojosa Dr. José Carlos Ingrund Página 6/6 Assinatura: 5. Uso de medicamentos preventivos de crise Propanol 1 – 4 mg/Kg/dia dividido em três tomadas via oral. Tratamento Cirúrgico de Urgência Uma vez corrigidas essas alterações e os fatores precipitantes, o tratamento cirúrgico com finalidade de se evitar novas crises torna-se imperioso, optando-se de acordo com tipo de cardiopatia cianogênica pelas seguintes técnicas isoladas ou combinadas: a) Ampliação CIA (atriosseptostomia com cateter balão de Rashkind). b) Shunt arteriovenoso pulmonar – Blalock-Taussig. c) Cirurgia corretiva. d) Valvotomia.
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