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Mariana Oliveira Arantes História da América Pré-Colombiana AULA 4 Os Astecas Confederação Asteca Denominamos de Confederação Asteca os povos que habitaram as cidades-estados da região da Mesoamérica a partir de 1224 d.C. Neste período, esses povos apresentavam uma estrutura social simples, com o poder diluído entre os vários líderes das cidades. Em 1325 d.C., os Astecas fundaram a cidade de Tenochtitlán, que com o tempo passou a se impor sobre as demais cidades- estados. A história da expansão dos Astecas ainda estava em curso quando os europeus chegaram à região, em 1519. Falar em “Império Asteca” é dar homogeneidade e coerência a uma forma de dominação que não é absolutamente unificada. A expressão “Confederação Asteca” alude, assim, à hegemonia de uma etnia – náhuatl – em aliança com outras, que submetem populações numerosas e heterogêneas, cuja dominação nem sempre foi aceita facilmente. (FERREIRA, 1991). http://profadrianahistoria2013.blogspot.com/2016/03/os-astecas.html Confederação Asteca Estrutura social Os membros da comunidade dos Astecas tinham a propriedade coletiva da terra, chamada de Altépetl. Os homens que a lavraram tinham o direito de cultivar uma parcela de terra para sua subsistência e nela habitar. Estes membros também tinham direito à redistribuição de alimentos e vestuário pelo Estado, educação, participação nos cultos, direito de participar das decisões políticas e podiam ascender socialmente por meio de méritos em batalhas. Estrutura Social Com seus direitos garantidos, mas não sendo um nobre, nosso aldeão tinha, por sua vez, obrigações para com o Estado. A rigor, eram três os tipos de deveres para com o governo central. Um primeiro dever era o serviço militar nas tropas de conquista e “pacificação”, que não era visto como uma obrigação ou fardo, ao contrário, era uma honra sua inserção nos quadros da milícia. (...) Um segundo dever era o pagamento do tributo ao Estado em forma de prestação de serviço pessoal. Neste tipo de tributo, o trabalho coletivo de limpeza, construção e conservação de estradas, pontes, prédios etc. eram as atividades mais comuns. Por fim, sua terceira obrigação era o pagamento do tributo em espécie ao Estado (FERREIRA, 1991). A Confederação Asteca se organizou com base em uma hierarquia social que tinha em seu topo um representante do poder do Estado, o Tlatoani, palavra que significa “o que fala”. Os demais membros dos grupos dirigentes eram recrutados entre a população de acordo com o mérito e a eficiência nas batalhas. No topo da pirâmide social ainda havia funcionários estatais de alto escalão, chamados Pilli, e os sacerdotes. Além dos grupos dirigentes, havia agricultores, escravos e os pochtecas, comerciantes organizados em corporações que monopolizavam o comércio na região. Em relação à escravidão, alguém poderia se tornar escravo sendo prisioneiro de guerra – tributo pago ao Estado por algumas comunidades –, castigado por conta de alguns crimes e através da escravidão voluntária em troca de determinada quantia. Sobre a vida de um escravo na Confederação Asteca: Seu trabalho poderia ser no campo ou nas residências, mas eram bem alojados, alimentados, vestidos como um homem comum; poderiam acumular bens, como terras, casas e até escravos. Tinham o direito de se casar com uma mulher livre e seus filhos não herdavam a escravidão (FERREIRA, 1991). A Cidade de Teotihuacán Os Astecas acreditavam que tinham uma herança cultural dessa cidade. Período de maior florescimento: 450-650 d.C. Cidade formada por quatro aldeias. Urbanizada com praças, avenidas, subúrbios, prédios públicos. População chegou a 85000 pessoas. Tradução do nome: lugar onde o homem se transforma em deus. A cidade de Teotihuacán https://www.civitatis.com/en/mexico-city/tour-pyramides-teotihuacan/ A cidade de Teotihuacán https://en.wikipedia.org/wiki/Teotihuacan Em 1325, os Astecas fundaram sua capital, na região da atual Cidade do México. A cidade ficava a 2,4 mil metros de altura, rodeada por cordilheiras e vulcões. Quando os europeus chegaram, em 1519, a cidade era habitada por cerca de 300 mil pessoas. Tratava-se de uma cidade bem estruturada, com praças, avenidas, grandes construções para habitação e cultos religiosos, construída de acordo com a movimentação dos astros no céu. A cidade de Tenochtitlán http://www.7wonders.org/america/mexico/mexicodf/tenochtitlan/ Tempo histórico Os Astecas, assim como os Incas, não pensavam o passar do tempo de forma linear, mas como um movimento cíclico, com diversas histórias de vários povos anteriores que surgiram e desapareceram com o fim de cada ciclo. Eles acreditavam em 5 idades, ou tempos: o Sol de Tigre, do Vento, do Fogo, da Água e o seu tempo que seria o Quinto Sol. Ao final do Quarto Sol, os deuses teriam preparado o surgimento da nova era e escolheram Nanáhuatl, mortal deformado e purulento, para se transformar no Quinto Sol. Tal processo, porém, só seria possível se o mortal escolhido vencesse suas deficiências físicas por meio de duros exercícios, o que conseguiu, mas pagando por isto o preço da destituição de sua própria individualidade. Nanáhuatl é a representação da etnia Asteca – náhuatl – no processo de expansão e hegemonia na Mesoamérica (FERREIRA, 1991). Calendário Os Astecas criaram dois calendários: o solar e o ritual. O solar possuía um ano de 365 dias dividido em 18 meses com 20 dias cada, sobrando 5 dias chamados “ocos”, considerados de azar. Este calendário tinha dois objetivos: prever os fenômenos da natureza e o movimento dos astros que guiavam o trabalho nas lavouras; e determinar a sorte de cada pessoa e as probabilidades dos acontecimentos. A cada 52 anos, o calendário anunciava um ano ce-actl, marcado por um possível fim dos tempos e pelo medo de que o sol não nascesse mais. O calendário ritual possuía 260 dias divididos em 20 períodos de 13 dias, cada um regido por uma deusa. Acreditavam que o destino era regido pelo dia do nascimento de cada pessoa e, por isso, consultava-se esse calendário para conhecer o futuro. A cada 52 anos, o começo dos calendários solar e ritual coincidia, marcando o início de um grande novo ciclo. Calendário Asteca. https://pt.wikipedia.org/wiki/Calend%C3%A1rio_asteca Calendário Crenças religiosas Os Astecas eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses inspirados nos fenômenos naturais. Nas crenças Astecas, a manutenção da ordem das coisas não era responsabilidade apenas dos deuses, porque eles precisavam da ação dos homens. Assim, o movimento do sol era responsabilidade dos homens que deveriam injetar o “líquido precioso”, ou seja, o sangue dos sacrifícios humanos. A cada sacrifício o fim do mundo era adiado. O sacrifício era um dever sagrado para com o sol, com os deuses e com o próprio universo. Lembremos que aquilo que entendemos por crueldade é algo historicamente determinado. Os europeus à época da conquista massacraram, mutilaram e torturaram com a consciência tranquila em nome da divindade cristã. O sacrifício Asteca, a nível das mentalidades, não se circunscrevia nem como crueldade, nem como ódio, e sim como resposta à instabilidade de um mundo constantemente ameaçado de destruição. O sacrificado não era o inimigo, mas sim o emissário enviado ao sol para a continuação de seu movimento e, consequentemente, do próprio mundo (FERREIRA, 1991). Economia A base econômica da sociedade Asteca era a agricultura, embora houvesse um comércio informal e produção de cerâmica e tecidos. Utilizavam o sistema de chinampas – jardins flutuantes – como um método de agricultura hidráulica. A técnica consistia em retirar lama e plantas do fundo do lago para criar ilhas artificiais. Desenvolvido o solo, plantava-se flores e outras plantas. Educação A educação era obrigatória para as crianças, sendo responsabilidade da família. Os meninos ajudavam os pais na lavoura, na pesca e nastrocas comerciais. As crianças ficavam sob cuidado das mães, aprendendo técnicas de tecelagem. Os Astecas criaram um tipo de escrita que misturava ideografia com a escrita fonética. Os manuscritos eram códices. Os colégios dos nobres e os palácios possuíam muitos manuscritos. Atualmente, o Códice Burbónico é um dos poucos documentos preservados de origem Asteca. Nesses códices, há registros das crenças religiosas, como relatos sobre a origem dos povos e suas transformações. Há, ainda, registros dos limites e fronteiras dos territórios e recolhimento de tributos. Atualmente, no México, são falados 54 dialetos e línguas indígenas, como o náhuatl. Os Astecas estão representados na bandeira mexicana, que apresenta uma águia pousada num cacto devorando uma serpente. Trata-se de uma lembrança de que a Cidade do México foi construída conduzida pelo líder Asteca Tenoch. http://www.bandeiras-nacionais.com/bandeira-mexico.html Ainda hoje, como sinal da relevância cultural Asteca na história da região na qual se desenvolveu, crânios e esqueletos da cultura Asteca são transformados em doces e chocolate para as crianças. A deusa Asteca Tomantzin foi ritualizada, após a conquista, como Nossa Senhora, sendo cultuada na Cidade do México como a Virgem Maria de Guadalupe. Reflexões Finais Podemos perceber que, dentre os vários povos que se desenvolveram na região da Mesoamérica, os Astecas destacaram-se pela sua organização em uma grande confederação de cidades-estados, que exerceu hegemonia entre outros grupos. A história de lutas e a afirmação cultural foram fundamentais para a sobrevivência de vários aspectos dessa sociedade, como a fala do náhuatl e o culto de deuses e líderes presentes em representações mexicanas atuais. Referências Bibliográficas BETHEL, Leslie (Org.). História da América Latina: a América Latina Colonial. São Paulo: Editora da USP; Brasília, Fundação Alexandre Gusmão, 1997, v.1. CARDOSO, Ciro Flamarion. América pré-colombiana. São Paulo: Brasiliense, 1981. FERREIRA, Jorge Luiz. Incas e Astecas. Culturas pré- colombianas. São Paulo: Ática, 1991.
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