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Mariana Oliveira Arantes História da América Pré-Colombiana AULA 6 Povos Nativos do Brasil Troncos linguísticos no Brasil Os povos indígenas que habitavam o território que hoje denominamos Brasil quando os portugueses chegaram, em 1500, eram classificados segundo a língua, geografia e habitat. Havia quatro famílias linguísticas principais: • Tupi-guaranis (região do litoral); • Macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central); • Aruaques ou aruak (Amazônia); • Caraíbas ou karib (Amazônia). http://geografiaprofessormarcusmatozo.blogspot.com/2016/04/indios-no-brasil- capitanias-hereditarias.html Algumas das línguas que sobreviveram são classificadas como isoladas ou ligeiramente vinculadas aos troncos linguísticos principais: nambicuara (nambikwara), bo-roró, karajá, mura, aripaktsá e muitas outras que desapareceram antes que os linguistas as estudassem. https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_macroj%C3%AA/Hist%C3 %B3ria Organização Social A maioria dos índios brasileiros vivia em aldeias durante um curto tempo. A principal razão para isso era que as terras baixas da América do Sul careciam de animais originários que pudessem ser domesticados. Assim, não havia atividades de pastoreio na Amazônia. Seus povos estavam condenados a caçar, pescar ou coletar caça (viva ou morta) selvagem e insetos para aumentar o que produziam suas colheitas. O resultado era uma sociedade baseada em comunidades aldeãs povoadas por gente de uma grande mobilidade, que podiam se deslocar junto às suas poucas posses de maneira rápida até outras zonas mais ricas em caça ou pesca (HEMMING. In: BETHELL, 1990). Por viverem em um clima tropical ou semitropical, não tinham necessidade de roupa alguma. Sua nudez atrelada à exuberante vida vegetal do Brasil e à abundância da caça produzia a impressão de que aquela gente vivia no paraíso. Vaz de Caminha escreveu ao seu rei: «Deduzco que son personas bastante brutas, de muy poco conocimiento ... sin embargo, están bien cuidados y muy limpios ... Sus cuerpos son tan limpios, rollizos y bellos que no podrían serlo más ... ». Vespucio escribió: «... tanto que entre mi pensaba estar cerca del Paraíso Terrenal» (HEMMING In: BETHELL, 1990). A organização de muitos povos nativos em aldeias seguia a disposição de quatro ou mais tabas dispostas em torno de uma praça central. Cada taba abrigava várias famílias. Nos registros dos primeiros europeus a entrarem em contato com esses povos, há uma forte impressão frente à ausência de possessões pessoais e à atitude comunitária com a terra e os alimentos. http://www.terrabrasileira.com.br/folclore/i51-hindg.html Disposição de uma aldeia Tupinambá Organização Social Cada grupo familiar era autossuficiente. O pai da família era responsável pela caça, pesca e atividades militares. As mulheres eram responsáveis pela agricultura, preparo dos alimentos e cuidado com os filhos. As relações intertribais ocorriam de diversas formas. Alguns povos permaneciam isolados e raras vezes estabeleciam contato com outros. Outros povos estavam constantemente em guerra, por conta de disputas entre grupos rivais. Apesar disso, muitos viviam pacificamente. Entre os Tupinambá, um jovem tinha que demonstrar seu valor no combate ou matar prisioneiros para que fosse considerado suficientemente corajoso para se casar. Não era praticada a poligamia. Geralmente, o esposo se mudava para a casa materna de sua esposa, a menos que pudesse estabelecer seu próprio lar. Em várias tribos, quando havia excedente de mulheres, os chefes e guerreiros praticavam a poligamia. Essa relação era bem aceita entre as mulheres, em parte pelo orgulho em se relacionar com um homem importante e também para dividir o trabalho de cuidar dele. Geralmente, os homens se casavam por volta de 25 anos e eram considerados velhos depois dos 40. Em várias tribos havia um conselho de anciãos que se reunia com regularidade para decidir as atividades. Cada taba tinha seu próprio líder. Os líderes podiam adquirir sua posição demonstrando seu valor no combate ou pela riqueza. As tribos tupis, como muitas outras na bacia amazônica, eram governadas por conselhos de homens idosos, que se encontravam quase diariamente e eram apenas indiretamente liderados por seus chefes. No entanto, toda a tribo era obrigada a cumprir rigorosamente as normas aprovadas. Um conservadorismo tão rígido é provavelmente necessário em pequenas comunidades de caçadores, que vivem em um ambiente hostil. Isso significava na prática que qualquer excêntrico ou não-conformista poderia ser condenado pelos xamãs como um espírito perverso e executado pelo resto da comunidade (HEMMING. In: BETHELL, 1990). Crenças Religiosas Assim como em outros povos nativos da América, o sobrenatural era muito real para os nativos do Brasil. A maioria das tribos se sentia rodeada por espíritos ou demônios – alguns protetores, mas a maioria malignos. Havia diversas lendas, mitos, cerimônias e crenças espirituais. Quase todas as festas estavam relacionadas com o calendário agrícola. A caça, a guerra e o ciclo da vida estavam cheios de significado espiritual. Cada povo tinha xamãs que interpretavam o mundo sobrenatural e faziam os ritos de cura. Os anciãos da tribo costumavam narrar as lendas de seus antepassados. As decisões eram alcançadas pela interpretação de presságios ou por adivinhação. Pintura Corporal Muitos povos nativos do Brasil pintam o corpo para enfeitá-lo, para defendê-lo contra o sol, insetos e espíritos maus. As pinturas são realizadas também por conta de questões pessoais, para indicar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretende. Acredita-se que as pinturas podem garantir boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada tribo e cada família desenvolve padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Alguns padrões de Pintura Corporal http://pataxos.blogspot.com/2016/06/pintura-corporal-pataxos.html Alguns padrões de Pintura Corporal https://sites.google.com/site/cp2arteindigena/pintura-corporal Pintura Corporal Em algumas tribos, grupos de pessoas do mesmo sexo se pintam. Nas tribos do Xingú, os homens pintam uns aos outros antes de lutar uns contra os outros; as mulheres de Cayapa pintam o corpo com os dedos usando genipa e a parte inferior da face com annatto; os caduveos do sul de Mato Grosso e os tírios do norte do Pará pintam ou tatuam padrões geométricos complicados nos rostos das mulheres; algumas tribos têm círculos nas bochechas, como o karajá; uma linha horizontal... ...que cruza as bochechas, como os cintas largas ou sumi; preto ao redor da boca, como o Juruna; linhas verticais tatuadas, como o asuriní, e assim por diante; Bororo e outras tribos desenvolveram códigos na pintura corporal para diferenciar meios, clãs e grupos etários; enquanto os Yanomani usam cores e padrões de desenho para expressar humor ou raiva (HEMMING. In: BETHELL, 1990). Arte Plumária Assim como a pintura corporal, a arte plumária serve de enfeite. É empregada em mantos, máscaras e cocares. Esta arte não está associada a um fim utilitário. Arte Plumária dos Bororo http://artesead.blogspot.com/2009/09/arte-plumaria.html O Mistério dos Geoglifos A partir dos anos 1980, o desmatamento da Amazônia deixou à mostra geoglifos (círculos de 10 metros de largura por quatro de profundidade, construídos no solo há 2000 anos) que se transformaram em um dos principais indícios de que a selva tropical tinha sido tocada por mãos humanas antes da chegada dos europeus. O propósito dos geoglifos continua sendo desconhecido, mas acredita-se que essas estruturas – que se estendem por 13000 quilômetros quadrados – poderiam ter relação com práticas agrícolas sustentáveis. O Mistério dos Geoglifos https://br.sputniknews.com/brasil/2018081611973626-populacao-indigena-geoglifos- amazonia/ Jennifer Watling, pesquisadora do Museu de Arqueologia e Etnografia daUniversidade de São Paulo, argumenta que a descoberta dos geoglifos é importante para combater a ideia de que qualquer atividade humana prejudica a natureza. “Atualmente, as pessoas destroem a floresta antes de tentar tirar bom proveito dela, mas os construtores de geoglifos puderam viver dela sem destruí-la. As pessoas que tentam encontrar alternativas sustentáveis ao uso moderno da terra precisam aproveitar o conhecimento indígena para conseguir isso”. Reflexões Finais Atualmente, calcula-se que apenas 800 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 305 etnias indígenas e 274 línguas. De acordo com a Constituição de 1988, os índios têm o direito de viver nas terras que tradicionalmente ocuparam. Além disso, garante-se aos índios a posse permanente e o uso exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos neles existentes. Infelizmente, sabemos que esses direitos não têm sido respeitados e há uma grande dificuldade em se fazer cumprir as leis. Reflexões Finais https://www.geledes.org.br/antropologos-brasileiros-divulgam-manifesto-sobre- demarcacao-de-terras-indigenas/ Para saber mais sobre geoglifos https://br.sputniknews.com/brasil/2018081611973626- populacao-indigena-geoglifos-amazonia/ http://amazonia.org.br/tag/geoglifos/ Referências Bibliográficas BETHEL, Leslie. (Org.). Historia de América Latina. Barcelona: Critica, 1990, v.1. BUENO, Lucas; DIAS, Adriana. Povoamento inicial da América do Sul: contribuições do contexto brasileiro. Estudos avançados, 29 (83), 2015. SILVA, Hilton P.; CARVALHO, Claudia Rodrigues. (Orgs.). Nossa origem: o povoamento das Américas: visões multidisciplinares. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2006.
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