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Civilizações Americanas Pré-Colombianas

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ATIVIDADE 1 
HISTÓRIA DA AMÉRICA COLONIAL: SÉCULOS XV AO XVII 
 
 
 
Leia abaixo um trecho da Carta de Cristóvão Colombo, de 1492, a respeito 
de sua chegada à América e seu primeiro contato com os povos 
mesoamericanos: 
 
As gentes desta ilha e de todas as outras que encontrei e das quais tive 
notícia, andam todas desnudas, homens e mulheres, assim como as mães 
os parem, ainda que algumas mulheres se cubram num único lugar com 
uma folha de erva, ou uma coberta de algodão feita para isto. Eles não 
têm ferro, nem aço, nem armas, nem palavra para isto, não porque não 
sejam gente de boa constituição e de bela estatura, mas porque são 
medrosos ao extremo. Não têm outras armas, excetuando armas de canas, 
quando estão com a semente, nas quais põem no fim um palito agudo; e 
não ousam usar delas; pois muitas vezes ocorreu de eu enviar à terra dois 
ou três homens a alguma vila, para travar diálogo, e dar com um sem 
número deles; e ao vê-los chegarem, estes fugiam de tal maneira que o pai 
não esperava o filho; e isto não porque alguém lhes tenha feito mal antes, 
pois por onde estive e pude travar contato, havia dado a eles tudo que 
tinha, assim como tecidos e outras muitas coisas, sem receber deles coisa 
alguma; mas são medrosos assim sem remédio. 
 
 
COLOMBO, Cristóvão. Carta de Cristóvão Colombo anunciando o 
descobrimento da América. Tradução de Henry Alfred Bugalho. Revista 
Samizdat, s./d. Disponível em: 
<http://www.revistasamizdat.com/2009/10/carta-de-cristovao-colombo-
anunciando-o.html>. Acesso em: maio/2020. 
 
Apesar do relato de Cristóvão Colombo acima, justificado pelo 
desconhecimento e interesse do navegador e das nações europeias sobre o 
local, os povos nativos americanos podem ser considerados grandes 
civilizações. 
 
Identifique e explique quais aspectos culturais, políticos e sociais 
configuram o caráter civilizacional destes povos americanos e de que 
forma o conhecimento a respeito destas civilizações, construído por 
meio da arqueologia e fontes históricas, se contrapõe aos dizeres de 
Colombo. 
 
 
 
O continente americano abrigou grande quantidade de povos no decorrer da 
história. Nesse viés, pode-se dizer que o povoamento da América é de difícil datação, 
entretanto, existem vestígios do desenvolvimento de culturas americanas desde o período 
neolítico. Outrossim, o desenvolvimento cultural dos povos americanos ocorreu num 
processo que durou séculos e quase sempre envolveu grupos diversos. Diversas culturas 
se desenvolveram nessas terras, dentre as quais, os Esquimós, os Sioux, os Apaches, os 
Astecas, os Maias, os Aruaques, os Caribes, os Guaranis, os Tupis, os Jês, entre outros. 
 
Em momentos diferentes da nossa história, cada um desses povos construiu, à sua 
maneira, forma própria de expressão cultural, a qual sofreu diversas mudanças ao longo 
do tempo, estabelecendo diferentes maneiras de apropriação e relacionamento com a 
natureza. Do ponto de vista do europeu, a História brasileira foi contada e registrada a 
partir da chegada de Pedro Álvares Cabral (1467/68–1520/26) em nossas terras. Para se 
ter uma ideia, comemoram-se os 500 anos do descobrimento do Brasil, pois, por muito 
tempo se considerou que a nossa história teria iniciado após a chegada dos europeus. 
 
Hoje, é fácil reconhecer que essa visão é eurocêntrica. Da mesma maneira, se 
tomarmos o conceito de índio, perceberemos que ele também obedece a um construto 
social. Nesse contexto, Ribeiro ensina: 
 
Quando Cristóvão Colombo (1437/48–1506) “descobriu” a América ele 
chamou os habitantes do território de “índios”, pois pensou ter chegado às 
Índias; Outros termos são utilizados para designar o habitante da América pré-
colombiana, qual seja: aborígine, ameríndio, autóctone, brasilíndio, gentio, 
negro da terra, bugre, silvícola, íncola, entre outros. Enfim, o termo “índio” foi 
utilizado e pode ser compreendido à luz da afirmação do sociólogo Darcy 
Ribeiro, o qual se baseou na autoidentificação étnica das comunidades, 
considerando que o índio é todo o indivíduo reconhecido como membro de 
uma comunidade pré-colombiana que se identifica etnicamente diversa da 
nacional e é considerada indígena pela população brasileira com que está em 
contato. (RIBEIRO, 1986). 
 
Esses povos ocuparam o território há muito tempo. Na busca de alimentos e 
melhores climas, o homem foi se espalhando por todos os continentes, até chegar ao que 
se convencionou chamar de América. Não há consenso entre os pesquisadores 
antropólogos e arqueólogos quanto a data inicial do povoamento, entretanto, vale ressaltar 
esse dissenso da seguinte forma: 
 
• A partir de pesquisas arqueológicas houve a fixação aproximada do homem na 
América do Sul, mais especificamente no Piauí – sítio arqueológico de Raimundo 
Nonato – há cerca de40.000 anos. Nem todos os especialistas concordam com 
uma data tão recuada e criticam a pesquisa da professora em questão. 
• Outros pesquisadores fixam datas mais recentes para o povoamento de nosso 
território, cerca de 12 a 15 mil anos antes de cristo, baseando-se nas datações de 
restos humanos encontrados em diversos sítios arqueológicos existentes no Brasil, 
como é o caso de Lagoa Santa/MG (16.000 anos) e de Ibicuí no Rio Grande do 
Sul, com cerca de 12.700 anos. 
 
É relevante ressaltar que a trajetória das nações indígenas no atual Brasil não pode 
ser compreendida de maneira homogênea, pois estes possuíam diferenças marcantes, quer 
sejam diferenças linguísticas, quer seja na sua cor de pele, altura, corpulência, etc. De 
certo que, à época em que os Portugueses chegaram ao Brasil encontraram diversas 
nações indígenas ou nativas. 
 
Os estudos mostram que os diferentes povos indígenas do Brasil (Pindorama ou 
Piratininga), a exemplo dos demais índios da América, tinham maneiras próprias de 
organizar-se: diferentes modos de vida, línguas e culturas. Destaca-se, como exemplo, as 
técnicas a utilizada no cultivo de produtos alimentícios. 
 
A simples tarefa de preparação da mata para ser cultivada exigia um esforço 
conjunto: limpavam a mata utilizando machados de pedra, principalmente para cortar 
arbustos. Na sequência, davam início ao processo de queima da lenha que havia secado, 
construindo fogueiras em torno de grandes árvores, para que então fosse “furado o chão” 
para abrigar mudas que logo seriam recobertas pela terra. O cultivo assim se repetia de 
03 a 04 anos, mas logo era abandonado pela comunidade nuclear que fixava em outros 
locais da floresta repetindo a mesma ação. 
 
Em geral, era comum o cultivo de: mandioca (os Tupis), milho (os Guaranis) e 
amendoim (os Jês). Além destes alimentos básicos, os indígenas plantavam feijão, batata-
doce, cará (inhame), jerimum (abóbora) e cumari (pimenta). Entre as plantas não 
alimentares destacavam-se a purunga (cabaça), o jenipapo e o urucu (corantes), o algodão 
e o tabaco. Caçavam os seguintes animais: antas, pacas, capivaras, cutias, caititus, 
queixadas, veados, preguiças, tamanduás, tatus, além de onças, macacos, aves e répteis. 
Em especial, os guerreiros tupis dedicavam-se à ingestão de animais velozes, pois 
acreditavam que assim procedendo absorveriam a agilidade de tais animais. Essa é uma 
concepção extremamente interessante entre os tupis, é também a expressão de sua 
cosmovisão 
 
A sociedade brasileira indígena realizava uma divisão de trabalho baseada na 
diferenciação sexual. A cargo das mulheres estava o trabalho agrícola, o preparo do 
alimento e os cuidados com as crianças. Já aos homens eram destinadas as tarefas de 
derrubada da mata, do preparo da terra, da pesca, da caça, do fabrico de canoas e de 
atividades guerreiras. A propriedade dos bens era coletiva e a organização das 
comunidades se assentava num padrão de família extensa, que tinha como base famílias 
nucleares ligadas entre si por laços de parentesco. Praticamente todas as tribos brasileiras 
ignoravam o trabalho escravo,à exceção de algumas poucas sociedades do passado 
fixadas em território brasileiro, a saber os índios Kadiwéus (viviam do tributo e do saque 
sobre outros grupos indígenas) e os Terena, de acordo com Melatti (1994), em Índios do 
Brasil. 
 
A estrutura social dessas sociedades foi desenvolvida com um reduzido grau de 
diferenciação, todavia, gerou alguns tipos de hierarquias. Destaca-se a existência de 
acentuadas tendências comunitárias e de fortes laços de solidariedade. Os Tupi-guaranis 
adotaram como forma de organização dominante o grupo local (correspondente a uma 
taba), que se situava numa posição intermédia entre a menor unidade (a oca) e o 
agrupamento territorial mais abrangente (o grupo tribal). Os líderes ou chefes 
(morubixabas) dos tupis não conheceram poder centralizado ou coercitivo. Eles 
buscavam sempre convencer por meio da persuasão. Tinha que demonstrar valentia, 
oratória e grande aceitação entre os demais componentes da comunidade. Geralmente 
esse chefe tinha sua autoridade posta em “funcionamento” em momentos de guerra. 
 
Politicamente, sua instituição básica era o “conselho dos chefes”, formado pelo 
morubixaba, pajé, chefes das ocas e guerreiros prestigiados. Este órgão, frequentemente 
designado por “roda de fumadores”, segundo Cougo (2000), tomava as decisões mais 
importantes referentes à taba, tais como: mudança de local de residência, organização de 
expedições guerreiras, definição da rede de alianças e fixação da data para a execução 
ritual dos prisioneiros 
 
Quanto às crenças e aos ritos, em geral, os indígenas acreditavam que os seres 
humanos possuíam algo semelhante à concepção de alma para os cristãos, que também 
pode ser chamado de espírito. Os antigos acreditavam que após a morte, esse espírito ia 
em direção ao chamado guajupiá (paraíso de grande beleza) onde se reuniam todos os 
ancestrais mortos, os quais viviam em abundância e alegria. Raramente esses índios 
creram num ser supremo que teria criado o universo. Essa crença, ao que parece, esteve 
presente entre os apapocuvas. 
 
Historiadores apontam que, em 1500, existiam cerca de quatro milhões de 
indígenas habitando as terras brasileiras. Hoje, a Funai estima que um milhão de indígenas 
vive no país, espalhados em 250 etnias, que, em suas aldeias, ocupam cerca de 13% do 
território|. Essa pequena parcela ocupada somente se mantém devido à demarcação de 
terras indígenas. 
 
Apesar do genocídio praticado contra os índios desde 1500 (em especial no 
período das bandeiras, durante a Ditadura Militar e em conflitos de terras atuais em 
estados, como Mato Grosso, Amazonas e Pará) e da desvalorização dos povos indígenas, 
o Brasil herdou inúmeros elementos da cultura indígena. 
 
Como se sabe, o solo brasileiro é extremamente miscigenado e pluricultural. Além 
da influência de povos africanos, orientais e europeus, os povos indígenas deixaram 
elementos importantes para a nossa cultura, sobretudo em relação aos hábitos alimentares. 
A culinária nortista, por exemplo, é rica em elementos da cultura indígena, como a 
maniçoba e a utilização do tucupi em pratos típicos. Frutos como o caju e a acerola eram 
consumidos pelos indígenas, e os seus respectivos nomes tiveram origem nas línguas tupi. 
O açaí, o guaraná e a tapioca, que consumimos amplamente nos dias de hoje e são, 
inclusive, explorados pela indústria alimentícia, são oriundos dos hábitos alimentares 
indígenas." 
 
Assim, de tudo quanto exposto, pode-se inferir, de forma enfática, o caráter 
civilizacional desta parte populacional da américa, o que vai de encontro aos dizeres e 
crenças de Colombo, quando do processo de colonização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
COUGO, Jorge. A gente da terra. Revista Camões, nº8, jan/mar 2000. 
 
JESUS, Alysson Luiz Freitas. SANTOS, Dayse Lúcide. HISTÓRIA DO BRASIL 
COLÔNIA. 2ª ed. Editora Unimontes: 2014. 
 
MELATTI, J. C. Índios do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1994 
 
PORFíRIO, Francisco. "Cultura indígena"; Brasil Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cultura-indigena.htm. Acesso em 29 de maio 
de 2022. 
 
RIBEIRO, Darcy. Os índios e a Civilização. Petrópolis: Vozes, 1986

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