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CÁLCULOS BILIARES https://www.youtube.com/watch?v=zPexe9nkwQQ FISIOLOGIA DA VESÍCULA BILIAR ● Bile: ○ A secreção basal diária total de bile hepática é de cerca de 500 a 600 mL; ○ É formada nos lóbulos hepáticos; ○ Bile hepática: é um líquido isotônico com eletrólitos semelhantes ao plasma; ■ A bile hepática se torna bile vesicular, diferindo pelo perda de ânions (Cl- e HCO3-) e água; ■ [] bile hepática 3-4 g/dL; ■ [] bile vesicular 10-15 g/dL; Bile hepática Bile vesicular Formada nos lóbulos hepáticos Formada na vesícula [ ] 3-4 g/dL [ ] 10-1 g/dL pela perda de água e ânions transmucosa na vesícula ○ Principais solutos da bile: ■ 80% ácidos biliares, lecitina, fosfolipídeos e colesterol não esterificado (4%); ■ Bilirrubina conjugada, proteínas, eletrólitos, mico e fármacos/metabolitos; ○ Sobre a bilirrubina: ■ É formada pela degradação da porção heme da hemoglobina, formando a biliverdina; ■ A partir da biliverdina redutase, há a formação da BI ou não conjugada, ligada à albumina no sangue. ■ No fígado, pela glucoronil transferase, é transformada em BD ou conjugada (hidrossolúvel). ■ No intestino, é reconvertida em BI pelas betagluconidadeses, que pode ser reabsorvida ao fígado, ou convertida em urobilinogênio pelas bactérias e excretada (fezes ou urina) ○ Função: ■ Os ácidos funcionam como detergentes, formando micélios; ■ A relação anormal dos sais facilita a precipitação dos cristais de colesterol na bile ■ Facilitam a excreção de colesterol; ■ Facilitam a absorção intestinal de gorduras (colesterol e vitaminas lipossolúveis); ■ Estímulo fisiológico para o fluxo de bile hepática; ■ Ajudam no transporte de água e eletrólitos nos intestinos ● Os cálculos são formados quando há desequilíbrio entre solutos e solventes na bile. ○ Menor quantidade de solvente, portanto, bile mais concentrada. ● Secreção da bile: ○ Lóbulos hepáticos → rede de canalículos → dúctulos biliares → ductos biliares (seguem próximos aos vasos linfáticos, veia porta e artéria hepática) → ductos biliares interlobulares se unem → ductos biliares septais maiores, que se unem → ductos hepáticos direito e esquerdo, que se unem → ducto hepático comum. ○ O ducto cístico da vesícula biliar + ducto hepático → ducto colédoco, que penetra no duodeno pela ampola de Vater (une-se ao pancreático principal). ● Regulação do fluxo biliar: ○ 1) Transporte ativo dos ácidos biliares dos hepatócitos para dentro dos canalículos biliares; ○ 2) Transporte ativo de outros ânions orgânicos; ○ 3) Secreção colangiocelular. ■ É um mecanismo mediado pela secretina e depende do AMP cíclico, resultando na secreção de líquido rico em sódio e bicarbonato lançado nos ductos biliares. ● Regulação dos esfíncteres biliares: ○ Durante o jejum, o Esfíncter de Oddi (EO) fica contraído para: ■ Evitar refluxo do conteúdo duodenal para os ductos colédoco e pancreático; ■ Promover o enchimento da vesícula biliar. A vesícula se enche de forma retrógrada, pelo acúmulo de bile com a ampola fechada. ○ O esvaziamento é controlado principalmente pelo CCK: ■ Causa contração vigorosa da vesícula; ■ Reduz a resistência da EO; ■ Amplia o fluxo do conteúdo biliar para duodeno; ○ O CCK é liberado: ■ É secretado pelas células epiteliais do duodeno e neurônios do SNE, estimulada pelo HCl, aminoácidos e ácidos graxos. ● Sistemas de captação dos sais biliares: ○ Cotransportador de Na+/taurocolato (NTCP, SLC10A1); ○ Proteínas transportadoras de ânions orgânicos (OATPs), que transportam também grande variedade de ânions orgânicos diferentes dos sais biliares. ○ Diversos sistemas de transporte canaliculares dependentes de ATP, as denominadas “bombas de exportação” ● Sobre os ácidos biliares: ○ Primários: ácido cólico e ácido quenodesoxicólico (AQDC); ■ Sintetizados a partir de colesterol no fígado e conjugados com glicina e taurina, para secreção na bile. ○ Secundários: desoxicólico e litocólico; ■ São formados no cólon como metabólitos bacterianos; ○ Indivíduos saudáveis = glicina 3:1 taurina Anatomia da vesícula biliar - Órgãos sacular fixo na face inferior do fígado; - É responsável pelo armazenamento da bile; - Até 30 mL; - Dividida em fundo, corpo e colo; - Triângulo de Callot: ducto cístico, hepático comum e a borda inferior do fígado → artéria cística; - Valva esfinctérica: - Localizada no colo da vesícula; - Permite armazenamento de 35-50 mL; - Camada mucosa interna: - É pregueada; CÁLCULOS BILIARES OBSERVAÇÕES - Aumenta após os 50 anos; - Prevalência global de cálculos biliares de 7,9% nos homens e de 16,6% nas mulheres; - Os cálculos biliares são formados em razão da composição anormal da bile. TIPOS DE CÁLCULOS 1. Cálculos de Colesterol: - Representam >90%; - >50% colesterol + sais de cálcio + pigmentos biliares + proteínas + ácidos graxos. 2. Cálculos pigmentares: - Constituídos principalmente de bilirrubinato de cálcio; - Contém < 20% de colesterol e são classificados em tipos “pretos” e “marrons”, sendo os últimos formados em razão de infecção biliar crônica. Cálculos de colesterol - Há maior relação colesterol/fosfolipídeos + ácidos biliares: formação de micélios instáveis, que se unem e precipitam em cristais do colesterol - Formado exclusivamente na vesícula; ETIOLOGIAS: Em resumo, a doença causada por cálculos de colesterol ocorre em função de várias alterações, inclusive: (1) supersaturação da bile com colesterol; (2) nucleação do monoidrato de colesterol com subsequente retenção de cristais e crescimento do cálculo; e (3) função motora anormal da vesícula biliar com esvaziamento retardado e estase. ● Aumento do colesterol: - Aumento do consumo; - Pode ocorrer por aumento da HMG-CoA sintetase; - Pelo aumento da captação hepática de colesterol; - Nos pacientes com cálculos biliares, o colesterol da dieta aumenta a secreção biliar de colesterol. Isso não ocorre nos pacientes sem cálculos com dietas ricas em colesterol. - Fator genético: - 9% dos casos; - Por polimorfismo de nucleotídeo único do gene codificador do transportador de colesterol hepático ABCG5/G8; ● Hipossecreção de fosfolipídeos ou ácidos biliares: - Transformação acelerada do áido cólico em desoxocólico, que é rapidamente absorvido. - A supersaturação de colesterol não é suficiente para a formação de cálculos: - A nucleação acelerada do monohidrato de colesterol na bile pode ser causada pelo excesso de fatores pró-nucleação ou pela deficiência de fatores anti nucleação. - Pró: mucinas e munoglobulinas; Anti: APO A1 e A2, além de glicoproteínas. ● Hipomotilidade da vesícula biliar: - Ocorre pela anormalidade no esvaziamento da vesícula; - A incidência de cálculos biliares está aumentada em condições associadas ao esvaziamento infrequente ou reduzido da vesícula biliar (inclusive jejum, nutrição parenteral ou gestação) e em usuários de fármacos inibidores da motilidade da vesícula biliar. FATORES DE RISCO - Associação com obesidade, dislipidemia, síndrome metabólica e alguns fármacos; - Doença ileal; - Gravidez - Pelo aumento da saturação de colesterol no 3ºtrimestre e pela contração mais lenta da vesícula, diminuindo o esvaziamento. - Rápida perda de peso Cálculos pigmentares - Pretos: bilirrubinato de cálcio puro ou por complexos de cálcio e glicoproteínas mucinas; - Mais comum em pacientes hemolíticos (aumento da bile conjugada), cirrose hepática, Síndrome de Gilbert ou fibrose cística. - Sua patogênese depende da reciclagem entero-hepática da bilirrubina. - Marrons: sais de cálcio de bilirrubina não conjugada (BI) com colesterol e proteínas. - Causados pelo aumento da quantidade insolúvel de bilirrubina na bile (BI), que precipita e forma cálculos. - É produzida pela desconjugação excessiva pela Beta-glicuronidase endógena; - Essa enzima pode ser produzida em caso de infecção bacteriana crônica; DIAGNÓSTICO - USG: - Identifica cálculos >1,5 mm de diâmetro; Observa sombreado acústivo e opacidades no lúmem vesicular; - Identificação precisa dos cálculos biliares (> 95%); - Dilatação do colédoco por acúmulode bile (acima da obstrução) - Solicitar exame confirmatório (CPRM). - RX abdomen: - Detecta cálculos com alta [ ] de cálcio QUADRO CLÍNICO - Os sintomas são causados pela inflamação ou obstrução (após migrarem para os ductos). - Dor visceral: dor aguda e intensa no epigástrio ou QSD. - Irradiação: área interescapular, escápula direita ou ombro. - Cólica biliar: por deslocamento ou obstrução - Dor contínua, intensa e crescimente; - Surgimento repentino, com alta intensidade por 30min-5h, com regressão gradativa. - Persistência por mais de 5 horas indica suspeita de colecistite aguda. - Geralmente é noturna. - Pode ser desencadeada por refeição gordurosa, alimentação excessiva ou normais após jejum prolongado. - Náuseas e vômitos podem acompanhar; - Nível elevado de bilirrubina sérica e/ou fosfatase alcalina sugere cálculo do ducto colédoco. - Febre ou calafrios (tremores) com dor biliar geralmente indica alguma complicação, isto é, colecistite, pancreatite ou colangite. - Colúria: presença de pigmento biliar na urina indica hiperbilirrubinemia conjugada. - Acolia/hipocolia fecal: deficiência ou obstrução à excreção de bilirrubina para o intestino sugere obstrução biliar extra-hepática. PROGNÓSTICO - Entre 60 e 80% dos pacientes com cálculos biliares assintomáticos não desenvolvem sintomas por até 25 anos. - A probabilidade de desenvolver sintomas dentro de 5 anos depois do diagnóstico é de 2 a 4% ao ano, mas diminui para 1 a 2% subsequentemente. - O risco cumulativo de morte por doença calculosa biliar na vigência de uma conduta expectante é pequeno. - A colecistectomia profilática não se justifica. - Pacientes jovens com cálculo biliar são mais propensos do que aqueles com > 60 anos ao desenvolvimento de sintomas da colelitíase, no momento do diagnóstico inicial. TRATAMENTO CIRÚRGICO: ● A decisão deve ser baseada em: (1) Existência de sintomas suficientemente frequentes ou intensos a ponto de interferir na rotina geral do paciente; (2) ocorrência de complicação prévia da doença calculosa biliar, isto é, história de colecistite aguda, pancreatite, fístula biliar, etc.; (3) presença de condição subjacente que predisponha o paciente a maior risco de complicações devidas aos cálculos biliares; ● Colecistectomia profilática: (1) cálculos >3 cm de diâmetro; (2) anomalia congênita na vesícula; ● Colecistectomia laparoscópica: - Abordagem de acesso mínimo para retirada da vesícula biliar juntamente com seus cálculos. - Suas vantagens consistem em redução da permanência hospitalar, incapacitação mínima e o custo reduzido, constituindo o procedimento de escolha para a maioria dos pacientes encaminhados para colecistectomia eletiva. CLÍNICO - dissolução de cálculos - Indicada para pacientes com vesícula funcional + cálculos radiotransparentes + diâmetro <5 mm; - AUDC deve ser de 10 a 15 mg/kg/dia; - Cálculos pigmentares não respondem ao medicamento;
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