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Menino de engenho

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Menino de engenho 
José Lins do Rego
José Lins do Rego
José Lins do Rego Cavalcanti foi romancista e jornalista. 
Nasceu no Engenho Corredor, Pilar, PB, em 3 de junho de 1901, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de setembro de 1957.
Filho de João do Rego Cavalcanti e de Amélia Lins Cavalcanti, fez os primeiros estudos no Colégio de Itabaiana, PB, no Instituto N. S. do Carmo e no Colégio Diocesano Pio X de João Pessoa. Depois estudou no Colégio Carneiro Leão e Osvaldo Cruz, no Recife. 
Quarto ocupante da Cadeira 25, eleito em 15 de setembro de 1955.
Passou a colaborar no Jornal do Recife. Em 1922 fundou o semanário Dom Casmurro. Formou-se em 1923 na Faculdade de Direito do Recife. 
Foi nomeado em 1925 promotor em Manhuçu, MG.
 Casado em 1924 com D. Filomena (Naná) Masa Lins do Rego, transferiu-se em 1926 para a capital de Alagoas, onde passou a exercer as funções de fiscal de bancos até 1930 e fiscal de consumo de 1931 a 1935.
	Principais Obras	
	- Menino de Engenho (1932);
- Doidinho (1933); Bangüê (1934);
- O Moleque Ricardo (1935);
- Usina (1936);
- Pureza (1937);
- Pedra Bonita (1938);
- Riacho Doce (1939);
- Água-mãe (1941);
- Fogo Morto (1943);
- Eurídice (1947);	- Cangaceiros (1953);
- Meus Verdes Anos (1953);
- Histórias da Velha Totonha (1936);
- Gordos e Magros (1942);
- Poesia e Vida (1945);
- Homens, Seres e Coisas (1952);
- A Casa e o Homem (1954);
- Presença do Nordeste na Literatura Brasileira (1957);
- O Vulcão e a Fonte (1958);
- Dias Idos e Vividos (1981).
Espaço.
Zona da Mata nordestina. 
Engenho Santa Rosa, do coronel José Paulino.
Senzala,
RESTAVA AINDA A SENZALA dos tempos do cativeiro. Uns vinte quartos com o mesmo alpendre na frente. As negras do meu avô, mesmo depois da abolição, ficaram todas no engenho, não deixaram a rua, como elas chamavam a senzala...
A casa-grande.
(..)As duas filhas e netas iam-lhes sucedendo na servidão, com o mesmo amor à casa-grande e a mesma passividade de bons animais domésticos...
A cachoeira, 
Só ele falava, contava histórias — o último cerco que os macacos lhe fizeram em Cachoeira de Cebola — , numa fala de tátaro, querendo fazer-se muito engraçado.
O engenho Santa Fé.
Não se sentiam, porém, rivais o Santa Fé e o Santa Rosa. Era como se fossem dois irmãos muito amigos, que tivessem recebido de Deus uma proteção de mais ou uma proteção de menos. Coitado do Santa Fé!
Personagens principais
Carlos Melo: (personagem principal)
D. Clarice: mãe de Carlos. 
Pai de Carlos: (Zezinho) 
Tio Juca: filho de José Paulino. 
Coronel José Paulino: avô materno de Carlinhos. 
Tia Maria: irmã mais nova de sua mãe de Carlos.
Tia Sinhazinha: cunhada de José Paulino. 
Totonha.
Maria Clara: prima de Carlinhos
Enredo.
Menino de Engenho possui como narrador e personagem principal Carlinhos, que em sua idade adulta narra aos leitores um pouco de sua história, que começa no Recife e passa pelos engenhos nordestinos.
Cenas marcantes.
Morte da mãe.
	EU TINHA uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá e vi minha mãe estendida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse a assistir a um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar me. Mas não me deixaram fazer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a Polícia e mais ninguém.
	Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira o meu pai ainda com o revólver na mão e a minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a Dona Clarisse! Porquê?” Ninguém sabia compreender.
Quando Carlos pegou doenças de rua.
	TINHA UNS 12 ANOS quando conheci uma mulher, como homem. Andava atrás dela, beirando a sua tapera de palha, numa ânsia misturada de medo e de vergonha. Zefa Cajá era a grande mundana dos cabras do eito. Não me queria.
	— Vá se criar, menino enxerido. 
	Mas eu ficava por perto, conversando com ela, olhando para a mulata com vontade mesmo de fazer coisa ruim. Ficou comigo uma porção de vezes. Levava as coisas do engenho para ela — pedaços de carne, queijo roubado do armário; dava-lhe o dinheiro que o meu avô deixava por cima das mesas. Ela me acariciava com uma voracidade animal de amor: dizia que eu tinha gosto de leite na boca e me queria comer como uma fruta de vez. Andava magro.
	— Este menino está com vício.
	Era mesmo um vício visguento aquele dos afagos de Zefa Cajá. Saía do café para a casa dela, ia depois do almoço e depois do jantar. Foram dizer ao meu avô:
	— O menino não sai da casa da rapariga.
	O velho José Paulino então passou-me uns gritos:
	— Se não fosse pra semana pro colégio dava-lhe uma surra.
	Mas não fez o barulho que eu esperava. Para estas coisas o velho olhava por cima. A sua vida também fora cheia de irregularidades dessa natureza. Quando brigou com o tio Juca por causa da mulata Maria Pia, ouvi a negra Generosa dizendo na cozinha:
	— Quem fala! Quando era mais moço, parecia um pai-d'égua atrás das negras. O seu Juca teve a quem puxar.
	Mas eu tinha que pagar o meu tributo antecipado ao amor. Apanhei doença-do-mundo. Escondi muitos dias do povo da casagrande. Ensinaram-me remédios que eu tomava em segredo na beira do rio. Dormia no sereno a goma com açúcar para os meus males. Não melhorava, tinha medo de urinar com as dores medonhas. E por fim souberam na casa-grande. Foi um escândalo:
	— Daquele tamanho, e com gálico!
	Botaram Zefa Cajá na cadeia, e eu, desconfiado, com vergonha de olhar o povo. Fiquei um caso de todos os comentários, de risadas. O meu tio Juca tomou conta do tratamento. Onde eu chegava, lá vinham com indiretas:
	— Menino danado!
	E comecei a envaidecer-me com a minha doença. Abria as pernas, exagerando-me no andar. Era uma glória para mim essa carga de bacilos que o amor deixara pelo meu corpo imberbe. Mostravam-me às visitas masculinas como um espécime de virilidade adiantada. Os senhores de engenho tomavam deboche de mim, dando-me confiança nas suas conversas. Perguntavam pela Zefa Cajá, chamavam-na de professora.
	— Puxou ao avô!
Características regionalistas.
Nordeste, 
a seca, 
a miséria 
e as estruturas de poder de uma região 
forma de estruturação e atuação do poder das elites sobre os menos favorecidos. 
Descrição do ambiente.
Como forma de dar a conhecer ao leitor traços específicos da região.
E por onde as águas tinham passado, espelhava ao sol uma lama cor de moeda de ouro: o limo que ia fazer a fartura dos novos partidos. (...) Havia uma sombra de tristeza na gente da casa grande. Há três dias que ali não se dormia, comia-se às pressas, com o pavor da inundação. 
Comida.
	(...)As tanajuras aproveitavam a trégua para uma passeata por toda parte. Zuniam no pé do ouvido da gente e depois iam arrastar a bunda gorda pelo chão. Mane Firmino comia, torradas, com farinha seca, as tanajuras que pegava.
	— Era melhor do que galinha — dizia ele.
(...)E com eles bebemos o mesmo café com açúcar em bruto e comemos a mesma batata doce do velho Amâncio. E almoçamos com eles a boa carne-do-ceará com farofa.
Hábitos.
Estes dias de chuva, agora que a minha tia se fora, me faziam mais triste, mais íntimo comigo mesmo. Acordava de manhã com a chuva correndo na goteira e nem um sinal de pássaro no gameleiro.
linguagem costuma deslizar do melancólico para o poético.
(...) A chuva chegava com pingos de furar o chão e chovia dia e noite sem parar. As primeiras chuvas do ano faziam uma festa no engenho. O tempo se armava com nuvens pesadas, fazia um calor medonho. (...) Paco, paco, paco, paco – lá iam espanando a água com oscascos. Chegavam os moradores com as calças arregaçadas, pedindo semente de algodão para o roçado. E a chuva caindo sem cessar. 
Crítica.
As mazelas sociais e as estruturas de poder: 
O costume de ver todo dia esta gente na sua degradação me habituava com a sua desgraça. Nunca, menino, tive pena deles. Achava muito natural que vivessem dormindo em chiqueiros, comendo um nada, trabalhando como burros de carga. A minha compreensão da vida fazia-me ver nisto uma obra de Deus. Eles nasceram assim porque Deus quisera, e porque Deus quisera nós éramos brancos e mandávamos neles. Mandávamos também nos bois, nos burros e nos matos.

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