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EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE - CDC

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EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE✓
E O RISCO DO CONSUMIDOR
(TARTUCE)
serve para afastar o dever de indenizar, devem ser provadas pelos fornecedores e
prestadores, ônus que sempre lhes cabe.
ROL TAXATIVO DE EXCLUDENTES
➔ Previsão: Art 12 §3º; Art 14 §º3
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado
quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
HIPÓTESES
➔ Não colocação do produto no mercado
◆ Ausência de defeito - sem o dano = sem responsabilidade civil
Em suma, não haverá dever de indenizar por parte dos fornecedores e
prestadores se não houver dano reparável. Como é notório, ausente o dano,
ausente a responsabilidade civil, dedução que pode ser retirada, entre
outros, do art. 927, caput, do CC/2002.
● A verdade é que a ausência de dano não constitui excludente de
responsabilidade civil, mas falta de um de seus pressupostos,
pecando o legislador consumerista por falta de melhor técnica nesse
aspecto.
● a ausência de defeito como excludente da responsabilidade civil das
empresas de cigarro, pois um produto perigoso não é defeituoso (por
todos: TJRJ – Apelação Cível 3531/2002, Rio de Janeiro – Sexta
Câmara Cível – Rel. Des. Luiz Zveiter – j. 21.05.2002).
Sobre a ausência de dano, deve ser feito um aparte, notadamente a respeito
dos danos morais, os danos imateriais que atingem direitos da
personalidade do consumidor.
“Responsabilidade civil. Produto impróprio para o consumo. Objeto metálico
cravado em bolacha do tipo ‘água e sal’. Objeto não ingerido. Dano moral
inexistente. 1. A simples aquisição de bolachas do tipo ‘água e sal’, em pacote no
qual uma delas se encontrava com objeto metálico que a tornava imprópria para o
consumo, sem que houvesse ingestão do produto, não acarreta dano moral apto a
ensejar reparação. Precedentes. 2. Verifica-se, pela moldura fática apresentada no
acórdão, que houve inequivocamente vício do produto que o tornou impróprio para
o consumo, nos termos do art. 18, caput, do CDC. Porém, não se verificou o
acidente de consumo, ou, consoante o art. 12 do CDC, o fato do produto, por isso
descabe a indenização pretendida. 3. De ofício, a Turma determinou a expedição
de cópias à agência sanitária reguladora para apurar eventual responsabilidade
administrativa. 4. Recurso especial principal provido e adesivo prejudicado” (STJ –
REsp 1131139/SP – Quarta Turma – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – j. 16.11.2010
– DJe 01.12.2010)
Em 2014, surgiu outra tendência no Tribunal da Cidadania, que passou a
considerar a reparação de danos imateriais mesmo nos casos em que o
produto não é consumido. Inaugurou-se, assim, uma forma de julgar que
admite a reparação civil pelo perigo de dano, não mais tratada a hipótese
como de mero aborrecimento ou transtorno cotidiano.
➔ Fato exclusivo de terceiro
◆ Deve ficar claro que esse terceiro deve ser pessoa totalmente estranha à
relação jurídica estabelecida. Se houver qualquer relação de confiança ou
de pressuposição entre tal terceiro e o fornecedor ou prestador, o último
responderá.
◆ excludente de nexo, risco assumido por outrem estranho á relação x relação
de confiança ou pressuposição
◆ Sum. 187, STF - “a responsabilidade contratual do transportador por
acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual
tem ação regressiva”
◆ terceiro que integra a corrente produtiva, ainda que remotamente, não é
terceiro; é fornecedor solidário.
◆ Assim, se a enfermeira, por descuido ou intencionalmente, aplica
medicamente errado no paciente – ou em dose excessiva – causando-lhe a
morte, não haverá nenhuma responsabilidade do fornecedor do
medicamento. O acidente não decorreu de defeito do produto, mas da
exclusiva conduta da enfermeira, caso em que deverá responder o hospital
por defeito do serviço
➔ Fato exclusivo do consumidor - desrespeita as normas regulares de utilização do
produto; ex surfismo rodoviário
◆ autoexposição da própria vítima ao risco ou ao dano, por ter ela, por conta
própria, assumido as consequências de sua conduta, de forma consciente
ou inconsciente. Mais uma vez, por razões óbvias de ampliação, prefere-se
o termo fato exclusivo do consumidor >> desrespeita as normas regulares
de utilização do produto constantes do seu manual de instruções, muitas
vezes por sequer ter lido o seu conteúdo
➔ CASO FORTUITO - evento totalmente imprevisível > obsta o nexo
e FORÇA MAIOR - evento previsível, mas inevitável > de causalidade
◆ a lei não trouxe previsão expressa quanto a tais eventos. É forte a corrente
doutrinária no sentido de que o rol de excludentes é taxativo (numerus
clausus), não se admitindo outros fatores obstativos do nexo de causalidade
ou da ilicitude
◆ há ainda outra visão>>que os eventos imprevisíveis e inevitáveis podem ser
considerados excludentes da responsabilidade no sistema do Código do
Consumo, visto que constituem fatores obstativos gerais do nexo de
causalidade, aplicáveis tanto à responsabilidade subjetiva quanto à objetiva.
◆ Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso
fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou
impedir
◆ Orlando Gomes: o caso fortuito é o evento totalmente imprevisível, enquanto
a força maior é o evento previsível, mas inevitável.
◆ a doutrina mais atualizada já advertiu que esses acontecimentos – ditados
por forças físicas da natureza ou que, de qualquer forma, escapam ao
controle do homem – tanto podem ocorrer antes como depois da introdução
do produto no mercado de consumo
“Ação de indenização. Estacionamento. Chuva de granizo. Vagas cobertas e
descobertas. Art. 1.277 do Código Civil. Código de Defesa do Consumidor.
Precedente da Corte. 1. Como assentado em precedente da Corte, o ‘fato de o art.
14, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor não se referir ao caso fortuito e à
força maior, ao arrolar as causas de isenção de responsabilidade do fornecedor de
serviços, não significa que, no sistema por ele instituído, não possam ser
invocadas. Aplicação do art. 1.058 do Código Civil’ (REsp n. 120.647-SP, Relator o
Senhor Ministro Eduardo Ribeiro, DJ 15.05.2000). 2. Havendo vagas cobertas e
descobertas é incabível a presunção de que o estacionamento seria feito em vaga
coberta, ausente qualquer prova sobre o assunto. 3. Recurso especial conhecido e
provido” (STJ – REsp 330.523/SP – Terceira Turma – Rel. Min. Carlos Alberto
Menezes Direito – j. 11.12.2001 – DJ 25.03.2002, p. 278).
➔ Risco de desenvolvimento do produto - não são conhecidos quando da disposição
do produto no mercado. ex: transgênicos (ver art. 20)
◆ segundo Marcelo Junqueira Calixto, são aqueles que não são conhecidos
pelas ciências quando da colocação do produto no mercado, vindo a ser
descobertos posteriormente, após a utilização do produto e diante dos
avançoscientíficos
◆ se, no futuro, for descoberto e comprovado cientificamente que tais
alimentos causam doenças, como o câncer. Consigne-se que a matéria foi
regulada, no Brasil, timidamente e de forma insatisfatória, pela Lei 11.105,
de 2005, denominada Lei de Biossegurança. No tocante à responsabilidade
civil, foi inserida norma prevendo a responsabilidade objetiva das empresas
que desenvolvem atividades de transformação genética, em regime próximo
à responsabilidade ambiental, que ainda será estudada (art. 20).
● não haverá responsabilidade do fabricante se ele provar que produto
não foi fabricado para venda ou para qualquer outra forma de
distribuição com um fim econômico por parte do produtor, nem
fabricado ou distribuído no âmbito da sua atividade profissional.
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CULPA CONCORRENTE
FATO CONCORRENTE AO CONSUMIDOR
V jornada de direito civil (2011). Enunciado 459 “A conduta da vítima pode ser fator
atenuante do nexo de causalidade na responsabilidade civil objetiva.”
RECALL/RECHAMADA
● Rogério Ferraz Donnini >> “o recall evita que o fornecedor suporte uma gama
enorme de ações de indenização daqueles que eventualmente sofreriam prejuízos,
desde que a substituição do produto nocivo ou perigoso seja realizada de maneira
apropriada. O recall, assim, não caracteriza uma culpa do fornecedor após a
extinção do contrato firmado com o consumidor. Ao contrário. Trata-se de
expediente preventivo. Há, em verdade, a antecipação do fornecedor para que o
fato que provavelmente sucederia (dano) não se concretize. Embora essa
substituição de produto ocorra normalmente após extinto o contrato, inexiste culpa
do fornecedor. Não há, destarte, responsabilidade civil do fornecedor, haja vista
que o prejuízo ainda não ocorreu. Desde que seja feita a troca da peça avariada de
forma adequada, foram os deveres acessórios cumpridos”
○ “Ação coletiva. CDC. Alegação de riscos a consumidores. Exposição a
produtos viciados ou defeituosos que foram objeto de recall. Danos morais.
Inocorrência. O recolhimento preventivo de brinquedo (recall) em face de
defeito na concepção ou de componente nocivo à saúde, não gera, por si
só, danos morais. Precedentes do STJ” (TJDF – Recurso
2007.01.1.110169-4 – Acórdão 329.335 – Segunda Turma Cível – Rel. Des.
Carmelita Brasil – DJDFTE 12.11.2008, p. 77).
● Produto com eventuais defeitos > comunicação direta com o fornecedor
● chamada p/ fornecedor
● voltar na loja p/ fazer revisão ou trocar
● comum na indústria automobilística
● Boa-fé objetiva - fase negocial
● Teoria do risco concorrente (arts. 944 e 945, cc)
● Consumidor comunicando x consumidor não comunicado
RESPONSABILIDADE CIVIL PELO CIGARRO
hipótese do art. 12 §1º
- Lei 13.541/2009 - a lei antifumo
- há decisões que expressam a inexistência de nexo de causalidade entre o
consumo do produto e os danos à saúde suportados, sendo esse o principal
argumento acolhido pelos julgadores
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TABAGISMO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. RESULTADO DANOSO ATRIBUÍDO A EMPRESAS FUMAGEIRAS EM
VIRTUDE DA COLOCAÇÃO NO MERCADO DE PRODUTO SABIDAMENTE NOCIVO.
PROPAGANDA ENGANOSA. CARACTERIZAÇÃO DO NEXO CAUSAL. APLICAÇÃO DO
CDC, CARACTERIZANDO-SE, AINDA, A RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA, POR MAIORIA. (AC
n° 70000144626, TJRS, Nona Câmara Cível, Rel. Des. Adão Sérgio do Nascimento
Cassiano, julgado em 29/10/2003) .

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