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Exercício arbitrário das próprias razões

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FACULDADE PARAENSE DE ENSINO
CURSO DE DIREITO
Alexsandro Silva
Alex Parente
Brenda Suellem 
Gabrielle de Mesquita Leão
Leonardo Brito dos Prazeres
Pedro Henrique Alves
Thiago Melo Friaes
Professora: Elizabeth Feitosa
Disciplina: Proteção Penal Internacional da Administração Pública
Turma: Barcarena – Noite
2021/Belém/Pa
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345:
 	 Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
Este crime que está previsto no artigo 345 do código penal e tem como objetividade jurídica a tutela da administração da justiça tem como finalidade, inibir quem pretenda fazer justiça com as próprias mãos.
Cabe salientar que a pretensão tem que ser legítima, que pode ser do agente ou de terceiros, para configurar tal conduta como típica, nesse caso o agente em vez de buscar a tutela jurisdicional emprega a autotutela fazendo por si só aquilo que entende por justiça. 
Conduta está, que há muito tempo era exercida pela lei do talião, que tinha como prefeito a frase, olho por olho, dente por dente, era o antigo sistema de penas pelo qual o autor de um delito devia sofrer castigo igual ao dano por ele causado sendo uma forma justa de revidar pelo patrimônio afetado.
Ou seja, a agressão ou até mesmo os meios necessários para quitar a dívida teria que ser na mesma proporção recebida.
Porém, a tipificação do artigo em tela proibi tais condutas, quando a expressão “fazer justiça pelas próprias mãos” que significa exercer arbitrariamente as próprias razões, tendo desse modo comportamento comissivo, sem buscar a via judicial para a sua satisfação.
· Exemplificando: 
Dessa forma comete o delito o vizinho que derruba o muro divisório da propriedade erguido pelo confinante. (TACRim-RT 485/332) 
Entretanto, na segunda parte deste mesmo artigo existem algumas exceções.
...”salvo quando a lei o permite”
Essa hipótese deve vir expressamente previstas em lei.
Em suma, quando a lei permitir a pretensão se tornará atípica.
Exemplo de conduta aceita pelo código penal temos a legítima defesa (artigo 23 do CP) ou do desforço imediato na restituição de posse através do esbulho possessório art. 1.210 do CC.
Na classificação doutrinária o crime é comum no que diz respeito ao sujeito ativo, bem quanto ao sujeito passivo, doloso comissivo, instantâneo, de forma livre, monossubjetivo, plurissubistente e transeunte.
O crime acima mencionado tem a ação penal privada como regra, sendo oferecida queixa-crime contra o agente que lhe der causa, passando a ser de natureza pública incondicionada se houver violência contra pessoa, ficando a cargo do ministério público a denúncia.
“No crime de exercício arbitrário das próprias razões, a petição inicial é a queixa. Por essa razão a ação penal decorrente da denúncia oferecida pelo ministério público deve ser anulada. (STF, HC 83761/PE, relator ministro Joaquim Barbosa 1º turma).
O exercício arbitrário das próprias razões, artigo 345 do código penal em que consiste esse delito, fazer justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão embora legítima salvo quando a lei permite, então quando a lei permite você pode fazer a justiça pelas próprias mãos. Exemplo: legítima defesa(art.23 do CP), em que a lei permite que você atue para se defender e então você não comete crime, essa é uma exceção, fora algumas exceções se você faz a justiça com as próprias mãos, você comete esse delito do código penal que tem uma pena pequena; detenção de 15 dias à um mês além da pena correspondente à violência, então a pena é pequena, é menor que dois anos, ou seja, aplica-se a lei 9.099 que a lei dos juizados especiais criminais então o exercício arbitrário das próprias razões é um crime que vai ser julgado no juizado especial criminal, devido a pena ser pequena.
Contudo, o art. 9, CP, parágrafo único, diz que se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa, então esse crime é um crime que se procede mediante queixa, o que é isso quer dizer, que a pessoa precisa ir até o poder judiciário e dizer que quer processar o autor desse delito. É um crime que se procede mediante queixa, um crime que vai ser julgado pelo juizado especial criminal. 
Esse exercício arbitrário das próprias razões, por ser um delito cuja pena é pequena e muitas pessoas não têm muito conhecimento desse crime, porque geralmente não sofre uma condenação e geralmente quem é condenado nos juizados especiais criminais, ele sofre pequenas penas de prestação de serviço à comunidade, de pagamento de cesta básica e algumas coisas assim muito brandas, então por isso que não há a divulgação desse crime, apesar de estar previsto no código penal, em ser um crime que ainda existe e que ainda pode ocorrer a exemplo de um exercício arbitrário das próprias razões. 
Suponhamos que uma pessoa tem um imóvel alugado para uma pessoa, por algum motivo, esse locador resolve ter de volta o seu imóvel, então ele vai falar para o locatário que quer o imóvel de volta, o locatário começa a dizer que não vai sair e o locador que é o dono do imóvel querendo aquele imóvel, vai até o local e coloca um cadeado no portão, impedindo que o locatário entre na sua casa. Então o dono do imóvel, acabou de cometer esse crime, o exercício arbitrário das próprias razões, haja vista o dono do imóvel, teria que irá até o poder judiciário, ingressar com uma ação judicial em face do locatário.
 Não poderia ele pessoalmente, usar a força para cortar energia, colocar cadeado no portão, etc. Reafirmando que o proprietário do imóvel deveria procurar a justiça e ingressar com uma ação especifica; esse é um exemplo desse crime que ocorre nesse aspecto.
Especificidades Legais e Doutrinárias do crime:
· Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
· Sujeito passivo: É o Estado. Secundariamente, pode ser a pessoa contra a qual se volta o agente.
· Objeto jurídico: É a administração da justiça.
· Objeto material: É a coisa ou pessoa que sofre a conduta típica.
· Elementos objetivos do tipo: Fazer justiça pelas próprias mãos (obter, pelo próprio esforço, algo que se considere justo ou correto), para satisfazer pretensão (há de ser um interesse que possa ser satisfeito em juízo, pois não teria o menor cabimento considerar crime a atitude do agente que consegue algo incabível de ser alcançado através da atividade jurisdicional do Estado), embora legítima, salvo quando a lei o permite (a parte final do tipo penal – salvo quando a lei o permite – é desnecessária, pois óbvia. Se a lei permite que o agente atue dentro do exercício de um direito, torna-se evidente que não se pode considerar criminosa a conduta). É correta a sua tipificação como delito, até mesmo porque o monopólio de distribuição de justiça é estatal, não cabendo ao particular infringir tal regra de apaziguamento social. A pena é de detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Havendo o emprego de violência, fica o agente responsável também pelo que causar à integridade física da pessoa, devendo responder em concurso material. 
· Elemento subjetivo do tipo específico: É a finalidade de satisfazer qualquer espécie de aspiração.
· Elemento subjetivo do crime: É o dolo.
· Classificação: Comum; formal (há quem sustente ser material, de modo que só estaria consumado o crime se o agente satisfizesse a sua pretensão); de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. 
· Tentativa: É admissível.
· Momento consumativo: Quando houver a prática de qualquer conduta apta a concretizar a figura típica, ainda que não ocorra a efetiva satisfação da pretensão do agente ou prejuízo efetivo para a vítima.
· Particularidade: É crime de ação pública ou privada, conforme o caso concreto. Inexistindo violência, deixa o Estado a ação penal sob a iniciativa exclusiva da parte ofendida. Porém, quando o agente empregar atos violentos,torna-se público o interesse, habilitando o Ministério Público a agir (parágrafo único).
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 346:
Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Outro tipo penal que leva o mesmo nome é o do artigo 346 do Código Penal, exercício arbitrário das próprias razões, assim, é outra forma de exercício arbitrário das próprias razões, realizada nas condutas de tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção, cuja pena é detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
O crime se configura em tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de outrem.
O sujeito ativo é somente o proprietário da coisa que se tirou, suprimiu, destruiu ou danificou, quando se achava em poder de outrem.
Trata-se de crime próprio, material, de forma livre, comissivo, unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo de conteúdo variável ou misto alternativo. A ação penal é pública incondicionada.
Especificidades Legais e Doutrinárias do crime:
· Bem jurídico tutelado:
O bem jurídico tutelado, tanto pelo art. 345 do CP como pelo art. 346 do CP, é a administração da justiça, e não o patrimônio, não havendo que se falar, portanto, de uma suposta inconstitucionalidade em razão de indevida prisão civil por dívida. Trata a figura prevista no art. 346 do CP de espécie peculiar de exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345), caracterizada pelo fato de o objeto material estar em poder de terceiro por determinação judicial ou prévia convenção, tendo por escopo, como afirmado, colocar a salvo a administração da justiça, atividade exercida sob o monopólio estatal. Quer se evitar, com isso, que o agente se substitua ao Estado-juiz, decidindo de acordo com a sua pretensão.
· Sujeito ativo: É o proprietário da coisa.
· Sujeito passivo: É o Estado. Secundariamente, pode ser a pessoa prejudicada pela conduta.
· Objeto jurídico: É a administração da justiça.
· Objeto material: É a coisa tirada, suprimida, destruída ou danificada.
· Elementos objetivos do tipo: Tirar (arrancar ou retirar), suprimir (eliminar ou fazer com que desapareça), destruir (aniquilar) ou danificar (causar dano ou provocar estrago) coisa própria (objeto pertencente ao próprio sujeito ativo; pode ser coisa móvel ou imóvel), que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção (deve estar sob a esfera de proteção e vigilância de terceiro, seja porque o juiz assim determinou, como, por exemplo, ocorre com coisa penhorada e guardada em depósito, seja porque as partes haviam acordado que dessa maneira aconteceria, como ocorreria com o automóvel alugado em poder do locatário). A pena é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa. É tipo misto alternativo, significando que o agente pode praticar uma única conduta ou todas e o delito será um só. 
· Elemento subjetivo do tipo específico: Não há.
· Elemento subjetivo do crime: É o dolo.
· Classificação: Próprio; material; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. 
· Tentativa: É admissível.
· Momento consumativo: Quando houver a subtração, supressão, destruição ou dano à coisa que estiver em poder de terceiro.
Jurisprudência:
Fóruns Regionais e Distritais
XI – Pinheiros
Criminal
1ª Vara Criminal
JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL
JUIZ(A) DE DIREITO APARECIDA ANGÉLICA CORREIA
ESCRIVÃ(O) JUDICIAL MARIA ALICE GUIMARÃES MOTTA NAKAGOMI
EDITAL DE INTIMAÇÃO DE ADVOGADOS
RELAÇÃO Nº 0072/2021
Processo 1000819-52.2021.8.26.0011 - Representação Criminal/Notícia de Crime - Violação de domicílio - Manoela Barboza Borges e Outra - Vistos., Manoela Barboza Borges e Karen Eloise Shimoda qualificadas nos autos, propuseram a presente queixa crime em face de Mauro Cristino Calesco, também qualificado na inicial, alegando em síntese, que Manoela firmou com a Caixa Econômica Federal em 07/10/2015 cédula de crédito bancária, e, em alienação fiduciária foi dado como garantia o imóvel localizado no edifício Taiti, apartamento 93, cujo endereço está indicado na inicial. E diante das dificuldades financeiras a querelante Manoela atrasou as parcelas do empréstimo e ajuizou uma ação em face da Caixa Econômica Federal. Ocorre que, no dia 03 de dezembro de 2020 foi deixada na caixa de correspondência do referido apartamento uma notificação de venda do imóvel, assinado pelo querelado, informando a compra do imóvel através de leilão on line praticado pela Caixa Econômica Federal. O querelado compareceu ao imóvel onde residia a segunda querelante e disse que ela teria que se mudar do local, conduta apoiada pelo advogado dele. Assim entendendo que ele praticou as condutas previstas nos artigos 150, 161 parágrafo primeiro, inciso II, 345 e 346 do Código Penal requer o recebimento da ação penal privada. A Dra Promotora de Justiça opinou pela rejeição da ação penal privada com fundamento no artigo 395, inciso III do CPP (fls.100/106). É o relatório. DECIDO. Em que pesem os argumentos trazidos pelas querelantes entendo que a ação penal privada não pode ser acolhida. A queixa crime não foi instruída com elementos e circunstâncias que possam sustentar o seu recebimento. Como bem ressaltou a Nobre Dra Promotora de Justiça a ação penal privada não foi instruida com nenhum procedimento investigatório, o querelado não teve a oportunidade de realizar sua defesa, de modo que, não há sustentabilidade para a ação penal. De outro lado, na ação penal o que encontra-se em discussão é a liberdade do indivíduo, portanto deve existir um mínimo de elemento indiciário que dê base àquela descrição fática. Aliás, sobre a questão o ensinamento do Ministro Cezar Peluso, no julgamento do Inquérito nº 2.033-8 DF, datado de 16.06.04: Para justificar minha conclusão, principiaria por dizer que, embora redutíveis ambos a uma teoria geral, o processo civil e o processo penal apresentam características estruturais muito diversas, com diferenças graves, em especial para a solução do caso em apreço. No processo civil, o que está em risco em relação ao réu é, pura e simplesmente, a chamada liberdade jurídica. O réu do processo civil defende-se tão-só para resguardar a esfera de poderes em que se resolve sua liberdade
jurídica, isto é, evitar que seja ela de algum modo diminuída ou restringida por sentença favorável ao autor. Sua posição básica consiste, pois, em tentar afastar o risco de uma decisão que lhe venha, de algum modo, a atingir a esfera da liberdade jurídica. No processo penal, todavia, está em jogo, em relação ao réu, a liberdade física, vista como um dos mais importantes direitos da personalidade. Daí, a substancial diferença quanto a disciplina, entre outros temas, da incoação de ambos os processos. O processo civil pode legitimamente iniciar-se sem prova alguma dos fatos fundantes da pretensão deduzida pelo autor; o processo penal já não pode, porque o impedem as consequências que são outras. Vossa Excelência antecipou e eu tinha feito anotação nesse sentido que a pendência do processo penal produz em relação ao réu pesadas consequências do ponto de vista prático e teórico. A despeito da presunção constitucional de inocência, a pendência do processo criminal representa, sempre, do ângulo impírico, perante a sociedade, um estigma, um sinal infamante, reconhecido como tal não apenas por preconceito. O processo criminal, na verdade constitui palco das chamadas “cerimonias degradantes” porque tem por definição e objeto a apuração da acusação de um fato ou ato que, por ser crime em tese, é sempre abjeto do ponto de vista do seu significado ético e social... Dizia, com toda a razão, o grande Frederico Marques que a pendência do processo penal, mais que o status libertatis, atinge o status dignitatis do cidadão . E é esse o preço que toda nação civilizada paga pela necessidade da existência de um justo processo da lei (due process of law), como oúnico meio legítimo de privação da liberdade física do cidadão....” Observe que na presente ação penal privada os fatos foram fundamentados somente na versão isolada das querelantes, não há elementos ou circunstâncias seguras para ensejar o recebimento e processamento da queixa crime. Todavia, em atenta análise a tudo o que foi trazido pelas querelantes é de se afirmar que seria necessária uma apuração detalhada sobre a questão, pois não se tem conhecimento do que realmente ocorreu. Diga-se de passagem, que em momento algum, este juízo criminal sem outros elementos consegue vislumbrar indícios de crime, neste momento. Notadamente, para a caracterização de uma conduta criminal devem ser levados em consideração diversos aspectos sobretudo ouvir a versão da parte demandada. Por fim, é imperativo citar que: ‘A doutrina e a jurisprudência irmanam-se no sentido de que, para o recebimento da denúncia ou queixa, não basta à existência de uma peça formalmente perfeita, com os requisitos exigidos pelo artigo 41 da lei adjetiva penal, mas que a mesma venha acompanhada de um mínimo de provas, que demonstram a sua viabilidade. Sem tal elemento probatório idôneo, não se pode aquilatar a existência ou não do fumus boni juris , cujo exame também deve ser feito (RT 499/69). É de exigir-se, então, que a imputação seja razoável. Equivale a dizer que só existe, quando presentes as condições da ação. Daí a semelhança entre a justa causa e o interesse de agir (condição da ação). Sem que o fumus bonis juris ampare a imputação, dando-lhes os contornos da imputação razoável pela existência de justa causa, ou pretensão viável, a denúncia ou queixa não pode ser admitida ou recebida (Tratado de Direito Processual Penal - José Frederico Marques - 2º Vol.. - p. 74) O Mestre Fernando da Costa Tourinho Filho, citado por Frederico Marques, faz observar que: para que seja possível o exercício do direito de ação penal, é indispensável haja, nos autos do inquérito policial ou nas peças de informação ou na representação, elementos sérios idôneos, a mostrar que houve uma infração penal, e indícios mais ou menos razoáveis, de que seu autor foi à pessoa apontada no procedimento informativo ou nos elementos de convicção. Essa preocupação para o recebimento da presente queixa crime, constitui demonstração de não se estar diante de mera aventura judiciária gratuita a desafeto ou inimigo, a encobrir fins outros, nada edificantes e muitas vezes inconfessáveis (trecho do Ven. Acórdão in JUTACRIM-SP - ed. LEX - Vol. 72/120). A propósito, ensina Afrânio Silva Jardim, in Direito Processual Penal Estudos e Pareceres p. 70, a justa causa, ou seja, um suporte probatório mínimo em que se deve lastrear a acusação, tendo em vista que a simples instauração do processo penal já atinge o STATUS DIGNITATIS do imputado. O Juiz de Direito Criminal, deve se empenhar para ser homem (e mulher) do seu tempo, ciente da falibilidade inerente ao ser humano, sempre, buscando, dentro do razoável, do possível, com o uso dos meios disponíveis, observada a livre convicção motivada, do alcance das verdadeiras finalidades da norma. Isto posto, rejeito a queixa crime, com fundamento no artigo 395, inciso III do Código de Processo Penal. P. R. I. C. São Paulo, 19 de março de 2021. Aparecida Angélica Correia Juíza de Direito - ADV: MARIA REGINA BORGES (OAB 51314/SP)

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