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OS DESAFIOS DE ENSINAR GEOGRAFIA NO SÉCULO XXI Mônica Saraiva de Sousa Mestranda do Programa Pós-graduação em Geografia - UFPI msaraiva89@yahoo.com.br Armstrong Miranda Evangelista Professor Doutor da Universidade Federal do Piauí armstrong@ufpi.edu.br Aline Camilo Barbosa Mestranda do Programa de Pós-graduação em Geografia - UFPI alinecamilo_barbosa@hotmail.com Luís Fabiano de Aguiar da Silva Mestrando do Programa de Pós-graduação em Geografia - UFPI lfgeo@hotmail.com INTRODUÇÃO No princípio do século XXI torna-se cada vez mais necessário ensinar Geografia de forma crítica e relacional buscando formar cidadãos conscientes e autônomos, capazes de identificar e dispostos a transformar as grandes desigualdades sociais que ainda persistem. Para atender tal realidade é necessário o desenvolvimento de um novo aporte teórico-metodológico, bem como uma formação profissional adequada, na qual a articulação entre a teoria e prática é fundamental. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo discutir o ensino de Geografia na contemporaneidade, apresentando o conceito de globalização como um instrumento de análise que possibilite o estudante compreender o processo de reconstrução do espaço geográfico atual, estruturado segundo as conceituações de Santos (2012) e Harvey (2010), como um meio técnico-científico-informacional e submetido a lógica da compressão espaço-tempo. Quanto ao percurso metodológico, adotamos como forma de discussão a revisão de literatura sobre a temática em questão. DAS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO DE GEOGRAFIA Ao longo do tempo reconhece-se que a Geografia como disciplina escolar se transformou no que se refere a sua função. Apesar disso, o ensino dessa disciplina classificado como Tradicional perdurou, desde a sua institucionalização escolar, geralmente servindo aos desejos das autoridades e demais atores hegemônicos, pertencentes a classe mais abastarda da sociedade. Nesse sentido, a Geografia escolar prestou-se a mera descrição de dados, destinada a realizar apenas inventários sobre o espaço geográfico, dando ênfase a abordagens fragmentárias entre o quadro físico e humano (CAVALCANTI 2006; EVANGELISTA 2010; STRAFORINI 2004). Por décadas o Ensino da Geografia Escolar tinha como objetivo simplesmente a transmissão do conhecimento já elaborado e o consentimento da massa populacional subordinada as formas de organização social imposta, está última voltada para o conhecimento, amor e defesa do Estado-nação. O espaço geográfico era visto como homogêneo, não-contraditório e sem crises. No ensino tradicional da geografia cabia ao aluno apenas a memorização de informações, e os conteúdos eram “veiculados como verdades absolutas, principalmente, através de aulas expositivas, nas quais o professor era o detentor do conhecimento e o aluno o receptor deste” (CARVALHO, 1998, p. 27). Além disso, os conteúdos não mantinham relações entre si, sendo abordados em sala de aula de forma desconexa com a realidade vivenciada pelos alunos. Assim durante muito tempo o Ensino da Geografia era responsável por formar cidadãos que apenas concordassem e reproduzissem ideologias nacionalistas, e que estivessem de acordo com os interesses econômicos de uma minoria. Contexto que refletiu profundamente o ensino da Geografia no Brasil, que também se desenvolveu primeiramente no nível secundário e priorizou durante décadas uma geografia de reconhecimento e contemplativa da paisagem natural, sendo caracterizada como descritiva, enumerativa e abstrata. Esse quadro se modificou com as transformações da sociedade contemporânea ocorridas na passagem da segunda metade do século XX para o século XXI. Estas ocorreram nos mais variados campos sociais e trouxeram ao mundo novas reconfigurações socioespaciais, como o desenvolvimento de um meio técnico-científico- informacional, que se traduziu no surgimento de novas técnicas, produtos, relações comerciais de produtos e serviços, devido a compressão espaço-tempo que, segundo Harvey (2010), se resume na aceleração do tempo e na diminuição das distâncias. Porém, essas transformações também representaram momentos de crises ao ideário de progresso difundido pelo processo de globalização. Isso ocorre porque juntamente com essas transformações surge uma sociedade mais complexa e caótica, que começa a se questionar sobre a ideia de aldeia global, uma vez que, a globalização se mostra contraditória como afirmam Santos (2008) e Haesbaert (2006). Além disso, já se questionava as suas consequências negativas sentidas em maior proporção nas grandes guerras mundiais, nas quais todo o aparato científico e técnico foi utilizado com intenções de destruição e controle da sociedade mundial. Portanto, a globalização começou a ser interpretada de forma dual, por um lado esta se mostrava progressista e, por outro, mostrava sua face perversa, como bem caracteriza Santos (2008), quando versa sobre as três faces da globalização: a da fábula, a perversa e a que se concentra no desejo de uma outra globalização mais justa. A globalização positiva e democrática, como noticia a mídia, segundo o texto escrito pelo mesmo autor em 1993 se encontra presente mais na psico-esfera do que na tecno-esfera, ou seja, globaliza com mais ênfase o imaginário das pessoas do que se torna concreta no espaço geográfico mundial beneficiando a todos. Essa nova realidade trouxe consigo resistências em vários campos da sociedade, como no intelectual, bem exemplificado pelos autores supracitados ao passo que construíram uma discussão teórica questionadora da globalização. Todo esse contexto de resistência reclamava a formação de novos paradigmas. E é nesse momento que passa a ser questionado o que conhecemos como Geografia Tradicional, pois essa se mostra incapaz de explicar a atual realidade mundial e oferecer elementos capazes de solucionar os problemas sociais. Em meio a esse período histórico permeado por uma profunda mudança de paradigma surge a Geografia Crítica voltada à análise da organização do espaço geográfico, estudando este através de uma perspectiva de totalidade que considera as várias relações espaciais, naturais e sociais, e assim começa a se perceber que o espaço não é estático para ser apenas descrito, esse é dinâmico, seja em seus aspectos naturais ou sociais, está sempre se transformando e de forma mais intensificada com a maior ação humana que se potencializa com o surgimento de novos conhecimentos e técnicas. O espaço geográfico passa, a partir de então, a representar o movimento da sociedade (CARVALHO, 1998). Nesse contexto o papel da escola, bem como da Geografia Escolar, é de preparar os estudantes para que estes possam entender o novo mundo e sua lógica de construção- destruição-reconstrução, no caso exclusivo da Geografia compreender a atual reconfiguração espacial ocasionada pelo processo de globalização. Para Straforini (2004, p. 44) dentro desse cenário presente há a necessidade do de um novo aporte teórico- metodológico para basilar a prática da Geografia Escolar que desde de então deve atender novas demandas da sociedade globalizada e fornecer subsídios necessários a interpretação e a resolução das contradições e conflitos sociais. Além disso, o Ensino de Geografia precisa de profissionais mais conscientes do seu papel na escola e na sociedade e capazes de atender as atuais necessidades do processo de ensino-aprendizagem na contemporaneidade, que se mostra cada vez mais complexo e desafiador. Do professor é reclamado flexibilidade e atualização dos conteúdos e na maneira de desenvolver suas aulas. Mas como podemos formar e ser profissionais qualificados para essa nova realidade? Para Cavalcanti (2002, p. 101) a formação do profissional em Geografia: Deve levar em conta as transformações pelas quais o mundo tem passado, transformações essasque são econômicas, políticas, sociais, espaciais, éticas, que provocaram alterações no que diz respeito ao mundo do trabalho e da formação do geógrafo e que afetam a formação profissional, as escolas, a identidade dos profissionais. Pensar a formação desse profissional implica considerar a sociedade contemporânea, marcada por essas transformações. Cavalcanti (2002) defende que o projeto de formação do profissional de geografia para atender as necessidades atuais da sociedade deve sofre mudanças no currículo. Sendo preciso estabelecer mudanças nas metodologias a serem empregadas na formação inicial destes profissionais, que devem desenvolver um pensamento crítico da realidade. A autora defende ainda uma atuação profissional consciente do seu papel na construção e na transformação da sociedade, quanto no enfrentamento de problemáticas como a separação entre disciplinas de conteúdo específico e aquelas de caráter pedagógico e a dicotomia entre a formação acadêmica e a realidade da prática profissional. Dentro dessa perspectiva Cavalcanti (2002) aponta como referências princípios que devem orientar a reforma curricular da formação profissional do geógrafo. Entre elas estão a Formação contínua e a Autoformação; a Indissociabilidade entre Pesquisa e Ensino; a Integração Teoria e Prática; a Formação e Profissionalização e o Conhecimento Integrado e a abordagem Interdisciplinar. No primeiro princípio a autora versa sobre a necessidade de uma formação consistente que proporcione ao profissional segurança no seu exercício profissional no que se refere a análise das transformações socioespaciais atuais com suas contradições, bem como sua capacidade de compreender a realidade e os diferentes perfis de seus alunos. Para atender essa exigência a formação do professor deve se basear em um processo de autoformação crítico-flexiva que o leve a busca constante do aprimoramento da sua formação teórico-prática. (CAVALCANTI, 2002). Em poucas palavras esta orientação significada a tomada de atitude do sujeito diante de sua própria formação, até mesmo porque o campo científico da Geografia é vasto para ser abordado em sua completude apenas no curso de Graduação. O Ensino com Pesquisa se faz presente como princípio por apresentar a construção contínua do conhecimento e desenvolver no profissional o pensamento autônomo, além de apontar novas possibilidades de interpretações do mundo, contribuindo para uma ação mais problematizadora e atuante na sociedade. Ao nosso ver a pesquisa dá ao profissional mais elementos teóricos que consequentemente adquire maior segurança e desenvoltura ao discutir os conteúdos em sala de aula. A Integração da Teoria e Prática traz a discussão da necessidade da eliminação do currículo que favorece a separação entre as disciplinas que tem por base a teoria e aquelas voltadas para a prática profissional, uma vez que essa estrutura tem uma organização desarticulada com a realidade prática que o profissional vai encontrar diante do mercado de trabalho. Assim a articulação entre a teoria e prática favoreceria a integração entre a produção teórica geográfica com a prática social vivenciada por todos nós e atenderia com mais eficiência as atuais demandas que exigem uma prática com reflexão e uma teoria que interprete a prática social em sua concretude, isto é, na escala cotidiana. (CAVALCANTI, 2002). A esse respeito Evangelista e Xavier (2015), através de uma pesquisa de observação, apontam a permanência de obstáculos que ainda persistem na prática professoral como a superficialidade na abordagem dos conceitos-chave da Geografia, sobretudo no que se refere a construção do conceito de espaço geográfico e a presença significativa de interpretações de diferentes tendências teóricas conflitantes, bem como argumentações e de natureza não científica, de compreensão limitada e até mesmo acrítica do pensamento geográfico, além da utilização de metodologias tradicionais nas aulas de Geografia. A discordância entre o avanço teórico e uma certa estagnação da prática se mostra evidente ainda, ao nosso ver, devido muitas pesquisas desenvolvidas atualmente no âmbito da geografia escolar centrarem suas discussões na necessidade de desenvolver novas metodologias, bem como da adaptação da linguagem e de recursos para facilitar a assimilação dos conteúdos pelos alunos. Ressaltamos ainda apoiados nos resultados da pesquisa de Evangelista e Xavier (2015) a falta de relação concreta entre o conceito de espaço geográfico proposto atualmente pela perspectiva geográfica e a difundida pelos professores do ensino básico. Fato que revela que mesmo diante de avanços no campo científico da ciência geográfica e também na sua abordagem no campo escolar, falta aos professores um suporte teórico- metodológico coerente com a postura atual da Geografia voltada para a análise das relações que formam o espaço geográfico e daqueles que contribuem para a organização socioespacial desigual. No que se refere ao quarto princípio proposto por Cavalcanti (2002) intitulado de Formação e Profissionalização, ela destaca a necessidade de investir em uma formação antenada em atender as competências exigidas pelo mercado de trabalho no que se refere ao exercício do trabalho. Já o quinto princípio, O Conhecimento Integrado e Interdisciplinar critica a fragmentação e o caráter mecânico do conhecimento que não é mais suficiente para explicar uma sociedade cada vez mais complexa. Com isso acredita- se que a interdisciplinaridade bem como práticas interdisciplinares auxiliam no seu conhecimento mais amplo e profundo (CAVALCANTI, 2002). Cavalcanti (2002) chama atenção também para a importância da construção da identidade profissional, pois segundo a autora, esta influencia a prática, as reflexões e as tomadas de decisões dos professores. Diante disso, cabe então investigarmos qual o contexto e, principalmente, quais as variáveis que permeiam a formação da identidade do professor de geografia, tais como, os saberes encorpados por este e suas respectivas influências nas práticas profissionais do mesmo. Sobre isso, para Tardif (2012) tanto a formação quanto a identidade do professor são construídas não por um, mas por vários saberes docentes, dos quais nenhum deve ser desconsiderado. Tais saberes provém tanto da sua formação acadêmica, das práticas sociais que vivencia, do currículo oficial como dos seus conhecimentos individuais. Esses saberes influenciam a sua prática e consequentemente o processo de aprendizagem de seus alunos. Assim, podemos dizer que os conhecimentos externalizados pelos alunos possuem influência da prática de seus professores. Isso confirma mais uma vez a necessidade da articulação entre a teoria e prática professoral. Visto a dimensão da responsabilidade do professor, da necessidade da construção consistente do seu referencial teórico, da adequação de sua postura e prática no contexto atual, bem como da consideração dos elementos que formam este como professor de geografia, no tópico seguinte iremos explanar sobre a importância da discussão do cenário socioespacial que condiciona nosso cotidiano para o aluno do ensino básico. Contextura que carece de elementos teóricos discutidos pela Geografia. Tal discussão se mostra mais relevante para o campo do ensino de geografia se considerarmos, ainda o resultado de pesquisas anteriores sobre a temática em questão, como a de Sousa (2015) que identificou a persistência, entre os alunos desse nível de ensino, de uma percepção da globalização desconexa da realidade e do aporte teórico desenvolvido pela Geografia. ENSINO DE GEOGRAFIA NO SÉCULO XXI E O CONCEITO DE GLOBALIZAÇÃO Vivemos no presente uma nova realidade que reconfigura o espaço geográfico em escala global, através do processo de globalização, fenômeno que influência de forma direta,indireta, positiva e negativamente nossa vida diária. Pensando que a realidade da globalização é contraditória, e que esse fenômeno não apenas faz parte, mas é a própria realidade vivida no mundo contemporâneo, acreditamos ser a globalização um conceito necessário para que o aluno consiga perceber seu cotidiano com criticidade, sendo assim um agente no processo de ensino aprendizagem. Diante dessa consideração, a Geografia Escolar tem como função orientar o processo de ensino-aprendizagem para que o aluno compreenda o mundo atual, com suas transformações na organização do espaço geográfico ocasionadas pelo sistema técnico- científico-informacional do qual fazemos parte. Deve apresentar aos alunos suas contradições e ainda contribuir para a formação de um cidadão crítico capaz de transformar sua realidade. Para Castrogiovanni, (2010, p. 85) a construção do conceito de globalização pelo ensino de geografia, “Deve possibilitar que o aluno construa não apenas conceitos e categorias já elaboradas socialmente, mas que (re)signifique tais instrumentais a partir da compreensão do particular, do poder ser diferente nas interpretações e mesmo assim fazer parte do contexto”. Assim, o conceito de globalização definido pela ciência geográfica, bem como pelo Ensino de Geografia torna-se, portanto, um instrumento de análise que possibilita ao aluno compreender as atuais relações sociais, econômicas, políticas, e culturais da sociedade em suas escalas local e global, ou seja, leva ao aluno compreender de forma dialética e relacional a construção do espaço geográfico contemporâneo, pois este conteúdo guarda em si a imagem de totalidade e princípios sistêmicos. Contribuiria também, em nosso entendimento, para desfazer ideias ainda impregnadas de determinismo natural, acrescentar as discussões em sala com maior facilidade elementos vivenciados no cotidiano dos alunos, uma vez que, de uma forma ou de outra os jovens são atingidos em diversos graus pela circulação de informações e produtos fruto da própria globalização. Além disso, está temática mantém certa conectividade com outros conteúdos explanados no ensino regular como urbanização, industrialização, guerra fria, os sistemas de produção, entre outros, fato que pode favorecer a abordagem relacional de conteúdos pelo professor de geografia. Isso confirma que a construção desse conceito é de grande importância para que os educandos compreendam o seu cotidiano, ou seja, a dinâmica da sua realidade, sendo capazes de identificar como é construído e desconstruído a todo instante o sistema global. No processo de ensino-aprendizagem a construção de conceitos ganha destaque, sendo de fundamental importância para a educação escolar no que se refere à sistematização de conhecimentos que nossa sociedade julga como necessários para o desenvolvimento pleno do indivíduo. Sobre isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (2013) defendem que com construção bem estruturada do conceito de globalização o aluno do milênio poderá: Reconhecer as contradições e os conflitos econômicos, sociais e culturais, o que permite comparar e avaliar qualidade de vida, hábitos, formas de utilização e/ou exploração de recursos e pessoas, em busca do respeito às diferenças e de uma organização social mais equânime. (BRASIL, 2013, p. 31). Neste contexto, para a educação de cunho construtivista a construção de conceitos tem papel decisivo e o conceito de globalização faz parte do conjunto específico de conteúdo que são determinantes na construção de cidadãos conscientes da sua realidade. Esse conceito ainda considerando os Parâmetros Curriculares Nacionais (2013) faz com que o aluno compreenda a dinâmica do seu cotidiano conseguindo ligar esse as diversas escalas. E a geografia por ter como objeto de estudo o espaço geográfico e suas relações socioespaciais representa uma disciplina privilegiada sobre a discussão do processo de globalização, pois é através da organização espacial que podemos enxergar as diferenças espaciais e as desigualdades sociais que se fixam no espaço. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da discussão traçada observamos que o ensino da geografia, sobretudo o escolar assim como a formação profissional dos professores de geografia sofreram transformações intensas devido as demandas do período hodierno que tem exigido uma abordagem teórica-metodológica mais coerente com a realidade vivenciada. Sobre esse cenário segundo Cavalcanti (2002) se torna necessário uma reformulação do currículo formativo desses profissionais. Para tanto a mesma autora destaca alguns princípios que devem fazer parte do novo currículo proposto como a formação contínua, uma vez que, é exigido do professor uma postura versátil frente as mudanças; a autoformação, para que o profissional desenvolva autonomia sobre sua formação e prática; a indissociabilidade entre pesquisa e ensino, dado que entre outras coisas a articulação entre esses pode potencializar a capacidade de reflexão, permitir uma constante atualização conceitual e aperfeiçoamento do professor; a formação e profissionalização que direciona a atenção do professor para as demandas do mercado de trabalho e o princípio da abordagem interdisciplinar, que por sua vez, questiona a fragmentação de conteúdos e alerta os professores para uma formação ampla, em termos de conhecimentos e para uma abordagem relacional dos conteúdos em sala. Cavalcanti (2002) coloca ainda como necessidade formativa a relação teoria e prática, uma vez que, o avanço teórico da ciência geográfica ainda não atingiu de forma significativa a prática professoral. Fato ressaltado ainda por Xavier e Evangelista (2015) que apontaram a superficialidade das conceituações sobre espaço geográfico ditada por professores da educação básica. Foi ressaltado ainda a importância do conceito de globalização para o ensino da geografia escolar, que diante de nossas considerações ficou evidente que no século XXI se torna um dos conceitos articulados pelo ensino de Geografia para promover a compreensão crítica da dinâmica socioespacial contemporânea. Como conclusão, inferimos ainda que talvez seja preciso atuar de forma colaborativa na formação do professor de geografia frente a esse contexto. Estimulando assim, como diz Cavalcanti (2002) a formação contínua e mais precisamente o ensino com pesquisa que poderá contribuir para sanar a lacuna ainda persistente entre a teoria e prática professoral. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências humanas e suas tecnologias. (Ensino Médio).Brasília:MEC,2013.Disponívelem:<http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid= 859&id=12598%3Apublicacoes&option=com_content&view=article> . Acesso em: 28 jan. 2014. CARVALHO, Maria Inez. Fim de século: a escola e a geografia. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 1998. 160 p. – (Coleção Ciências Sociais). CASTROGIOVANNI, Antônio Castro (Org.). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. E agora, como fica o ensino da geografia com a globalização?. Porto Alegre. Editora da UFRGS/ Associação dos Geógrafos Brasileiros. 5ª. Ed. 2010, p. 83 - 84. CAVALCANTI, Lana de Sousa. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002. 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