Buscar

OS DESAFIOS DE ENSINAR GEOGRAFIA NO SÉCULO XXI

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OS DESAFIOS DE ENSINAR GEOGRAFIA NO SÉCULO XXI 
 
Mônica Saraiva de Sousa 
Mestranda do Programa Pós-graduação em Geografia - UFPI 
msaraiva89@yahoo.com.br 
 
Armstrong Miranda Evangelista 
Professor Doutor da Universidade Federal do Piauí 
armstrong@ufpi.edu.br 
 
Aline Camilo Barbosa 
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Geografia - UFPI 
alinecamilo_barbosa@hotmail.com 
 
Luís Fabiano de Aguiar da Silva 
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Geografia - UFPI 
lfgeo@hotmail.com 
INTRODUÇÃO 
No princípio do século XXI torna-se cada vez mais necessário ensinar Geografia 
de forma crítica e relacional buscando formar cidadãos conscientes e autônomos, capazes 
de identificar e dispostos a transformar as grandes desigualdades sociais que ainda 
persistem. Para atender tal realidade é necessário o desenvolvimento de um novo aporte 
teórico-metodológico, bem como uma formação profissional adequada, na qual a 
articulação entre a teoria e prática é fundamental. 
Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo discutir o ensino de Geografia 
na contemporaneidade, apresentando o conceito de globalização como um instrumento 
de análise que possibilite o estudante compreender o processo de reconstrução do espaço 
geográfico atual, estruturado segundo as conceituações de Santos (2012) e Harvey (2010), 
como um meio técnico-científico-informacional e submetido a lógica da compressão 
espaço-tempo. Quanto ao percurso metodológico, adotamos como forma de discussão a 
revisão de literatura sobre a temática em questão. 
DAS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO DE GEOGRAFIA 
Ao longo do tempo reconhece-se que a Geografia como disciplina escolar se 
transformou no que se refere a sua função. Apesar disso, o ensino dessa disciplina 
 
 
classificado como Tradicional perdurou, desde a sua institucionalização escolar, 
geralmente servindo aos desejos das autoridades e demais atores hegemônicos, 
pertencentes a classe mais abastarda da sociedade. Nesse sentido, a Geografia escolar 
prestou-se a mera descrição de dados, destinada a realizar apenas inventários sobre o 
espaço geográfico, dando ênfase a abordagens fragmentárias entre o quadro físico e 
humano (CAVALCANTI 2006; EVANGELISTA 2010; STRAFORINI 2004). 
Por décadas o Ensino da Geografia Escolar tinha como objetivo simplesmente a 
transmissão do conhecimento já elaborado e o consentimento da massa populacional 
subordinada as formas de organização social imposta, está última voltada para o 
conhecimento, amor e defesa do Estado-nação. O espaço geográfico era visto como 
homogêneo, não-contraditório e sem crises. No ensino tradicional da geografia cabia ao 
aluno apenas a memorização de informações, e os conteúdos eram “veiculados como 
verdades absolutas, principalmente, através de aulas expositivas, nas quais o professor 
era o detentor do conhecimento e o aluno o receptor deste” (CARVALHO, 1998, p. 27). 
Além disso, os conteúdos não mantinham relações entre si, sendo abordados em 
sala de aula de forma desconexa com a realidade vivenciada pelos alunos. Assim durante 
muito tempo o Ensino da Geografia era responsável por formar cidadãos que apenas 
concordassem e reproduzissem ideologias nacionalistas, e que estivessem de acordo com 
os interesses econômicos de uma minoria. Contexto que refletiu profundamente o ensino 
da Geografia no Brasil, que também se desenvolveu primeiramente no nível secundário 
e priorizou durante décadas uma geografia de reconhecimento e contemplativa da 
paisagem natural, sendo caracterizada como descritiva, enumerativa e abstrata. 
Esse quadro se modificou com as transformações da sociedade contemporânea 
ocorridas na passagem da segunda metade do século XX para o século XXI. Estas 
ocorreram nos mais variados campos sociais e trouxeram ao mundo novas 
reconfigurações socioespaciais, como o desenvolvimento de um meio técnico-científico-
informacional, que se traduziu no surgimento de novas técnicas, produtos, relações 
comerciais de produtos e serviços, devido a compressão espaço-tempo que, segundo 
Harvey (2010), se resume na aceleração do tempo e na diminuição das distâncias. Porém, 
essas transformações também representaram momentos de crises ao ideário de progresso 
difundido pelo processo de globalização. 
 
 
Isso ocorre porque juntamente com essas transformações surge uma sociedade 
mais complexa e caótica, que começa a se questionar sobre a ideia de aldeia global, uma 
vez que, a globalização se mostra contraditória como afirmam Santos (2008) e Haesbaert 
(2006). Além disso, já se questionava as suas consequências negativas sentidas em maior 
proporção nas grandes guerras mundiais, nas quais todo o aparato científico e técnico foi 
utilizado com intenções de destruição e controle da sociedade mundial. Portanto, a 
globalização começou a ser interpretada de forma dual, por um lado esta se mostrava 
progressista e, por outro, mostrava sua face perversa, como bem caracteriza Santos 
(2008), quando versa sobre as três faces da globalização: a da fábula, a perversa e a que 
se concentra no desejo de uma outra globalização mais justa. A globalização positiva e 
democrática, como noticia a mídia, segundo o texto escrito pelo mesmo autor em 1993 se 
encontra presente mais na psico-esfera do que na tecno-esfera, ou seja, globaliza com 
mais ênfase o imaginário das pessoas do que se torna concreta no espaço geográfico 
mundial beneficiando a todos. 
Essa nova realidade trouxe consigo resistências em vários campos da sociedade, 
como no intelectual, bem exemplificado pelos autores supracitados ao passo que 
construíram uma discussão teórica questionadora da globalização. Todo esse contexto de 
resistência reclamava a formação de novos paradigmas. E é nesse momento que passa a 
ser questionado o que conhecemos como Geografia Tradicional, pois essa se mostra 
incapaz de explicar a atual realidade mundial e oferecer elementos capazes de solucionar 
os problemas sociais. 
Em meio a esse período histórico permeado por uma profunda mudança de 
paradigma surge a Geografia Crítica voltada à análise da organização do espaço 
geográfico, estudando este através de uma perspectiva de totalidade que considera as 
várias relações espaciais, naturais e sociais, e assim começa a se perceber que o espaço 
não é estático para ser apenas descrito, esse é dinâmico, seja em seus aspectos naturais ou 
sociais, está sempre se transformando e de forma mais intensificada com a maior ação 
humana que se potencializa com o surgimento de novos conhecimentos e técnicas. O 
espaço geográfico passa, a partir de então, a representar o movimento da sociedade 
(CARVALHO, 1998). 
 
 
Nesse contexto o papel da escola, bem como da Geografia Escolar, é de preparar 
os estudantes para que estes possam entender o novo mundo e sua lógica de construção-
destruição-reconstrução, no caso exclusivo da Geografia compreender a atual 
reconfiguração espacial ocasionada pelo processo de globalização. Para Straforini (2004, 
p. 44) dentro desse cenário presente há a necessidade do de um novo aporte teórico-
metodológico para basilar a prática da Geografia Escolar que desde de então deve atender 
novas demandas da sociedade globalizada e fornecer subsídios necessários a interpretação 
e a resolução das contradições e conflitos sociais. 
Além disso, o Ensino de Geografia precisa de profissionais mais conscientes do 
seu papel na escola e na sociedade e capazes de atender as atuais necessidades do processo 
de ensino-aprendizagem na contemporaneidade, que se mostra cada vez mais complexo 
e desafiador. Do professor é reclamado flexibilidade e atualização dos conteúdos e na 
maneira de desenvolver suas aulas. Mas como podemos formar e ser profissionais 
qualificados para essa nova realidade? Para Cavalcanti (2002, p. 101) a formação do 
profissional em Geografia: 
Deve levar em conta as transformações pelas quais o mundo tem 
passado, transformações essasque são econômicas, políticas, sociais, 
espaciais, éticas, que provocaram alterações no que diz respeito ao 
mundo do trabalho e da formação do geógrafo e que afetam a formação 
profissional, as escolas, a identidade dos profissionais. Pensar a 
formação desse profissional implica considerar a sociedade 
contemporânea, marcada por essas transformações. 
 
 Cavalcanti (2002) defende que o projeto de formação do profissional de geografia 
para atender as necessidades atuais da sociedade deve sofre mudanças no currículo. Sendo 
preciso estabelecer mudanças nas metodologias a serem empregadas na formação inicial 
destes profissionais, que devem desenvolver um pensamento crítico da realidade. 
A autora defende ainda uma atuação profissional consciente do seu papel na 
construção e na transformação da sociedade, quanto no enfrentamento de problemáticas 
como a separação entre disciplinas de conteúdo específico e aquelas de caráter 
pedagógico e a dicotomia entre a formação acadêmica e a realidade da prática 
profissional. 
 Dentro dessa perspectiva Cavalcanti (2002) aponta como referências princípios 
que devem orientar a reforma curricular da formação profissional do geógrafo. Entre elas 
 
 
estão a Formação contínua e a Autoformação; a Indissociabilidade entre Pesquisa e 
Ensino; a Integração Teoria e Prática; a Formação e Profissionalização e o Conhecimento 
Integrado e a abordagem Interdisciplinar. 
 No primeiro princípio a autora versa sobre a necessidade de uma formação 
consistente que proporcione ao profissional segurança no seu exercício profissional no 
que se refere a análise das transformações socioespaciais atuais com suas contradições, 
bem como sua capacidade de compreender a realidade e os diferentes perfis de seus 
alunos. Para atender essa exigência a formação do professor deve se basear em um 
processo de autoformação crítico-flexiva que o leve a busca constante do aprimoramento 
da sua formação teórico-prática. (CAVALCANTI, 2002). 
Em poucas palavras esta orientação significada a tomada de atitude do sujeito 
diante de sua própria formação, até mesmo porque o campo científico da Geografia é 
vasto para ser abordado em sua completude apenas no curso de Graduação. 
O Ensino com Pesquisa se faz presente como princípio por apresentar a construção 
contínua do conhecimento e desenvolver no profissional o pensamento autônomo, além 
de apontar novas possibilidades de interpretações do mundo, contribuindo para uma ação 
mais problematizadora e atuante na sociedade. Ao nosso ver a pesquisa dá ao profissional 
mais elementos teóricos que consequentemente adquire maior segurança e desenvoltura 
ao discutir os conteúdos em sala de aula. 
A Integração da Teoria e Prática traz a discussão da necessidade da eliminação do 
currículo que favorece a separação entre as disciplinas que tem por base a teoria e aquelas 
voltadas para a prática profissional, uma vez que essa estrutura tem uma organização 
desarticulada com a realidade prática que o profissional vai encontrar diante do mercado 
de trabalho. 
Assim a articulação entre a teoria e prática favoreceria a integração entre a 
produção teórica geográfica com a prática social vivenciada por todos nós e atenderia 
com mais eficiência as atuais demandas que exigem uma prática com reflexão e uma 
teoria que interprete a prática social em sua concretude, isto é, na escala cotidiana. 
(CAVALCANTI, 2002). 
A esse respeito Evangelista e Xavier (2015), através de uma pesquisa de 
observação, apontam a permanência de obstáculos que ainda persistem na prática 
 
 
professoral como a superficialidade na abordagem dos conceitos-chave da Geografia, 
sobretudo no que se refere a construção do conceito de espaço geográfico e a presença 
significativa de interpretações de diferentes tendências teóricas conflitantes, bem como 
argumentações e de natureza não científica, de compreensão limitada e até mesmo acrítica 
do pensamento geográfico, além da utilização de metodologias tradicionais nas aulas de 
Geografia. 
A discordância entre o avanço teórico e uma certa estagnação da prática se mostra 
evidente ainda, ao nosso ver, devido muitas pesquisas desenvolvidas atualmente no 
âmbito da geografia escolar centrarem suas discussões na necessidade de desenvolver 
novas metodologias, bem como da adaptação da linguagem e de recursos para facilitar a 
assimilação dos conteúdos pelos alunos. 
Ressaltamos ainda apoiados nos resultados da pesquisa de Evangelista e Xavier 
(2015) a falta de relação concreta entre o conceito de espaço geográfico proposto 
atualmente pela perspectiva geográfica e a difundida pelos professores do ensino básico. 
Fato que revela que mesmo diante de avanços no campo científico da ciência geográfica 
e também na sua abordagem no campo escolar, falta aos professores um suporte teórico-
metodológico coerente com a postura atual da Geografia voltada para a análise das 
relações que formam o espaço geográfico e daqueles que contribuem para a organização 
socioespacial desigual. 
No que se refere ao quarto princípio proposto por Cavalcanti (2002) intitulado de 
Formação e Profissionalização, ela destaca a necessidade de investir em uma formação 
antenada em atender as competências exigidas pelo mercado de trabalho no que se refere 
ao exercício do trabalho. Já o quinto princípio, O Conhecimento Integrado e 
Interdisciplinar critica a fragmentação e o caráter mecânico do conhecimento que não é 
mais suficiente para explicar uma sociedade cada vez mais complexa. Com isso acredita-
se que a interdisciplinaridade bem como práticas interdisciplinares auxiliam no seu 
conhecimento mais amplo e profundo (CAVALCANTI, 2002). 
Cavalcanti (2002) chama atenção também para a importância da construção da 
identidade profissional, pois segundo a autora, esta influencia a prática, as reflexões e as 
tomadas de decisões dos professores. Diante disso, cabe então investigarmos qual o 
contexto e, principalmente, quais as variáveis que permeiam a formação da identidade do 
 
 
professor de geografia, tais como, os saberes encorpados por este e suas respectivas 
influências nas práticas profissionais do mesmo. 
Sobre isso, para Tardif (2012) tanto a formação quanto a identidade do professor 
são construídas não por um, mas por vários saberes docentes, dos quais nenhum deve ser 
desconsiderado. Tais saberes provém tanto da sua formação acadêmica, das práticas 
sociais que vivencia, do currículo oficial como dos seus conhecimentos individuais. 
Esses saberes influenciam a sua prática e consequentemente o processo de 
aprendizagem de seus alunos. Assim, podemos dizer que os conhecimentos 
externalizados pelos alunos possuem influência da prática de seus professores. Isso 
confirma mais uma vez a necessidade da articulação entre a teoria e prática professoral. 
Visto a dimensão da responsabilidade do professor, da necessidade da construção 
consistente do seu referencial teórico, da adequação de sua postura e prática no contexto 
atual, bem como da consideração dos elementos que formam este como professor de 
geografia, no tópico seguinte iremos explanar sobre a importância da discussão do cenário 
socioespacial que condiciona nosso cotidiano para o aluno do ensino básico. Contextura 
que carece de elementos teóricos discutidos pela Geografia. 
Tal discussão se mostra mais relevante para o campo do ensino de geografia se 
considerarmos, ainda o resultado de pesquisas anteriores sobre a temática em questão, 
como a de Sousa (2015) que identificou a persistência, entre os alunos desse nível de 
ensino, de uma percepção da globalização desconexa da realidade e do aporte teórico 
desenvolvido pela Geografia. 
ENSINO DE GEOGRAFIA NO SÉCULO XXI E O CONCEITO DE 
GLOBALIZAÇÃO 
Vivemos no presente uma nova realidade que reconfigura o espaço geográfico em 
escala global, através do processo de globalização, fenômeno que influência de forma 
direta,indireta, positiva e negativamente nossa vida diária. Pensando que a realidade da 
globalização é contraditória, e que esse fenômeno não apenas faz parte, mas é a própria 
realidade vivida no mundo contemporâneo, acreditamos ser a globalização um conceito 
necessário para que o aluno consiga perceber seu cotidiano com criticidade, sendo assim 
um agente no processo de ensino aprendizagem. 
 
 
Diante dessa consideração, a Geografia Escolar tem como função orientar o 
processo de ensino-aprendizagem para que o aluno compreenda o mundo atual, com suas 
transformações na organização do espaço geográfico ocasionadas pelo sistema técnico-
científico-informacional do qual fazemos parte. Deve apresentar aos alunos suas 
contradições e ainda contribuir para a formação de um cidadão crítico capaz de 
transformar sua realidade. Para Castrogiovanni, (2010, p. 85) a construção do conceito de 
globalização pelo ensino de geografia, 
“Deve possibilitar que o aluno construa não apenas conceitos e 
categorias já elaboradas socialmente, mas que (re)signifique tais 
instrumentais a partir da compreensão do particular, do poder ser 
diferente nas interpretações e mesmo assim fazer parte do contexto”. 
Assim, o conceito de globalização definido pela ciência geográfica, bem como 
pelo Ensino de Geografia torna-se, portanto, um instrumento de análise que possibilita ao 
aluno compreender as atuais relações sociais, econômicas, políticas, e culturais da 
sociedade em suas escalas local e global, ou seja, leva ao aluno compreender de forma 
dialética e relacional a construção do espaço geográfico contemporâneo, pois este 
conteúdo guarda em si a imagem de totalidade e princípios sistêmicos. 
Contribuiria também, em nosso entendimento, para desfazer ideias ainda 
impregnadas de determinismo natural, acrescentar as discussões em sala com maior 
facilidade elementos vivenciados no cotidiano dos alunos, uma vez que, de uma forma ou 
de outra os jovens são atingidos em diversos graus pela circulação de informações e 
produtos fruto da própria globalização. Além disso, está temática mantém certa 
conectividade com outros conteúdos explanados no ensino regular como urbanização, 
industrialização, guerra fria, os sistemas de produção, entre outros, fato que pode 
favorecer a abordagem relacional de conteúdos pelo professor de geografia. 
Isso confirma que a construção desse conceito é de grande importância para que 
os educandos compreendam o seu cotidiano, ou seja, a dinâmica da sua realidade, sendo 
capazes de identificar como é construído e desconstruído a todo instante o sistema global. 
No processo de ensino-aprendizagem a construção de conceitos ganha destaque, 
sendo de fundamental importância para a educação escolar no que se refere à 
sistematização de conhecimentos que nossa sociedade julga como necessários para o 
desenvolvimento pleno do indivíduo. Sobre isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais 
 
 
(2013) defendem que com construção bem estruturada do conceito de globalização o 
aluno do milênio poderá: 
Reconhecer as contradições e os conflitos econômicos, sociais e 
culturais, o que permite comparar e avaliar qualidade de vida, hábitos, 
formas de utilização e/ou exploração de recursos e pessoas, em busca 
do respeito às diferenças e de uma organização social mais equânime. 
(BRASIL, 2013, p. 31). 
 
Neste contexto, para a educação de cunho construtivista a construção de 
conceitos tem papel decisivo e o conceito de globalização faz parte do conjunto específico 
de conteúdo que são determinantes na construção de cidadãos conscientes da sua 
realidade. Esse conceito ainda considerando os Parâmetros Curriculares Nacionais (2013) 
faz com que o aluno compreenda a dinâmica do seu cotidiano conseguindo ligar esse as 
diversas escalas. E a geografia por ter como objeto de estudo o espaço geográfico e suas 
relações socioespaciais representa uma disciplina privilegiada sobre a discussão do 
processo de globalização, pois é através da organização espacial que podemos enxergar 
as diferenças espaciais e as desigualdades sociais que se fixam no espaço. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Diante da discussão traçada observamos que o ensino da geografia, sobretudo o 
escolar assim como a formação profissional dos professores de geografia sofreram 
transformações intensas devido as demandas do período hodierno que tem exigido uma 
abordagem teórica-metodológica mais coerente com a realidade vivenciada. 
Sobre esse cenário segundo Cavalcanti (2002) se torna necessário uma 
reformulação do currículo formativo desses profissionais. Para tanto a mesma autora 
destaca alguns princípios que devem fazer parte do novo currículo proposto como a 
formação contínua, uma vez que, é exigido do professor uma postura versátil frente as 
mudanças; a autoformação, para que o profissional desenvolva autonomia sobre sua 
formação e prática; a indissociabilidade entre pesquisa e ensino, dado que entre outras 
coisas a articulação entre esses pode potencializar a capacidade de reflexão, permitir uma 
constante atualização conceitual e aperfeiçoamento do professor; a formação e 
profissionalização que direciona a atenção do professor para as demandas do mercado de 
trabalho e o princípio da abordagem interdisciplinar, que por sua vez, questiona a 
 
 
fragmentação de conteúdos e alerta os professores para uma formação ampla, em termos 
de conhecimentos e para uma abordagem relacional dos conteúdos em sala. 
Cavalcanti (2002) coloca ainda como necessidade formativa a relação teoria e 
prática, uma vez que, o avanço teórico da ciência geográfica ainda não atingiu de forma 
significativa a prática professoral. Fato ressaltado ainda por Xavier e Evangelista (2015) 
que apontaram a superficialidade das conceituações sobre espaço geográfico ditada por 
professores da educação básica. 
Foi ressaltado ainda a importância do conceito de globalização para o ensino da 
geografia escolar, que diante de nossas considerações ficou evidente que no século XXI 
se torna um dos conceitos articulados pelo ensino de Geografia para promover a 
compreensão crítica da dinâmica socioespacial contemporânea. 
Como conclusão, inferimos ainda que talvez seja preciso atuar de forma 
colaborativa na formação do professor de geografia frente a esse contexto. Estimulando 
assim, como diz Cavalcanti (2002) a formação contínua e mais precisamente o ensino 
com pesquisa que poderá contribuir para sanar a lacuna ainda persistente entre a teoria e 
prática professoral. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. 
Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências humanas e suas tecnologias. (Ensino 
Médio).Brasília:MEC,2013.Disponívelem:<http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=
859&id=12598%3Apublicacoes&option=com_content&view=article> . Acesso em: 28 
jan. 2014. 
CARVALHO, Maria Inez. Fim de século: a escola e a geografia. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 
1998. 160 p. – (Coleção Ciências Sociais). 
CASTROGIOVANNI, Antônio Castro (Org.). Geografia em sala de aula: práticas e 
reflexões. E agora, como fica o ensino da geografia com a globalização?. Porto Alegre. 
Editora da UFRGS/ Associação dos Geógrafos Brasileiros. 5ª. Ed. 2010, p. 83 - 84. 
CAVALCANTI, Lana de Sousa. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 
2002. 
CAVALCANTI, Lana de Sousa. Geografia, escola e construção de conhecimentos. 
9° ed. Campinas, SP: Papirus, 2006. – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho 
Pedagógico. 
 
 
EVANGELISTA, Armstrong Miranda. et all. Fundamentos de didática da geografia. 
Teresina-PI: EDUFPI/UAPI, 2010. 
EVANGELISTA, Miranda Armstrong; XAVIER, M. Pereira da Silva. O conceito de 
espaço geográfico do professor de geografia. In: FAÇANHA, Antonio Cardoso. Et all. 
Teresina-PI: EDUFPI, 2015. 
HAESBAERT, Rogério; PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A nova des-ordem 
mundial. São Paulo: Editora UNESP, 2006. 
HARVEY, David. Condição pós-moderna.Edições Loyola, 2010. 
SANTOS, Milton. Da totalidade ao lugar. 1. ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da 
Universidade de São Paulo, 2012. 
SANTOS, Milton. Os conceitos de globalização. In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria 
Adélia A. de Sousa; SCARLATO, Francisco Capuano; ARROYO, Monica (Orgs.). Fim 
de Século e Globalização. São Paulo: Editora HUCITEC, 1993. 
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único a consciência 
universal. 17. ed., Rio de Janeiro: Recorde, 2008. 
SOUSA, Mônica Saraiva de; SILVA, Josélia Saraiva e. O conceito de globalização no 
ensino médio de Teresina-PI: uma análise da perspectivageográfica.In:XIENCONTRO 
NACIONALDAASSOCIAÇÃODEPÓSGRADUAÇÃOANPEGEADIVERSIDADE 
DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E 
DA AÇÃO, Presidente Prudente, SP, 2015. Anais: 21758875. Presidente Prudente, SP, 
2015. 1 CD-ROM. 
STRAFORINI Rafael. Ensinar Geografia: o desafio da totalidade-mundo nas séries 
iniciais. 2° ed. São Paulo: Annablume, 2004. 190 p. 
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 13. ed. Petrópolis, Rio 
de Janeiro: Vozes, 2012.

Continue navegando