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Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) Raquel Rogaciano 1 INTOXICAÇÃO EXÓGENA: TIPOS, MECANISMOS DE AÇÃO E CONDUTA INTOXICAÇÃO EXÓGENA: -Intoxicação exógena é o conjunto de efeitos nocivos representados por manifestações clínicas ou laboratoriais que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação de um ou mais agentes tóxicos com o sistema biológico. →Agente tóxico: Agente tóxico é uma substância química, quase sempre de origem antropogênica, capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma ou mais funções, podendo provocar a morte (sob certas condições de exposição). De modo geral, a intensidade da ação do agente tóxico será proporcional à concentração e ao tempo de exposição. →Fatores importantes para a intoxicação: • Tempo de exposição - quanto maior for o tempo em que a pessoa ficou exposta aos produtos químicos, maiores serão as possibilidades deste produto causar danos à sua saúde. • Concentração do agente - quanto maior for a concentração do agente químico, maior será a chance de poder causar um efeito danoso à saúde. • Toxicidade - algumas substâncias são mais tóxicas que outras, se comparadas a uma mesma concentração. • Natureza da substância química – se é um gás, um líquido, vapor, etc. Isto tem relação com a forma de entrada deste tóxico no organismo, que veremos mais abaixo. • Susceptibilidade individual - algumas pessoas são mais sensíveis do que outras a determinados agentes químicos. →Vias de absorção dos componentes químicos tóxicos: • Por inalação – podemos absorver uma substância química nociva pela respiração, quando estamos em um local contaminado. • Pela pele - certas substâncias podem penetrar no organismo através da pele, mesmo que o contato seja breve, mesmo sem escoriações ou ferimentos. • Por ingestão – podemos ingerir substâncias químicas nocivas acidentalmente quando nos alimentamos em locais contaminados ou através das mãos, por hábitos inadequados de higiene. →Efeitos das substancias no organismo: • Podemos ter desde uma simples irritação até mesmo intoxicações que podem levar à morte. • Irritação dos olhos, nariz, garganta, pulmões ou pele, geralmente causada por produtos que se apresentam na forma de gases ou vapores, como os vapores de ácidos, amoníacos, solventes (removedores), cimento, poeiras, etc. • Asfixia. Podemos exemplificar algumas substâncias químicas que são asfixiantes: monóxido de carbono, dióxido de carbono, acetileno, metano, etc. • Anestesia - provocada por determinados gases ou vapores que após inalados, causam sonolência ou tonturas. Exemplos: éter etílico, acetona, clorofórmio, etc. →Fases de intoxicação: -A compreensão destas fases permite de!nir melhor as abordagens do ponto de vista de vigilância em saúde, assistência, prevenção e promoção da saúde das populações expostas e intoxicadas por substâncias químicas. • Fase de exposição: Corresponde ao contato do agente tóxico com o organismo. Nessa fase é importante considerar, entre outros fatores, a via de incorporação do agente tóxico, a dose ou concentração do mesmo, suas propriedades físico- químicas, bem como o tempo durante o qual se deu a exposição. A suscetibilidade da população exposta é também fator importante a ser considerado. • Fase toxicocinética: Corresponde ao período de “movimentação” do agente tóxico no organismo. Nesta fase destacam-se os processos de absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e eliminação do agente tóxico ou de seus metabólitos pelo organismo. As propriedades físico-químicas das substâncias químicas determinam o grau de acesso aos órgãos-alvo, assim como a velocidade de eliminação do organismo. Portanto, a toxicocinética da substância também condiciona a biodisponibilidade. ➢ Absorção: processo por meio do qual o agente tóxico atravessa as membranas celulares para alcançar a circulação sanguínea. É diferente em cada via: Oral: Uma vez no TGI, um agente tóxico poderá sofrer absorção desde a boca até o reto, geralmente pelo processo de difusão passiva. Poucas substâncias sofrem a absorção na mucosa oral, porque o tempo de contato é pequeno nesse local. Um dos fatores que favorecem a absorção intestinal de nutrientes e xenobióticos é a presença de microvilosidades, que proporcionam grande área de superfície. Há Fatores que interferem na absorção pelo TGI além das propriedades físicoquímicas dos toxicantes, outros fatores poderão interferir na absorção como o: estado de plenitude ou vacuidade gastrintestinal: (favorecida se o estômago estiver vazio), a apresentação do produto (sólida ou líquida), concentração enzimática e acidez (sucos digestivos, seja por sua acidez iônica, seja por ação enzimática, podem provocar mudanças na atividade ou na estrutura química do agente, alterando assim a velocidade de absorção), a motilidade intestinal, a capacidade da substância de provocar irritação e vômito; e efeito de primeira passagem pelo fígado (circulação porta; passam pelo fígado, podendo Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) Raquel Rogaciano 2 ser biotransformadas de maneira mais ou menos intensa sendo responsável pela menor biodisponibilidade de algumas substâncias). Alguns fatores que interferem na absorção pelo TGI podem variar de acordo com o sexo e, no feminino, entre as gestantes e não gestantes. Este fato é importante na avaliação da intensidade de absorção de xenobióticos por essa via. Cutânea: As substâncias químicas podem ser absorvidas, principalmente, através das células epidérmicas ou folículos pilosos. A absorção transepidérmica é o tipo de absorção cutânea mais freqüente, devido ao elevado número de células epidérmicas existente, embora não seja uma penetração muito fácil para os toxicantes. A absorção transfolicular é menos significativa, algumas substâncias químicas podem penetrar pelos folículos pilosos, alcançando rapidamente a derme. Existem vários fatores que podem interferir na absorção através da pele. Geralmente eles são agrupados em quatro classes diferentes: Fatores relacionados ao organismo (superfície corpórea, volume total de água corpórea, abrasão da pele, fluxo sangüíneo através da pele, queimaduras químicas e/ou térmicas, pilosidade), fatores relacionados ao agente químico (volatilidade e viscosidade; grau de ionização; tamanho molecular), fatores ligados à presença de outras substâncias na pele (vasoconstritores: estes vão reduzir a absorção cutânea, veículos: podem auxiliar na absorção, água, agentes tensoativos, solventes orgânicos) e fatores ligados às condições de trabalho (exposição ocupacional, tempo de exposição, temperatura do local de trabalho). -O contato dos agentes químicos na pele podem determinar: Efeito nocivo local sem ocorrer absorção cutânea. Ex.: ácidos e bases fortes. Efeito nocivo local e sistêmico. Ex.: o arsênio, benzeno, etc. Efeito nocivo sistêmico, sem causar danos no local de absorção: por exemplo, inseticidas carbamatos (exceção feita ao aldicarbque é um carbamato com potente ação local). Respiratória: é de suma importância para a Toxicologia Ocupacional (relacionada ao trabalho), O fluxo sanguíneo contínuo exerce uma ação de dissolução muito boa e muitos agentes químicos podem ser absorvidos rapidamente a partir dos pulmões. Os agentes passíveis de sofrerem absorção pulmonar são os gases e vapores e os aerodispersóides (são partículas sólidas ou líquidas de pequeno tamanho molecular, que ficam em suspensão no ar, por um período longo de tempo). Estas substâncias poderão ser absorvidas, tanto nas vias aéreas superiores, quanto nos alvéolos. ➢ Distribuição: Entende-se por distribuição de um agente tóxico, sua localização e concentração em diferentes tecidos do organismo. Portanto, a travésda absorção ou por administração direta, ele estará disponível para ser transportado pelo organismo com diferentes destinos: sítio de ação (órgão ou tecido onde exercerá sua ação tóxica), um ou vários sítios de armazenamento – locais onde o composto pode ser armazenado e que, para a maioria dos agentes tóxicos, não corresponde ao seu sítio de ação, e diversos órgãos para sua biotransformação. Normalmente a distribuição ocorre rapidamente e a velocidade e extensão desta, dependerá do fluxo sangüíneo, da velocidade de difusão nas interfaces sangue-tecido a qual é dependente do coeficiente de partição e do grau de ionização, da permeabilidade da membrana e da afinidade do tecido pelo composto. -Esses fatores são agrupados em duas categorias: ligados a substância (lipossolubilidade e grau de ionização; e afinidade química do agente) e ligados ao organismo (fluxo sangüíneo – quanto maior a irrigação de um órgão, maior será o contato do toxicante com o mesmo/ conteúdo de água ou lipídio de órgãos e tecidos – os agentes tóxicos se fixarão em órgãos ou tecidos de acordo com sua afinidade por esses conteúdos/ biotransformação do agente tóxico – o organismo tem capacidade de biotransformar a molécula de alguns agentes tóxicos transformando-as em derivados de maior lipossolubilidade, o que dificulta sua eliminação renal e facilita sua acumulação/ e integridade do órgão – a lesão de um órgão pode determinar a acumulação do toxicante). ➢ Biotransformação: Para reduzir a possibilidade de uma substância desencadear uma resposta tóxica, o organismo apresenta mecanismos de defesa que buscam diminuir a quantidade da mesma, que chega de forma ativa ao tecido alvo assim como, diminuir o tempo de permanência desta em seu sítio de ação. Para isso, é necessário diminuir a difusibilidade do toxicante e aumentar a velocidade de sua excreção. -A biotransformação pode ser, então, compreendida como um conjunto de alterações químicas (ou estruturais) que as substâncias sofrem no organismo, geralmente, ocasionadas por processos enzimáticos, com o objetivo de formar derivados mais polares e mais hidrossolúveis, pode ocorrer através de dois mecanismos: Mecanismo de ativação ou bioativação - que produz metabólitos com atividade igual ou maior do que o precursor. Mecanismo de desativação - quando o produto resultante é menos tóxico que o precursor. -A biotransformação pode ocorrer em qualquer tecido ou orgão do corpo, mas geralmente ocorre no fígado. ➢ Excreção: Os xenobióticos são, posteriormente, excretados através da urina (mais importante), bile, fezes, ar expirado, leite, suor e outras secreções, sob forma inalterada ou modificada quimicamente. Este processo é, muitas vezes, denominado "Eliminação", Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) Raquel Rogaciano 3 embora pelo conceito atual a eliminação envolve o processo de biotransformação. -Basicamente existem três classes de excreção: eliminação através das secreções (tais como a biliar, sudorípara, lacrimal, gástrica, salivar, láctea); excreções (tais como urina, fezes e catarro); eliminação pelo ar expirado. • Fase toxicodinâmica: Compreende a interação entre as moléculas das substâncias químicas e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos, podendo provocar desde leves distúrbios até mesmo a morte. -Corresponde à ação do agente tóxico no organismo. Atingindo o alvo, o toxicante ou o seu produto de biotransformação interage biologicamente causando alterações morfológicas e/ou funcionais, produzindo danos. -Quanto ao modo de ação, os agentes tóxicos podem ser: • Inespecíficos: ex. ácidos ou bases que atuam indistintamente sobre qualquer tecido, causando irritação e corrosão nos tecidos de contato; • Específicos: são mais seletivos e causam injúrias em determinado(s) tecido(s), sem lesar outros. A suscetibilidade de determinado(s) tecido(s) deve-se à presença de moléculas nas quais o agente tóxico se liga. Essas moléculas alvo exercem importantes funções no organismo e podem ser enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos, proteínas reguladoras, ácidos nucléicos, etc. Mecanismos específicos: 1.Alteração da expressão gênica; (carcinogênese, teratogênese) 2. Alteração química de proteínas específicas; (ativando ou inibindo-as) 3. Alteração do funcionamento de células excitáveis neurônio e músculos; (Alteração da disponibilidade do neurotransmissor, Interação com o receptor, Interação com canais iônicos, Alteração da fluidez das membranas) 4. Prejuízo da síntese de ATP; (interferirá com a integridade da membrana, funcionamento de bombas iônicas, síntese proteica. Se for intensa, levará à perda das funções celulares e morte celular. 5. Aumento de cálcio intracelular; (Depleção das reservas de ATP) 6. Indução de estresse oxidativo (Lesões ao DNA) (Mais de um mecanismo pode ser responsável pela toxicidade de um agente e eles podem ocorrer concomitantemente ou sequencialmente) • Fase clínica: Nesta fase há evidências de sinais e sintomas, ou ainda alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação da substância química com o organismo. - Efeito imediato (exposição única ou que ocorre, no máximo, em 24 horas. Em geral são efeitos intensamente graves e a evolução pode levar o paciente à morte) -Efeito crônico (exposição a pequenas doses, durante vários meses ou anos ) -Efeito retardado (ocorrem após um período de latência, mesmo quando já não mais existe a exposição; efeitos carcinogênicos). -Efeito local ou sistêmico: O efeito local refere-se àquele que ocorre onde acontece o primeiro contato entre o agente tóxico e o organismo. O efeito sistêmico, de ocorrência mais comum, é produzido em local distante do sítio de penetração do toxicante, portanto, exige uma absorção e distribuição da substância, de modo a atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor biológico. -Efeito reversível ou irreversível: desaparece quando cessa a exposição, enquanto o irreversível persiste mesmo após o término da exposição. -Efeitos somáticos ou germinativos: Os efeitos somáticos são aqueles que afetam uma ou mais funções vegetativas e os efeitos germinais correspondem às perturbações determinadas nas funções de reprodução, sobre a integridade dos descendentes e desenvolvimento de tumores. - Efeitos morfológicos, funcionais e bioquímicos: Efeitos morfológicos - os efeitos morfológicos referem-se às mudanças micro e macroscópicas na morfologias dos tecidos afetados. Muitos desses efeitos são irreversíveis como, por exemplo, a necrose e a neoplasia. Efeitos funcionais - em geral, representam mudanças reversíveis nas funções dos órgãos-alvo. Essas mudanças geralmente são detectadas antes ou em exposições a baixas doses quando comparadas às alterações morfológicas. Efeitos bioquímicos – apesar de todos os efeitos tóxicos estarem associados a alterações bioquímicas, quando se faz referência a efeitos bioquímicos, significa que os efeitos manifestam-se sem modificações morfológicas aparentes. Por exemplo, a inibição da acetilcolinesterase decorrente da exposição a inseticidas organofosforados ou carbamatos. →Períodos da intoxicação: • Subclínico: quando ainda não existem as manifestações clínicas, mas existe história de contato direto ou indireto com as substâncias químicas. A definição das ações de saúde dependerá das características da substância química e da exposição. • Clínico: neste momento os sinais e sintomas, quadros clínicos e síndromes são evidentes e determinarão as ações de saúde a serem adotadas. Pelo grande número de substâncias químicas existentes e considerando-se que muitas vezes a exposição é múltipla, a sintomatologia é inespecífica, principalmentena exposição de longo prazo. →Tipos de intoxicação: Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) Raquel Rogaciano 4 -As intoxicações às substâncias químicas podem ser agudas e crônicas, e poderão se manifestar de forma leve, moderada ou grave, a depender da quantidade da substância química absorvida, do tempo de absorção, da toxicidade do produto, da suscetibilidade do organismo e do tempo decorrido entre a exposição e o atendimento médico. • Intoxicação aguda: As intoxicações agudas são decorrentes de uma única exposição ao agente tóxico ou mesmo de sucessivas exposições, desde que ocorram num prazo médio de 24 horas, podendo causar efeitos imediatos sobre a saúde. Na intoxicação aguda, o estabelecimento da associação causa/efeito é mais evidente, uma vez que se conhece o agente tóxico. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave Manifesta-se através de um conjunto de sinais e sintomas, que se apresentam de forma súbita, alguns minutos ou algumas horas após a exposição excessiva de um indivíduo ou de um grupo de pessoas. • Intoxicação crônica: Os efeitos danosos sobre a saúde humana aparecem no decorrer de repetidas exposições, que normalmente ocorrem durante longos períodos de tempo. Os quadros clínicos são indefinidos, inespecíficos, sutis, gerais, de longa evolução e muitas vezes irreversíveis. -A intoxicação crônica pode manifestar-se por meio de inúmeras doenças, que atingem vários órgãos e sistemas, com destaque para os problemas neurológicos, imunológicos, endocrinológicos, hematológicos, dermatológicos, hepáticos, renais, malformações congênitas, tumores, entre outros. -Os diagnósticos são difíceis de ser estabelecidos e há uma maior dificuldade na associação causa/ efeito, principalmente quando há exposição de longo prazo a múltiplos produtos. (Vale salientar que um indivíduo com intoxicação aguda também pode apresentar sinais e/ou sintomas de intoxicação crônica. Portanto, sempre que alguém sair de um quadro de intoxicação aguda, deve ser seguido ambulatorialmente para investigação de efeitos tardios e, se for o caso, monitoramento da exposição de longo prazo e investigação de intoxicação crônica) →Principais agentes tóxicos: ➢ Medicamentos: Tipo mais frequente de intoxicação em todo o mundo, inclusive no Brasil. Ocorre frequentemente em crianças e em tentativas de suicídio. Benzodiazepinicos (diazepam, midazolam, clonazepam - tranqilizantes, ansiolíticos): - Toxicidade: Uso oral tem relativa segurança, o maior risco é uso EV, óbitos são raros - Quadro clínico: sonolência, letargia, sedação, ataxia, confusão mental, dificuldade de fala, hipotonia muscular, hiporreflexia e amnésia, há coma profundo e depressão respiratória quando associado com outras drogas do SNC. Fenobarbital (sedativo, anticonvulsionante): - Na intoxicação leve há sonolência, ataxia, confusão mental, linguagem incompreensível e alterações visuais, na moderada há sono profundo ou torpor, pouca manifestação espontânea e na grave há o coma, pupilas normais ou miose midríase,há reflexo à luz ou pupilas fixas. Antidepressivos Tricíclicos (amitriptilina e imipramina) - Quadro clínico: Fase I (12-24h: excitação, delírios, alucinações, hipertermia, mioclonias, convulsões, distonias), fase II (24- 72h: coma, depressão respiratória, hipoxia, hiporreflexia, hipotermia e hipotensão) e fase III (+72h: retorno ao quadro de agitação, delírios, desenvolve síndrome anticolinérgica) Carbamazepina (anticonvulsionante, tratamento de epilepsia) - Envolvido em tentativas de suicídio, raramente leva a óbito, exceto quando associado a agentes depressores do SNC. Sinais e sintomas predominantemente neurológicos: sonolência, confusão mentalm ataxia, nistagmo, convulsões e coma, oscilação de nível de consciência e sinais anticolinérgicos. Paracetamol: - Doses tóxicas: adulto 5-7,5g, óbito a partir de 15g. -Quadro clinico: fase I (24h: náuseas, vômitos, anorexia, mal-estar geral), fase II (24-72h: clinica anterior + trombocitopenia, alteração da função renal, manifestações cardíacas), fase III (72-96h: lesão hepática, alteração na coagulação sanguínea, alterações cardíacas, coma e óbito), fase IV (4d- 2semanas: caso o paciente sobreviva, o dano é reversível e a recuperação é completa). Salicilatos (AAS, analgésico e anti-piréticos) - Na intoxicação leve há náuseas, vômitos, epigastralgia, rubor e desidratação, na moderada há hipertermia, hiperventilação, sudorese, cefaleia, ansiedade, vertigem, irritabilidade e tremores, na intoxicação severa há hipo ou hiperglicemia, sonolência, delírios, convulsões, coma, insuficiência renal e hepática, edema pulmonar, choque e óbito. ➢ Domissanitários: Produtos de composição e toxicidade variada, responsável por muitos envenenamentos. Alguns são produzidos ilegalmente por “fábricas de fundo de quintal”, e comercializados de “porta em porta”. Geralmente tem maior Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) Raquel Rogaciano 5 concentração, causando envenenamentos com maior freqüência e de maior gravidade que os fabricados legalmente. -Principais exemplos: Sabões e detergentes; desinfetantes; agentes de limpeza; inseticidas domésticos; raticidas domésticos; repelentes domésticos. -Mecanismo de ação: Há várias formas de classificar os produtos cáusticos e corrosivos. A maneira mais habitual é a de dividir os agentes entre ácidos e álcalis: • Ácidos: são doadores de prótons e provocam lesão principalmente quando o pH é inferior a 3. O mecanismo de lesão é por necrose de coagulação, produzindo ressecamento da mucosa e escaras. Resultando em edema, eritema, ulceração e necrose do tecido; • Álcalis: são receptores de prótons e provocam lesão principalmente quando o pH é superior a 11. O mecanismo de lesão é por necrose de liquefação, ocorrendo dissolução de proteínas, destruição de colágeno, saponificação de gorduras e trombose transmural, resultando em lesão extensa por penetração profunda no tecido. Caústicos (álcalis e ácidos): -Dependendo do tipo de exposição; irritação respiratória, dispneia, lesão de córnea, fotofobia, queimadura grave, necrose tecidual, dor oral e retroesternal, vomito, desidratação... -Não diluir porque distende estomago e aumenta superfície de contato e absorção, não induzir vômitos, não fazer lavagem gástrica, não fazer neutralização pois libera calor e dana mucosa. Deve-se irrigar local com água. Surfactantes (shampoos, sabões, detergentes): -SURFACTANTES ANIÔNICOS: Apresentam toxicidade relativamente baixa. São irritantes moderados da pele e possuem ação desengordurante e irritante. Nos raros casos de intoxicação por ingestão, podem ter ação emetizante, o que dificulta a absorção de quantidades maiores. -SURFACTANTES CATIÔNICOS: São mais tóxicos que os aniônicos. Ingestão de soluções concentradas determina lesões intensas na mucosa digestiva, como dor digestiva, vômitos, náuseas e disfagia. -SURFACTANTES NÃO IONICOS: Mais usados para produção de cosméticos, medicamentos e como aditivo alimentar. São menos tóxicos, mas também apresentam propriedades irritativas sobre a pele e mucosa. -Quadro clinico depende da via; na via oral há náuseas, vômitos, diarreia, desconforto abdominal, em altas concentrações; irritação, perfurações, edema de glote e pulmão. Contato cutâneo: eczemas e sensibilização, e contato ocular: conjuntivite, irritação. ➢ Inseticidas de uso doméstico: São pouco tóxicos quando usados de forma adequada. Podem causar alergias e envenenamento, principalmente em pessoas sensíveis. A desinsetização em ambientes domiciliar, comercial, hospitalar, etc., por pessoa ou “empresa” não capacitada pode provocar envenenamento nos aplicadores, moradores, animais domésticos, trabalhadores e principalmenteem pessoas internadas, ao se utilizarem produtos tóxicos nestes ambientes. ➢ Animais peçonhentos: Constitui o grupo de maior número de casos registrados em nosso Estado. Isto se deve a alguns fatores: A Bahia é um Estado com extensa área rural, onde a ocorrência de acidentes por animais é grande. -Animais peçonhentos são aqueles que produzem uma peçonha em um grupo de células ou órgão secretor (glândula), e possuem uma ferramenta, capaz de injetar tal peçonha na sua presa ou predador. Esta ferramenta podem ser dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos, entre outros. ➢ Pesticidas de uso agrícola/ agrotóxico: São as principais causas de registro de óbitos no Brasil, principalmente pelo uso inadequado e nas tentativas de suicídio. -Agrotóxicos são substâncias químicas naturais ou sintéticas destinadas a combater as pragas que atacam as lavouras. Algumas centenas de compostos químicos são utilizados como agrotóxicos, incluídos em vários milhares de formulações ou produtos comerciais. - Além do uso agrícola, inúmeros produtos são também utilizados em campanhas de saúde pública (como malária, doença de Chagas, esquistossomose) ou nas residências (produtos domissanitários). -Do ponto de vista toxicológico, os agrotóxicos podem ser classificados em dois tipos principais: os inibidores das colinesterases (organofosforados e carbamatos) e os neurotóxicos (organoclorados e piretróides). ➢ Raticidas: No Brasil, só estão autorizados os raticidas à base de anticoagulantes cumarínicos. São grânulos ou iscas, pouco tóxicos e mais eficazes que os clandestinos, porque matam o rato, eliminam as colônias. A utilização de produtos altamente tóxicos, proibidos para o uso doméstico tem provocado envenenamentos graves e óbitos. REFERÊNCIAS ➢ Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul. A saúde no trabalho: a exposição a agrotóxicos (Cartilha impressa) ➢ Secretaria Estadual de Saúde do Piauí. Acidentes por agrotóxicos: conhecendo e prevenindo (Folder impresso) ➢ Diretrizes Brasileiras sobre Intoxicação por Agrotóxicos - CONITEC
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