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Intoxicação Exógena: Tipos e Conduta

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Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
Raquel Rogaciano 1 
INTOXICAÇÃO EXÓGENA: TIPOS, 
MECANISMOS DE AÇÃO E CONDUTA 
 INTOXICAÇÃO EXÓGENA: 
-Intoxicação exógena é o conjunto de efeitos nocivos 
representados por manifestações clínicas ou 
laboratoriais que revelam o desequilíbrio orgânico 
produzido pela interação de um ou mais agentes 
tóxicos com o sistema biológico. 
→Agente tóxico: Agente tóxico é uma substância 
química, quase sempre de origem antropogênica, 
capaz de causar dano a um sistema biológico, 
alterando uma ou mais funções, podendo provocar a 
morte (sob certas condições de exposição). De modo 
geral, a intensidade da ação do agente tóxico será 
proporcional à concentração e ao tempo de 
exposição. 
→Fatores importantes para a intoxicação: 
• Tempo de exposição - quanto maior for o tempo 
em que a pessoa ficou exposta aos produtos químicos, 
maiores serão as possibilidades deste produto causar 
danos à sua saúde. 
• Concentração do agente - quanto maior for a 
concentração do agente químico, maior será a chance 
de poder causar um efeito danoso à saúde. 
• Toxicidade - algumas substâncias são mais 
tóxicas que outras, se comparadas a uma mesma 
concentração. 
• Natureza da substância química – se é um gás, 
um líquido, vapor, etc. Isto tem relação com a forma de 
entrada deste tóxico no organismo, que veremos mais 
abaixo. 
• Susceptibilidade individual - algumas pessoas são 
mais sensíveis do que outras a determinados agentes 
químicos. 
→Vias de absorção dos componentes químicos tóxicos: 
• Por inalação – podemos absorver uma substância 
química nociva pela respiração, quando estamos em 
um local contaminado. 
• Pela pele - certas substâncias podem penetrar no 
organismo através da pele, mesmo que o contato seja 
breve, mesmo sem escoriações ou ferimentos. 
• Por ingestão – podemos ingerir substâncias 
químicas nocivas acidentalmente quando nos 
alimentamos em locais contaminados ou através das 
mãos, por hábitos inadequados de higiene. 
→Efeitos das substancias no organismo: 
• Podemos ter desde uma simples irritação até 
mesmo intoxicações que podem levar à morte. 
• Irritação dos olhos, nariz, garganta, pulmões ou 
pele, geralmente causada por produtos que se 
apresentam na forma de gases ou vapores, como os 
vapores de ácidos, amoníacos, solventes 
(removedores), cimento, poeiras, etc. 
• Asfixia. Podemos exemplificar algumas 
substâncias químicas que são asfixiantes: monóxido de 
carbono, dióxido de carbono, acetileno, metano, etc. 
• Anestesia - provocada por determinados gases 
ou vapores que após inalados, causam sonolência ou 
tonturas. Exemplos: éter etílico, acetona, clorofórmio, 
etc. 
→Fases de intoxicação: 
-A compreensão destas fases permite de!nir melhor as 
abordagens do ponto de vista de vigilância em saúde, 
assistência, prevenção e promoção da saúde das 
populações expostas e intoxicadas por substâncias 
químicas. 
• Fase de exposição: Corresponde ao contato do 
agente tóxico com o organismo. Nessa fase é 
importante considerar, entre outros fatores, a via de 
incorporação do agente tóxico, a dose ou 
concentração do mesmo, suas propriedades físico-
químicas, bem como o tempo durante o qual se deu a 
exposição. A suscetibilidade da população exposta é 
também fator importante a ser considerado. 
• Fase toxicocinética: Corresponde ao período de 
“movimentação” do agente tóxico no organismo. Nesta 
fase destacam-se os processos de absorção, 
distribuição, armazenamento, biotransformação e 
eliminação do agente tóxico ou de seus metabólitos 
pelo organismo. As propriedades físico-químicas das 
substâncias químicas determinam o grau de acesso aos 
órgãos-alvo, assim como a velocidade de eliminação 
do organismo. Portanto, a toxicocinética da substância 
também condiciona a biodisponibilidade. 
➢ Absorção: processo por meio do qual o agente tóxico 
atravessa as membranas celulares para alcançar a 
circulação sanguínea. É diferente em cada via: 
Oral: Uma vez no TGI, um agente tóxico poderá sofrer 
absorção desde a boca até o reto, geralmente pelo 
processo de difusão passiva. Poucas substâncias sofrem 
a absorção na mucosa oral, porque o tempo de 
contato é pequeno nesse local. Um dos fatores que 
favorecem a absorção intestinal de nutrientes e 
xenobióticos é a presença de microvilosidades, que 
proporcionam grande área de superfície. Há Fatores 
que interferem na absorção pelo TGI além das 
propriedades físicoquímicas dos toxicantes, outros 
fatores poderão interferir na absorção como o: estado 
de plenitude ou vacuidade gastrintestinal: (favorecida 
se o estômago estiver vazio), a apresentação do 
produto (sólida ou líquida), concentração enzimática e 
acidez (sucos digestivos, seja por sua acidez iônica, seja 
por ação enzimática, podem provocar mudanças na 
atividade ou na estrutura química do agente, alterando 
assim a velocidade de absorção), a motilidade 
intestinal, a capacidade da substância de provocar 
irritação e vômito; e efeito de primeira passagem pelo 
fígado (circulação porta; passam pelo fígado, podendo 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
Raquel Rogaciano 2 
ser biotransformadas de maneira mais ou menos intensa 
sendo responsável pela menor biodisponibilidade de 
algumas substâncias). Alguns fatores que interferem na 
absorção pelo TGI podem variar de acordo com o sexo 
e, no feminino, entre as gestantes e não gestantes. Este 
fato é importante na avaliação da intensidade de 
absorção de xenobióticos por essa via. 
Cutânea: As substâncias químicas podem ser 
absorvidas, principalmente, através das células 
epidérmicas ou folículos pilosos. A absorção 
transepidérmica é o tipo de absorção cutânea mais 
freqüente, devido ao elevado número de células 
epidérmicas existente, embora não seja uma 
penetração muito fácil para os toxicantes. A absorção 
transfolicular é menos significativa, algumas substâncias 
químicas podem penetrar pelos folículos pilosos, 
alcançando rapidamente a derme. Existem vários 
fatores que podem interferir na absorção através da 
pele. Geralmente eles são agrupados em quatro classes 
diferentes: Fatores relacionados ao organismo 
(superfície corpórea, volume total de água corpórea, 
abrasão da pele, fluxo sangüíneo através da pele, 
queimaduras químicas e/ou térmicas, pilosidade), 
fatores relacionados ao agente químico (volatilidade e 
viscosidade; grau de ionização; tamanho molecular), 
fatores ligados à presença de outras substâncias na pele 
(vasoconstritores: estes vão reduzir a absorção cutânea, 
veículos: podem auxiliar na absorção, água, agentes 
tensoativos, solventes orgânicos) e fatores ligados às 
condições de trabalho (exposição ocupacional, tempo 
de exposição, temperatura do local de trabalho). 
-O contato dos agentes químicos na pele podem 
determinar: 
Efeito nocivo local sem ocorrer absorção 
cutânea. Ex.: ácidos e bases fortes. 
Efeito nocivo local e sistêmico. Ex.: o arsênio, 
benzeno, etc. 
Efeito nocivo sistêmico, sem causar danos no local de 
absorção: por exemplo, inseticidas carbamatos 
(exceção feita ao aldicarbque é um carbamato com 
potente ação local). 
Respiratória: é de suma importância para a Toxicologia 
Ocupacional (relacionada ao trabalho), O fluxo 
sanguíneo contínuo exerce uma ação de dissolução 
muito boa e muitos agentes químicos podem ser 
absorvidos rapidamente a partir dos pulmões. Os 
agentes passíveis de sofrerem absorção pulmonar são 
os gases e vapores e os aerodispersóides (são partículas 
sólidas ou líquidas de pequeno tamanho molecular, que 
ficam em suspensão no ar, por um período longo de 
tempo). Estas substâncias poderão ser absorvidas, tanto 
nas vias aéreas superiores, quanto nos alvéolos. 
➢ Distribuição: Entende-se por distribuição de um 
agente tóxico, sua localização e concentração em 
diferentes tecidos do organismo. Portanto, a travésda 
absorção ou por administração direta, ele estará 
disponível para ser transportado pelo organismo com 
diferentes destinos: sítio de ação (órgão ou tecido onde 
exercerá sua ação tóxica), um ou vários sítios de 
armazenamento – locais onde o composto pode ser 
armazenado e que, para a maioria dos agentes tóxicos, 
não corresponde ao seu sítio de ação, e diversos órgãos 
para sua biotransformação. Normalmente a distribuição 
ocorre rapidamente e a velocidade e extensão desta, 
dependerá do fluxo sangüíneo, da velocidade de 
difusão nas interfaces sangue-tecido a qual é 
dependente do coeficiente de partição e do grau de 
ionização, da permeabilidade da membrana e da 
afinidade do tecido pelo composto. 
-Esses fatores são agrupados em duas categorias: 
ligados a substância (lipossolubilidade e grau de 
ionização; e afinidade química do agente) e ligados ao 
organismo (fluxo sangüíneo – quanto maior a irrigação 
de um órgão, maior será o contato do toxicante com o 
mesmo/ conteúdo de água ou lipídio de órgãos e 
tecidos – os agentes tóxicos se fixarão em órgãos ou 
tecidos de acordo com sua afinidade por esses 
conteúdos/ biotransformação do agente tóxico – o 
organismo tem capacidade de biotransformar a 
molécula de alguns agentes tóxicos transformando-as 
em derivados de maior lipossolubilidade, o que dificulta 
sua eliminação renal e facilita sua acumulação/ e 
integridade do órgão – a lesão de um órgão pode 
determinar a acumulação do toxicante). 
➢ Biotransformação: Para reduzir a possibilidade de 
uma substância desencadear uma resposta tóxica, o 
organismo apresenta mecanismos de defesa que 
buscam diminuir a quantidade da mesma, que chega 
de forma ativa ao tecido alvo assim como, diminuir o 
tempo de permanência desta em seu sítio de ação. 
Para isso, é necessário diminuir a difusibilidade do 
toxicante e aumentar a velocidade de sua excreção. 
-A biotransformação pode ser, então, compreendida 
como um conjunto de alterações químicas (ou 
estruturais) que as substâncias sofrem no organismo, 
geralmente, ocasionadas por processos enzimáticos, 
com o objetivo de formar derivados mais polares e mais 
hidrossolúveis, pode ocorrer através de dois 
mecanismos: 
Mecanismo de ativação ou bioativação - que produz 
metabólitos com atividade igual ou maior do que o 
precursor. Mecanismo de desativação - quando o 
produto resultante é menos tóxico que o precursor. 
-A biotransformação pode ocorrer em qualquer tecido 
ou orgão do corpo, mas geralmente ocorre no fígado. 
➢ Excreção: Os xenobióticos são, posteriormente, 
excretados através da urina (mais importante), bile, 
fezes, ar expirado, leite, suor e outras secreções, sob 
forma inalterada ou modificada quimicamente. Este 
processo é, muitas vezes, denominado "Eliminação", 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
Raquel Rogaciano 3 
embora pelo conceito atual a eliminação envolve o 
processo de biotransformação. 
-Basicamente existem três classes de excreção: 
eliminação através das secreções (tais como a biliar, 
sudorípara, lacrimal, gástrica, salivar, láctea); excreções 
(tais como urina, fezes e catarro); eliminação pelo ar 
expirado. 
• Fase toxicodinâmica: Compreende a interação 
entre as moléculas das substâncias químicas e os sítios 
de ação, específicos ou não, dos órgãos, podendo 
provocar desde leves distúrbios até mesmo a morte. 
-Corresponde à ação do agente tóxico no organismo. 
Atingindo o alvo, o toxicante ou o seu produto de 
biotransformação interage biologicamente causando 
alterações morfológicas e/ou funcionais, produzindo 
danos. 
-Quanto ao modo de ação, os agentes tóxicos podem 
ser: 
• Inespecíficos: ex. ácidos ou bases que atuam 
indistintamente sobre qualquer tecido, causando 
irritação e corrosão nos tecidos de contato; 
• Específicos: são mais seletivos e causam injúrias em 
determinado(s) tecido(s), sem lesar outros. A 
suscetibilidade de determinado(s) tecido(s) deve-se à 
presença de moléculas nas quais o agente tóxico se 
liga. Essas moléculas alvo exercem importantes funções 
no organismo e podem ser enzimas, moléculas 
transportadoras, canais iônicos, proteínas reguladoras, 
ácidos nucléicos, etc. 
 Mecanismos específicos: 
1.Alteração da expressão gênica; (carcinogênese, 
teratogênese) 
2. Alteração química de proteínas específicas; 
(ativando ou inibindo-as) 
3. Alteração do funcionamento de células excitáveis 
neurônio e músculos; (Alteração da disponibilidade do 
neurotransmissor, Interação com o receptor, Interação 
com canais iônicos, Alteração da fluidez das 
membranas) 
4. Prejuízo da síntese de ATP; (interferirá com a 
integridade da membrana, funcionamento de bombas 
iônicas, síntese proteica. Se for intensa, levará à perda 
das funções celulares e morte celular. 
5. Aumento de cálcio intracelular; (Depleção das 
reservas de ATP) 
6. Indução de estresse oxidativo (Lesões ao DNA) 
(Mais de um mecanismo pode ser responsável pela 
toxicidade de um agente e eles podem ocorrer 
concomitantemente ou sequencialmente) 
• Fase clínica: Nesta fase há evidências de sinais e 
sintomas, ou ainda alterações patológicas detectáveis 
mediante provas diagnósticas, caracterizando os 
efeitos nocivos provocados pela interação da 
substância química com o organismo. 
- Efeito imediato (exposição única ou que ocorre, no 
máximo, em 24 horas. Em geral são efeitos intensamente 
graves e a evolução pode levar o paciente à morte) 
-Efeito crônico (exposição a pequenas doses, durante 
vários meses ou anos ) 
-Efeito retardado (ocorrem após um período de 
latência, mesmo quando já não mais existe a 
exposição; efeitos carcinogênicos). 
-Efeito local ou sistêmico: O efeito local refere-se àquele 
que ocorre onde acontece o primeiro contato entre o 
agente tóxico e o organismo. O efeito sistêmico, de 
ocorrência mais comum, é produzido em local distante 
do sítio de penetração do toxicante, portanto, exige 
uma absorção e distribuição da substância, de modo a 
atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor 
biológico. 
-Efeito reversível ou irreversível: desaparece quando 
cessa a exposição, enquanto o irreversível persiste 
mesmo após o término da exposição. 
-Efeitos somáticos ou germinativos: Os efeitos somáticos 
são aqueles que afetam uma ou mais funções 
vegetativas e os efeitos germinais correspondem às 
perturbações determinadas nas funções de 
reprodução, sobre a integridade dos descendentes e 
desenvolvimento de tumores. 
- Efeitos morfológicos, funcionais e bioquímicos: Efeitos 
morfológicos - os efeitos morfológicos referem-se às 
mudanças micro e macroscópicas na morfologias dos 
tecidos afetados. Muitos desses efeitos são irreversíveis 
como, por exemplo, a necrose e a neoplasia. 
Efeitos funcionais - em geral, representam mudanças 
reversíveis nas funções dos órgãos-alvo. Essas mudanças 
geralmente são detectadas antes ou em exposições a 
baixas doses quando comparadas às alterações 
morfológicas. 
Efeitos bioquímicos – apesar de todos os efeitos tóxicos 
estarem associados a alterações bioquímicas, quando 
se faz referência a efeitos bioquímicos, significa que os 
efeitos manifestam-se sem modificações morfológicas 
aparentes. Por exemplo, a inibição da 
acetilcolinesterase decorrente da exposição a 
inseticidas organofosforados ou carbamatos. 
→Períodos da intoxicação: 
• Subclínico: quando ainda não existem as manifestações 
clínicas, mas existe história de contato direto ou indireto 
com as substâncias químicas. A definição das ações de 
saúde dependerá das características da substância 
química e da exposição. 
• Clínico: neste momento os sinais e sintomas, quadros 
clínicos e síndromes são evidentes e determinarão as 
ações de saúde a serem adotadas. Pelo grande 
número de substâncias químicas existentes e 
considerando-se que muitas vezes a exposição é 
múltipla, a sintomatologia é inespecífica, 
principalmentena exposição de longo prazo. 
 
→Tipos de intoxicação: 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
Raquel Rogaciano 4 
-As intoxicações às substâncias químicas podem ser 
agudas e crônicas, e poderão se manifestar de forma 
leve, moderada ou grave, a depender da quantidade 
da substância química absorvida, do tempo de 
absorção, da toxicidade do produto, da suscetibilidade 
do organismo e do tempo decorrido entre a exposição 
e o atendimento médico. 
• Intoxicação aguda: As intoxicações agudas são 
decorrentes de uma única exposição ao agente tóxico 
ou mesmo de sucessivas exposições, desde que 
ocorram num prazo médio de 24 horas, podendo causar 
efeitos imediatos sobre a saúde. Na intoxicação aguda, 
o estabelecimento da associação causa/efeito é mais 
evidente, uma vez que se conhece o agente tóxico. 
Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave 
Manifesta-se através de um conjunto de sinais e 
sintomas, que se apresentam de forma súbita, alguns 
minutos ou algumas horas após a exposição excessiva 
de um indivíduo ou de um grupo de pessoas. 
• Intoxicação crônica: Os efeitos danosos sobre a saúde 
humana aparecem no decorrer de repetidas 
exposições, que normalmente ocorrem durante longos 
períodos de tempo. Os quadros clínicos são indefinidos, 
inespecíficos, sutis, gerais, de longa evolução e muitas 
vezes irreversíveis. 
-A intoxicação crônica pode manifestar-se por meio de 
inúmeras doenças, que atingem vários órgãos e 
sistemas, com destaque para os problemas 
neurológicos, imunológicos, endocrinológicos, 
hematológicos, dermatológicos, hepáticos, renais, 
malformações congênitas, tumores, entre outros. 
-Os diagnósticos são difíceis de ser estabelecidos e há 
uma maior dificuldade na associação causa/ efeito, 
principalmente quando há exposição de longo prazo a 
múltiplos produtos. 
(Vale salientar que um indivíduo com intoxicação 
aguda também pode apresentar sinais e/ou sintomas 
de intoxicação crônica. Portanto, sempre que alguém 
sair de um quadro de intoxicação aguda, deve ser 
seguido ambulatorialmente para investigação de 
efeitos tardios e, se for o caso, monitoramento da 
exposição de longo prazo e investigação de 
intoxicação crônica) 
→Principais agentes tóxicos: 
➢ Medicamentos: Tipo mais frequente de intoxicação em 
todo o mundo, inclusive no Brasil. Ocorre 
frequentemente em crianças e em tentativas de 
suicídio. 
Benzodiazepinicos (diazepam, midazolam, clonazepam 
- tranqilizantes, ansiolíticos): 
- Toxicidade: Uso oral tem relativa segurança, o maior 
risco é uso EV, óbitos são raros 
- Quadro clínico: sonolência, letargia, sedação, ataxia, 
confusão mental, dificuldade de fala, hipotonia 
muscular, hiporreflexia e amnésia, há coma profundo e 
depressão respiratória quando associado com outras 
drogas do SNC. 
Fenobarbital (sedativo, anticonvulsionante): 
 - Na intoxicação leve há sonolência, ataxia, confusão 
mental, linguagem incompreensível e alterações visuais, 
na moderada há sono profundo ou torpor, pouca 
manifestação espontânea e na grave há o coma, 
pupilas normais ou miose midríase,há reflexo à luz ou 
pupilas fixas. 
Antidepressivos Tricíclicos (amitriptilina e imipramina) 
- Quadro clínico: Fase I (12-24h: excitação, delírios, 
alucinações, hipertermia, mioclonias, convulsões, 
distonias), fase II (24- 72h: coma, depressão respiratória, 
hipoxia, hiporreflexia, hipotermia e hipotensão) e fase III 
(+72h: retorno ao quadro de agitação, delírios, 
desenvolve síndrome anticolinérgica) 
Carbamazepina (anticonvulsionante, tratamento de 
epilepsia) 
- Envolvido em tentativas de suicídio, raramente leva a 
óbito, exceto quando associado a agentes depressores 
do SNC. Sinais e sintomas predominantemente 
neurológicos: sonolência, confusão mentalm ataxia, 
nistagmo, convulsões e coma, oscilação de nível de 
consciência e sinais anticolinérgicos. 
 Paracetamol: 
 - Doses tóxicas: adulto 5-7,5g, óbito a partir de 15g. 
-Quadro clinico: fase I (24h: náuseas, vômitos, anorexia, 
mal-estar geral), fase II (24-72h: clinica anterior + 
trombocitopenia, alteração da função renal, 
manifestações cardíacas), fase III (72-96h: lesão 
hepática, alteração na coagulação sanguínea, 
alterações cardíacas, coma e óbito), fase IV (4d-
2semanas: caso o paciente sobreviva, o dano é 
reversível e a recuperação é completa). 
Salicilatos (AAS, analgésico e anti-piréticos) 
- Na intoxicação leve há náuseas, vômitos, 
epigastralgia, rubor e desidratação, na moderada há 
hipertermia, hiperventilação, sudorese, cefaleia, 
ansiedade, vertigem, irritabilidade e tremores, na 
intoxicação severa há hipo ou hiperglicemia, 
sonolência, delírios, convulsões, coma, insuficiência 
renal e hepática, edema pulmonar, choque e óbito. 
➢ Domissanitários: Produtos de composição e 
toxicidade variada, responsável por muitos 
envenenamentos. Alguns são produzidos ilegalmente 
por “fábricas de fundo de quintal”, e comercializados 
de “porta em porta”. Geralmente tem maior 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
Raquel Rogaciano 5 
concentração, causando envenenamentos com maior 
freqüência e de maior gravidade que os fabricados 
legalmente. 
-Principais exemplos: Sabões e detergentes; 
desinfetantes; agentes de limpeza; inseticidas 
domésticos; raticidas domésticos; repelentes 
domésticos. 
-Mecanismo de ação: Há várias formas de classificar os 
produtos cáusticos e corrosivos. A maneira mais habitual 
é a de dividir os agentes entre ácidos e álcalis: 
• Ácidos: são doadores de prótons e provocam lesão 
principalmente quando o pH é inferior a 3. O mecanismo 
de lesão é por necrose de coagulação, produzindo 
ressecamento da mucosa e escaras. Resultando em 
edema, eritema, ulceração e necrose do tecido; 
• Álcalis: são receptores de prótons e provocam lesão 
principalmente quando o pH é superior a 11. O 
mecanismo de lesão é por necrose de liquefação, 
ocorrendo dissolução de proteínas, destruição de 
colágeno, saponificação de gorduras e trombose 
transmural, resultando em lesão extensa por 
penetração profunda no tecido. 
Caústicos (álcalis e ácidos): 
-Dependendo do tipo de exposição; irritação 
respiratória, dispneia, lesão de córnea, fotofobia, 
queimadura grave, necrose tecidual, dor oral e 
retroesternal, vomito, desidratação... 
-Não diluir porque distende estomago e aumenta 
superfície de contato e absorção, não induzir vômitos, 
não fazer lavagem gástrica, não fazer neutralização 
pois libera calor e dana mucosa. Deve-se irrigar local 
com água. 
Surfactantes (shampoos, sabões, detergentes): 
-SURFACTANTES ANIÔNICOS: Apresentam toxicidade 
relativamente baixa. São irritantes moderados da pele e 
possuem ação desengordurante e irritante. Nos raros 
casos de intoxicação por ingestão, podem ter ação 
emetizante, o que dificulta a absorção de quantidades 
maiores. 
-SURFACTANTES CATIÔNICOS: São mais tóxicos que os 
aniônicos. Ingestão de soluções concentradas 
determina lesões intensas na mucosa digestiva, como 
dor digestiva, vômitos, náuseas e disfagia. 
-SURFACTANTES NÃO IONICOS: Mais usados para 
produção de cosméticos, medicamentos e como 
aditivo alimentar. São menos tóxicos, mas também 
apresentam propriedades irritativas sobre a pele e 
mucosa. 
-Quadro clinico depende da via; na via oral há náuseas, 
vômitos, diarreia, desconforto abdominal, em altas 
concentrações; irritação, perfurações, edema de glote 
e pulmão. Contato cutâneo: eczemas e sensibilização, 
e contato ocular: conjuntivite, irritação. 
➢ Inseticidas de uso doméstico: São pouco tóxicos 
quando usados de forma adequada. Podem causar 
alergias e envenenamento, principalmente em pessoas 
sensíveis. A desinsetização em ambientes domiciliar, 
comercial, hospitalar, etc., por pessoa ou “empresa” 
não capacitada pode provocar envenenamento nos 
aplicadores, moradores, animais domésticos, 
trabalhadores e principalmenteem pessoas internadas, 
ao se utilizarem produtos tóxicos nestes ambientes. 
 
➢ Animais peçonhentos: Constitui o grupo de maior 
número de casos registrados em nosso Estado. Isto se 
deve a alguns fatores: A Bahia é um Estado com extensa 
área rural, onde a ocorrência de acidentes por animais 
é grande. 
-Animais peçonhentos são aqueles que produzem uma 
peçonha em um grupo de células ou órgão secretor 
(glândula), e possuem uma ferramenta, capaz de 
injetar tal peçonha na sua presa ou predador. Esta 
ferramenta podem ser dentes modificados, aguilhão, 
ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos, 
entre outros. 
➢ Pesticidas de uso agrícola/ agrotóxico: São as principais 
causas de registro de óbitos no Brasil, principalmente 
pelo uso inadequado e nas tentativas de suicídio. 
-Agrotóxicos são substâncias químicas naturais ou 
sintéticas destinadas a combater as pragas que atacam 
as lavouras. Algumas centenas de compostos químicos 
são utilizados como agrotóxicos, incluídos em vários 
milhares de formulações ou produtos comerciais. 
- Além do uso agrícola, inúmeros produtos são também 
utilizados em campanhas de saúde pública (como 
malária, doença de Chagas, esquistossomose) ou nas 
residências (produtos domissanitários). 
-Do ponto de vista toxicológico, os agrotóxicos podem 
ser classificados em dois tipos principais: os inibidores 
das colinesterases (organofosforados e carbamatos) e 
os neurotóxicos (organoclorados e piretróides). 
➢ Raticidas: No Brasil, só estão autorizados os raticidas à 
base de anticoagulantes cumarínicos. São grânulos ou 
iscas, pouco tóxicos e mais eficazes que os clandestinos, 
porque matam o rato, eliminam as colônias. A utilização 
de produtos altamente tóxicos, proibidos para o uso 
doméstico tem provocado envenenamentos graves e 
óbitos. 
REFERÊNCIAS 
➢ Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul. A 
saúde no trabalho: a exposição a agrotóxicos (Cartilha 
impressa) 
➢ Secretaria Estadual de Saúde do Piauí. Acidentes por 
agrotóxicos: conhecendo e prevenindo (Folder impresso) 
➢ Diretrizes Brasileiras sobre Intoxicação por Agrotóxicos - 
CONITEC

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