Buscar

PARADIGMA DOMINANTE[1698]

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A crise do Paradigma Dominante sob a perspectiva de Boaventura de Sousa 
Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manaus – AM 
2017 
 
 
 
 
EDERON DA CUNHA PIMENTEL 
EUCYR COSTA DE FARIAS JUNIOR 
EWERTON PALHETA FERNANDES 
JANAINA RIBEIRO DA SILVA 
KAROLINE CASTRO RIBEIRO 
REGINA CÉLIA F. DE MACENA 
SUZANY PINHEIRO MAGALHÃES 
TACIANA PIRES DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
A crise do Paradigma Dominante sob a perspectiva de Boaventura de Sousa 
Santos 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina de: 
Epistemologia em Psicologia, do 4º Período do 
curso de Psicologia como requisito para obtenção 
da nota parcial da 2º ARE. 
 
 
 
 
 
Manaus – AM 
 
 
2017 
SUMÁRIO 
 
Apresentação................................................................................................ p.04 
Observação da Realidade............................................................................. p.05 
Pontos-Chave.................................................................................................p.06 
Teorização......................................................................................................p.08 
Hipóteses de Solução.....................................................................................p.12 
Referencias.....................................................................................................p.15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Apresentação 
 “Por que o Paradigma Dominante das Ciências entrou em crise? E qual 
foi a solução encontrada na perspectiva de Boaventura de Sousa Santos?” 
 O presente trabalho tem como foco e objetivo principal responder a tal 
pergunta, pois ela é o ponto base para este estudo. Através deste trabalho, 
temos o intuito de elucidar o conhecimento a respeito da Crise do Paradigma 
Dominante, enfocando as principais condições que desencadearam a crise, 
como a esta ocorreu e qual a solução para a mesma. 
 Para chegarmos a uma resposta utilizaremos como método investigativo 
o “Arco de Maguerez”, com o suporte da pesquisa bibliográfica, a fim de se obter 
uma visão mais clara da problemática. O Arco de Maguerez consiste em um 
método investigativo, que conta com 5 etapas em sua produção. 
A primeira etapa é a da Observação da realidade e definição do problema. 
É o início de um processo de apropriação de informações pelos participantes 
que são levados a observar a realidade em si, com seus próprios olhos, e a 
identificar-lhes as características, a fim de, mediante os estudos, poderem 
contribuir para a transformação da realidade observada. A segunda etapa, que 
são os pontos-chave podem ser expressos de forma variada: questões básicas 
que se apresentam para o estudo; afirmações sobre aspectos do problema; 
tópicos a serem investigados; ou, ainda, por outras formas. 
A terceira etapa – a da Teorização – é o momento de construir respostas 
mais elaboradas para o problema. Os dados obtidos, registrados e tratados, são 
analisados e discutidos, buscando-se um sentido para eles, tendo sempre em 
vista o problema. A quarta etapa – a das Hipóteses de Solução –,a criatividade 
e a originalidade devem ser bastante estimuladas para se pensar nas 
alternativas de solução.Por fim, a última etapa – a da Aplicação à Realidade – é 
aquela que possibilita o intervir, o exercitar, o manejar situações associadas à 
solução do problema. 
 
 
 
 
4 
Observação da Realidade 
 
Por que o Paradigma Dominante das Ciências entrou em crise? E qual foi a 
solução encontrada na perspectiva de Boaventura de Sousa Santos? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Pontos-Chave 
Condições Sociais e Teóricas 
 A crise do paradigma dominante é o resultado interativo de uma 
pluralidade de condições, dentre elas, as principais são as teóricas e sociais. 
 Sobre as condições teóricas, pode-se começar fazendo uma observação 
aparentemente trivial, mas bastante relevante, que é a identificação dos limites 
e das insuficiências estruturais do paradigma cientifico moderno e o resultado do 
grande avanço no conhecimento que ele propiciou. O aprofundamento do 
conhecimento permitiu ver a fragilidade dos pilares em que se funda. 
 Quanto as condições teóricas, pode-se destacar como as principais 
contribuições para a crise do paradigma dominante: 
• A revolução cientifica iniciada com Einstein e sua teoria da subjetividade 
da relatividade; 
• A mecânica quântica, que relativizou as leis de Newton no domínio da 
microfísica, com Heisenberg e Bohr; 
• O rigor da matemática, com as contribuições de investigação de Gödel, 
com o teorema da incompletude e os teoremas sobre a impossibilidade; 
• O avanço do conhecimento nas áreas da microfísica, química e biologia 
na segunda metade do século XX. 
 No que diz respeito as condições sociais, não se trata detalhadamente, 
devido a sua complexidade e extensão. Boaventura de Sousa Santos salienta 
dois efeitos principais oriundos da industrialização da ciência, quais sejam, a 
estratificação da sociedade científica, com a proletarização de inúmeros 
cientistas, e a investigação capital-intensivista, que tornou impossível o livre 
acesso a equipamentos, aumentando o fosso de desenvolvimento científico 
entre países ricos e pobres. 
 
 
 
 
 
6 
Crise profunda e irreversível 
O Paradigma dominante tem como base a racionalidade cientifica, tendo em 
vista que se consolidou a partir da revolução cientifica no final do século XVI, 
considerando inicialmente apenas as ciências naturais e apenas no século XIX 
passou a considerar as ciências sociais. Por conta deste modelo de ciência 
racional, o Paradigma dominante aceita apenas uma forma de conhecimento 
como verdadeiro, aquele que segue os seus preceitos. 
 A ciência moderna pressupõe um mundo sem mudanças, em que 
prevalecem a segurança e a previsibilidade em todos os sentidos da vida. Com 
isso, é possível formular leis que serão ferrenhamente respeitadas e obedecidas, 
sejam elas leis naturais ou sociais. Essa ideia de mundo-maquina proporciona 
um melhor funcionamento social e cientifico na era moderna. A previsibilidade 
dos fenômenos naturais e sociais fundamentou o determinismo mecanicista que 
irá sustentar a ciência moderna. 
 A crise começou a despontar, quando percebeu-se que apesar dos 
ganhos em rigor, a ciência perdeu a capacidade de auto-regulação. Com isso, 
as ideias de autonomia da ciência e do desinteresse do conhecimento, findaram 
com o fenômeno global de industrialização. A partir disto, percebeu-se que a 
ciência perdeu sua autonomia, sendo agora submetida aos centros de poder 
econômicos, políticos e sociais, que agora passariam a determinar as 
prioridades cientificas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Teorização 
Condições Teóricas e Sociais 
 As condições que desencadeadoras da crise do paradigma dominante 
são de cunho teórico e social, ainda que inicialmente as ciências sociais fossem 
postergadas do âmbito cientifico. Dentre as condições propostas, a teórica é 
mais abrangente e de maior impacto em relação a crise, pois são nas teorias que 
a ciência se constitui. 
 De acordo com Boaventura de Sousa Santos (2008), “Einstein constitui o 
primeiro rombo no paradigma da ciência moderna, um rombo, aliás, mais 
importante do que o que Einstein foi subjetivamente capaz de admitir. [...]” 
(Santos, 2008, p. 41). Einstein foi um dos pioneiros na quebra do paradigma 
dominante, com sua teoria geral da relatividade. Essa teoria veio revolucionar as 
concepções de tempo e espaço e com isso, a teoria de Newton sobre tempo e 
espaço absolutos deixam de existir. Essa descoberta é o primeiro marco na 
derrubada do paradigma dominante. 
 O segundo marco da queda do paradigma dominante, segundo 
Boaventura (2008) se refere a mecânica quântica. Para ele, “Se Einsteinrelativizou o rigor das leis de Newton no domínio da astrofísica, a mecânica 
quântica fê-lo no domínio da microfísica. Heisenberg e Bohr demonstram que 
não é possível observar ou medir um objeto sem interferir nele, sem o alterar, e 
a tal ponto que o objeto que sai de um processo de medição não e o mesmo que 
lá entrou.” (Santos, 2008, p.43) Com isso, provou-se que o conhecimento que se 
obteve até então sobre as leis da física não são absolutos e que pode-se apenas 
aspirar resultados aproximados e que tais leis são apenas probabilísticas. 
 A terceira condição teórica para a crise do paradigma dominante 
encontra-se no Teorema da Incompletude de Gödel. Boaventura (2008) afirma 
que “O teorema da incompletude (ou do não completamente) e os teoremas 
sobre a impossibilidade, em certas circunstancias, de encontrar dentro de um 
dado sistema formal a prova da sua consistência vieram mostrar que, mesmo 
seguindo à risca as regras da logica matemática, é possível formular proposições 
indecidíveis, proposições que se não podem demonstrar nem refutar, sendo que 
 
 
8 
uma dessas proposições é precisamente a que postula o caráter não 
contraditório do sistema.” (Sousa, 2008, p.45). Com isso, as investigações de 
Gödel vem demonstrar que o rigor da matemática carece de fundamento. A partir 
disso é possível não só questionar o rigor da matemática, como também redefini-
lo enquanto forma de rigor que se opõe a outras formas de rigor alternativo, uma 
forma de rigor cujas condições de êxito na ciência moderna não podem continuar 
a ser concebidas como naturais e obvias. 
 A quarta e última, porém não menos importante condição para a crise do 
paradigma dominante se trata do avanço dos conhecimentos nas áreas da 
microfísica, química e biologia nos últimos vinte anos. Boaventura (2008) 
menciona a obra do físico-químico Ilya Prigogine, sua teoria das estruturas 
dissipativas e o princípio da ordem através de flutuações. Essa teoria estabelece 
que em sistemas abertos, a evolução explica-se por flutuações de energia que 
em determinado momento desencadeiam reações espontâneas que, por via de 
mecanismos não lineares, pressionam o sistema para além de um limite máximo 
de instabilidade e o conduzem a um novo estado macroscópico. 
“A importância desta teoria está na nova concepção da matéria e da natureza 
que propõe, uma concepção dificilmente compaginavel com a que herdamos da 
física clássica. Em vez da eternidade, a história; em vez do determinismo, a 
imprevisibilidade; em vez do mecanicismo, a interpenetração, a espontaneidade 
e a auto-organização; em vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evolução; 
em vez da ordem, a desordem; em vez da necessidade, a criatividade e o 
acidente. A teoria de Prigogine recupera inclusivamente conceitos aristotélicos 
tais como os conceitos de potencialidade e virtualidade que a revolução cientifica 
do século XVI parecia ter atirado definitivamente para o lixo da história.” (Santos, 
2008, p. 48) 
 Todas essas condições teóricas da crise do paradigma dominante tem por 
objetivo propiciar uma profunda reflexão sobre o conhecimento cientifico, mas 
um reflexão rica e diversificada, que possibilite caracterizar a situação intelectual 
do tempo presente. 
 Em relação as condições sociais, Boaventura de Sousa Santos (2008) 
não se aprofunda muito. Mas basicamente, as condições sociais referem-se a 
perda de autonomia da ciência, que com a revolução cientifica, havia firmado 
 
 
9 
compromisso com o poder político, econômico e social, que a partir de então 
definem as prioridades da ciência. 
 Ainda sobre as condições sociais, Boaventura afirma: “No domínio da 
organização do trabalho cientifico, a industrialização da ciência produziu dois 
efeitos principais. Por um lado, a comunidade cientifica estratificou-se, as 
relações de poder entre cientistas tornaram-se mais autoritárias e desiguais e a 
esmagadora maioria dos cientistas foi submetida a um processo de 
proletarização no interior dos laboratórios e dos centros de investigação. Por 
outro lado, a investigação capital- intensiva (assente em instrumentos caros e 
raros) tornou impossível o livre acesso ao equipamento, o que contribuiu para o 
aprofundamento do fosso, em termos de desenvolvimento cientifico e 
tecnológico, entre os países centrais e os países periféricos.” (Santos, 2008, p. 
58) 
 
Crise Profunda e Irreversível 
 Segundo Thomas Kuhn (1998), o termo paradigma: “De um lado indica 
toda a constelação de crenças, valores, técnicas, etc., partilhadas pelos 
membros de uma comunidade determinada. De outro, denota um tipo de 
elemento dessa constelação: as soluções concretas de quebra-cabeças que, 
empregadas como modelos ou exemplos, podem substituir regras explicitas 
como base para a solução dos restantes quebra-cabeças da ciência normal.” 
(Kuhn, 1998, p.218) 
 Em outras palavras, o paradigma é uma realização cientifica passada, de 
caráter exemplar, que possibilita usá-lo como modelo para realizações presentes 
e futuras. O paradigma tem o papel de “base cientifica” para as novas 
descobertas e teorias cientificas. 
 A crise de um paradigma, ocasiona geralmente, uma mudança nesse 
paradigma, que consistem principalmente em revoluções cientificas. São essas 
revoluções que caracterizam de fato uma crise em um paradigma. Segundo 
Kuhn, existem fatores internos e externos a ciência que causam essa crise. 
 
 
 
10 
Como causas internas, pode-se apontar o desenvolvimento teórico e 
metodológico dentro de uma mesma teoria e o esgotamento dos 
modelostradicionais de explicação oferecidos pela própria teoria, o que leva a 
busca de alternativas. Causas externas referem-se as mudanças na sociedade 
e na cultura de uma época, que fazem com que as teorias tradicionais deixem 
de ser satisfatórias, perdendo seu poder explicativo, devendo ser substituídas 
por novas teorias que se encaixem na demanda social. Geralmente, em uma 
revolução cientifica, é observado os dois tipos de causa. 
 Conforme afirma Kuhn (1962), a ciência normal não se propõe descobrir 
novidades no terreno dos fatos ou da teoria; quando e bem sucedida, não as 
encontra. Entretanto, fenômenos novos e insuspeitados são periodicamente 
descobertos pela pesquisa cientifica; cientistas tem constantemente inventado 
teorias radicalmente novas. 
 A inexistência dessa busca por novas descobertas cientificas, mesmo 
sabendo que a ciência e o conhecimento está em constante desenvolvimento, é 
a principal causa da crise, pois o paradigma dominante demorou a consolidar-se 
e tem-se essa ideia de quem algo que foi confirmado ao longo do tempo não 
pode ser contestado por qualquer nova ideia, ainda que seja clara a necessidade 
dessa contestação e até mesmo modificação desse paradigma. 
 Isso tornou inviável o desenvolvimento cientifico, o que colocou o 
paradigma dominante em cheque e acabou causando uma crise e 
consequentemente sua queda, o que possibilitou o surgimento de um novo 
paradigma, que atende as necessidades da revolução cientifica, possibilitando 
tanto o desenvolvimento cientifico, como o desenvolvimento social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Hipóteses de solução 
 
 Na tentativa de responder à pergunta inicial que norteia esse trabalho, 
torna-se necessário compreender as causas da crise do paradigma dominante e 
porque esse paradigma entrou em crise. E para possibilitar o conhecimento da 
solução para tal crise, utilizaremos a perspectiva de Boaventura de Sousa 
Santos, que fala sobre o paradigma emergente como recurso para a crise do 
paradigma dominante. 
 Segundo afirma em seu livro Um discurso sobre as ciências, Boaventura 
de Sousa Santos (2008), que o paradigma emergente é um conhecimento 
prudente para uma vida decente. “Com esta designação quero significar que a 
natureza da revolução cientifica que atravessamos e estruturalmente diferente 
da que ocorreu no século XVI. Sendo uma revoluçãocientifica que ocorre numa 
sociedade ela própria revolucionada pela ciência, o paradigma a emergir dela 
não pode ser apenas um paradigma cientifico (paradigma de um conhecimento 
prudente), tem de ser também um paradigma social (o paradigma de uma vida 
decente).” (Santos, 2008, p. 60) 
 Boaventura nos traz uma definição inteligível desse paradigma 
emergente. Percebe-se que o paradigma emergente está preocupado não só em 
se afirmar como verdade absoluta, de interesse apenas cientifico, mas também 
como um paradigma social, proporcionando essa vida decente que o autor cita. 
 Esse paradigma emergente cientifico-social é apresentado por 
Boaventura através de um conjunto de teses seguidas de justificação. 
1. Todo conhecimento cientifico natural é cientifico-social: com a queda 
do paradigma dominante e o surgimento do paradigma emergente, a 
dicotomia ciências naturais X ciências sociais deixou de ter sentido, pois 
contrapõe os conceitos de ser humano, cultura e sociedade, pontos 
chaves no paradigma emergente. 
“O conhecimento do paradigma emergente tende assim a ser um 
conhecimento não dualista, um conhecimento que se funda na superação 
 
 
das distinções tão familiares e obvias que até há pouco considerávamos 
insubstituíveis, tais como natureza/cultura, natural/ artificial, 
12 
vivo/inanimado, mente/matéria, observador/observado, subjetivo/objetivo, 
coletivo/individual, animal/pessoa.” (Sousa, 2008, p. 64) 
2. Todo conhecimento é local e total: na ciência moderna o conhecimento 
avança pela especialização. O conhecimento é tanto mais rigoroso quanto 
mais restrito é o objeto sobre que incide. 
“Nisso reside, aliás, o que hoje se reconhece ser o dilema básico da 
ciência moderna: o seu rigor aumenta na proporção direta da 
arbitrariedade com que espartilha o real. Sendo um conhecimento 
disciplinar, tende a ser um conhecimento disciplinado, isto e, segrega uma 
organização do saber orientada para policiar as fronteiras entre as 
disciplinas e reprimir os que as quiserem transpor.” (Santos, 2008, p. 74) 
 “No paradigma emergente o conhecimento e total, tem como horizonte a 
 totalidade universal de que fala Wigner ou a totalidade indivisa de que fala 
 Bohm. Mas sendo total, é também local. Constitui-se em redor de temas 
 que em dado momento são adoptados por grupos sociais concretos como 
 projetos de vida locais [...]” (Santos, 2008, p.76) 
O conhecimento deve controlar como será utilizado, devendo ser 
observado o rigor de sua aplicação, respeitando os objetivos do 
paradigma emergente. Não segue um método cientifico único, mas utiliza 
uma pluralidade metodológica. 
3. Todo conhecimento é autoconhecimento: Como no paradigma 
emergente não há mais distinção entre ciências naturais e ciências 
sociais, também não deve mais existir a dicotomia entre sujeito e objeto 
pela ciência moderna. Com isso, todo o conhecimento do objeto 
proporciona ao sujeito um conhecimento sobre si mesmo. 
“Regressara transfigurado, sem nada de divino senão o nosso desejo de 
harmonia e comunhão com tudo o que nos rodeia e que, vemos agora, e 
o mais íntimo de nos. Uma nova gnose está em gestação.” (Santos, 2008, 
p. 83) 
 
 
4. Todo conhecimento cientifico visa constituir-se em senso comum: O 
paradigma emergente entende que nenhum conhecimento é desprezível 
e estimula a interação dos mesmos, não ignorando o senso comum, 
13 
mostrando que este, em conjunto com o conhecimento cientifico pode ser 
bastante enriquecedor e cria uma nova racionalidade. 
“Tenta, pois, dialogar com outras formas de conhecimento deixando-se 
penetrar por elas. A mais importante de todas é o conhecimento do senso 
comum, o conhecimento vulgar e pratico com que no cotidiano orientamos 
as nossas ações e damos sentido a nossa vida. [...] A ciência pós-
moderna procura reabilitar o senso comum por reconhecer nesta forma 
de conhecimento algumas virtualidades para enriquecer a nossa relação 
com o mundo. E certo que o conhecimento do senso comum tende a ser 
um conhecimento mistificado e mistificador mas, apesar disso e apesar 
de ser conservador, tem uma dimensão utópica e libertadora que pode 
ser ampliada através do diálogo com o conhecimento cientifico.” (Santos 
2008, p. 88,89) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
REFÊRENCIAS 
 
• SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 5ª 
Edição – São Paulo: Cortez, 2008. 
• BERTOTTI, Monique. Resenha crítica da obra: “Um discurso sobre as 
ciências” de Boaventura de Sousa Santos. Revista Direito em Debate, 
ano XXIII, nº 41, jan.-jun. 2014. Pág. 280 – 292. 
• KUHN, Thomas S.; A estrutura das revoluções cientificas. 5ª Edição – 
São Paulo: Editora Perspectiva, 1998. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15

Continue navegando