Buscar

Trabalho Gestão Áreas Protegidas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

4
15
	
Argentina Domingos João José
Aleluia do Rosário Martins
Alexandre Tobasse Luís
António Horácio
Dina Márcia Lobo
3º GRUPO, TURMA A
Desafios das Áreas de Conservação em Moçambique e contributos das Áreas de Conservação no Desenvolvimento Comunitário.
LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
(HABILITAÇÃO EM ECOTURISMO)
 
Universidade Pungue
Extensão-Tete
2021
	
Desafios das Áreas de Conservação em Moçambique e contributos das Áreas de Conservação no Desenvolvimento Comunitário.
LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
(HABILITAÇÃO EM ECOTURISMO)
	Trabalho de pesquisa bibliográfica a ser avaliado e apresentado na cadeira de GAP no curso de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário do Departamento de Geociências sob orientação do,
Dr. Rogerio Cuinhane 
	
 
Universidade Pungue
Extensão-Tete
2021
INDICE
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	CONTEXTUALIZAÇÃO	5
2.1.	Desafios das Áreas de Conservação em Moçambique	6
2.2.	O Contributo das Áreas de Conservação no Desenvolvimento Comunitário	10
2.2.1.	Projecto de gestão de recursos naturais baseado na comunidade de Tchuma – Tchato, na Província de Tete	10
2.2.2.	Projecto Chipanje-Chetu	12
3.	CONCLUSÃO	15
4.	REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS	16
1. INTRODUÇÃO 
A gestão e um dos instrumentos importantes para a conservação da biodiversidade no que diz respeito à criação de áreas protegidas (AP). Originalmente configurada para garantir a proteção dos ecossistemas idílicos que serviriam de reduto de contato com a natureza para as populações urbanas, sua concepção vem sofrendo reconfigurações incluindo desde a necessidade de conservação da diversidade biológica até, mais recentemente, a justiça socio ambiental para as populações impactadas por essa criação. A criação de áreas protegidas ainda representa um significativo desafio ao planeamento sistemático da conservação. Ainda que o incremento dessas áreas não represente em si a solução para a conservação da biodiversidade, ela assume a função principal, responsável por ser representativa dessas áreas.
No presente trabalho temos como objectivo geral do tema abordar sobre os desafios de áreas de conservação em Moçambique, apresentando seus principais impasses também como objectivos específicos conceituar os termos relacionados com o tema e apresentar a contribuição que as áreas de conservação tem no desenvolvimento comunitário. 
2. 
CONTEXTUALIZAÇÃO
Embora historicamente o termo área protegida tenha sido aplicada a todo e qualquer espaço que beneficia de algum tipo de proteção preocupada com a natureza, desde pelo menos a segunda metade do século XX esforços tem sido feito com o objetivo de elaborar um conceito de área protegida que inclui outras características básicas.
A definição de área protegida mais aceita internacionalmente nos meios científicos e políticos foi elaborada e vem sendo atualizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Trata-se do conceito de área protegida utilizado como referência pela Base de dados Mundial de áreas protegidas. Até 2016 essa definição é:
Uma área protegida é um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido, através de meios legais ou outros igualmente eficazes, com o objetivo de garantir a conservação a longo prazo da natureza, juntamente com os serviços ecossistêmicos e os valores culturais associados.
Esse conceito foi elaborado pela UICN a partir dos anos 1960, com o objetivo de melhorar a comunicação entre os diferentes atores das áreas protegidas. Trata-se de uma definição que segue a mesma linha de outros conceitos previstos primeiro na Convenção para a Preservação de Animais Selvagens, Pássaros e Peixes na África (também chamada Convenção de Londres de 1900), e depois na Convenção Relativa à Preservação da Fauna e da Flora em seu Estado Natural (também chamada Convenção de Londres de 1933), e na Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América conhecida como Convenção de Washington de 1940). Esses documentos foram pioneiros na busca por uniformizar a crescente diversidade de nomenclaturas de áreas protegidas que foram surgindo nos países, e juntamente com o conceito de área protegida da UICN serviram de base para o conceito de área protegida que consta na Convenção sobre Diversidade Biológica.
2.1. Desafios das Áreas de Conservação em Moçambique 
Em Moçambique, dados indicam que a conservação da natureza foi sempre uma prioridade das civilizações, embora pouco se sabe sobre a temática, no período pré-colonial. Ainda assim, Ombe & Fungulane (1996) relacionam a conservação da natureza com os modos de vida, o ambiente, os usos e costumes dos povos Bantu em Moçambique, o que leva a crer que alguma noção do uso racional dos recursos naturais já se tinha em mente, tal como acontecia, em outros países do Mundo.
Em relação ao período colonial, um dos fatores que tanto contribuiu para a degradação dos solos e consequentemente do meio ambiente, segundo os autores, foi o cultivo do algodão e outros produtos para a exportação. Moçambique, devido à sua localização geográfica, onde ocupa quase toda a faixa costeira do oceano indico, sempre foi um dos países da preferência dos asiáticos, árabes e povos europeus para questões de trocas comerciais. O ouro, o marfim, os escravos, as oleaginosas, mariscos entre outros são indicados pelos autores como sendo os produtos que impulsionavam o comércio na região. Refira-se que grande número de elefantes foram abatidos nesse período, para extração de troféus para as trocas comerciais. Sabe-se que entre os séculos XVII e XVIII, grandes quantidades de marfim foram exportadas de Moçambique para diferentes cantos do mundo, com destaque para Asia e Europa, estimando-se uma média mensal de duas a três embarcações que saíam de Moçambique com produtos diversos onde se destacava o ouro e o marfim. Era a fauna bravia a ser destruída e prevê-se que a redução ou diminuição na população dos elefantes tenha iniciado nessa época.
Ombe & Fungulane (1996) dividem a história de conservação da natureza em Moçambique em duas fases principais, sendo a primeira, respeitante ao período anterior ao decreto nº40/040 de 20 de janeiro de 1955, que define preceitos ligados à proteção da fauna, flora e solos nas colónias portuguesas e a segunda fase, onde Portugal, observando as decisões da convenção de Londres, cria instituições e estruturas vocacionadas pela proteção da natureza.
Os autores evidenciam a grande procura do marfim e das peles dos elefantes, pelos comerciantes asiáticos e europeus, o que obrigou Portugal a reforçar os mecanismos de proteção da fauna, através de alguma legislação sobre a caça, a qual abria espaço para a caça de nível local, pois, ao restringir completamente a atividade de caça seria equivalente a tornar a vida das populações mais difícil ou quase que impossível, uma vez que esta era um dos seus meios de subsistência.
Não adotando estas medidas, concorria-se para o extermínio das espécies, devido a falta de noção sobre o uso racional, o que resultaria em consequências irreversíveis de âmbito social, económico bem como científico.
Segundo o decreto nº 40/040, que foi um dos primeiros instrumentos normativos na matéria de conservação da natureza em moçambique, no periodo colonial,
São parques nacionais, as áreas sujeitas a direção e fiscalização públicas, reservadas para a propagação, proteção e conservação da vida animal selvagem e da vegetação espontânea e ainda para a conservação de objetos de interesse estético, geológico, pré-histórico, arqueológico ou outro interesse cientifico em beneficio e para a recreação do publico, e nas quais é proibido caçar, abater ou capturar e destruir ou colher plantas, salvo por iniciativa ou sob fiscalização das autoridades respetivas (Ombe e Fungulane, 1996, p. 34).
Analisando este conceito de áreas protegidas segundo o decreto anteriormente referido, pode-se entender que uma das funçõesdas áreas protegidas, para além de proteger, conservar e propagar as espécies biológicas, tem também a função educativa e investigativa.
Partindo desta base, percebe-se claramente que as espécies encontradas em locais fora do seu habitat natural, não podem satisfazer estas necessidades, visto que elas estão isoladas daquilo que é o seu ecossistema natural, quando os estudos científicos vão além de estudar a espécie singularmente, mas sim com as diversas interações com o meio ambiente. No entanto, estas diversas interações que garantem o equilíbrio ecológico não eram tidas como relevantes, aquando da criação das áreas protegidas, sendo que o foco era na proteção das espécies biológicas.
Analisando o papel científico-educativo das áreas protegidas em Moçambique no tempo colonial, Ombe e Fungulane (1996) consideram que este não foi dado muita relevância, de tal forma que esta matéria era pouco inserida em programas educativos, e que a fraca capacidade económica de Portugal, estaria na origem desta fraca inserção, pois ações que tem a ver com a conservação da natureza acarretam custos elevados.
Os autores realçam o facto de o Governo de Moçambique ter herdado os problemas da época colonial. Segundo autores, Moçambique criou uma série de legislação ambiental que fosse ao encontro da atual situação do país, instituições que pudessem trabalhar no sentido de harmonizar a convivência e o bem-estar da população, principalmente a questão da segurança alimentar em consonância com a conservação ambiental, tomou inúmeras medidas corretivas para a resolução de alguns problemas que já vinham do passado, onde a instrução foi uma outra área que mereceu atenção especial do Governo.
Refira-se que em 1977 foi criada uma escola de formação de agentes de conservação da natureza, que funciona no Parque Nacional da Gorongosa, cujo objetivo central era formar quadros para o sector, à luz das orientações e diretivas económicas e sociais do terceiro congresso da Frelimo. Entretanto, a guerra civil entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique e a resistência Nacional de Moçambique, veio a reduzir todos os esforços ao fracasso. Como se pode imaginar, todo o tipo de guerra provoca consequências dolosas no país ou região onde ocorre, quer sejam de ordem social, económica, ambiental entre outras. Moçambique não foi uma exceção.
A movimentação desordenada da população, a procura de locais mais seguros para se refugiarem, a fome, a incerteza do futuro e vários outros tipos de desastres da população, provocados pela guerra, provocaram consequências nefastas para o processo de conservação da natureza, de tal forma que todos os esforços ora iniciados, reduzidos ao fracasso. "As zonas de proteção da fauna bravia foram várias vezes invadidas e transformadas em locais de abate indiscriminados de animais para a venda descontrolada de trofeus e despojos" Ombe & Fungulane (1996, p.49).
Só após o fim da guerra, em 1992, o país começou a tentar reerguer-se dos vários problemas ora tidos, sendo que desde então, o Governo de Moçambique, com o apoio de parceiros de cooperação, sector privado e ONGs, vem investindo na reabilitação de infraestruturas, habitats, repovoamento e recuperação de espécies e populações de fauna, na maioria das Áreas de Conservação do país.
Atualmente, Moçambique assumiu vários compromissos nesta matéria, sendo signatário de várias convenções internacionais sobre a conservação da natureza e da biodiversidade, sendo de maior destaque, a Convenção sobre a Diversidade Biológica, a Convenção sobre o Comercio Internacional de Espécies de Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas (CITES), Convenção de Ramsar, Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), e as varias obrigações decorrentes das iniciativas regionais, como os Protocolos da SADC sobre Florestas, Conservação da
Fauna Bravia e Fiscalização (Plano Estratégico da Administração Nacional das Áreas de Conservação-ANAC, 2015-2024). Conforme estabelecido na Política de Conservação Moçambicana e sua Estratégia de Implementação, as áreas de conservação em Moçambique têm como objetivos principais a conservação da biodiversidade nacional e a contribuição para o crescimento económico e para a erradicação da pobreza no país.
Atualmente, as áreas de conservação em Moçambique ocupam cerca de 18,57 milhões de hectares, que correspondem a cerca de 25% do território nacional, e incluem 7 Parques Nacionais, 9 Reservas Nacionais, 20 Coutadas Oficiais, e áreas de conservação comunitárias e 50 Fazendas de Bravio (Plano Estratégico da ANAC, 2015-2024).
As Áreas de Conservação em Moçambique possuem caraterísticas diversificadas, tanto do ponto de vista ecossistémico, como pela sua localização. Algumas Áreas de Conservação incluem variados ecossistemas, nomeadamente o terrestre, costeiro e marinho, por exemplo, a Reserva Especial do Maputo, o Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto, o Parque Nacional das Quirimbas e a Reserva do Lago Niassa. Esta característica contribui para o seu elevado valor do ponto de vista da conservação da biodiversidade e torna-as particularmente atrativas do ponto de vista turístico (Plano estratégico da ANAC, 2015 – 2024).
Outras áreas de conservação estão localizadas ao longo da fronteira com países vizinhos, como são os casos do Parque Nacional de Limpopo, Parque Nacional de Magoé, Reserva Especial do Maputo, Reserva Nacional de Chimanimani, Reserva Nacional do Niassa e a Reserva Marinha Parcial da Ponta d’Ouro.
Estas áreas de conservação estão integradas em iniciativas regionais de áreas de conservação transfronteiriças, o que cria e amplia as oportunidades de cooperação neste domínio e abre espaço para o desenvolvimento de turismo regional e internacional abrangente, com significativos ganhos para o país. A Lei da Conservação nº 16/2014, de 20 de junho estabelece duas grandes categorias de Áreas de Conservação: as áreas de conservação total, em que atividade humana é limitada, e as áreas de conservação de uso sustentável, em que a presença e integração das comunidades locais nos objetivos de conservação é permitida. Assim, a Lei abre espaço para a continuidade dos programas de reassentamento em curso nas Áreas de Conservação e ao mesmo tempo dá oportunidade à promoção e desenvolvimento de áreas de conservação comunitária que podem incluir outros projetos que sejam benéficos à comunidade local.
Desde o fim da guerra civil, Moçambique tem envidado esforços, com o apoio de parceiros de cooperação, sector privado e ONGs, investindo na reabilitação de infraestruturas, habitats, repovoamento e recuperação de espécies e populações de fauna, na maioria das Áreas de Conservação do país (Plano Estratégico da ANAC, 2015-2024).
No entanto, apesar destes esforços, a situação atual das Áreas de Conservação ainda é marcada por infraestruturas e serviços de apoio ao turismo que são pouco atrativos para os visitantes e também não atraem os investidores. Os investimentos necessários são avultados pelo que requerem parcerias estratégicas, com os doadores, parceiros de cooperação, sector privado e comunidades locais. Por outro lado, o auto-financiamento da ANAC nos próximos anos será um dos seus grandes desafios (Plano Estratégico de ANAC, 2015 – 2024).
2.2. O Contributo das Áreas de Conservação no Desenvolvimento Comunitário 
Exemplos de projectos cujos benefícios revertem para o desenvolvimento de comunidades locais em Moçambique
Diversos autores incluindo a Unidade de Maneio Comunitário - UMC, 1998; Sitoe et.al., 2007; Nhantumbo, 2004; entre outros, consideram os projectos Tchuma Tchatu e Chipanje Chetu como sendo os exemplos de gestão comunitária cujos resultados merecem destaque pelos sucessos alcançados no envolvimento das comunidades locais. Em seguida apresentam-se os dois exemplos.
2.2.1. Projecto de gestão de recursos naturais baseado na comunidade de Tchuma – Tchato, na Província de Tete
O projecto Tchuma-tchato é desenvolvido desde 1995 no Distrito de Mágoe, Província de Tete. Este projecto consiste no envolvimento comunitário, na preservaçãodos recursos naturais em geral e faunísticos em particular, que são abundantes nas áreas situadas ao longo do vale do Rio Zambeze (Sitoe et.al.,2007).
O Distrito de Mágoè é uma área bastante rica em fauna bravia, onde a caça e a pesca constituem duas das alternativas para a segurança alimentar das comunidades locais. Alguns dos animais que se podem encontrar na área do projecto incluem os Leões, búfalos, pala-pala, javalis, elefantes, rinocerontes e hipopótamos. Os residentes deste território têm uma longa experiência de comércio informal da carne e dos troféus de caça com os países vizinhos (Zâmbia e Zimbabwe) (Chidiamassamba, 2001, Sitoe et.al.,2007).
De acordo com os autores, a participação das comunidades locais neste projecto tem sido concretizada através da eleição de conselhos de aldeia, compostos por entre sete a dez pessoas em cada aldeia. Estes conselhos agem como representantes das comunidades e são responsáveis pelo controlo da caça furtiva, planificação geral do uso da terra e distribuição dos benefícios.
Há também comités de fiscalização que registam a quantidade de animais abatidos em determinado período de tempo, confrontando depois com os dados registados pelo proprietário do acampamento turístico e o Governo, para se calcular a média dos valores a serem pagos como recompensa pelo esforço de preservação e conservação da fauna.
A participação das comunidades locais no projecto tem sido efectiva na fiscalização de actividades como a caça desportiva, organizada como um dos atractivos turísticos. Com efeito, os turistas percorrem longas distâncias em busca de um leão, um elefante ou um rinoceronte para abater, propiciando cenas registadas em fotografia ou vídeo (Sitoe et.al.,2007).
A Unidade de Maneio Comunitário (UMC) refere que a carne dos animais abatidos é posteriormente dividida pelas comunidades da área. Entretanto, o director do projecto tem autoridade para fazer toda a gestão diária, celebrar acordos e tomar decisões com a comunidade sem se preocupar em que estas sejam abolidas pelo governo provincial ou nacional. Tal requer que estejam claramente definidos todos os níveis de responsabilidade e autoridade, com o acordo de todos os interessados (UMC, 1998).
De acordo com os autores, o sucesso deste projecto é garantido pelo Diploma Ministerial produzido especificamente para a área do Tchuma-tchatu, que assegura que as comunidades e o governo local compartilhem as receitas provenientes das taxas de licença de troféus. Em termos de repartição dos benefícios, as comunidades locais recebem apenas 33 porcento do valor, sendo o restante redistribuído por vários organismos do Estado. É aqui onde parece residir o problema porque o Governo está a ganhar a dobrar, em detrimento das comunidades que noite e dia estão envolvidos na vigilância para evitar a caça furtiva, cujos autores violam as florestas para abater animais e explorarem ilicitamente madeira e outros recursos (Sitoe et.al., 2007).
A avaliação feita pela Unidade de Maneio Comunitário revela que, as comunidades, em geral mostram interesse no projecto e empenham-se com a gestão dos recursos naturais quando conseguem benefícios directos. Entretanto, uma vez que neste caso os benefícios não atingiram as comunidades por vários anos, durante esse período elas não se predispuseram a participar e continuaram a usar os recursos de uma forma insustentável, mantendo-se cépticas às actividades do projecto e, portanto, menos desejosas de participar (UMC, 1998).
Fora a experiência aqui descrita, um outro projecto de realce, envolvendo as comunidades locais é a seguir apresentado.
2.2.2. Projecto Chipanje-Chetu
O projecto Chipanje-Chetu com uma área de 6500 Km2, foi estabelecido pelo Governo Provincial de Niassa, como Área de Conservação Comunitária, numa tentativa de replicar a experiência de Tchuma-Tchato em Tete (Sitoe et.al., 2007).
De acordo com a fonte anteriormente citada, a área de Chipanje Chetu está localizada nos Postos Administrativos de Matchedje e Macaloge, no Distrito de Sanga, em Niassa e abrange cerca de 2578 habitantes distribuídos em cinco aldeias, nomeadamente Nova Madeira, Matchedje, Lilumba, II Congresso e Maumbica. A responsabilidade de explorar, usar, e conservar os recursos florestais e faunísticos bem como praticar o Ecoturismo foi atribuída ao Conselho de Gestão do Programa Chipanje Chetu (PCC).
O objectivo desta iniciativa é resolver os conflitos de gestão de recursos naturais e gerar receitas a partir do turismo e da caça desportiva. O projecto teve apoio técnico da IUCN com financiamento da Fundação Ford e da Embaixada da Holanda e mais tarde a WWF, tendo criado capacidades locais de gestão e facilitado o estabelecimento de um acordo de parceria com uma empresa privada, a Zambezi Hunters Safaris (Sitoe et.al., 2007). Os autores afirmam que os recursos faunísticos nesta área são reconhecidos desde há muito tempo, havendo referência de uso da área para caça com a finalidade de abastecer os quartéis de Lichinga e Cuamba no período colonial e após a independência. Com o fim da guerra civil, a área ficou exposta a caçadores furtivos provenientes de Lichinga e da Tanzânia sem o controlo da comunidade local nem das instituições do Estado. Esta situação gerou problemas no seio da comunidade, que não beneficiando das actividades de caça, arcavam com os custos do conflito homem – fauna bravia que se fazia sentir na área.
As actividades de exploração da área iniciaram em 1999. O Conselho de Gestão constituiu-se em associação do Conselho de Gestão Comunitária Chipanje Chetu (COGECO), composta por 10 elementos representantes das cinco aldeias (Sitoe et.al.,2007).
A fonte anteriormente citada refere que o Conselho de Gestão preparou um plano de gestão em 2005, o qual define os objectivos gerais bem como os princípios de gestão da área de conservação. O Ministério do Turismo atribui ao projecto, anualmente, uma licença para a caça desportiva de Panthera leo (leão), Loxodonta africana (elefante), Panthera pardus (leopardo), Syncerus caffer (búfalo), Hippopotamus amphibius (hipopótamo), Crocodilus niloticus (crocodilo), Hippotragus niger (pala-pala), Redunca arundinum (chango), Alcelaphus lichtensteini (gondonga), Tragelaphus strepsiceros (cudo), Tragelaphus scriptus (imbabala), Kobus ellipsiprymnus (inhacoso), Taurotragus oryx (elande), Phacochoerus aethiopicus (facocero), Potamochoerus porcus (porco bravo), Hayaena brunnea (hiena), Oreotragus oreotragus (cabrito) e Cercopithecus pygerythrus (macaco-cão).
Os autores afirmam que apesar de ser uma tentativa de réplica das experiências do Tchuma-Tchato, não foi preparada a documentação ministerial referente aos mecanismos de distribuição de receitas pelos intervenientes do processo de gestão. O Chipanje Chetu operou com base num documento do Governo Provincial que estabelece mecanismos de partilha em 57% para as comunidades locais, 23% para o projecto Chipanje Chetu e 20% para o governo distrital de Sanga (Postos Administrativos de Matchedje, Macaloge e os Serviços Distritais de Actividades Económicas de Sanga).
De acordo com os autores, em 2001 foi entregue à comunidade (para as cinco aldeias) o primeiro valor da partilha correspondente a 75.000,00MT. Este valor aumentou nos anos seguintes, tendo atingido cerca de 3.7 milhões MT em 2004. O dinheiro recebido pelas comunidades foi utilizado para a construção de infra-estruturas sociais (p.ex. mesquitas), e pequenos investimentos (moageiras, barracas, material de pesca), entre outros. O valor recebido pelo Conselho de Gestão foi utilizado para o pagamento das brigadas móveis incluindo os fiscais, a construção de um acampamento, a compra de um gerador eléctrico, entre outros meios de facilitação do processo de gestão. Por seu turno, o valor recebido pelo Governo Distrital foi utilizado para complementar o Orçamento do Estado nas actividades correntes, na reabilitação de um monumento histórico e na construção de um muro cercando o edifício dos Serviços Distritais de Actividades Económicas. A comunidade local, além de beneficiar deemprego do operador privado, também beneficiou de carne resultante das operações de abate de caça desportiva.
Os autores consideram que um dos maiores desafios do Chipanje Chetu foi a gestão dos fundos comunitários, a qual gerou conflitos internos como resultado da falta de critérios claros de priorização das actividades a serem financiadas. O conflito terminou com o levantamento comunitário contra os membros do Conselho de Gestão, tendo decidido dissolver o fundo comunitário e o saldo foi distribuído por cada agregado familiar (numa média de 50,00 MT/família). Por outro lado, parte das moageiras estabelecidas não têm beneficiado de manutenção e algumas se encontram paralisadas.
As barracas abertas não parecem ter gerado lucro e as pessoas que fizeram empréstimo para este fim não pagaram as suas dívidas ao fundo comunitário. Outro constrangimento instalou-se na área do Projecto Chipanje Chetu com o aparecimento de um segundo operador de safaris interessado na área, a Lupilichi Wilderness, que ganhou simpatia da Rainha 4 e de alguns membros da comunidade (Sitoe et.al.,2007).
Devido aos problemas mencionados e com o início do questionamento que era feito sobre a legalidade do despacho do Governo Provincial sobre o mecanismo de partilha de benefícios, tentando enquadrar o Projecto Chipanje Chetu no contexto da Lei e Regulamento de Florestas e Fauna Bravia, a fonte refere que decidiu-se suspender as actividades em 2005, incluindo o acordo de parceria com a Zambezi Hunters Safaris, até que se resolvessem assuntos relacionados com a definição da modalidade de uso daquele espaço (coutada ou área de conservação comunitária ou fazenda do bravio), a inclusão da área da comunidade sob influência da Rainha, o mecanismo de distribuição dos benefícios, entre outros.
3. CONCLUSÃO
A adopção da descentralização e participação em Moçambique não só funciona como ferramenta para promover o uso sustentável e conservação das áreas protegidas, mas também está associada à necessidade de garantir a melhoria das condições de vida da comunidade rural, assegurando a gestão participativa e sustentável dos recursos naturais com vista à redução da pobreza. No contexto da gestão participativa dos recursos naturais, foi possível considerar as experiências existentes como sendo modelos de gestão aplicáveis à realidade moçambicana.
Apesar dos constrangimentos identificados nos exemplos de modelos existentes em Moçambique, os mesmos permitem identificar aqueles que hipoteticamente se aplicam as áreas de estudo.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Chidiamassamba, C. (2001) - Estágio actual de funcionamento do Programa Tchuma Tchato. KSM, AMBERO e ATCF. Maputo.
2. IUCN – International Union for Conservation of Nature. Areas protegidas en Latinoamérica de Caracas a Durban: un vistazo sobre su estado 1992 – 2003 y tendencias futuras. 2003. 
3. Nhantumbo, I. (2004) - Maneio Comunitário em Moçambique: Evolução e Desafios para o futuro, DNFFB, Maputo.
4. Ombe, Z. & Fungulane, A. (1996). Alguns aspetos da história de conservação da natureza em Moçambique. República de Moçambique.
5. Sitoe, A. Guedes B. e Maússe S. (2007) - Avaliação dos modelos de maneio comunitário de recursos naturais em Moçambique. Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Universidade Eduardo Mondlane, DNTF, FAO - Maputo, Moçambique.
6. Plano Estratégico da Administração Nacional das Áreas de Conservação 2015-2024.
7. UMC, DNFFB, Unidade de Maneio Comunitário, Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia (1998) - Lições sobre o Envolvimento da Comunidade na Gestão de Projectos de Recursos Naturais em Moçambique, Maputo.