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Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 1 A remodelagem óssea = reabsorção óssea + formação óssea. Envolve a remoção contínua de osso seguida de síntese de nova matriz óssea e mineralização subsequente. Degradação óssea → a ligação do PTH aos osteoblastos desencadeia a síntese do FDO/RANKL. Esse ligante liga-se ao receptor RANK expresso nos precursores hematopoiéticos dos osteoclastos e estimula sua diferenciação em osteoclastos maduros funcionais. A osteoprotegerina atua como antagonista natural do RANKL e contribui na regulação da reabsorção óssea. Ela funciona como fator inibitório da osteoclastogênese e atua como proteína “chamariz” solúvel, que se liga ao RANKL, impedindo sua ligação ao RANK, inibindo efetivamente a maturação dos osteoclastos mediada pelo RANKL. O PTH e os glicocorticoides diminuem a produção de osteoprotegerina, enquanto os estrogênios aumentam sua expressão. A reabsorção óssea pelos osteoclastos envolve a fixação à superfície celular por β-integrinas, gerando um microambiente extracelular isolado entre os osteoclastos e a superfície óssea. As vesículas intracelulares ácidas fundem-se com a borda recortada da membrana celular voltada para a matriz do osso, sob a qual ocorre a reabsorção óssea. Durante esse processo, os íons H+ gerados pela anidrase carbônica II são liberados por H+-ATPases, que acidificam o meio, a fim de dissolver o mineral ósseo. A redução do pH (pH 4) no compartimento fechado favorece a dissolução da hidroxiapatita desse mineral e propicia condições ideais à ação das proteases lisossomais, incluindo a colagenase e as catepsinas secretadas pelos osteoclastos. Nesse processo, também são liberadas enzimas intracelulares, como a fosfatase alcalina. Clinicamente, pode- se utilizar a elevação dos níveis circulantes de fosfatase alcalina como marcador de aumento da atividade osteoclástica. Os produtos da degradação óssea (incluindo Ca2+ e fosfato) são transportados por endocitose pelo osteoclasto e liberados na superfície antirreabsortiva celular, por meio de um processo denominado transcitose (trânsito através da célula), a partir da qual alcançam a circulação sistêmica. O Ca++ circulante é encontrado em três formas: O RANK expresso nas células precursoras dos osteoclastos e seu parceiro RANKL, expresso nos osteoblastos, representam os reguladores essenciais da formação e da função dos osteoclastos. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 2 A forma ionizada Ca++ circulante é fundamental para muitas funções celulares, por isso a [Ca++] nos compartimentos extracelular e intracelular é rigidamente controlada. O Ca++ circulante está sob controle hormonal direto e em geral sua concentração é mantida dentro de um intervalo de variação relativamente estreito. O Pi está armazenado em grandes quantidades nos ossos formando complexos com o Ca++. A maior parte do Pi circulante está na forma ionizada livre, e há uma pequena parcela de Pi (menos de 20%) que circula ligada a proteínas ou na forma de complexos com cátions. Como os tecidos moles contêm 10 vezes mais Pi que Ca++, um dano tecidual (p. ex., uma lesão por esmagamento com morte maciça de células musculares) pode causar hiperfosfatemia. Como consequência, o Pi em grande quantidade no sangue forma complexos com o Ca++, o que provoca hipocalcemia aguda. O PTH e a 1,25-di-hidroxivitamina D (calcitriol) são os dois hormônios fisiologicamente mais importantes envolvidos na manutenção das concentrações sanguíneas de Ca++ e Pi. Regulação pelo intestino delgado → mesmo que tenha um grande consumo de cálcio, esse cálcio só será absorvido se os níveis séricos de Ca++ estiverem baixos e se os hormônios reguladores estiverem funcionantes. O Ca++ é absorvido no duodeno e no jejuno por três vias: Transcelular, regulada pelo Ca++; Transcelular, regulada por hormônios; Paracelular, passiva. O movimento do Ca++ do lúmen para o enterócito, que é favorecido pelos gradientes químico e elétrico, é facilitado pelos canais de cálcio da porção apical denominados TRPV5 e TRPV6. No interior da célula, os íons Ca++ ligam- se à calbindina-D 9K, que mantém a [Ca++] citoplasmático baixa, o que preserva o gradiente da [Ca++] entre o lúmen e o enterócito favorável, participando, também, do transporte do Ca++ da região apical para a basolateral. O Ca++ é transportado na membrana basolateral contra um gradiente eletroquímico pela cálcio-ATPase da membrana plasmática (PMCA). O trocador de sódio/cálcio (NCX) também contribui para o transporte do Ca++ para fora dos enterócitos. A fração do Pi da ingestão alimentar que é absorvida pelo jejuno permanece relativamente constante em torno de 70% e está sob um controle hormonal fraco exercido pelo calcitriol. O processo que limita a absorção transcelular de Pi é o transporte através da borda em escova da região apical, que é mediado pelo co-transportador de Na+-Pi (NPT2). O calcitriol estimula a expressão de todos os componentes envolvidos na absorção do Ca++ pelo intestino delgado. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 3 Regulação pelos ossos → armazenam grande quantidade de Ca++ e Pi. Assim que o adulto atinge sua massa óssea máxima, seu esqueleto passa a ser remodelado constantemente pela atividade conjunta das células ósseas, sendo esse tecido metabolicamente ativo durante toda a vida. Em um indivíduo saudável, fisicamente ativo e bem nutrido, os processos de formação de osso (acreção) e de reabsorção de osso estão em equilíbrio. Contudo, o processo de remodelagem óssea pode ser modulado para fornecer um ganho líquido de Ca++ e Pi ao sangue e é sensível ao estado de atividade física, dieta, idade e regulação hormonal. Uma vez que a integridade dos ossos é totalmente dependente do Ca++ e do Pi, a desregulação crônica da [Ca++] e da [Pi] ou dos hormônios que regulam essas concentrações causam doenças ósseas. Vitamina D → é um pró-hormônio que precisa sofrer duas reações de hidroxilação para se transformar na sua forma ativa, a 1,25-dihidroxivitamina D. Os raios UVB convertem o 7-de-hidrocolesterol da pele em vitamina D3 (colecalciferol). A vitamina D2 (ergocalciferol) advém das plantas. Tanto a vitD3 e a vitD2 podem ser absorvidas da alimentação e são efetivas para sua conversão, primeiro no fígado, onde são transformadas em calcidiol, depois no rim, onde são transformadas em calcitriol (1,25-di hidroxivitamina D - forma ativa), pela ação da enzima 1α- hidroxilase. Porém, também no rim, há a formação de uma forma inativa da vitD, a 24,25-di- hidroxivitamina D, pela ação da 24-hidroxilase. A vitamina D e seus metabólitos circulam no sangue ligados principalmente à proteína de ligação da vitamina D (DBP). O calcitriol inibe a expressão da 1α-hidroxilase e estimula a expressão da 24-hidroxilase. O Ca++ também é um regulador importante da 1α-hidroxilase renal. Uma [Ca++] circulante baixa estimula indiretamente a expressão da 1α- hidroxilase renal ao aumentar os níveis de PTH; já a [Ca++] elevada inibe a atividade da 1α-hidroxilase diretamente por meio dos CaSR do túbulo proximal. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 4 Calcitonina → é o terceiro hormônio envolvido na homeostasia do cálcio, mas com menos importância, em relação ao PTH e a VitD. Ela é um hormônio peptídeo derivado da pró-calcitonina, produzida nas células de origem da crista neural (células C) na tireoide. A liberação é regulada pelos níveis plasmáticos de cálcio por um receptor de Ca2+ presente nas células parafoliculares. Elevações nesses níveis superiores a 9 mg/dL estimulam a liberação. A calcitonina, com meia-vida de aprox. 5 min, é metabolizada e depurada pelo rim e pelo fígado. A liberação de calcitonina também é estimulada pela gastrina, um hormônio gastrintestinal. O osso e o rim são os principais alvos dos efeitosda calcitonina. No osso, a calcitonina atua inibindo a diferenciação, atividade secretora, motilidade e degradação óssea realizada pelos osteoclastos. No rim, ela aumenta a excreção urinária de Ca++, por meio da inibição da reabsorção tubular renal. Esteroides → o estradiol-17β possui efeitos anabólicos e calciotrópicos sobre os ossos e estimula a absorção intestinal de Ca++. Ele também é um dos reguladores mais potentes das funções osteoblástica e osteoclástica, promovendo sobrevida dos osteoblastos e apoptose dos osteoclastos (favorece a formação óssea). Em mulheres na pós-menopausa, a deficiência de estrógeno leva a uma fase inicial de perda óssea rápida que dura cerca de 5 anos, seguida por uma segunda fase de perda óssea mais lenta que provoca hipocalcemia em razão da absorção ineficiente de Ca++ e da perda renal desse íon. Esses eventos podem causar hiperparatireoidismo secundário, condição que exacerba ainda mais a perda óssea. Os andrógenos também têm efeitos anabólicos e calciotrópicos ósseos, embora alguns desses efeitos sejam resultantes da conversão periférica da testosterona a estrógeno. Glicocorticoides → promovem a reabsorção óssea e a perda renal de Ca++ e inibem a absorção intestinal de Ca++. Os pacientes tratados com altas doses de glicocorticoide (efeito anti-inflamatório e imunossupressor) podem apresentar osteoporose induzida por glicocorticoide. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 5 Resulta da produção excessiva de PTH causada por hiperplasia, adenoma ou carcinoma das glândulas paratireoides. As manifestações clínicas consistem em: Níveis elevados de PTH intacto; Hipercalcemia; HIpercalciúria → pode levar à formação aumentada de cálculos renais (urolitíase); ↓Níveis plasmáticos de fosfato A elevação do PTH resulta em aumento da reabsorção óssea e aumentos adicionais nas concentrações do cálcio extracelular. Resulta de alterações fora das paratireoides. Com mais frequência, trata-se de uma complicação que ocorre em pacientes com IRC. No estágio inicial da insuficiência renal, a redução dos níveis plasmáticos de vitamina D e a diminuição moderada do Ca2+ ionizado contribuem para a maior síntese e secreção de PTH. Com a evolução da doença renal, a expressão dos receptores de vitamina D e de Ca2+ nas paratireoides diminui, tornando-os mais resistentes à regulação da liberação de PTH por retroalimentação negativa da vitamina D e do Ca2+. A presença de baixos níveis de PTH podem resultar de remoção cirúrgica das glândulas paratireoides ou podem estar associados a outros distúrbios endócrinos e neoplasias. Devido ao papel importante do PTH na regulação aguda dos níveis plasmáticos de Ca2+, a tetania hipocalcêmica constitui a manifestação inicial da remoção cirúrgica das glândulas paratireoides. O sinal clínico clássico é conhecido como sinal de Chvostek, que consiste em espasmo ou contração dos músculos faciais em resposta à percussão do nervo facial em um ponto anterior à orelha, acima do osso zigomático. Também há o Sinal de Trousseau, pelo espasmo carpal induzido pela inflação do manguito de pressão arterial para 20 mmHg acima da pressão sistólica do paciente durante 3 a 5 minutos, produzindo a contração da musculatura e a “mão de parteiro”. Fontes: Molina, 4ªEd; Berne, 6ª Ed. Para qualquer aumento do nível plasmático de Ca2+, a inibição da secreção de PTH é menos eficiente, resultando em desvio do ponto de ajuste do Ca2+-PTH para o hiperparatireoidismo secundário. As concentrações plasmáticas diminuídas de Ca2+ reduzem o limiar de voltagem para a descarga do potencial de ação, resultando em hiperexcitabilidade neuromuscular, gerando contrações involuntárias.
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