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tireoide A tireoide é uma glândula em formato de borboleta que repousa sobre a traqueia Possui dois tipos diferentes de células ⇾ células C (secretam calcitonina) e células foliculares (secretam hormônios tireoidianos) Os hormônios tireoidianos T3 e T4 são moléculas lipossolúveis sintetizadas pelas células foliculares, formadas por dois resíduos de tirosina aos quais são incorporadas moléculas de iodo A glândula secreta principalmente T4, que sofre desiodação nos tecidos-alvo para gerar o T3, que tem maior atividade biológica Funções tireoidianas ⇾ controle do metabolismo celular e termogênese, crescimento, diferenciação e maturação celular Biossíntese A unidade funcional da glândula é o folículo tireoidiano ⇾ as células se dispõem de forma a delimitar uma luz na qual está presente o coloide (rico em Tg) Possuem membrana luminal com muitas microvilosidades, as quais se estendem em direção ao coloide, e membrana contraluminal, a qual está em contato com os capilares sanguíneos As células foliculares sintetizam a tireoglobulina (Tg), glicoproteína rica em resíduos de tirosina, sendo o principal constituinte do coloide A síntese dos hormônios ocorre a partir da incorporação de iodo aos resíduos de tirosina da molécula de tireoglobulina Iodo circulante ⇾ proveniente da alimentação Deficiência de iodo na alimentação causa baixa produção de hormônios pela tireoide, podendo levar ao bócio endêmico Excesso de estimulação pelo TSH, cuja secreção pela adeno-hipófise aumenta em função da diminuição dos níveis circulantes de T3 e T4 O TSH estimula a formação de coloide e hipertrofia das células foliculares Se a deficiência de iodo ocorre durante a gestação, a queda de hormônios tireoide no feto levando a retardamento mental grave ⇾ cretinismo endêmico A tireoide tem grande capacidade de concentrar iodo O iodeto é a principal forma como o iodo se apresenta na circulação ⇾ captado por mecanismo ativo ⇾ co- transportador sódio/iodeto (NIS) presente na membrana basolateral da célula folicular O iodeto internalizado é carregado para a luz do folículo pela pendrina ⇾ contra-transporte de cloreto/iodeto O iodeto é oxidado por ação da peroxidadse tireoidiana (TPO) ⇾ necessita do oxigênio e é catalisado por H2O2 O iodo é incorporado aos resíduos de tirosina da Tg também pela TPO ⇾ processo: organificação MIT = tireoglobulina + 1 iodo DIT = tireoglobulina + 2 iodos As reações de acoplamento de MIT e DIT são catalisadas pela TPO T3 = MIT + DIT T4 = DIT + DIT Moléculas de tireoglobulina contendo MIT, DIT, T3, T3 reverso e T4 podem ficar armazenadas no coloide por longo tempo A finalização da síntese é a liberação de T3 e T4 das tireoglobulinas por proteólise ⇾ ocorre no citoplasma dos tireócitos, precedida por captação do coloide por endocitose Transporte A natureza química hidrofóbica dos hormônios tireoidianos pede que eles se liguem a proteínas carregadoras ⇾ a ligação às proteínas funciona como um reservatório circulante de hormônio O teor de hormônio livre é afetado pela quantidade presente de proteínas e pelo número de sítios nelas disponíveis para ligação A fração livre do hormônio pode permear a célula-alvo e nela expressar seu efeito biológico As principais proteínas são sintetizadas no fígado ⇾ TBG, transtiretina e albumina A TBG possui a porção carboidrato rica em ácido siálico e tem meia-vida no plasma de cerca de 5 dias Os estrógenos têm a capacidade de aumentar a quantidade de ácido siálico na molécula de TBG, o que diminui sua depuração no plasma e eleva sua meia-vida Os hormônios tireoidianos exercem suas ações biológicas por meio de receptores intracelulares, presentes no núcleo de suas células-alvo Os hormônios tireoidianos são transportados por moléculas transportadoras para dentro da célula-alvo ⇾ MCT8, MCT10 e OATP1C1 são os únicos sobre os quais há evidências de que realizem transporte de hormônios tireoidianos com alta afinidade e com especificidade Ativação e inativação Presentes nos tecidos-alvo dos hormônios tireoidianos, as desiodases (enzimas) realizam a metabolização do T4 e do T3 que penetram nas células, podendo gerar um produto ativo, quando T4 se transforma em T3, ou inativo, quando T4 vira rT3 ou T3 vira T2 cerca de 90% do hormônio liberado pela glândula tireoide está sob a forma de T4 ⇾ muito menos ativo que T3 A ação das desiodases controla a atividade de hormônio tireoidiano Principal via de metabolização de T4 ⇾ desiodação na posição 5’de seu anel externo, gerando T3 ⇾ pode ser efetuada pela desiodase tipo 1 (D1) ou desiodase tipo 2 (D2) D1 ⇾ fígado, rim ⇾ importante na determinação da concentração circulante de T3 D2 ⇾ cérebro, hipófise, músculo esquelético e cardíaco, placenta e tecido adiposo marrom ⇾ fornece principalmente o T3 intracelular, que atuará nas próprias células em que foi formado ⇾ principal fonte de T3 no estado normal ⇾ estimulada no hipotireoidismo Desiodase tipo 3 (D3) ⇾ placenta, útero gravídico, SNC ⇾ realiza a inativação do T4 por meio da produção de rT3 e do T3 pela produção de T2 (sem ação biológica) Receptores Os receptores de hormônios da tireoide são receptores nucleares intimamente associados à cromatina Eles são fatores de transcrição de ligação ao DNA que funcionam como acionadores moleculares em resposta à ligação do hormônio O receptor hormonal pode ativar ou reprimir a transcrição gênica, dependendo do contexto do promotor e do estado de ligação do ligante Os receptores nucleares atuam como fatores de transcrição, regulando a expressão gênica ⇾ três isoformas: TR, TR a-1, TR b-1, TR b-2 A afinidade do T3 pelos receptores é cerca de quinze vezes maior que a do T4. Existe uma quarta isoforma ⇾ TR a-2 ⇾ o T3 não se liga ⇾ atua como inibidora da transcrição ⇾ ocupa o sítio de ligação do DNA, aí o T3 não se liga. Na ausência dos hormônios ⇾ reprime a taxa basal de transcrição dos genes regulados positivamente, os TR ficam associados ao DNA nas regiões responsivas a hormônio ou TER Os TR formam heterodímeros com o RXR ⇾ aumenta capacidade de associação do TR aos TREs Os eventos celulares mediados por esses hormônios incluem: • transcrição da Na+/K+-ATPase da membrana celular, levando a um aumento no consumo de oxigênio • transcrição da proteína de desacoplamento, aumentando a oxidação dos ácidos graxos e a geração de calor sem produção de trifosfato de adenosina • síntese e degradação das proteínas, contribuindo para o crescimento e a diferenciação • glicogenólise induzida pela adrenalina, e síntese de glicogênio e utilização da glicose induzidas pela insulina • síntese do colesterol e regulação do receptor de lipoproteínas de baixa densidade Os efeitos decorrentes das ações não genômicas ocorrem em minutos e não são afetados por inibidores da transcrição e tradução gênica O sítio de ação parece ser a membrana plasmática, citoplasma e mitocôndrias ⇾ regulação de canais iônicos, fosforilação oxidativa, ativação de mensageiros secundários A integrina aVb3 atua como receptor responsável por alguns efeitos não-genômicos, mediados pela via de sinalização da MAPK ⇾ o T4 tem mais afinidade por esse receptor de superfície que o T3 Efeito não-genômicos ⇾ indução de fosforilação em serina do receptor nuclear TR b-1 T4 estimula a angiogênese e a proliferação de tumores por meio desse mecanismo ⇾ Tetrac bloqueia a ligação do T4 ao receptor integrina Regulação da síntese e secreção Um sistema de feedback clássico de alça fechada controla a secreção de hormônios pela tireoide Além disso, existe um mecanismo de alça aberta que possibilita a modulação neural da atividade tireoidiana O TRH é produzido por neurônios hipotalâmicos hipofisiotróficos O TSH é uma glicoproteína produzida pelas células tireotróficas da adeno-hipófise Os tireotrofos possuem receptores para TRH, os quais ativam mecanismo de transdução dependentede proteína G ⇾ estimula a secreção de TSH O TSH age sobre os tireotrofos estimulando tanto a secreção quanto a síntese de hormônios tireoidianos O crescimento e a vascularização da glândula também são estimulados pelo TSH O mecanismo de feedback negativo de controle da atividade tireoidiana tem como variável controlada o teor de hormônio tireoidiano livre, o qual atua na hipófise, afetando a secreção de TSH, e no hipotálamo, afetando a secreção de TRH Neurônios do núcleo paraventricular expressam a D2, promovendo a desiodação do T4 ⇾ promove sinal informando a disponibilidade de hormônio ⇾ neurônios respondem com aumento ou redução da liberação de TRH na adeno- hipófise Diversos neurotransmissores e neuropeptídios participam do controle neural da secreção de TRH ⇾ noradrenalina, dopamina, GABA, serotonina e neuropeptídio Y Somatostatina, dopamina e glicocorticoides ⇾ efeito inibitório sobre os neurônios hipotalâmicos de TRH Autorregulação ⇾ a taxa de síntese hormonal varia inversamente à disponibilidade de iodo ⇾ quando há escassez de iodo, a glândula otimiza sua captação, com a finalidade de manter o estoque hormonal e evitar hipotireoidismo O aumento do iodo inorgânico na célula provoca inibição da organificação ⇾ efeito Wolff-Chaikoff ⇾ consequência é menor síntese e menor liberação hormonal, protegendo contra hipertireoidismo na vigência de alto aporte de iodo para a glândula Bloqueio temporário da organificação ⇾ processo de escape O bócio é o aumento de tamanho da tireoide que ocorre por excesso de estimulação da glândula ⇧ iodo ⇾ ⇩ T3 e T4 ⇾ ⇧ TRH e TSH ⇾ hipertrofia da glândula ⇾ bócio Efeitos fisiológicos O efeito geral dos hormônios tireoidianos baseia-se na transcrição nuclear de um grande número de genes ⇾ aumento generalizado da atividade funcional de todo o organismo ⇾ moléculas de T3 tem alta afinidade pelos receptores intracelulares Os hormônios tireoidianos aumentam a atividade metabólica de quase todos os tecidos corporais ⇾ aumenta os níveis hormonais ⇾ atividade aumenta de 60 a 100% Os hormônios tireoidianos aumentam o número, o tamanho das mitocôndrias e a superfície total da membrana das mitocôndrias ⇾ aumenta formação de ATP ⇾ maior atividade celular A enzima sódio-potássio ATPase tem sua atividade aumentada na presença desses hormônios ⇾ eleva velocidade de transporte ⇾ usa energia ⇾ aumenta calor produzido pelo organismo ⇾ aumenta metabolismo corporal Aumentam a permeabilidade das membranas celulares aos íons sódios ⇾ aumenta a ativação da bomba de sódio e a produção de calor Acerca do crescimento ⇾ em crianças tem grande importância, tendo em vista que quando a criança tem hipotireoidismo o crescimento é muito retardado ⇾ quando a criança tem hipertireoidismo, há um crescimento esquelético excessivo, PODE ocorrer também um fechamento precoce das epífises ósseas e assim a redução da altura final Além do crescimento em estatura, os hormônios tireoidianos estão relacionados com o desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e nos primeiros anos de vida pós-natal O aumento geral das enzimas metabólicas ⇾ leva a uma captação rápida de glicose pelas células, aumento da glicólise, da gliconeogênese, da absorção pelo trato gastrintestinal, secreção de insulina; aumento da mobilização dos lipídios no tecido adiposo, reduzindo o acúmulo de gordura no organismo, aumento da concentração de ácidos graxos livres no plasma (aumenta oxidação deles pelas células) O aumento dos hormônios tireoidianos leva ⇾ indução do maior número de receptores de lipoproteínas de baixa densidade nas células hepáticas ⇾ rápida remoção de lipoproteínas do plasma ⇾ o aumento da secreção de colesterol na bile e sua perda nas fezes reduz as concentrações de colesterol, fosfolipídeos e triglicerídeos no plasma A diminuição desses hormônios promove efeito contrário e depósito excessivo de lipídeos no fígado Os hormônios tireoidianos aumentam a necessidade de vitaminas no organismo ⇾ devido ao aumento do metabolismo e o aumento das enzimas, muitas vezes formadas por vitaminas ⇾ pode ocorrer hipovitaminose. Quando existe um excesso desses hormônios ocorre uma redução do peso corporal, mas às vezes, o aumento do apetite, nesses casos, faz um mecanismo compensatório O aumento do metabolismo ⇾ uso mais rápido de oxigênio e maior liberação de metabólitos ⇾ vasodilatação ⇾ fluxo sanguíneo na pele aumenta diante da necessidade da eliminação de calor ⇾ aumenta o débito cardíaco em decorrência do aumento do fluxo sanguíneo ⇾ aumento da frequência cardíaca (esse aumento ocorre em maior parte devido ao aumento da excitabilidade do coração promovido pelos hormônios tireoidianos) A elevação da atividade enzimática por aumento leve nos hormônios tireoidianos ⇾ aumenta força de contração cardíaca Agora uma elevação excessiva desses hormônios ⇾ aumento do catabolismo proteico ⇾ a força do músculo fica deprimida ⇾ pode levar a uma descompensação cardíaca secundária à insuficiência miocárdica e ao aumento do trabalho cardíaco A pressão arterial permanece normal quando ocorre a administração desses hormônios, mas em casos de hipertireoidismo a pressão sistólica aumenta e a diastólica diminui Ocorre um aumento na frequência e na profundidade da respiração ⇾ aumento da utilização de oxigênio e liberação de metabólitos Aumento da produção de secreções digestivas, motilidade do trato gastrointestinal Aumenta velocidade do pensamento ⇾ no hipertireoidismo ocorrem nervosismos, tendências psiconeuróticas Músculos reagem com vigor na presença desses hormônios, agora, quando em excesso os músculos são enfraquecidos devido ao catabolismo proteico ⇾ em casos de hipotireoidismo ocorrem músculos vagarosos Tremor muscular ⇾ no hipertireoidismo pode ocorrer tremor muscular leve ⇾ atividade aumentada das sinapses neuronais nas áreas da medula espinhal Efeitos excitatórios nas sinapses ⇾ dificulta o sono em pacientes com hipertireoidismos Aumenta secreção de outras glândulas endócrinas, aumenta necessidade tecidual pelos hormônios Aumenta a inativação de glicocorticoides adrenais pelo fígado ⇾ eleva ACTH na hipófise anterior Na falta desses hormônios em homem ⇾ perda da libido, e em excesso ⇾ impotência Nas mulheres ⇾ polimenorreia e menorragia ⇾ em mulheres sem tireoide pode ter amenorreia Estimula a síntese de eritropoietina e a eritropoiese TERMOGÊNESE O gasto energético compreende duas categorias de termogênese ⇾ termogênese obrigatória e termogênese facultativa ⇾ os hormônios tireoidianos estimulam as duas Seu efeito calorigênico é essencial à estimulação adequada do metabolismo celular, ocorrendo redução da taxa metabólica basal (TMB) e hipotermia no hipotireoidismo e elevação na tireotoxicose Os hormônios tireoidianos atuam modulando a resposta ao sistema nervoso simpático, principal estibulados da termogênese facultativa Dois efeitos dos hormônios tireoidianos ⇾ aumento do consumo de ATP e a diminuição da eficiência da síntese de ATP Para aumentar o consumo de ATP ⇾ ativação da Na+/K+-ATPase e da cálcio-ATPase (Serca) ⇾ os hormônios tireoidianos aumentam a permeabilidade da membrana plasmática ao sódio e ao potássio e a permeabilidade da membrana do retículo sarcoplasmático ao cálcio ⇾ vazamento de íons e a ativação das bombas ⇾ ciclo fútil de íons Também aumentam o consumo de ATP pela estimulação de ciclos fúteis de substratos ⇾ glicólise/neoglicogênese, lipólise/lipogênese, síntese/degradação de glicogênio hepático e síntese/degradação de proteínas Para diminuir a eficiência da síntese de ATP, atuam estimulando o desvio do glicerol-3-fosfato ⇾ os elétrons do NADH são transferidos para a DHAP, formando G3P e NAD+, assim, um par de elétrons do G3P é transferido ao FAD, o que gera apenas 1,5 ATP ⇾ no desvio do malato-aspartato, gera 2,5 ATP (mais que no desvio da G3P) Outra forma é a ativação do desacoplamento mitocondrial ⇾ ocorre no tecidoadiposo marrom, pela ação desacopladora da UCP-1, que promove o desacoplamento entre a síntese de ATP e a reentrada de prótons através da membrana interna da mitocôndria ⇾ a UCP-1 aumenta a condutância de prótons e permite sua reentrada na matriz mitocondrial independentemente da ATP-sintetase, reduzindo o gradiente de prótons e fazendo com que a energia que seria usada para a síntese de ATP seja dissipada sob a forma de calor paratireoide Cálcio e fósforo são provenientes dos alimentos e são os minerais mais abundantes no organismo humano A maior parte deles está sob a forma de hidroxiapatita ⇾ principal mineral da matriz óssea A concentração extracelular de Ca2+ e Pi é mantida dentro de limites muito estreitos pela interação de 3 hormônios, denominados calciotrópicos O paratormônio (PTH) e o calcitriol (1,25-diidroxi-vitamina D) tem ações fisiológicas que elevam o cálcio circulante Já a calcitonina tem ações que contribuem para a redução da calcemia Atuam modificando as taxas de síntese e reabsorção óssea, absorção intestinal e reabsorção renal de cálcio e fósforo Cálcio aumenta quando entra no sangue a partir do osso ou do intestino Cálcio diminui quando é utilizado para síntese óssea ou é excretado na urina Biossíntese do paratormônio É sintetizado como um pré-pró-hormônio nos ribossomos das paratireoides No RE ⇾ clivagem e formação do pró-PTH No Golgi ⇾ outra clivagem, pela enzima furina, gerando PTH ativo Nos grânulos de secreção de PTH podem conter catepsinas ⇾ enzimas proteolíticas que atuam sobre o PTH produzindo peptídios menores ⇾ apenas os fragmentos carboxiterminais são secretados Meia-vida curta, de 2 a 4 minutos, em razão da rápida metabolização hepática e excreção renal O PTH atua em seu receptor PTH1R ⇾ a porção aminoterminal é essencial e suficiente para os efeitos biológicos clássicos do hormônio ⇾ os efeitos não são obtidos com a porção carboxiterminal O hormônio pré-formado é liberado imediatamente quando há uma hipocalcemia aguda Regulação do paratormônio O principal fator que controla a taxa de secreção de PTH é a concentração extracelular de cálcio ionizado A taxa de secreção também é sensível à velocidade de queda da calcemia ⇾ maior elevação e mais rápida do PTH circulante em resposta a uma queda brusca A detecção das variações da [Ca2+]EC são mediadas pelo receptor sensor de cálcio extracelular (CaSR) presente na membrana plasmática das células principais das paratireoides É um receptor acoplado à proteína G Cálcio plasmático aumenta ⇾ se liga ao CaSR ⇾ inibe a secreção de PTH Cálcio plasmático baixo ⇾ inativa o CaSR ⇾ PTH intacto é liberado O CaSR também é expresso nas células produtoras de calcitonina na tireoide e em células tubulares renais, em que participa do controle da homeostase do cálcio Via de sinalização desencadeada pelo CaSR ⇾ redução da síntese de PTH, reprimindo a expressão do gene de PTH por meio de seu elemento responsivo ao cálcio A expressão gênica do PTH também é inibida pelo calcitriol ⇾ estimula o gene do sensor de cálcio, o que indiretamente favorece a redução da secreção de PTH Elevação do fosfato circulante promove redução do cálcio ionizado, bem como a redução da formação de calcitriol ⇾ aumento da síntese e secreção de PTH Inibição por magnésio Estimulação por catecolaminas ⇾ efeito dependente de ativação b-adrenérgica Receptor do paratormônio O mediador das ações do PTH em células-alvo no néfron distal e nos ossos é o receptor PTH1R Liga, além do PTH, o peptídio relacionado ao PTH (PTHrP) No feto, o PTHrP produzido pelas paratireoides estimula o transporte de cálcio através da placenta, sendo importante na manutenção elevada da calcemia fetal É importante na regulação da proliferação e mineralização dos condrócitos Na via pós-natal, o PTHrP é produzido por vários tecidos, mas não mais pelas paratireoides Tem efeito hipercalcemiante, agindo como um hormônio quando produzido em altas quantidades por tumores malignos O receptor PTH1R pertence à classe GPCR, atuando principalmente por meio de Gs, mas também de Gq, que ativam a adenil-ciclase e a fosfolipase C O PTH ativa preferencialmente a via do AMPc no rim Efeitos fisiológicos do paratormônio A principal função fisiológica do PTH é regular a [Ca2+]EC, prevenindo e corrigindo a hipocalcemia EFEITOS RENAIS DO PTH Aumenta a reabsorção tubular de cálcio e estimula a transformação da vitamina D em calcitriol, o qual aumenta a absorção intestinal de cálcio Inibe a reabsorção tubular renal de fosfato O PTH atua na porção cortical do ramo ascendente espesso da alça de Henle e no túbulo contorcido distal, responsáveis pela reabsorção de 20 e 8% da carga filtrada de cálcio No ramo ascendente espesso da alça de Henle, a reabsorção é por transporte paracelular passivo ⇾ o PTH pode estimular esse transporte passivo por aumentar a diferença de potencial elétrico que promove o movimento do íon No túbulo contorcido distal, a reabsorção se dá pela via transcelular ⇾ o PTH estimula a reabsorção de cálcio ao afetar as 3 etapas do transporte transcelular ⇾ estimula a inserção e abertura dos canais de cálcio na membrana apical; ativa a vitamina D; calcitriol aumenta a síntese da proteína ligadora de cálcio O rim é um regulador importante do nível plasmático de fosfato e o PTH afeta este manuseio renal, exercendo efeito fosfatúrico ⇾ inibição da reabsorção tubular proximal do íon ⇾ o PTH promove a internalização do transportador de fosfato em vesículas no citosol e sua destruição por lisossomos O efeito fosfatúrico contribui para o aumento da calcemia promovido pelo PTH ⇾ ao ser excretado, o fosfato liberado do osso deixa de se complexar com o cálcio na circulação ATIVAÇÃO DA VITAMINA D A vitamina D3 (colecalciferol) é produzida em nosso organismo a partir da molécula precursora 7-desidrocolesterol, sintetizada por queratinócitos da epiderme A luz UV promove a transformação do precursor em pré-vitamina D3, que se transforma em seu isômero vitamina D3, a qual é absorvida pela pele Por ser lipossolúvel, a molécula de vitamina D pode ser depositada nos tecidos, principalmente no tecido adiposo A vitamina D circulante é composta pelo colecalciferol (D3) e também pelo ergocalciferol (D2), ingerido de fontes vegetais Ambos circulam ligados a uma glicoproteína produzida no fígado, a proteína ligadora de vitamina D (DBP) Tem meia-vida de 30 dias e acumulam-se no tecido adiposo A vitamina D não tem atividade biológica importante e deve sofrer duas hidroxilações, uma no fígado e outra no rim Hidroxilação hepática: ocorre no carbono 25 por ação da enzima 25-hidroxilase, e a 25-OH-vitamina D formada ainda não tem atividade biológica relevante ⇾ pré-hormônio ⇾ a maior parte também circula associada à DBP e tem meia-vida de 15 dias, estando em equilíbrio com o pool intracelular no tecido adiposo Hidroxilação renal: catalisada pela enzima 1-a-hidroxilase, gerando o hormônio ativo 1,25-diidróxi-vitamina D, ou calcitriol ⇾ maior parte do calcitriol liga-se à DBP na circulação A 25(OH)D, bem como o calcitriol, também pode ser hidroxilada na posição 24 pela 24-hidroxilase, gerando metabólito inativo A síntese de calcitriol é regulada por mecanismo de feedback ⇾ ele próprio exerce efeito inibitório sobre a 1-a- hidroxilase e sobre a liberação de PTH e efeito estimulatório sobre a 24-hidroxilase EFEITOS FISIOLÓGICOS DO CALCITRIOL A principal ação do calcitriol que contribui para a elevação da calcemia é a regulação do transporte intestinal de cálcio Tem ações sobre o metabolismo ósseo, importantes para a formação e o metabolismo normais do osso e contribuem para os efeitos do PTH Calcitriol é um hormônio lipossolúvel cujas principais ações fisiológicas decorrem de seus efeitos genômicos ⇾ atua modificando a taxa de transcrição de genes-alvo específicos No duodeno e no jejuno, estimula o transporte transcelularativo de cálcio ⇾ estimula a expressão de todas as proteínas envolvidas nesta absorção O cálcio liga-se à proteína ligadora de cálcio calmodulina, presente na borda em escova, sendo depois transferido a outra proteína ligadora de cálcio, a CaBP9K, que, associando-se a microtúbulos, leva o íon à membrana contraluminal Também estimula a absorção intestinal de fosfato, a qual, no entanto é pouco dependente do hormônio ⇾ o fosfato é absorvido al longo do intestino delgado pela via transcelular ⇾ na borda em escova, o gene da isoforma NPT2b do co-transportador de Na/Pi tem sua expressão estimulada pelo calcitriol Também pode ter efeitos não-genômicos rápidos ⇾ estimulação de um transporte vesicular rápido de cálcio no intestino, chamado transcaltaquia No rim, o calcitriol regula sua própria produção, inibindo a 1-a-hidroxilase e estimulando a 24-hidroxilase Também estimula a síntese das proteínas que participam da reabsorção renal de cálcio Atua ainda nas glândulas paratireoides, inibindo a liberação de PTH Fornece os minerais necessários à calcificação e também participa da regulação da mineralização da matriz óssea É indutor potente da reabsorção óssea e sua presença é necessária para que o PTH exerça plenamente sua regulação sobre a remodelação óssea EFEITOS ÓSSEOS DO PTH Estimula a reabsorção óssea Em excesso do hormônio ⇾ efeito catabólico Em doses intermitentes ⇾ estimula formação de osso ⇾ ação anabólica óssea do PTH Até os quarenta anos a taxa de formação óssea é maior que a taxa de degradação ⇾ o osso adulto é metabolicamente ativo e está em constante remodelação (libera fatores de crescimento) ⇾ reabsorção e síntese ⇾ homeostase ⇾ a partir dos quarenta anos a degradação é maior que a formação ⇾ osteopenia fisiológica Osteoporose: redução da massa e desarranjo da microarquitetura óssea ⇾ aumenta fragilidade do osso e risco de fraturas / Osteoporose secundária ⇾ hiperparatireoidismo, deficiência de vitamina D, hipogonadismo, hipertireoidismo, excesso de glicocorticoides, insuficiência renal crônica O tecido ósseo é formado: matriz óssea, osteoblastos, osteoclastos, osteócitos ⇾ pontos de remodelação ⇾ compartimento ou unidade de remodelação ⇾ células citadas = BMU ou unidade multicelular básica O osso cortical tem rigidez ⇾ colágeno tipo I (rico em hidroxiprolina ⇾ eliminado na urina ⇾ marcador bioquímico de remodelação óssea) mineralizado por hidroxiapatita densamente Já o osso trabecular tem microarquitetura esponjosa ⇾ elasticidade ao esqueleto axial Células tronco mesenquimais (dá origem também aos adipócitos e condrócitos) ⇾ células osteoprogenitoras ⇾ pré-osteoblastos ⇾ osteoblastos ⇾ formam ossos, produzem proteínas da matriz e induzem sua mineralização (produzem fosfatase alcalina), controlam diferenciação dos osteoclastos, produzem osteocalcina ou GLA ⇾ indicador de aumento de renovação óssea Os osteoblastos expressam receptores para GH, glicocorticoides, hormônios tireoidianos também Na síntese óssea, os osteoblastos ⇾ osteócitos ⇾ circundados pelo osso formado ⇾ confinados em cavidades ósseas no interior da matriz ⇾ baixa atividade secretória O PTH promove o aumento do tamanho dessas lacunas/cavidades. Quando os osteoblastos cessam sua atividade secretória eles podem tornar-se achatados ⇾ camada de revestimento ⇾ ação do PTH ⇾ estimula a voltar a ser osteoblasto Células tronco hematopoiéticas ⇾ precursoras de osteoclastos estimuladas por M-CSF (liberado pelos osteoblastos) ⇾ pré-osteoclastos ⇾ osteoclastos são células gigantes, multinucleadas e móveis ⇾ reabsorção do osso ⇾ secretam íons hidrogênio e enzimas lisossômicas ⇾ solubiliza matriz óssea e digere no meio acido ⇾ cavidade = lacuna de Howship Os íons hidrogênio gerados pela anidrase carbônica II são liberados através da membrana plasmática por H+-ATPases recrutadas na membrana pregueada da célula ⇾ a acidificação desse microambiente extracelular isolado até um pH de cerca de 4 favorece a dissolução da hidroxiapatita e fornece condições ideais para a ação das proteases lisossômicas, incluindo a colagenase e as catepsinas, dissolvendo o mineral ósseo ⇾ os produtos da degradação óssea são transportados por endocitose pelo osteoclasto e liberados na superfície antirreabsortiva da célula, fornecendo Ca2+, Pi e fosfatases alcalinas na circulação Os osteoclastos têm sua diferenciação, maturação, e ativação regulada pelos osteoblastos, estimulada por PTH e calcitriol, tendo em vista que os osteoclastos não têm receptores pra esses hormônios Os pré-osteoclastos tem receptor de superfície RANK que interage com o ligante RANKL presente na superfície do osteoblasto Os osteoblastos liberam também a osteoprotegerina ou OPG ⇾ receptor solúvel para o RANKL, o que impede sua ligação ao RANK ⇾ inibe maturação do osteoclasto e reabsorção óssea O PTH e o calcitriol estimulam a produção de RANKL e inibem a OPG Já estrógenos estimulam a OPG, proliferação de osteoblastos e diminui taxa de apoptose dessas células ⇾ aumenta formação óssea Calcitonina É produzida pelas células C da tireoide e secretada em resposta a uma elevação aguda da calcemia Promove redução rápida da calcemia e da fosfatemia ⇾ inibe a reabsorção óssea, agindo diretamente nos osteoclastos Inibe também a reabsorção renal de cálcio e fosfato Excesso ou deficiência de calcitonina não perturbam a homeostase do cálcio nem afetam o metabolismo ósseo de forma significativa doenças Drogas Drogas antitireoidianas: o tiocianato, o propiltiouracil e as altas concentrações de iodetos inorgânicos. Esses fármacos bloqueiam a secreção tireoidiana por diferentes mecanismos. A mesma bomba ativa que transporta íons iodeto para dentro das células da tireoide também pode bombear íons tiocianato, perclorato e nitrato. Portanto, a administração de tiocianato (ou um dos outros íons), em concentração suficientemente alta, pode provocar a inibição competitiva do transporte de iodeto para a célula — isto é, a inibição do mecanismo de captação de iodo. A menor disponibilidade de iodeto, nas células glandulares, não impede a formação de tireoglobulina; simplesmente, impede a tireoglobulina formada de ser iodada e, portanto, de formar os hormônios tireoidianos. Essa deficiência de hormônios tireoidianos, por sua vez, leva à maior secreção de TSH pela hipófise anterior, provocando o supercrescimento da tireoide que, apesar disso, continua incapaz de formar quantidade adequada de hormônios. Portanto, o uso de tiocianatos e de alguns outros íons para bloquear a secreção tireoidiana pode levar ao desenvolvimento de tireoide muito aumentada, o que é chamado de bócio. O propiltiouracil (e outros compostos semelhantes, tais como metimazol e carbimazol) impede a formação de hormônio tireoidiano a partir do iodeto e tirosina. Parte de seu mecanismo de ação consiste em bloquear a enzima peroxidase, necessária para a iodização da tirosina e outra parte consiste em bloquear a conjugação de duas tirosinas iodadas para formar T4 ou T3. O propiltiouracil não impede a formação de tireoglobulina. A ausência de T4 e T3, na tireoglobulina, pode levar a grande aumento, por feedback, da secreção de TSH pela hipófise anterior, promovendo, assim, o crescimento do tecido glandular e a formação de bócio. Quando existe alta concentração de iodetos no sangue (100 vezes maior que o nível plasmático normal), a maior parte das atividades da tireoide é reduzida, mas essa redução, frequentemente, dura apenas algumas semanas. O efeito consiste na diminuição da captação de iodeto, de modo que a iodização da tirosina, para a formação de hormônios tireoidianos, também se reduz. Efeito ainda mais importante, causado pela alta concentração de iodeto, é a paralisação da endocitose normal de coloide, a partir dos folículos, pelas células glandulares da tireoide. Como esse é o primeiro estágio na liberação dos hormônios tireoidianos, a partir do coloide de armazenamento, ocorreinterrupção quase imediata da secreção de hormônio tireoidiano para o sangue. Como a alta concentração de iodeto reduz todas as fases da atividade tireoidiana, ela reduz, por pouco, o tamanho da tireoide e, principalmente, sua irrigação sanguínea, ao contrário dos efeitos causados pela maior parte dos demais agentes antitireoidianos. Por esse motivo, o iodeto é frequentemente administrado aos pacientes 2 a 3 semanas antes da remoção cirúrgica da tireoide, para reduzir o porte da cirurgia, em especial a intensidade do sangramento. Hipertireoidismo Na maioria dos pacientes com hipertireoidismo, o tamanho da tireoide aumenta por duas a três vezes acima do normal com enorme hiperplasia e pregueamento do revestimento celular folicular para o interior dos folículos, de modo que o número de células aumenta muito. Além disso, cada célula aumenta sua secreção por muitas vezes. A doença de Graves, a forma mais comum de hipertireoidismo, é doença autoimune, na qual anticorpos chamados de imunoglobulinas estimulantes da tireoide (TSIs) se formam contra o receptor de TSH na glândula tireoide. Esses antibióticos se ligam ao mesmo receptor que liga o TSH e induz a ativação contínua dos sistemas celulares do AMPc, com desenvolvimento resultante de hipertireoidismo. Os anticorpos TSI têm efeito estimulatório prolongado sobre a secreção da glândula tireoide, durando até 12 horas, em contraste com o curto para o TSH, de pouco mais de 1 hora. O alto nível de secreção do hormônio tireoidiano, causado pelo TSI, por sua vez, suprime a formação de TSH pela hipófise anterior. Portanto, as concentrações de TSH ficam abaixo da normal (muitas vezes, essencialmente zero) em vez de aumentadas em quase todos os pacientes com doença de Graves. Os anticorpos causadores do hipertireoidismo decorrem, quase certamente, do desenvolvimento da autoimunidade contra o tecido tireoidiano. Presume-se que em algum momento da história clínica da pessoa foi liberado excesso de antígenos pelas células tireoidianas, o que resultou na formação de anticorpos contra a própria tireoide. O hipertireoidismo ocasionalmente resulta de adenoma (tumor) localizado, que se desenvolve no tecido tireoidiano e secreta grande quantidade de hormônio tireoidiano. Essa patologia é diferente da forma mais comum de hipertireoidismo, pois em geral não está associada à evidência de doença autoimune. Efeito interessante do adenoma é que, enquanto ele continuar secretando grande quantidade de hormônio tireoidiano, a função secretória de quase todo o restante da tireoide é quase totalmente inibida porque o hormônio tireoidiano do adenoma suprime a produção de TSH pela hipófise. Os sintomas do hipertireoidismo: estado de alta excitabilidade, intolerância ao calor, redução da sudorese, perda de peso ligeira a extrema (às vezes, até 50 kg), graus variáveis de diarréia, fraqueza muscular, nervosismo ou outros transtornos psíquicos, fadiga extrema, acompanhada de insônia e tremor nas mãos. A maior parte das pessoas com hipertireoidismo desenvolve algum grau de protrusão dos globos oculares ⇾ exoftalmia ⇾ A causa da protrusão ocular é o edema dos tecidos retro-orbitais e alterações degenerativas nos músculos extraoculares. Na maioria dos pacientes, encontram-se imunoglobulinas sanguíneas que reagem com os músculos oculares. Além disso, a concentração dessas imunoglobulinas é, em geral, maior em pacientes com altas concentrações de TSIs. A exoftalmia, em geral, regride acentuadamente com o tratamento do hipertireoidismo. Para o caso usual de hipertireoidismo, o exame diagnóstico mais preciso é a medida direta da concentração de T4 “livre” (e, às vezes, T3) no plasma. No tipo habitual de tireotoxicose, a secreção de TSH pela hipófise anterior está tão completamente suprimida pela grande quantidade de T4 e T3 circulantes, que o TSH plasmático é praticamente nulo. A concentração de TSI é medida por radioimunoensaio ⇾ valor é em geral alto na tireotoxicose, porém baixo no adenoma tireoidiano. O tratamento mais direto para o hipertireoidismo é a remoção cirúrgica da maior parte da tireoide. Hipotireoidismo Os efeitos do hipotireoidismo, em geral, são opostos aos do hipertireoidismo, mas alguns mecanismos fisiológicos são específicos dessa patologia. O hipotireoidismo é provavelmente iniciado por autoimunidade contra a tireoide (doença de Hashimoto), mas imunidade que destrói a glândula em vez de estimulá-la ⇾ inflamação da tireoide ⇾ deterioração progressiva ⇾ fibrose da glândula ⇾ diminuição ou ausência da secreção do hormônio tireoidiano. Bócio Coloide Endêmico Causado por Deficiência Dietética de Iodeto: O termo “bócio” significa o grande aumento da tireoide ⇾ cerca de 50 miligramas de iodo por ano são necessários para a formação de quantidade adequada de hormônio tireoidiano ⇾ quantidade insuficiente de iodo ⇾ de bócios endêmicos. A falta de iodo impede a produção tanto de T4 quanto de T3 ⇾ não há hormônios disponíveis para inibir a produção de TSH pela hipófise anterior, que passa a secretar quantidade excessiva desse hormônio. O TSH, então, estimula as células tireoidianas a secretar grande quantidade de coloide de tireoglobulina nos folículos e a glândula torna-se cada vez maior. Entretanto, devido à falta de iodo, a produção de T4 e T3 não ocorre na molécula de tireoglobulina e, portanto, não causa a supressão normal da produção de TSH pela hipófise anterior. Os folículos adquirem um enorme tamanho e a tireoide pode aumentar até 10 a 20 vezes. Bócio Coloide Atóxico Idiopático: em pessoas que não apresentam deficiência de iodo. Essas glândulas aumentadas podem secretar quantidade normal de hormônios tireoidianos; entretanto, com mais frequência, sua secreção é reduzida, como no bócio coloide endêmico. A causa exata do aumento da tireoide em pacientes com bócio coloide idiopático não é conhecida, mas a maioria desses pacientes apresenta sinais de tireoidite leve. Anormalidade no sistema enzimático necessário para a formação dos hormônios tireoidianos como deficiência do mecanismo de captação de iodeto, deficiência do sistema da peroxidase, deficiência da conjugação de tirosinas iodadas na molécula de tireoglobulina, deficiência da enzima deiodinase. Alguns alimentos contêm substâncias bociogênicas com atividade antitireoidiana, semelhante ao propiltiouracil, levando ao aumento da tireoide estimulado pelo TSH. Tais substâncias bociogênicas são encontradas especialmente em algumas variedades do nabo e do repolho. O hipotireoidismo causado por tireoidite, bócio coloide endêmico, bócio coloide idiopático, destruição da tireoide por radiação ou remoção cirúrgica da glândula, provoca os mesmos efeitos fisiológicos. Incluem fadiga e sonolência extrema, provocando 12 a 14 horas de sono por dia, extrema lentidão muscular, redução da frequência cardíaca, do débito cardíaco e do volume sanguíneo, ocasionalmente aumento de peso, constipação, lentidão mental, insuficiência de muitas funções tróficas do organismo, evidenciada por redução do crescimento do cabelo e descamação da pele, desenvolvimento de rouquidão e, em casos graves, de aparência edematosa em todo o corpo, chamada de mixedema. Mixedema: se desenvolve no paciente com ausência quase total da função do hormônio tireoidiano ⇾ quantidade muito aumentada de ácido hialurônico e sulfato de condroitina, ligados a proteínas, forma excesso de gel tecidual nos espaços intersticiais, aumentando a quantidade total do líquido intersticial. Como o líquido em excesso é um gel é essencialmente imóvel e o edema é deprimível. Muitos pacientes com hipotireoidismo com mixedema, desenvolvem aterosclerose, que por sua vez resulta em doença vascular periférica, surdez e doença arte rial coronariana, com a consequente redução da expectativa de vida. A concentração sanguínea de T4 livre é baixa. É fácil manter nível estável de atividade do hormônio tireoidiano no organismo, pela ingestão oral de um ou mais comprimidos contendo T4. CretinismoÉ causado por hipotireoidismo extremo em fetos, bebês ou crianças. Essa condição se caracteriza, especialmente, pela deficiência do crescimento corporal e por retardo mental. O cretinismo resulta da ausência congênita da tireoide (cretinismo congênito), de sua incapacidade de produzir hormônio tireoidiano devido a defeito genético, ou da ausência de iodo na dieta (cretinismo endêmico). A gravidade do cretinismo endêmico varia muito, conforme o grau de iodo na dieta. Neonato sem tireoide pode ter aparência e função normais, por haver recebido alguma quantidade (embora geralmente insuficiente) de hormônio tireoidiano materno, durante a vida uterina. Entretanto, algumas semanas após o nascimento, os movimentos do neonato passam a ser lentos e o seu desenvolvimento físico e o mental ficam bastante retardados. O tratamento, em qualquer momento, do neonato com cretinismo por meio de quantidades adequadas de iodo ou T4, geralmente provoca a normalização do crescimento físico; entretanto, a menos que o cretinismo seja tratado a partir de algumas semanas após o nascimento, o desenvolvimento mental permanece retardado de forma permanente ⇾ retardo no crescimento, ramificação e mielinização das células neuronais do sistema nervoso central nesse momento crítico do desenvolvimento das capacidades mentais. O crescimento esquelético da criança com cretinismo está caracteristicamente mais inibido que o do tecido mole ⇾ os tecidos moles apresentam probabilidade de crescer excessivamente, dando à criança aparência obesa, estrutura brevilínea e baixa estatura. Ocasionalmente, a língua se torna tão grande em relação ao crescimento esquelético, que obstrui a deglutição e a respiração, induzindo respiração gutural característica, que às vezes sufoca a criança. Hipoparatireoidismo Quando as glândulas paratireoides não secretam quantidade suficiente do PTH, a reabsorção osteocítica do cálcio intercambiável diminui e os osteoclastos ficam quase totalmente inativos. Como consequência, a reabsorção de cálcio dos ossos é tão deprimida a ponto de provocar queda no nível de cálcio nos líquidos corporais. Ainda, como o cálcio e os fosfatos não estão sendo absorvidos do osso, essa estrutura costuma permanecer resistente. Ao ser atingido baixo nível de cálcio, ocorrerá desenvolvimento dos sinais típicos de tetania. Os músculos laríngeos ⇾ obstrui a respiração, o que representa causa habitual de óbito na tetania. Ocasionalmente, o PTH é utilizado para tratar o hipoparatireoidismo. Na maioria dos pacientes com hipoparatireoidismo, o fornecimento de quantidades extremamente volumosas da vitamina D de até 100.000 unidades por dia, juntamente com a ingestão de 1 a 2 gramas de cálcio, mantêm a concentração do cálcio iônico em seu limite normal. Hiperparatireoidismo primário anormalidade das glândulas paratireoides ⇾ induz à secreção inapropriada e excessiva do PTH. Em geral, a causa do hiperparatireoidismo primário é tumor de uma das glândulas paratireoides ⇾ frequência muito maior em mulheres ⇾ ao estímulo das glândulas paratireoides pela gestação e lactação. O hiperparatireoidismo produz atividade osteoclástica extrema nos ossos ⇾ eleva a concentração do cálcio iônico no líquido extracelular, ao mesmo tempo em que costuma deprimir a concentração dos íons fosfato, pelo aumento dessa excreção renal. Doença Óssea no Hiperparatireoidismo: a absorção osteoclástica logo supera a deposição osteoblástica no hiperparatireoidismo grave, e o osso pode ser destruído quase por completo ⇾ fratura óssea. A atividade osteoblástica nos ossos também apresenta intenso aumento da vã tentativa de produzir quantidade suficiente de novo tecido ósseo, para compensar o antigo osso absorvido pela atividade osteoclástica ⇾ osteoblastos ficam ativos, secretam quantidade abundante defosfatase alcalina ⇾ alto nível dessa enzima no plasma. Os efeitos desses níveis elevados de cálcio incluem depressão do sistema nervoso central e periférico, fraqueza muscular, constipação, dor abdominal, úlcera péptica, falta de apetite e depressão do relaxamento do coração durante a diástole. Formação de Cálculos Renais no Hiperparatireoidismo: o excesso de cálcio e fosfato absorvidos pelos intestinos ou mobilizados dos ossos no hiperparatireoidismo será finalmente excretado pelos rins, ocasionando aumento proporcional nas concentrações dessas substâncias na urina. Em decorrência disso, os cristais de fosfato de cálcio tendem a se precipitar nos rins, dando origem a cálculos com essa composição. Além disso, pode ocorrer a formação de cálculos de oxalato de cálcio, pois até níveis normais de oxalato provocam a precipitação com altos níveis de cálcio. Como a solubilidade da maior parte dos cálculos renais é pequena, em meios alcalinos, a tendência de formação de cálculos renais é consideravelmente maior na urina alcalina, em comparação com a urina ácida. Por essa razão, as dietas acidóticas e os fármacos ácidos são frequentemente utilizados para tratar os cálculos renais. Hiperparatireoidismo secundário Ocorrem altos níveis do PTH como forma de compensação para a hipocalcemia. Isso contrasta com o hiperparatireoidismo primário, que é associado à hipercalcemia. Pode ser causado por deficiência da vitamina D ou por doença renal crônica ⇾ os rins lesados mostram-se incapazes de produzir quantidade suficiente da forma ativa da vitamina D, o calcitriol. Raquitismo Resultado da deficiência de cálcio ou fosfato no líquido extracelular causada, em geral, pela falta da vitamina D. Se a criança for convenientemente exposta à luz solar, o 7-desidrocolesterol presente na pele é ativado pelos raios ultravioletas e forma a vitamina D s que evita o raquitismo, por meio do estímulo da absorção intestinal de cálcio e fosfato. O raquitismo tende a ocorrer particularmente nos meses da primavera, já que a vitamina D formada durante o verão antecedente é armazenada no fígado e fica disponível para uso durante os meses iniciais do inverno. Além disso, a absorção óssea de cálcio e fosfato pode evitar os sinais clínicos do raquitismo, durante os primeiros meses da deficiência da vitamina D. A concentração plasmática do cálcio no raquitismo apresenta apenas depressão ligeira, mas o nível do fosfato é intensamente deprimido. Isso se deve ao fato de que as glândulas paratireoides evitam a queda do nível do cálcio, por meio do estímulo da absorção óssea, sempre que o nível desse mineral começa a cair. Contudo, não existe sistema regulador satisfatório para impedir o declínio do nível do fosfato e, na verdade, a atividade elevada das glândulas paratireoides aumenta sua excreção na urina. Durante o raquitismo prolongado, o aumento compensatório acentuado na secreção do PTH provoca extrema absorção osteoclástica do osso; isso, por sua vez, torna o osso progressivamente mais fraco e impõe notável estresse físico sobre o osso, resultando também em rápida atividade osteoblástica. Quando o osso chega à exaustão de cálcio, o nível desse elemento pode sofrer rápida queda. À medida que o nível sanguíneo do cálcio declina abaixo de 7 mg/dL, ocorre desenvolvimento dos sinais típicos de tetania; nesse caso, a criança pode chegar ao óbito por espasmo respiratório tetânico. A suplementação adequada de cálcio e fosfato na dieta e com a mesma relevância do fornecimento de quantidades abundantes da vitamina D. Osteomalacia Raramente, os adultos apresentam deficiência dietética séria de vitamina D ou de cálcio, já que não há necessidade de grandes volumes de cálcio para o processo de crescimento ósseo, como nas crianças. Ocasionalmente, entretanto, ocorrem graves deficiências tanto de vitamina D como de cálcio, em consequência de esteatorreia e isso se deve à lipossolubilidade dessa vitamina, o que leva à eliminação tanto da vitamina D quanto do cálcio nas fezes. Nessas condições, o adulto pode apresentar absorção deficiente de cálcio e de fosfato, com possível ocorrência de raquitismo, embora issoquase nunca anteceda o estágio de tetania, mas muitas vezes seja a causa de grave deficiência óssea. Osteomalacia e Raquitismo Causados por Doença Renal: é o tipo de osteomalacia que se origina de dano prolongado aos rins ⇾ falha dos rins lesados de formar o 1,25-di-hidroxicolecalciferol, a forma ativa da vitamina D. Outro tipo de doença renal, indutora de raquitismo e osteomalacia, é representado pela hipofosfatemia congênita, resultante da reabsorção reduzida de fosfatos pelos túbulos renais. Osteoporose É a mais comum de todas as osteopatias nos adultos, especialmente em indivíduos com idade avançada, distinguindo- se da osteomalacia e do raquitismo por resultar da diminuição na matriz óssea orgânica e não da deficiência na calcificação óssea. Na osteoporose, a atividade osteoblástica no osso costuma estar abaixo do normal e, como consequência, a deposição de osteoide está deprimida. Ocasionalmente, no entanto, a causa da diminuição óssea é o excesso da atividade osteoclástica, como ocorre no hiperparatireoidismo. As causas mais comuns: falta de estresse físico sobre os ossos em função de inatividade; desnutrição em grau suficiente a ponto de impedir a formação da matriz proteica; deficiência de vitamina C necessária para a secreção de substâncias intercelulares por todas as células, inclusive para a formação de osteoide pelos osteoblastos; falta de secreção do estrogênio no período pós- menopausa, já que esses hormônios diminuem o número e a atividade dos osteoclastos; idade avançada com redução notável do hormônio do crescimento e de outros fatores de crescimento, somado ao fato de que muitas das funções anabólicas proteicas também se deterioram com a idade, impossibilitando o depósito satisfatório da matriz óssea; e síndrome de Cushing, pois as quantidades maciças de glicocorticoides secretadas nessa doença provocam redução da deposição proteica por todo o organismo e aumento no catabolismo proteico, além de terem o efeito específico de deprimir a atividade osteoblástica.
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