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Biofísica do Sistema Digestivo

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Biofísica do Sistema Digestivo 
Introdução 
De maneira anatômica, o sistema 
digestivo tem início na cavidade oral, 
passando pelo tubo digestivo (composto 
pelo esôfago, estômago, intestino delgado 
e intestino grosso) com ajuda de glândulas 
anexas. 
Ingestão, mastigação, deglutição, 
digestão e absorção ocorrem no sistema 
digestivo. O processo digestivo converte o 
material alimentar ingerido em uma forma 
solúvel fácil de ser absorvida no intestino 
delgado. A eliminação de resíduos 
insolúveis é função do intestino grosso. 
Dessa forma, diferentes funções levam a 
estruturas modificadas e especializadas. 
Cavidade Oral 
A boca (cavidade oral) é a entrada 
do tubo digestório, revestida pelo epitélio 
oral e por uma lâmina própria contendo 
agregados de tecido linfoide. Ingestão, 
digestão parcial e lubrificação do bolo 
alimentar, são as suas principais funções. 
 
A cavidade oral inclui os lábios, 
bochechas, dentes, gengiva, língua e 
palato. Essas regiões são revestidas por 
três tipos de mucosa, são elas: 
→ Mucosa de revestimento – não 
queratinizada (lábios, bochechas, 
superfície ventral da língua, palato 
mole); 
→ Mucosa mastigatória – 
parcialmente queratinizada (gengiva 
e palato duro); 
→ Mucosa especializada – percepção 
do gosto (superfície dorsal da língua). 
Teto da cavidade oral 
O palato duro, que contém osso, é dividido em 
metades direitas e esquerda por um rafe. O palato 
mole contém músculo em vez de osso. 
 
A boca é revestida por um epitélio 
escamoso estratificado com uma 
submucosa, de tecido conjuntivo frouxo. 
Portanto, a mucosa é composta de um 
epitélio e uma lâmina própria. 
Mucosa: 1. Epitélio; 2. Lâmina própria 
Lábios 
Os lábios possuem três regiões, a 
região cutânea, a região vermelha e a 
região mucosa. 
A região cutânea está coberta de 
epitélio escamoso (pavimentoso) 
estratificado queratinizado com folículos 
pilosos e glândulas sebáceas e 
sudoríparas. A região vermelha é 
revestida por um epitélio escamoso 
estratificado paraqueratinizado e por tecido 
conjuntivo contendo vasos sanguíneos que 
deixam a cor vermelha nessa região. A 
região mucosa consiste em glândulas 
salivares pequenas. 
Lábios 
Percebe-se que na região vermelha não existem glândulas salivares. Portanto, no frio essa região fica rachada 
 
A mucosa labial é composta por um 
epitélio pavimentoso estratificado, que 
cobre a superfície interna dos lábios e 
bochechas e por uma lâmina própria densa 
(mucosa de revestimento), além de uma 
submucosa. 
A queratinização dos lábios depende 
da dieta dos animais. Portanto, mudanças 
na dieta alteram o número da queratina. 
Gengiva e Palato 
A mucosa mastigatória reveste o 
palato duro e as gengivas. A gengiva 
possui uma histologia semelhante à região 
vermelha dos lábios, exceto na área de 
gengiva livre, onde se vê uma 
queratinização. Além disso, a gengiva não 
possui submucosa ou glândulas. 
O palato duro é revestido por um 
epitélio pavimentoso estratificado e 
queratinizado. Fibras colágenas presentes 
na sua submucosa ligam a mucosa ao 
periósteo do osso no palato duro, 
permitindo maior resistência contra forças 
biomecânicas. Áreas de tecido adiposo e 
glândulas também amortecem a mucosa. 
Epitélio estratificado pavimentoso 
queratinizado do palato duro 
 
O palato mole é revestido por um 
epitélio pavimentoso estratificado não 
queratinizado. Sua submucosa é frouxa 
com glândulas mucosas e serosas. 
 
 
Língua 
A língua é um órgão muscular com a 
principal função de apreender os alimentos 
e seus músculos podem ser tanto 
extrínsecos (inserção fora da língua) 
quanto intrínsecos (confinados 
inteiramente à língua). A superfície dorsal 
da língua é dividida em dois terços 
anteriores e em um terço posterior por uma 
depressão em forma de V, chamada de 
sulco terminal da língua. Seu ápice 
aponta para a região posterior e para o 
forame cego. 
Língua humana 
 
Várias elevações da mucosa, 
chamadas de papilas linguais cobrem a 
língua dorsal. Tais papilas e seus botões 
gustativos constituem a mucosa 
especializada da cavidade oral, que 
consiste de epitélio pavimentoso 
estratificado, não queratinizado (em geral). 
São quatro os tipos de papilas linguais. 
As papilas filiformes são as 
menores e mais numerosas, sendo 
alongadas e cônicas cobertas por epitélio 
estratificado pavimentoso queratinizado. 
Elas se distribuem por toda a superfície 
dorsal da língua tendo um papel mecânico. 
Muito comum em gatos e ruminantes. 
 
 
 
As papilas fungiformes possuem a 
forma de cogumelo, projetando-se acima 
das papilas filiformes. São visíveis a olho nu 
como pequenos pontos e são mais 
numerosas na ponta da língua. Botões 
gustativos são encontrados em seu epitélio. 
As papilas folhadas são cristas 
baixas paralelas que ocorrem na margem 
lateral da língua. Nos idosos são raras, mas 
nos jovens são facilmente encontradas, 
possuindo vários botões gustativos. 
Pequenas glândulas serosas desembocam 
em suas fendas. 
As papilas circunvaladas possuem 
a forma de cúpula, sendo encontradas 
anterior ao sulco terminal da língua. Cada 
papila é circundada por uma invaginação 
semelhante a uma vala de epitélio 
estratificado pavimentoso. As glândulas 
salivares linguais (de von Ebner) liberam 
suas secreções nas valas, possibilitando 
que os botões gustativos respondam de 
maneira rápida a mudanças de estímulos. 
Os botões gustativos são 
corpúsculos ovais pálidos. Neles são 
encontrados três tipos de células: 
→ Células neuroepiteliais (sensitivas): 
são as mais numerosas, sendo 
alongadas e com microvilosidades 
apicais. Elas se conectam com outras 
células por zônulas de oclusão. 
Formam sinapses, sendo renovas em 
10 dias; 
→ Células de sustentação: são 
idênticas às anteriores com uma 
única diferença: não fazem sinapse; 
→ Células basais: são pequenas, 
sendo localizadas na porção basal do 
botão gustativo. Sua função é ser 
célula-tronco para os outros dois 
tipos de células. 
Diagrama de um botão gustativo 
 
O paladar caracteriza-se por uma 
sensação química. Essas células reagem a 
cinco estímulos básicos: doce, salgado, 
amargo, azedo e umami. 
O sabor amargo é detectado por 
diferentes receptores. Cada receptor 
representa uma proteína transmembrana 
acoplada à sua proteína G. Após a 
ativação do receptor pelo saborizante, a 
proteína G estimula a enzima fosfolipase C, 
levando à produção de uma molécula de 
segundo mensageiro, esta é responsável 
por ativar canais de Na+ específicos do 
paladar, causando o influxo de íons Na+, 
com consequente despolarização da célula. 
A despolarização provoca a abertura dos 
canais de Ca2+ regulados por voltagem. O 
aumento de cálcio resulta na liberação de 
neurotransmissores, que geram impulsos 
nervosos ao longo da fibra nervosa aferente 
gustativa. 
Os receptores do sabor doce 
também são acoplados à proteína G, 
ativando a mesma cascata de reações dos 
receptores do sabor amargo. 
O sabor umami é comum em 
aspargos, tomates, queijos e carne. Seu 
processo também é idêntico ao anterior. 
Diagrama dos receptores gustativos 
 
No caso dos sabores azedo e 
salgado, ocorrem outros mecanismos. 
O sabor azedo é gerado por prótons 
H+ que são formados pela hidrólise dos 
componentes ácidos. Tais prótons 
bloqueiam os canais de K+, responsáveis 
pela despolarização da membrana. A 
entrada de H+ ativa os canais de Ca+ 
sensíveis à voltagem. O influxo de Ca2+ 
desencadeia a migração das vesículas 
sinápticas, que libera neurotransmissores, 
resultando na geração dos impulsos por 
fibras nervosas sensitivas apostas. 
O sabor salgado, estimulado pelo sal 
de cozinha (NaCl), deriva do sabor dos íons 
sódio. O Na+ entra nas células sensitivas 
por meio dos canais de Na+ sensíveis à 
amilorida. A entrada de Na+ provoca a 
despolarização da membrana e a ativação 
de canais de Na+ sensíveis à voltagem e de 
canais de Ca2+ sensíveis à voltagem. Da 
mesma forma que a anterior, o influxo de 
cálcio desencadeia a liberação de 
neurotransmissores, resultandona 
estimulação da fibra nervosa gustatória. 
Tubo Digestivo 
O tubo digestivo é diferenciado em 
quatro órgãos: esôfago, estômago, 
intestino delgado e intestino grosso. 
Cada um desses quatro órgãos é formado 
pelas seguintes camadas concêntricas: 
→ Camada mucosa; 
→ Camada submucosa; 
→ Camada muscular; 
→ Camada adventícia ou serosa. 
A mucosa possui três componentes: 
um epitélio de revestimento, uma lâmina 
própria (tecido conjuntivo frouxo 
vascularizado) e uma camada de músculo 
liso (muscular da mucosa). 
O epitélio de revestimento se 
invagina para formar glândulas que se 
estendem da lâmina própria (glândula da 
mucosa) até a submucosa (glândula da 
submucosa) e seus ductos chegam até a 
superfície luminal. 
A lâmina própria caracteriza-se por 
possuir nódulos linfáticos, vasos 
sanguíneos e glândulas. 
No estômago e intestino delgado, 
ambas as camadas mucosa e submucosa 
se estendem até o lúmen para formar as 
dobras ou pregas. Se somente a mucosa 
se estender, formam-se vilosidades. As 
glândulas da mucosa aumentam a 
capacidade secretora enquanto as 
vilosidades aumentam a capacidade 
absortiva do tubo digestório. 
A submucosa consiste de um tecido 
conjuntivo denso e irregular com grandes 
vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. 
Glândulas são presentes na submucosa do 
esôfago e duodeno. 
A muscular contém duas camadas 
de músculo liso: uma camada circular e 
outra longitudinal. A contração da camada 
circular reduz o lúmen; a contração da 
camada longitudinal reduz o comprimento 
do tubo. Possui também nervos e gânglios. 
Fibras musculares esqueléticas estão 
presentes no esôfago e esfíncter anal. 
A camada adventícia é formada por 
tecido conjuntivo frouxo. Porém, a maior 
parte desse conjuntivo é coberto por um 
mesotélio (epitélio escamoso simples), 
formando a camada serosa. O esôfago é 
uma exceção, pois é coberto por tecido 
adiposo, considerado adventícia. 
Portanto, as atividades do tubo 
digestivo são várias, como: contrações 
peristálticas da muscular, movimentos da 
muscular da mucosa e a secreção das 
glândulas. Essas atividades são reguladas 
por neurônios (como reflexo e nervos), 
hormônios (como insulina) e até por 
mecanismos locais (como pH, estimulação 
física e estimulação química). 
Esôfago 
O esôfago é um tubo muscular que 
liga a faringe ao estômago. Ele desce pelo 
tórax, cruza o diafragma e entra no 
estômago. As contrações da muscular da 
mucosa impulsionam o alimento para baixo 
em dois segundos. 
A mucosa é formada por epitélio 
escamoso estratificado não queratinizado 
que recobre a lâmina própria com papilas. 
A muscular da mucosa não é 
presente na porção superior do esôfago, 
mas aparece próxima ao estômago. No 
esôfago não distendido, a mucosa e a 
submucosa formam pregas longitudinais 
que dão ao lúmen um contorno irregular. 
Conforme o bolo alimentar desce, as 
pregas desaparecem transitoriamente. 
A submucosa contém fibras 
colágenas e elásticas e diversos vasos 
sanguíneos pequenos. 
O esôfago contém também 
glândulas mucosas e submucosas, que 
produzem uma camada de muco que 
lubrifica a superfície do epitélio. 
As glândulas tubulares da mucosa, 
presentes na lâmina própria, lembram as 
glândulas cárdicas do estômago, sendo 
então chamadas de glândulas cárdicas 
do esôfago. 
A muscular difere nas espécies. Em 
cães e ruminantes, ela é composta de 
músculo esquelético; em gatos e suínos, de 
músculo esquelético e liso. 
Estômago 
O estômago se estende do esôfago 
até o duodeno. Seu epitélio é colunar 
simples. A muscular da mucosa do 
esôfago é contínua com a do estômago. 
A função do estômago é 
homogeneizar e processar quimicamente o 
alimento semissólido deglutido. As 
contrações de sua parede muscular, o 
ácido clorídrico e enzimas gástricas 
contribuem para essa função. Depois que o 
alimento é transformado no quimo (fluido 
viscoso), ele é liberado no duodeno. 
A região oral gástrica, formada pelo 
fundo e porção superior do corpo, relaxa 
durante a deglutição, enquanto a região 
caudal gástrica, formada pela porção 
inferior do corpo e pelo antro (piloro), 
participa da regulação do esvaziamento 
gástrico. 
O estômago vazio apresenta pregas, 
ou rugas, cobertas por criptas ou fovéolas 
gástricas (ou ainda fossetas). Uma 
camada de muco protege a superfície da 
mucosa gástrica. 
As glândulas gástricas do estômago 
geram de 2 a 3 litros de suco gástrico por 
dia. O suco gástrico é composto de água, 
HCl, pepsinogênio (pepsina), lipase 
gástrica e muco. O quimo é lançado no 
duodeno de forma intermitente graças a 
contração coordenada da camada 
muscular e o relaxamento do esfíncter 
pilórico. 
Região da Cárdia 
As glândulas da cárdia são tubulares 
com uma abertura contínua com as criptas 
gástricas. 
 
 
 
Glândulas Gástricas 
As glândulas gástricas das regiões 
do fundo e do corpo são as principais 
secretoras de suco gástrico. Cerca de 15 
milhões de glândulas gástricas se abrem 
em 3,5 milhões de fossetas. De duas a sete 
glândulas gástricas se abrem em uma única 
cripta/fovéola gástrica (fosseta). 
A glândula gástrica consiste em três 
regiões: cripta (fovéola), colo e corpo. 
A cripta basicamente é revestida por 
células mucosas da superfície. 
O colo contém células mucosas do 
colo, células-tronco mitoticamente ativas e 
algumas células parietais. 
 
 
O corpo representa o maior 
comprimento da glândula. 
As glândulas gástricas possuem 
cinco diferentes células: células mucosas, 
células principais (zimogênicas), células 
parietais, células-tronco e células 
gastroenteroendócrinas. 
As células mucosas apresentam 
duas classes, as células mucosas da 
superfície, que estão ao redor das criptas 
e as células mucosas do colo, localizadas 
no colo. Ambas produzem mucinas 
(glicoproteínas com alta massa molecular). 
Uma camada de muco, contendo 95% de 
água e 5% de mucinas, forma um gel que 
se liga à superfície da mucosa gástrica. 
Esse muco aprisiona íons bicarbonato, 
tornando o pH alcalino. Íons Na+, K+ e Cl- 
fazem parte dessa barreira protetora. 
As células zimogênicas (principais) 
não estão presentes nas glândulas cárdicas 
e raramente estão nas glândulas pilóricas. 
Grânulos secretores de pepsiongênio 
(grânulos de zimogênio) são vistos na 
região apical da célula. 
O pepsinogênio é liberado no 
lúmen da glândula e convertido em 
pepsina (capaz de digerir a maioria das 
proteínas). A exocitose do pepsinogênio é 
rápida, sendo estimulada pela alimentação 
por meio da acetilcolina. 
As células parietais predominam 
próximo ao colo, produzindo ácido 
clorídrico e fator intrínseco (glicoproteína 
que se liga à vitamina B12). 
 Elas possuem três características 
distintas: mitocôndrias em abundância 
(fornecendo ATP para bombear íons H+ 
para o lúmen do canalículo secretor); um 
canalículo secretor e um sistema 
tubulovesicular rico em ATPase 
dependente de H+ e K+, distribuído ao longo 
do canalículo secretor. 
As células parietais produzem uma 
secreção ácida (pH 0,9 a 2,0) rica em HCl. 
A liberação dos íons de H+ e Cl- envolve a 
fusão da membrana do sistema 
tubulovesicular com o canalículo secretor. 
A acetilcolina e o peptídeo gastrina 
estimulam as células parietais a secretarem 
HCl. A acetilcolina também estimula a 
liberação da gastrina. A histamina potencia 
os efeitos da acetilcolina e gastrina após a 
ligação ao receptor de histamina H2. A 
cimetidina é um antagonista do receptor H2 
que inibe a secreção de ácido dependente 
de histamina. 
A ATPase dependente de H+ e K+ 
facilita a troca de H+ e K+. Cl- e Na+ são 
transportados ativamente para o lúmen do 
canalículo, levando à produção de HCl. O 
potássio e o sódio são reciclados de volta 
para a célula por bombas separadas. 
O omeprazol, com afinidade pela 
ATPase dependente de H+ e K+, desativa a 
secreção ácida, tratando de úlceras. 
A água entra na célula por osmose, 
se dissociando em H+ e OH-. O CO2, que 
entra na célula pelo sangue, se combina 
com a água para formar H2CO3 sob a 
influência da anidrasecarbônica. O 
H2CO3 se dissocia em HCO3- e H+. O HCO3- 
vai ao sangue, aumentando seu pH durante 
a digestão. 
O suco gástrico é a combinação das 
duas seguintes secreções: 
→ Secreção protetora: uma secreção 
sempre presente de gel mucoso 
alcalino produzido pelas células 
mucosas da superfície e do colo; 
→ Secreção agressiva: uma secreção 
facultativa de HCl e pepsina. 
O muco protetor viscoso mantém um 
pH neutro na superfície das células do 
estômago. Além disso, as células mucosas 
da superfície produzem HCO3-. Íons HCO3- 
neutralizam o pH baixo criado pelo HCl. 
A produção de HCl pelas células 
parietais também são influenciadas pelo 
pensamento, cheiro, visão (acetilcolina); 
pela presença de alimento no estômago 
(gastrina e histamina) e pela presença de 
alimento no intestino delgado (gastrina). 
Qualquer um destes sinalizadores iniciam a 
síntese e liberação de HCl. 
A célula gastroenteroendócrina 
regula as funções do tubo digestório por 
hormônios peptídicos. As células 
gastroenteroendócrinas estão espalhadas 
pela mucosa do estômago até o cólon, 
tendo a capacidade de captar e 
descarboxilar precursores de amina dos 
aminoácidos. 
As funções gerais dos hormônios 
peptídicos são: secreção de enzimas, 
regulação da água e da motilidade 
gastrointestinal e estimular a liberação de 
outros hormônios peptídicos. 
Glândulas Pilóricas 
As glândulas pilóricas são 
constituídas, principalmente, de células 
secretoras de muco. Esse muco secretor 
contem grânulos de lisozima, uma enzima 
lítica para bactérias. 
Elas são glândulas tubulares simples 
e ramificadas na sua terminação inferior. 
Intestino Delgado 
As principais funções do intestino 
delgado são: continuar no duodeno o 
processo digestório iniciado no estômago 
e absorver o alimento digerido após a 
ação de enzimas. 
O intestino delgado mede de 4 a 7m, 
sendo dividido em três segmentos: 
duodeno, jejuno e íleo. O duodeno mede 
cerca de 25cm, estando ao redor da cabeça 
do pâncreas. Sua porção final é contínua 
com o jejuno e o íleo é a continuação do 
jejuno. A parede do intestino é formada por 
quatro camadas: mucosa; submucosa; 
muscular; e serosa (peritônio). 
 Parede Intestinal 
Um aumento na superfície da 
mucosa promove a função absortiva do 
intestino delgado. Quatro modificações da 
superfície de revestimento ampliam a área 
da superfície absortiva da mucosa: 
→ As pregas circulares; 
→ As vilosidades (vilos intestinais); 
→ As glândulas intestinais; 
→ As microvilosidades. 
As pregas circulares são dobras 
permanentes da mucosa e da submucosa, 
sendo mais evidentes na junção do 
duodeno com o jejuno e desaparecendo na 
metade do íleo. 
 
Os vilos intestinais são projeções 
digitiformes da mucosa que formam criptas 
que terminam na muscular da mucosa. 
 
As criptas das glândulas intestinais 
são glândulas tubulosas simples que 
aumentam a área de superfície intestinal. 
1. Pregas 
circulares, 
podem ser 
observadas 
na 
superfície 
interna do 
intestino 
delgado. 
Estão em 
toda a 
mucosa e 
em parte da 
submucosa. 
2. Vilos 
intestinais: 
seu formato 
e 
comprimento 
difere 
conforme os 
segmentos 
do intestino 
delgado 
3. Glândulas 
intestinais se 
abrem entre 
os vilos e 
aprofundam 
a mucosa 
até a 
muscular da 
mucosa 
4. As 
microvilosidades 
possuem a 
maior área de 
absorção do 
intestino. 
As microvilosidades na superfície 
apical das células intestinais (enterócitos) 
aumentam consideravelmente a absorção. 
A camada muscular é responsável 
pelos movimentos segmentares (não 
coordenados) e peristálticos (coordenados) 
do conteúdo do intestino delgado. 
A mucosa é revestida por um 
epitélio cilíndrico simples contendo cinco 
tipos celulares: enterócitos, células 
caliciformes, células enteroendócrinas, 
células de Paneth e células-tronco. 
Enterócitos 
Os enterócitos possuem bordas em 
escova que contém cerca de 3000 
microvilos, que aumentam a área da 
superfície luminal em 30 vezes. Uma 
cobertura superficial, o glicocálice é 
formada por glicoproteínas para recobrir 
cada microvilo. 
Esses microvilos possuem enzimas 
como a lactase, maltase e sacarase que 
reduzem os oligossacarídeos 
correspondentes em monossacarídeos, 
que podem ser transportados para o interior 
dos enterócitos por carreadores. A glicose 
e a galactose atravessam a membrana por 
um transportador dependente de Na+, o 
SGLT-1. A ATPase de Na+-K+ controla o 
SGLT-1. A frutose, por outro lado, entra e 
sai do enterócito por difusão passiva. 
Um defeito genético na lactase 
impede a absorção de leite rico em lactose, 
causando diarreia (intolerância a lactose). 
Agora no que se refere a proteínas, 
a fragmentação final de oligopeptídeos, 
iniciada pela ação da pepsina, continua 
com a tripsina pancreática, quimiotripsina, 
elastase e com as carboxipeptidases. 
A enteroquinase e a 
aminopeptidase degradam oligopeptídeos 
em dipeptídeos, tripeptídeos e aminoácidos 
antes de entrarem nos enterócitos através 
de canais iônicos simporte junto com Na+. 
As peptidases degradam dipeptídeos e 
tripeptídeos em aminoácidos, os quais em 
seguida se difundem ou são transportados 
para o sangue por carreadores. 
A absorção de lipídeos envolve a 
quebra enzimática dos lipídeos em ácidos 
graxos e monoglicerídeos, os quais podem 
se difundir. O colesterol inicialmente é 
transportado do intestino para o fígado. 
Enterócitos e hepatócitos armazenam o 
colesterol, junto com triglicerídeos, na 
forma de lipoproteínas (quilomícrons). O 
colesterol é secretado pelo fígado na bile na 
sua forma ou como ácidos biliares e 
depois liberado no intestino delgado. O 
colesterol e os sais biliares podem, então, 
ser reabsorvidos e devolvidos ao fígado; ou 
são excretados nas fezes. 
 
 
 
 
 
 
 
Células Caliciformes 
As células caliciformes são células 
cilíndricas e produtoras de muco. O 
produto secretado por elas contém 
glicoproteínas e é liberado por exocitose. 
Na superfície do epitélio o muco se 
hidrata para formar uma cobertura 
semelhante a um gel, para proteger o 
epitélio contra a abrasão mecânica e 
contra a invasão bacteriana. 
Células Enteroendócrinas 
Assim como no estômago, 
basicamente as células enteroendócrinas 
secretam hormônios peptídicos que 
controlam várias funções, como a gastrina, 
secretina e a colecistoquinina. 
 
Células-Tronco 
As células-tronco intestinais podem 
se diferenciar nas células caliciformes, nas 
células de Paneth, nos enterócitos e nas 
células enteroendócrinas. 
Proteção do Intestino 
A grande superfície do trato 
gastrointestinal é vulnerável a 
microrganismos residentes, chamados de 
microbiota. No intestino delgado e grosso, 
as células caliciformes secretam mucinas 
que limitam o contato direto entre as 
bactérias e os enterócitos. 
As células M são consideradas 
sensores imunológicos do intestino 
delgado. Elas situam-se entre os 
enterócitos e capturam antígenos. 
Possuem, no lugar de borda em escova, 
micropregas. As células M formam 
compartimentos intraepiteliais, onde 
residem linfócitos que expressam 
receptores IgA permitindo a captura e a 
 
fagocitose de bactérias ligadas aos 
anticorpos IgA. 
A população de células M aumenta 
rapidamente na presença de uma bactéria 
patogênica no lúmen intestinal. 
Os plasmócitos secretam a IgA 
polimérica no lúmen intestinal. As IgA 
secretadas são transportadas para o lúmen 
intestinal para regular a composição e o 
funcionamento da microbiota intestinal 
influenciando a expressão do gene 
bacteriano. As células M expressam 
receptores de IgA permitindo a captura de 
bactérias associadas com IgA. 
Células de Paneth 
As células de Paneth são 
encontradas na região basal das glândulas 
intestinais, tendo um formato piramidal. 
Secretam proteínas que restringem a 
capacidade patogênica das bactérias, as 
proteínas antibióticas epiteliais (AMPs), 
que protegem a superfície da pele contra 
microrganismos. 
As AMPs ficam armazenadas na 
camada de muco intestinal produzida pelas 
células caliciformes. Além disso,a camada 
de muco protege a mucosa intestinal. 
Existem pelo menos quatro tipos de AMPs: 
as defensinas (α-defensinas), as lectinas 
tipo C, as lisozimas e a angiogenina 4. 
As α-defensinas atuam em 
bactérias, fungos e protozoários formando 
poros na membrana provocando a ruptura 
dela. Além disso, também facilitam a 
captura de antígenos formando os 
complexos antígeno-defensina. 
 
As lectinas tipo C possuem um sítio 
de reconhecimento glicídico que se liga a 
cadeia glicídica da parede celular de 
bactérias Gram-positivas, causando a 
ruptura dessa parede. 
As lisozimas são enzimas 
proteolíticas que clivam peptideoglicanos 
da parede celular de bactérias. 
Por fim, a angiogenina 4 é uma 
RNAse com propriedades bactericidas. 
Essas bactérias e vírus estão muito 
presentes no intestino delgado, pois no 
estômago elas encontram muita dificuldade 
devido ao seu pH muito ácido e sua baixa 
capacidade de absorção. 
Duodeno 
O duodeno se estende do piloro do 
estômago até a junção com o jejuno e 
possui glândulas duodenais (de Brunner) 
na submucosa, responsáveis por produzir 
uma secreção alcalina que neutraliza o 
quimo ácido do estômago. 
Seus vilos intestinais têm o formato 
de folha. Além disso, o duodeno é envolto 
por uma serosa incompleta e recebe bile e 
suco pancreático. 
Jejuno e Íleo 
O jejuno possui vilos intestinais 
digitoformes e longos e não possui 
glândulas na submucosa. O íleo também 
não possui glândulas na submucosa, mas 
possui as placas de Peyer (com as células 
M) e folículos linfoides na mucosa. Difere-
se do jejuno pela presença de vilos 
digitiformes mais curtos. 
 Movimentos do Intestino 
O intestino delgado possui dois 
movimentos característicos. As 
contrações de mistura, que redistribuem o 
quimo, expondo-os aos sucos digestivos e 
as contrações de propulsão, que são 
ondas peristálticas que facilitam o 
movimento do quimo ao longo do intestino. 
Intestino Grosso 
O intestino grosso é formado pelo 
ceco (do qual se projeta o apêndice), colo 
(ascendente, transverso, descendente e 
sigmoide), reto e ânus. Sua função é 
absorver grande parte da água e íons do 
quimo e também o compactar em fezes 
para ser eliminado. 
Após a valva ileocecal não são mais 
observadas as pregas circulares e os vilos 
intestinais. A mucosa do colo apresenta 
inúmeras glândulas intestinais, que são 
revestidas por um epitélio cilíndrico simples 
e células caliciformes. O epitélio possui 
microvilos apicais curtos responsáveis pelo 
transporte de íons e água. A muscular 
possui feixes que formam as tênias do 
colo. A serosa possui sacos de tecido 
adiposo, os apêndices epiploicos. 
 O apêndice é um divertículo do 
ceco composto de tecido linfoide e 
linfócitos. 
O reto (porção terminal do sistema 
digestório) é uma continuação do colo 
sigmoide dividido em uma parte superior 
(reto propriamente dito) e uma parte inferior 
(canal anal). No reto a mucosa é espessa, 
as glândulas são longas com células 
caliciformes. No canal anal as glândulas 
desaparecem e a serosa é substituída pela 
adventícia. A mucosa do canal anal possui 
colunas anais, que são conectadas por 
valvas e seios anais. As valvas e os seios 
impedem o escape do conteúdo anal. 
Quando o canal anal está distendido com 
fezes, as colunas, os seios e as valvas se 
achatam e o muco é liberado pelos seios 
para lubrificar a passagem das fezes. 
O ânus caracteriza-se por possuir o 
esfíncter anal interno e externo. O externo 
é formado por tecido muscular esquelético 
e se localiza dentro do músculo levantador 
do ânus.

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