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Ação de Indenização por Danos Morais

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Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
EGRÉGIO JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO CÍVEL DA COMARCA 
DE CACHOEIRAS DE MACACU – RJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JANAINA ALVES FRIAS MELO, brasileira, portadora da Cédula de 
identidade RG 24.830.526-0 DETRAN/RJ, inscrita no CPF sob o nº 
145.198.197-09, e-mail: janaadf@gmail.com residente e domiciliada à 
Rua Antônio Valadares 49 – Boa Vista – Cachoeiras de Macacu - Rio de 
Janeiro/RJ, CEP: 28.680-000, por sua advogada legalmente inscrita no 
instrumento procuratório em anexo, vem mui respeitosamente à douta 
presença de Vossa Excelência, propor a presente: 
 
 
 
AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS 
 
 
 
Em face de DOUTOR NATURE SAUDE NATURAL LTDA, pessoa jurídica 
de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. 26.434.850/0001-91, com 
sede à R Marina Ciufuli Zanfelice 280 - Box A 017 – Lapa – São Paulo/SP – 
CEP: 05.040-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 
 
 
 
 
 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
DOS FATOS 
Ao acompanhar o extrato de seu cartão, a Autora verificou 
a ocorrência de várias despesas desconhecidas no valor de R$ 599,40 
(quinhentos e noventa e nove reais e quarenta centavos) divididas em 
06 (seis) parcelas no valor de R$ 99,90 (noventa e nove reais e noventa 
centavos) conforme extratos que junta em anexo. 
Ao verificar seus e-mails tomou conhecimento da referida 
compra e da movimentação do pedido conforme prints de conversas 
anexas. 
Em 22 de dezembro de 2020 o pedido foi entregue na 
residência da autora e a mesma até agora está sem entender o que 
ocorreu já entrou em contato com a ré está a presente data tentando 
resolver o impasse, pois não fora a mesma que efetuou a compra e não 
se sabe se a ré efetivou o pedido por sua conta, ou na última hipótese a 
autora fora vítima de uma fraude. 
Não bastasse isso, após mais de 30 dias tentando solucionar 
o ocorrido, não houve outra alternativa, motivando o ingresso da 
presente ação. 
DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
Conforme narrado, não houve qualquer precaução nas 
atividades da empresa Ré, que pelo risco da atividade deveria tomar os 
cuidados necessários para evitar este tipo de ocorrência. 
O risco inerente à atividade exige da empresa maior 
agilidade e cautela no gerenciamento destes dados, gerando o dever 
de RESSARCIR TODOS OS PREJUÍZOS ao agir de forma imprudente e 
negligente. 
Vale frisar, por relevante, que o fato da Requerente sofrer o 
constrangimento de ter sido fraudada por terceiros no estabelecimento 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
da ré, por si só, já configura o DANO MORAL, pois teve o desgosto de ter 
seus rendimentos afetados sem que desse causa. 
Ao lecionar a matéria, o ilustre Desembargador Sérgio 
Cavalieri Filho destaca: 
"Todo aquele que se disponha a exercer alguma 
atividade no mercado de consumo tem o dever de 
responder pelos eventuais vícios ou defeitos dos bens 
e serviços fornecidos, independentemente de culpa. 
Esse dever é imanente ao dever de obediência às 
normas técnicas e de segurança, bem como aos 
critérios de lealdade, que perante os bens e serviços 
ofertados, quer perante os destinatários dessas 
ofertas. A responsabilidade decorre do simples fato 
de dispor-se alguém a realizar atividade de produzir, 
estocar, distribuir e comercializar produtos ou 
executar determinados serviços. O fornecedor passa 
a ser o garante dos produtos e serviços oferecem no 
mercado, respondendo pela qualidade e segurança 
dos mesmos." (Programa de Responsabilidade Civil, 
8ª ed., Ed. Atlas S/A, pág.172). 
Para a configuração do dever de indenizar, tem-se a 
presença dos pressupostos da responsabilidade civil, quais sejam: 
(a) ato antijurídico; 
(b) dano; 
(c) nexo causal (dano decorrente do ato); 
(d) responsabilidade objetiva; e, por fim, 
 norma jurídica prescrevendo o dever de indenizar o 
dano causado. 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
Nessa toada, a responsabilidade do réu é objetiva, ou seja, 
independentemente da existência de culpa, motivo pelo qual deverá 
responder pelos danos causados. 
DA APLICAÇÃO DO CDC E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
Ao estarmos diante de uma relação de consumo, 
necessária a necessária a inversão do ônus da prova, tendo em conta 
que a Lei 8.078, de 11.9.1990, em seu art. 3º, § 2º, dispõe: 
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem 
como os entes despersonalizados, que desenvolvem 
atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços. 
§ 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, 
material ou imaterial. 
§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no 
mercado de consumo, mediante remuneração, 
inclusive as de natureza bancária, financeira, de 
crédito e securitária, salvo as decorrentes das 
relações de caráter trabalhista. 
Trata-se da materialização exata do Princípio da Isonomia, 
segundo o qual, todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, 
observados os limites de sua desigualdade, sendo devido a inversão do 
ônus da prova. 
Por esta razão que o art. 14, § 3º, I e II, do CDC, estabelece 
a inversão do ônus da prova, atribuindo ao fornecedor o ônus de 
demonstrar satisfatoriamente a inexistência do defeito ou a culpa 
exclusiva do consumidor. Assim, o fornecedor só se exime do dever de 
reparação se provar que o dano foi causado por culpa exclusiva do 
consumidor. 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL 
Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que 
junta no presente processo, a empresa ré deixou de cumprir com sua 
obrigação primária de cautela e prudência na atividade, causando 
constrangimentos indevidos a Autora 
Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas 
tentativas de resolver a necessidade da Autora ultrapassa a esfera dos 
aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez que foi obrigado a 
buscar informações e ferramentas para resolver um problema causado 
pela empresa que se quer lhe dá uma solução até a presente data. 
Assim, no presente caso não se pode analisar isoladamente 
o constrangimento sofrido, mas a conjuntura de fatores que obrigaram 
a Consumidora a buscar a via judicial. Ou seja, deve-se considerar o 
grande desgaste da Autora nas reiteradas tentativas de solucionar o 
ocorrido sem êxito, gerando o dever de indenizar, conforme 
precedentes sobre o tema: 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE 
NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C REPETIÇÃO 
DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - 
(...). CONTRATO NÃO APRESENTADO PELA 
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - DANOS MORAIS 
CONFIGURADOS - QUANTUM INDENIZATÓRIO (DANOS 
MORAIS) MAJORADOS PARA R$ 10.000,00 - 
REPETIÇÃO DE INDÉBITO NA FORMA DOBRADA - MÁ-
FÉ DEMONSTRADA - DA COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO- IMPOSSIBILIDADE - RECURSO IMPROVIDO. (...). A 
instituição financeira ré, descuidando-se de diretrizes 
inerentes ao desenvolvimento regular de sua 
atividade, não comprovou que os contratos foram, 
de fato, celebrados pelo consumidor, tampouco 
tenha sido ele o beneficiário do produto dos mútuos 
bancários. Não basta para elidir a responsabilização 
da pessoa contratada a alegação de suposta 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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fraude. À instituição ré incumbia o ônus de 
comprovar que agiu com as cautelas de praxe na 
contratação de seus serviços, até porque, ao 
consumidor não é possível a produção de prova 
negativa (CDC, art. 6, VIII c/c CPC, art. 373, II). 
Inafastáveis os transtornos sofridos pela idosa que foi 
privada de parte de seu benefício de aposentadoria, 
por conduta ilícita atribuída a instituição financeira, 
concernente à falta de cuidado na contratação de 
empréstimo consignado, situação apta a causar 
constrangimento de ordem psicológica, tensão e 
abalo emocional, tudo com sérios reflexos na honra 
subjetiva. Levando-se em consideração a situação 
fática apresentada nos autos, a condição 
socioeconômica das partes e os prejuízos 
suportados pela parte ofendida, evidencia-se que o 
valor do quantum fixado pelo juízo a quo deve sofrer 
majoração para R$ 10.000,00 (dez mil reais), quantia 
que se mostra adequada e consentâneo com as 
finalidades punitiva e compensatória da 
indenização. (...) (TJMS. Apelação n. 0801609-
05.2015.8.12.0016, Mundo Novo, 4ª Câmara Cível, 
Relator (a): Des. Claudionor Miguel Abss Duarte, j: 
25/04/2018, p: 26/04/2018) 
#3109603 
Trata-se da necessária consideração dos danos causados 
pela perda do tempo útil (desvio produtivo) da consumidora. 
DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO 
Conforme disposto nos fatos iniciais, a Consumidora teve 
que desperdiçar seu tempo útil para solucionar problemas que foram 
causados pela empresa Ré que não demonstrou qualquer intenção na 
solução do problema, obrigando o ingresso da presente ação. 
Este desgaste fica perfeitamente demonstrado por meio 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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dos diálogos anexos. 
Este transtorno involuntário é o que a doutrina denomina de 
DANO PELA PERDA DO TEMPO ÚTIL, pois afeta diretamente a rotina do 
consumidor gerando um desvio produtivo involuntário, que obviamente 
causam angústia e stress. 
Humberto Theodoro Júnior leciona de forma simples e 
didática sobre o tema, aplicando-se perfeitamente ao presente caso: 
"Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa 
do fornecedor provoca injusta perda de tempo do 
consumidor, para solucionar problema de vício do 
produto ou serviço. (...) O fornecedor, desta forma, 
desvia o consumidor de suas atividades para 
"resolver um problema criado" exclusivamente por 
aquele. Essa circunstância, por si só, configura dano 
indenizável no campo do dano moral, na medida 
em que ofende a dignidade da pessoa humana e 
outros princípios modernos da teoria contratual, tais 
como a boa-fé objetiva e a função social: (...) É de 
se convir que o tempo configura bem jurídico 
valioso, reconhecido e protegido pelo ordenamento 
jurídico, razão pela qual, "a conduta que 
irrazoavelmente o viole produzirá uma nova espécie 
de dano existencial, qual seja, dano temporal" 
justificando a indenização. Esse tempo perdido, 
destarte, quando viole um "padrão de razoabilidade 
suficientemente assentado na sociedade", não 
pode ser enquadrado noção de mero 
aborrecimento ou dissabor." (THEODORO JÚNIOR, 
Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed. Editora 
Forense, 2017. Versão ebook, pos. 4016) 
Bruno Miragem, no mesmo sentido destaca: 
"Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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a partir de provocação doutrinária, a concessão de 
indenização pelo dano decorrente do sacrifício do 
tempo do consumidor em razão de determinado 
descumprimento contratual, como ocorre em 
relação à necessidade de sucessivos e infrutíferos 
contatos com o serviço de atendimento do 
fornecedor, e outras providências necessárias à 
reclamação de vícios no produto ou na prestação 
de serviços." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do 
Consumidor - Editora RT, 2016. versão e-book, 
3.2.3.4.1) 
Nesse sentido: 
"Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do 
consumidor provocada por desídia, despreparo, 
desatenção ou má-fé (abuso de direito) do 
fornecedor de produtos ou serviços deve ser 
entendida como dano temporal (modalidade de 
dano moral) e a conduta que o provoca 
classificada como ato ilícito. Cumpre reiterar que o 
ato ilícito deve ser colmatado pela usurpação do 
tempo livre, enquanto violação a direito da 
personalidade, pelo afastamento do dever de 
segurança que deve permear as relações de 
consumo, pela inobservância da boa-fé objetiva e 
seus deveres anexos, pelo abuso da função social 
do contrato (seja na fase pré-contratual, contratual 
ou pós-contratual) e, em último grau, pelo 
desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa 
humana." (GASPAR, Alan Monteiro. 
Responsabilidade civil pela perda indevida do 
tempo útil do consumidor. Revista Síntese: Direito Civil 
e Processual Civil, n. 104, nov-dez/2016, p. 62) 
O STJ, nessa linha de entendimento já reconheceu o direito 
do consumidor à indenização pelo desvio produtivo diante do 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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desperdício do tempo do consumidor para solucionar um problema 
gerado pelo fornecedor, afastando a ideia do mero aborrecimento, in 
verbis: 
"Adoção, no caso, da teoria do Desvio Produtivo do 
Consumidor, tendo em vista que a autora foi privada 
de tempo relevante para dedicar-se ao exercício de 
atividades que melhor lhe aprouvesse, submetendo-
se, em função do episódio em cotejo, a 
intermináveis percalços para a solução de 
problemas oriundos de má prestação do serviço 
bancário. Danos morais indenizáveis configurados. 
(...) Com efeito, tem-se como absolutamente 
injustificável a conduta da instituição financeira em 
insistir na cobrança de encargos 
fundamentadamente impugnados pela 
consumidora, notório, portanto, o dano moral por 
ela suportado, cuja demonstração evidencia-se 
pelo fato de ter sido submetida, por longo período 
[por mais de três anos, desde o início da cobrança e 
até a prolação da sentença], a verdadeiro calvário 
para obter o estorno alvitrado, cumprindo prestigiar 
no caso a teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, 
por meio da qual sustenta Marcos Dessaune que 
todo tempo desperdiçado pelo consumidor para a 
solução de problemas gerados por maus 
fornecedores constitui dano indenizável, ao perfilhar 
o entendimento de que a "missão subjacente dos 
fornecedores é - ou deveria ser - dar ao consumidor, 
por intermédio de produtos e serviços de qualidade, 
condições para que ele possa empregar seu tempo 
e suas competências nas atividades de sua 
preferência. Especialmente no Brasil é notório que 
incontáveis profissionais, empresas e o próprio 
Estado, em vez de atender ao cidadão consumidor 
em observância à sua missão, acabam fornecendo-
lhe cotidianamenteprodutos e serviços defeituosos, 
ou exercendo práticas abusivas no mercado, 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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contrariando a lei. Para evitar maiores prejuízos, o 
consumidor se vê então compelido a desperdiçar o 
seu valioso tempo e a desviar as suas custosas 
competências - de atividades como o trabalho, o 
estudo, o descanso, o lazer - para tentar resolver 
esses problemas de consumo, que o fornecedor tem 
o dever de não causar. Tais situações corriqueiras, 
curiosamente, ainda não haviam merecido a devida 
atenção do Direito brasileiro. Trata-se de fatos 
nocivos que não se enquadram nos conceitos 
tradicionais de 'dano material', de 'perda de uma 
chance' e de 'dano moral' indenizáveis. Tampouco 
podem eles (os fatos nocivos) ser juridicamente 
banalizados como 'meros dissabores ou percalços' 
na vida do consumidor, como vêm entendendo 
muitos juristas e tribunais." [2http://revistavisaoj 
uridica.uol. com.br/advogados-leis-j 
urisprudencia/71/desvio-produto-doconsumidor-
tese-do-advogado-marcos -ddessaune-255346-1. 
asp] .(...). (AREsp 1.260.458/SP - Ministro Marco Aurélio 
Bellizze) 
A jurisprudência, no mesmo sentido, ancora o 
posicionamento de que o desvio produtivo ocasionado pela desídia de 
uma empresa deve ser indenizado, conforme predomina a 
jurisprudência: 
AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS MORAIS E PEDIDO 
DE TUTELA ANTECIPADA. COMPRA E VENDA PELA 
INTERNET. PRODUTO NÃO ENTREGUE PELA 
VENDEDORA. RESTITUIÇÃO DO VALOR POR AUSÊNCIA 
DA MERCADORIA EM ESTOQUE. TEORIA DO TEMPO 
PERDIDO. Dano moral configurado em razão do 
tempo perdido pelo consumidor na busca, sem 
sucesso, pelo produto desejado. Não pode parecer 
razoável, numa sociedade minimamente 
organizada, que vive na busca incessante pela 
otimização de seu tão precioso tempo, que um 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
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E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
fornecedor possa, impunemente, deixar de proceder 
a entrega de um bem no tempo e modo que havia 
se comprometido, fazendo com que o consumidor 
seja privado durante determinado período de vida 
de se utilizar de algo que tinha legítima expectativa 
de receber. Se anunciava o produto pela internet, o 
vendedor deveria ter tido o cuidado de verificar se o 
mesmo havia em seu estoque, não podendo, após o 
consumidor efetuar a compra, comodamente dizer 
que não mais possui o bem, ainda que devolvendo 
o dinheiro, pois, a essa altura, o comprador não quer 
receber de volta o que pagou: quer, e tem direito, a 
receber o que comprou, sob pena de ser indenizado 
pelo tempo útil de vida perdido com esta operação 
comercial que restou frustrada. Soa como um 
verdadeiro prêmio ao fornecedor, após 
comprovada a sua inadimplência, ser compelido a, 
apenas e tão somente, devolver o valor recebido 
pelo produto não entregue, sem nenhum ônus pelos 
desgastes causados. Além da frustação suportada 
pelo não recebimento do bem adquirido, ao se 
confirmar a notícia de que o fornecedor não irá 
cumprir com a sua obrigação acordada, é tomado 
o consumidor por absoluto sentimento de 
impotência, em lamentável situação adversa que o 
faz começar do zero nova procura pelo produto, 
revelando-se indiscutível a perda de um tempo útil 
de sua vida. Na prática, situações como a 
presenciada nestes autos levam o consumidor a ter 
que sair de sua rotina diária, de sua zona de 
conforto, privando-se de poder se dedicar a seus 
afazeres cotidianos, de usufruir dos prazeres da vida, 
para perder seu tempo e gastar energia buscando 
solucionar problemas a que não deu causa vez que 
decorrentes da conduta negligente do fornecedor. 
Sentimento de impotência, frustração e indignação, 
que extrapolam o mero dissabor e ensejam 
condenação pecuniária. Dano moral reconhecido. 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
Sentença reformada. RECURSO PROVIDO. (TJSP; 
Apelação 1019358-20.2017.8.26.0007; Relator (a): L. 
G. Costa Wagner; Órgão Julgador: 34ª Câmara de 
Direito Privado; Foro Regional VII - Itaquera - 3ª Vara 
Cível; Data do Julgamento: 30/07/2018; Data de 
Registro: 31/07/2018) 
RELAÇÃO DE CONSUMO - DIVERGÊNCIA DO 
PRODUTO ENTREGUE - OBRIGAÇÃO DE FAZER 
CONSISTENTE NA ENTREGA DO PRODUTO 
EFETIVAMENTE ANUNCIADO PELA RÉ E ADQUIRIDO 
PELO CONSUMIDOR - INDENIZAÇÃO POR DANO 
MORAL - RECONHECIMENTO. (...) Caracterizados 
restaram os danos morais alegados pelo Recorrido 
diante do "desvio produtivo do consumidor", que se 
configura quando este, diante de uma situação de 
mau atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu 
tempo útil e desviar-se de seus afazeres à resolução 
do problema, e que gera o direito à reparação civil. 
E o quantum arbitrado (R$ 3.000,00), em razão disso, 
longe está de afrontar o princípio da razoabilidade, 
mormente pelo completo descaso da Ré, a qual 
insiste em protrair a solução do problema gerado ao 
consumidor. 3. Recurso conhecido e não provido. 
Sentença mantida por seus próprios fundamentos, ex 
vi do art. 46 da Lei nº 9.099/95. Sucumbente, arcará 
a parte recorrente com os honorários advocatícios 
da parte contrária, que são fixados em 20% do valor 
da condenação a título de indenização por danos 
morais. (TJSP; Recurso Inominado 0003780-
72.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato Siqueira De 
Pretto; Órgão Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; 
Foro de Jundiaí - 4ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 
12/03/2018; Data de Registro: 12/03/2018) 
APELAÇÃO - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C.C. 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CONSUMIDOR 
DEMANDANTE INDEVIDAMENTE COBRADO, POR 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
DÉBITO REGULARMENTE SATISFEITO - Completo 
descaso para com as reclamações do autor - 
Situação em que há de se considerar as angústias e 
aflições experimentadas pelo autor, a perda de 
tempo e o desgaste com as inúmeras idas e vindas 
para solucionar a questão - Hipótese em que tem 
aplicabilidade a chamada teoria do desvio 
produtivo do consumidor - Inequívoco, com efeito, o 
sofrimento íntimo experimentado pelo autor, que 
foge aos padrões da normalidade e que apresenta 
dimensão tal a justificar proteção jurídica - 
Indenização que se arbitra na quantia de 
R$ 5.000,00, à luz da técnica do desestímulo. (...) 
(TJSP; Apelação 1027480-84.2016.8.26.0224; Relator 
(a): Ricardo Pessoa de Mello Belli; Órgão Julgador: 
19ª Câmara de Direito Privado; Foro de Guarulhos - 
8ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/03/2018; Data 
de Registro: 13/03/2018) 
Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela 
perda do tempo que lhe seria útil ao descanso, lazer ou de forma 
produtiva, acaba sendo destinado na solução de problemas de causas 
alheias à sua responsabilidade e vontade. 
A perda de tempo de vida útil da consumidora, em razão 
da falha da prestação do serviço não constitui mero aborrecimento do 
cotidiano, mas verdadeiro impacto negativo em sua vida, devendo ser 
INDENIZADA. 
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO 
O quantum indenizatório deve ser fixado de modo a não só 
garantir à parte que o postula a recomposição do dano em face da 
lesão experimentada, mas igualmente deve, servir de reprimenda 
àquele que efetuou a conduta ilícita, comoassevera a doutrina: 
"Com efeito, a reparação de danos morais exerce 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
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função diversa daquela dos danos materiais. 
Enquanto estes se voltam para a recomposição do 
patrimônio ofendido, por meio da aplicação da 
fórmula "danos emergentes e lucros cessantes" (CC, 
art. 402), aqueles procuram oferecer compensação 
ao lesado, para atenuação do sofrimento havido. 
De outra parte, quanto ao lesante, objetiva a 
reparação impingir-lhe sanção, a fim de que não 
volte a praticar atos lesivos à personalidade de 
outrem." (BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por 
Danos Morais. 4ª ed. Editora Saraiva, 2015. Versão 
Kindle, p. 5423) 
Neste sentido é a lição do Exmo. Des. Cláudio Eduardo 
Regis de Figueiredo e Silva, ao disciplinar o tema: 
"Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, 
deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o 
seu prudente arbítrio, seja compatível com a 
reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e 
duração do sofrimento experimentado pela vítima, a 
capacidade econômica do causador do dano, as 
condições sociais do ofendido, e outras 
circunstâncias mais que se fizerem presentes" 
(Programa de responsabilidade civil. 6. ed., São 
Paulo: Malheiros, 2005. p. 116). No mesmo sentido 
aponta a lição de Humberto Theodoro Júnior: [...] "os 
parâmetros para a estimativa da indenização 
devem levar em conta os recursos do ofensor e a 
situação econômico-social do ofendido, de modo a 
não minimizar a sanção a tal ponto que nada 
represente para o agente, e não a exagerar, para 
que não se transforme em especulação e 
enriquecimento injustificável para a vítima. O bom 
senso é a regra máxima a observar por parte dos 
juízes" (Dano moral. 6. ed., São Paulo: Editora Juarez 
de Oliveira, 2009. p. 61). Complementando tal 
entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida que “a 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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indenização por danos morais deve traduzir-se em 
montante que represente advertência ao lesante e à 
sociedade de que se não se aceita o 
comportamento assumido, ou o evento lesivo 
advindo. Consubstancia-se, portanto, em 
importância compatível com o vulto dos interesses 
em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no 
patrimônio do lesante, a fim de que sinta, 
efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos 
efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser 
quantia economicamente significativa, em razão 
das potencialidades do patrimônio do 
lesante"(Reparação Civil por Danos Morais, RT, 1993, 
p. 220). Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, 
Recurso Inominado n. 0302581-94.2017.8.24.0091, da 
Capital - Eduardo Luz, rel. Des. Cláudio Eduardo 
Regis de Figueiredo e Silva, Primeira Turma de 
Recursos - Capital, j. 15-03-2018) 
Ou seja, enquanto o papel jurisdicional não fixar 
condenações que sirvam igualmente ao desestímulo e inibição de 
novas práticas lesivas, situações como estas seguirão se repetindo e 
tumultuando o judiciário. 
Portanto, cabível a indenização por danos morais, E nesse 
sentido, a indenização por dano moral deve representar para a vítima 
uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo sofrido e 
de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir o 
ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos 
causados. 
DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer: 
1. A concessão da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do art. 
98 do Código de Processo Civil; 
 Camile Figueira de Moraes 
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 OAB/RJ 203.422 
 
 
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2. A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para, 
querendo responder a presente demanda; 
3. Seja dada total procedência à ação, condenando o Réu a 
indenizar os valores indevidamente descontados do cartão de 
crédito da autora; no total de R$ R$ 599,40 (quinhentos e noventa 
e nove reais e quarenta centavos), acrescidos de juros e 
correções; 
 
4. Seja o requerido condenado a pagar um quantum a título de 
danos morais, em valor não inferior a R$ 15.000,00 (quinze mil 
reais), considerando as condições das partes, principalmente o 
potencial econômico-social da lesante, a gravidade da lesão, 
sua repercussão e as circunstâncias fáticas; 
5. A condenação do requerido em custas judiciais e honorários 
advocatícios no importe de 20% do valor da causa, 
 Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito 
admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos 
acostados. 
 Dá à causa o valor de R$ 15.599,40 (quinze quinhentos e 
noventa e nove reais e quarenta centavos). 
Termos que, 
Pede Deferimento 
 
Cachoeiras de Macacu, 07 de fevereiro de 2021. 
CAMILE FIGUEIRA DE MORAES 
ADVOGADA 
OAB/RJ 203.422

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